Cartas de Setembro (12 )

 






“Ninguém consegue se destruir com a morte do corpo físico”


Eu fiquei muito perturbada quando notificaram o desencarne dele. Passei grande parte da minha vida achando que fosse por minha culpa. Se eu tivesse passado mais tempo com ele, se eu tivesse prestado mais atenção, talvez eu pudesse perceber algum comportamento estranho, algum indício de insatisfação ou tristeza. Eu poderia ter evitado!

Sempre soube do quanto ele estava sofrendo com a separação dos nossos pais, eu sabia que ele tinha dificuldade para fazer amigos e precisar se mudar para outra cidade pode ter causado muito sofrimento. Mas, meu irmão sempre foi uma pessoa muito fechada, difícil tirar alguma frase importante que pudesse me fazer compreender o que, de fato, ele estava sentindo.

Eu sentia que ele era um rapaz muito solitário e melancólico, tinha pena dele e não sabia o que fazer para proporcionar um pouco mais de alegria.

Mesmo me importando tanto com ele, nunca pude imaginar que ele pensaria em acabar com a própria vida, eu não podia imaginar que acontecesse na nossa família e quando aconteceu eu perdi o chão.

Eu me atormentei com o sentimento de culpa de quem não fez nada para ajudar aquele que sofreu. Eu passei meses chorando e me lamentando, eu queria voltar no tempo e impedir o ato criminoso, eu desejava que fosse um pesadelo e que ele pudesse estar comigo para que eu o protegesse. Mas, foi real e extremamente doloroso.

A questão é que, em meio a minha dor. Dor da perda, da separação, do luto e do complexo de culpa, eu não poderia imaginar que o Espírito do meu irmão sofria ainda mais com minhas emanações fluídicas de desespero e inconformação.

Amigos e familiares se deparando com uma situação destas devem se controlar. Pode ser necessário buscar ajuda em locais religiosos e psicoterapêuticos para que consigam encontrar forças morais para seguir em frente sem lamentações e desespero.

O mais adequado é recorrer a prece que pode promover equilíbrio emocional para encarnados e promove a emanação fluídica salutar para o recém desencarnado.

O mais importante é se lembrar do Espírito como alma imortal que precisa de auxílio e restabelecimento. Precisa de fluidos de refazimento, isso só com prece fervorosa e o auxílio dos emissários do Senhor.

Ninguém consegue se destruir com a morte do corpo físico, mas infringe a Lei e deverá resgatar, muitas vezes, sendo necessário contato com nova estrutura carnal com lesões em decorrência dos danos cometidos em outras existências.

Tudo é perfeito na Lei, não devemos reclamar. Recebemos um corpo apropriado para vivenciarmos provas e nos desenvolvermos mental, intelectual e moralmente. Devemos valorizar esta oportunidade e cuidar integralmente do corpo físico para vivermos até o período que foi destinado. A antecipação do retorno para o mundo espiritual será transgressão grave, deverá ter punição.

Eu não sabia de nada disso, enquanto estava encarnada. Eu só chorava. Também não imaginei que meus pensamentos de desespero pudessem perturbar ainda mais o meu irmão.

Depois de um tempo, eu passei a frequentar uma igreja e orava muito, sempre pensando nele.

Eu tentava controlar meus pensamentos e me lembrar da nossa época infantil, do quanto éramos bons amigos e, mesmo sem saber, eu doava energia salutar.

No local onde estava meu irmão sentia e tinha certo alivio de seus delírios e dores. Levou muito tempo para ser resgatado e encaminhado ao local de refazimento.

Eu vivi muitos anos, quando desencarnei, só desejei saber dele, mas nesta fase, ele já estava recebendo assistência e pude vê-lo. Foi tão bom poder abraça-lo. Saber que minhas preces chegaram até ele e ajudaram neste processo de retomada para uma fase mais lúcida e harmoniosa.

Deus nunca desampara seus filhos, mas todos merecem ser educados.

 Izilda

15/09/2024

 

***


 
“Fiquei anos vagando no vale das sombras, em delírio e dor”


Eu não queria aceitar. Sei que fui muito ingrata e leviana com Deus porque eu O culpei por tudo de ruim que aconteceu com meu filho.

Achei que alguém tinha que ser responsabilizado por ele ter tido aqueles pensamentos sombrios. Era muito difícil para mim assumir a responsabilidade daquela morte. Assumir que eu não estive realmente presente para cuidar dele. Isso acabou comigo.

A verdade é que eu sempre soube que não dedicava tempo suficiente para os cuidados daquela criança.

Eu tinha que trabalhar para sustentar a casa depois que o pai dele nos deixou.

Eu sempre fui a culpada porque não fiz boas escolhas na vida. Mas, quando ele ficou adolescente, eu sabia que a nossa vida seria ainda mais delicada. Ele não tinha amigos e ficava trancado o tempo todo, nunca me permitia estar com ele. Eu simplesmente não o reconhecia, não sabia dialogar e nunca tínhamos momentos juntos, felizes.

Então, eu deixei para lá, acreditando que era coisa normal de adolescente, achando que iria passar, mas a professora me chamou na escola e eu fui indignada porque não podia perder dia de serviço.

Ela me mostrou uma redação onde o Antônio falava da vida fria que ele levava. Dizendo que preferia não existir do que não fazer parte do contexto social, sabendo que ninguém se importava com ele, ninguém o percebia.

A professora disse que aquilo era um pedido de socorro, indiretamente ele estava pedindo ajuda. Ela foi expressiva comigo, afirmando que estava muito preocupada com as atitudes dele, aquilo poderia ser um bilhete de adeus.

Eu nem sabia o que era um bilhete de adeus, achei que aquela professora era um pouco exagerada e eu só estava querendo manter o meu emprego, então, só ouvi para o assunto se encerrar mais rápido.

Não dei a devida importância, fui embora. Dois dias depois, ele se atirou no rio. Eu fiquei em choque. Não acreditava no que ocorrera. A professora estava certa e tentou me alertar, mas eu estava ocupada demais para cuidar do meu menino. Ainda não sei o que motivou, eu não tentei conhecer os motivos dele, eu não pedi que ele me falasse se estava ressentido ou ofendido com alguém, se estava precisando de alguma coisa. Me pergunto há quanto tempo ele tinha estes pensamentos, será que sempre foi melancólico?

Eu não sei, mas me sinto culpada. Eu não tive paz, ainda hoje me pergunto quando poderei reencontrá-lo. Depois de anos de sofrimento, eu também me comprometi, bebi tanto que perdia a consciência. Acreditei que, desta forma, pudesse esquecer completamente o que aconteceu, mas não dá para esquecer.

Cheguei aqui, antecipei o desencarne e também infringi a Lei. Fiquei anos vagando no vale das sombras, em delírio e dor, mas as pequenas lembranças daquela criança me trouxeram para realidade e pude ser socorrida.

Estou me esforçando para ficar bem, para ter progresso e conseguir integrar o grupo de socorro para traze-lo de volta. Espero que Deus me ajude.

Eu não posso prosseguir sem ele.


Jussara

15/09/2024

 

                               ***

 
“Não existem amarras que suportem o amor”

 

Cada um de nós tem suas provas árduas para vencer. Em decorrência de tantas tribulações, vivendo neste mundo onde os bens materiais prevalecem as riquezas da alma, muitos se desesperam e se deixam levar pelo pranto e dor.

A fraqueza moral dá lugar a pensamentos de desistência e aniquilação, atraímos seres que se comprazem no mal e desejam que os indivíduos se comprometam com a Lei para que possam se utilizar daqueles que fracassam para espalhar a discórdia e a infelicidade no mundo.

Eu não tinha mais forças para tentar mudar de vida. Um homem de meia idade, vivendo de favor na casa dos outros, sem emprego, tendo crianças para alimentar e sendo humilhado pela esposa.

Eu não tinha mais forças para lutar daquele jeito. Achei que pudesse fugir, sumir sem deixar rastros e aceitar que a vida cheia de possibilidades não é para todos. Eu era um fracassado!

Então, falei para minha esposa que ela podia ir morar na casa dos meus pais se alguma coisa acontecesse comigo. Eles não iam desamparar uma mulher com crianças pequenas. Ela riu de mim, falou que eu era covarde até na hora da morte.

Acho que, no fundo, eu queria que ela tivesse tido pena de mim e pudesse ter me estendido a mão, falado para ter paciência que conseguiríamos juntos, mas ela me irritou ainda mais, chamou de frouxo, vagabundo, disse que ela merecia coisa melhor, trataria de arrumar um marido de verdade se alguma coisa acontecesse comigo.

Eu não pensei duas vezes, aqueles insultos me deram força para prosseguir e acabou com o corpo físico, mas não com minha consciência eterna.

Fiquei constrangido em perceber que tornei minha situação ainda pior. Eu tinha dores terríveis na cabeça, um ferimento que não parava de sangrar e o arrependimento que me fazia desesperar de tanto remorso.

Eu ouvia o choro das crianças que chamavam por mim: “Papai!”

De repente, ouvi gargalhadas. Um ser estranho com aspecto de rinoceronte dizia que mais um tolo caiu em seu golpe. Agora ele tinha mais um escravo. Ele jogou uma coleira no meu pescoço e começou a me puxar.

Fiquei preso por muitas décadas, fui treinado para influenciar as pessoas a pensarem no mal contra si mesmas. Muitos influenciados ao vício e crime, muitos para se intoxicarem de pensamentos deletérios, ciumentos, possessivos e ociosos.

Até que um dia, eu ouvi minha mãe pedindo para que eu me lembrasse de Jesus. Nunca imaginei que ela estivesse tão perto de mim, durante tanto tempo tentando me ajudar. Fui resgatado. Não existem amarras que suportem o amor.

Mas, minha esposa foi cruel. Ela me incentivou ao crime contra mim mesmo, por isso, ela também infringiu a Lei de forma criminosa e gravíssima. Após o seu desencarne, fruto de um ataque cardíaco, foi diretamente encaminhada para regiões trevosas para expiar o crime que cometeu.

Devemos ter palavras brandas para com todas as pessoas, pois nunca sabemos como elas estão e o que pode gerar desespero e o desejo de se destruir.


Mário

15/09/2024

 

    ***

 


“Vaidade que mata e destrói as relações humanas também é infração grave contra a Lei Divina”

 

Eu tinha medo que ele me deixasse. Meu marido sempre foi um homem belo, mesmo na idade mais madura, ele estava ainda mais bonito. Eu tinha medo que ele perdesse o interesse por mim e resolvesse me deixar para se envolver com uma mulher mais jovem.

Eu fazia todos os sacrifícios para manter a beleza, queria conservar um corpo bonito e com curvas para seduzi-lo. Eu era apaixonada por ele, por isso, eu me subordinava a passar fome.

Fazia de tudo para que ele não percebesse, eu disfarçava. Estava o tempo todo na academia, eu malhava sem parar por horas, tentando ficar cada vez mais magra.

Era difícil suportar a ansiedade e a fome, eu tinha vontade de comer tanta coisa, mas quando me olhava no espelho parecia tão velha e feia, tão gorda que eu deixava tudo de lado e tomava água, só água.

Comecei a me sentir fraca, cansada, tomei vitaminas que me animaram um pouco, mas meu semblante denunciou que algo estranho vinha acontecendo e meu esposo se preocupou.

A verdade é que eu estava com problemas mentais, sofrendo por antecipação, medo de ser abandonada. Nunca tive coragem de falar para ninguém, se tivesse procurado ajuda, nada daquilo teria acontecido.

A verdade é que as pessoas precisam de apoio, precisam conversar e desabafar. Eu me sentia sozinha, não tinha ninguém para me ouvir.

A doença tomou conta de mim, da mente e o corpo não aguentou os maus tratos. Meu marido ficou desesperado quando precisou me internar. Soube que desenvolvi problemas graves de saúde e não podiam fazer muita coisa, eu aniquilei minha energia vital.

Depois de poucos dias eu desencarnei. Ele ficou indignado. Não acreditava que não pode perceber o que eu fazia para me manter magra e bela para que ele estivesse ao meu lado. Nem sequer tivemos filhos para não estragar o corpo com a gravidez.

Vaidade que mata e destrói as relações humanas também é infração grave contra a Lei Divina.

Padeci muito mais no plano espiritual, fui insultada, humilhada e ridicularizada. Eu senti tanta fome. Tanto arrependimento por não comer quando pude. Ter uma vida normal, cuidar melhor de mim, viver uma vida onde poderia estudar, ter cultura, trabalho e amigos.

Eu não fiz nada da vida, só vivi em desespero.

Depois de muito tempo, fui socorrida e foi muita generosidade da equipe cuidar tão bem de mim.

Estar limpa, alimentada e ser ouvida é uma benção. Gratidão.

Rebeca

15/09/2024

 

    ***

 







“A gente vive achando que isso está bem distante da nossa realidade e que nunca vai acontecer com a gente”

Foi como estar inerte, vendo a vida passar sem nenhuma atitude. Eu queria viver, ser livre de pensamentos desagradáveis. Eu queria ter vontade de realizar, mas eu me sentia impedido por limitações psíquicas.

Eu não tinha vontade de sair da cama e de caminhar, trabalhar, agradar as pessoas. Eu não queria falar com ninguém. Não queria usar meu tempo para dissimular só para ser normal.

Desejava conviver com minha solidão em paz. Mas, minha inércia não era algo aceitável na sociedade. Eles me observavam como alguém que está desiludido com a vida e tem uma visão distorcida das coisas.

Foi insuportável estar presente nos eventos sociais. Eu tentei! Sai da cama, tomei banho e me vesti como as ocasiões pediam, eu encenei e sorri, conversei num diálogo conveniente, agradando a todos e quando cheguei em casa percebi que foi demais para mim porque eu não era uma pessoa formal. Os tremores eram insuportáveis e eu só queria me acalmar, então, procurei os remédios. Qualquer coisa que pudesse acalmar os movimentos desenfreados e dar uma falsa sensação de bem-estar que pudesse acalmar meu coração.

Tomei os remédios e me deitei desejando relaxar, mas tive náuseas, quis vomitar. Fui tomada por uma sensação atordoante de ver meu corpo deitado sem nenhum tipo de reação.

A morte era algo que eu não podia conter. A gente vive achando que isso está bem distante da nossa realidade e que nunca vai acontecer com a gente. Vive menosprezando todos os dias e as ocasiões que a gente tem para aproveitar as oportunidades de realização. Eu não tinha ânimo para nada, a depressão me colocou na lona e eu não sabia que precisava tanto de ajuda.

Achei que precisava ficar bem quietinha para ter um pouco de paz, mas poderia ter ficado muitas dezenas de anos naquela condição de inércia.

Eu precisei enfrentar aquele desespero todo para valorizar minha vida. Quando a gente perde um bem valioso consegue compreender porque é preciosidade. Eu sofri o desenlace do corpo físico, aconteceu de forma brusca, eu me arrependi muito por não ter valorizado como deveria.

Depois de tudo, todo o sofrimento e o socorro bendito, estou aqui e posso ser bem cuidada. O meu tratamento é algo imprescindível. Eu ainda tenho vontade de não fazer nada, mas hoje já entendi que nós temos que nos esforçar para ficar bem. É obrigação nossa cuidar do corpo e do Espírito.

Cada pessoa tem que se reconhecer como é e fazer seus esforços no sentido de ter uma mente saudável.

Se envolver socialmente, trabalhar, estudar, estar em movimento para aproveitar a existência e evoluir.

Por mais que seja difícil, cada dia de uma vez, se esforçar para ser feliz e equilibrado.


Vanessa

22/09/2024

 

     ***

 


“No plano físico ou espiritual, nós temos o dever de cuidar da saúde mental”

 

Os pensamentos conflituosos que aniquilam o ser...

Eu poderia culpar algum obsessor, afinal quem nunca foi perseguido que atire a primeira pedra!

Mas, eu fui a maior responsável por tudo o que me aconteceu.

Sempre fui muito ciumenta e alimentava estes pensamentos. Toda vez que meu esposo estava longe de mim, eu ficava imaginando que ele estaria envolvido com outra mulher. Eu tecia um enredo com requintes de detalhes e me esmerava em imaginar toda a situação. Afirmo, isso tudo partia de mim.

Mas, mexia muito com as minhas emoções. Eu ficava desesperada. Meu esposo era um homem maravilhoso que fazia tudo para me agradar, mas com o passar dos anos, compreendo que a nossa convivência tenha ficado insuportável e ele realmente conheceu mulheres muito mais interessantes e agradáveis.

A verdade é que nós não podemos descuidar. Precisamos manter o equilíbrio dos relacionamentos e ser pessoas amáveis ou pessoas que se permitem ser amadas. Pessoas engraçadas, delicadas, atenciosas, educadas, mesmo depois de anos de convivência fazem com que o companheiro tenha prazer de estar por perto, mas eu era exatamente o contrário, eu afastava meu cônjuge.

Quando ele se aproximava de mim, eu investigava com quem ele estava. Eu o tratava como um traidor. Isso fez com que eu me tornasse uma pessoa paranoica e não pude mais conviver com aqueles pensamentos que abriram as portas para a influenciação, aí sim, eu comecei a ter pensamentos ainda piores, agora de destruição.

Foi assim que tudo foi desastroso para mim. Eu me aniquilei! Fui tomada por uma necessidade enorme de silenciar meus pensamentos.

Sofri demais! Após ser resgatada, tratada e saber das minhas reais necessidades, me concederam a oportunidade deste tratamento psíquico e sou imensamente agradecida.

Todos aqueles que têm dificuldades de controlar seus pensamentos deviam pensar em pedir ajuda. No plano físico ou espiritual, nós temos o dever de cuidar da saúde mental. Podemos ser mais tranquilos, calmos e equilibrados, socializando melhor e aproveitando tudo o que a vida pode nos oferecer.

 

     Patrícia

22/09/2024

                                ***

  

“Por pior que seja a sua vida, vale a pena insistir na sua vitória”

 

Eu desisti. Diante daquele caos, de tantas dívidas, considerei que não tinha mais o que fazer. Eu não tinha mais nenhuma chance.

No mundo material, as pessoas importantes devem ter posses. Devem mostrar que se posicionam com prosperidade ou títulos, eu era um Zé Ninguém.

Não tinha família, cargos, emprego, casa ou amigos que podiam me incentivar. A verdade é que você tem tudo se tem dinheiro, mas se não tem dinheiro, as pessoas nem chegam perto de você.

Eu nem sei explicar por que não progredi. Uma daquelas pessoas que nada contra a maré.

Sei que tem muita gente que encontra facilidades, ganha até na loteria, recebe herança, vive recebendo boas oportunidades de emprego. Gente que nem precisa sair de casa e tem condições de melhorar sua situação, mas eu era um azarado, não tinha direito de ser feliz.

Eu ficaria bem satisfeito se fosse bonito ou tivesse alguém para amar, mas nem isso, nada de bom.

Cheguei aqui e me informaram que isso também é uma prova, escolhida por mim que não valorizei a última jornada onde tive muitas facilidades na vida e não me preocupei em ajudar ninguém.

Mas, as dificuldades foram tantas que não pude suportar, sem religião, sem conhecer os ensinamentos nobres do Evangelho, eu não tinha nobres ideais.

Então, só pensei em acabar com tudo, afinal, um serzinho tão insignificante como eu, poderia sumir e não deixar rastro que ninguém ia se incomodar mesmo.

Mas, eu me enganei. Eu ouvi os choros. Ouvi os lamentos quando passei para o lado de cá, completamente ensandecido.

Demorou para que eu pudesse entender que muitos familiares do plano espiritual se preocupavam comigo e oravam para que eu pudesse me erguer.

Todos têm oportunidades a partir dos seus esforços, do seu empenho, Deus não deixa ninguém entregue a própria sorte. Mas, eu só via o lado negativo de tudo e preferi desistir.

Sofri demais, muito mais do que quando estava encarnado. Não desejo para ninguém. Por pior que seja a sua vida, vale a pena insistir na sua vitória. Deus cuidará de você.

 Jonas

22/09/2024

 

***


 
“Eu preferi a vingança e acabei com a minha consciência”

 

Eu era tão jovem quando aquele homem me levou para o matagal.

Eu só pensava por que comigo... Por que Deus estava permitindo que eu passasse por aquela violência e sofresse aqueles insultos.

A minha ira foi tão grande que eu só pensava em me vingar. Eu falei para ele que quando ele estivesse tranquilo eu ia acabar com a vida dele. O sujeito riu e disse “obrigado pelo momento de alegria”.

Quando eu contei para minha mãe, ela se encheu de raiva e ainda me bateu muito, falando que eu era um desgosto e era bom não engravidar. Eu não engravidei, carreguei aquele ódio comigo e cresci alimentando aquele sentimento por muitos anos. Eu me preparei, enquanto carregava a enxada para acabar com aquele miserável, para que ele nunca mais pudesse mexer com mulher nenhuma.

Até que um dia, aguardei por ele e me insinuei, basta dizer que eu consegui cumprir com a promessa que proferi para mim mesma anos antes.

Eu achava que ficaria com minha alma lavada, como se minha honra fosse devolvida para mim, mas foi o contrário. Eu me senti mal, como se fosse pior do que ele. Podia dizer que tinha entregue minha alma para a coisa ruim, eu me envolvi com o mal e me acabei desta maneira.

Jesus disse para pagar o mal com o bem e perdoarmos os nossos inimigos, mas eu preferi a vingança e acabei com a minha consciência.

Depois disso, eu não conseguia dormir, comer ou trabalhar, chorava e me desesperava. Parecia que aquele homem me atormentava em toda parte.

Eu ficava como louca e não aguentei mais pensar nele, me atirei no rio.

Os pensamentos são terríveis, muito pior do que qualquer pesadelo ou qualquer inimigo que podemos enfrentar.

Quando não conseguimos controlar nossos pensamentos, eles podem acabar com a nossa paz. Por isso, eu sou imensamente agradecida pelo socorro e por este tratamento psicológico que me esclarece e faz sentir em harmonia comigo mesma.

 Raquel  

22/09/2024

                             ***


 
“Para mim, era apenas um adolescente quieto e tímido”


Eu não podia viver com aqueles tormentos. Imaginava todos os dias os porquês que levaram meu filho a se destruir. Queria compreender os motivos que ele teve de cometer aquele ato criminosos contra si mesmo.

Quanto mais eu pensava, mais os pensamentos iam minando minhas energias. Eu não tinha como saber que, pouco a pouco, eu estava definhando de tanta culpa.

Nunca tivemos uma briga sequer. Na verdade, eu nunca poderia imaginar que ele fosse tão infeliz. Para mim, era apenas um adolescente quieto e tímido, mas não era só isso e eu percebi tarde demais. Levou tempos até que eu pudesse descobrir, através de um amigo da escola, que meu filho tinha dúvidas quanto a sua sexualidade. Ele não tinha coragem de se abrir comigo e se inquietou tanto que se atormentou e deu um fim a tudo.

Complicou ainda mais minha situação saber disso porque me senti ainda mais culpada por não ter notado suas inclinações. Como uma mãe não percebe o que se passa com seu filho?

A verdade é que, quanto mais eu me atormentava, mais minhas forças físicas se esgotavam e meu marido notou que eu estava perdendo peso em demasia. Eu estava profundamente abatida, não queria comer, nem me cuidava adequadamente. Foi aí que minha debilidade orgânica pôs fim as funções vitais e eu sucumbi.

Fui perdendo a vontade de viver e sem querer, de forma inconsciente, também acabei com o corpo físico e fui arremessada para um local tenebroso.

Vaguei por tanto tempo, mas eu só pensava no meu filho e aquele amor de mãe fez com que uma fagulha de luz pudesse me fazer ser socorrida. Depois de muitas décadas, meu filho também recebeu assistência e pudemos nos ver.

Nós estamos reorganizando nossas condições perispirituais e psíquicas para que possamos regressar ao plano físico.

Será uma nova oportunidade cheia de percalços, pois nos comprometemos com a Lei quando destruímos o corpo físico. Solicitamos que pudéssemos estar ligados, de alguma forma, e fomos atendidos. Nós seremos primos com déficits motores. A benção de Deus nos permitirá estarmos juntos. Somos gratos.

Silvana

29/09/2024

 

***

 


    “Eu não tentava irradiar amor, paz ou gratidão”

 

Eu só chorava. Não conseguia fazer preces. Eu me lamentava pensando no ato criminoso, tentando imaginar como ela conseguiu passar por tantos problemas sozinha e nunca nos procurou. Eu fiquei com tanta pena da nossa filha e nunca imaginei que ela estivesse sofrendo em algum lugar.

Nossa crença era de que, com a morte tudo se acaba. Eu não podia supor que, com a morte, apenas o corpo físico se acaba e a alma ou Espírito prossegue sua jornada em outro plano, no plano espiritual.

Se eu tivesse tido estas informações, certamente, teria me esforçado para emanar vibrações diferentes.

Eu não tinha como saber que, quanto mais eu lamentava e chorava, mais ela sofria, mais ela se desesperava.

Eu soube, depois de muito tempo, décadas depois quando cheguei deste lado. Na primeira oportunidade que tive, desejei saber do seu paradeiro e fui informada que ela ainda estava vagando no mesmo local. Eu solicitei uma chance de ajudar, de alguma forma e eles me disseram que, se eu fizesse orações por ela, já seria de grande ajuda.

Eu disse: “Mas, como orações? Eu oro sempre por ela”.

Mas, me disseram que eu orava errado. Quando eu orava, me lembrava das condições de sofrimento e dor, da causa da morte, eu não tentava irradiar amor, paz ou gratidão. Eu me culpava pelo que tinha acontecido com minha filha e isso fazia com que minhas vibrações chegassem até ela, causando mais sofrimento e infelicidade.

Eu não podia imaginar. Daquele dia em diante, fiz tratamento psicológico para que pudesse controlar meus pensamentos e conseguisse enviar, apenas coisas boas para ela se reerguer, ter a mínima lucidez possível para receber auxílio e ser retirada daquele local.

Por muito tempo eu achei que fosse injusto para ela estar naquele local. Eu achava que a bondade de Deus devia servir para trazer todos para um local melhor, mas aos poucos, fui entendendo que devemos valorizar a vida, todos nós, sem predileções.

A valorização pela nossa vida, do jeito que ela é, sendo fácil ou difícil, boa ou ruim, vivenciando a vida e agradecendo por ela, se esforçando para torna-la melhor, sem invejar a vida alheia ou resmungar de braços cruzados.

Eu entendi que aquele sofrimento era a oportunidade de reeducação que o Pai ofertava a todos aqueles que estavam equivocados. Minha filha recebeu socorro e está aqui.

Ainda falta muito para que possamos nos reencontrar, mas agora eu já me sinto aliviada, só de saber que ela está bem. Gratidão.

 

Elza

29/09/2024

 

     ***


 
“Não existe perfeição, as pessoas têm que se sentir bem da forma que são”

 Eu a culpei. Em pensamento fiz uma série de acusações. Não me conformava em saber que teria de criar nossos filhos sozinhos por causa da sua imprudência. Ela sempre foi uma mulher muito bonita e morreu tão jovem.

Apesar de minhas tentativas de fazê-la desistir, ela era muito vaidosa e cismou que precisava fazer aquela cirurgia. O corpo depois da cesariana sempre a incomodou.

Minha esposa dizia que não conseguia encontrar uma roupa que ficasse bem por causa daquela barriguinha. Mas, eu dizia que para mim não fazia diferença nenhuma, os homens não reparam nestas coisas. Ela argumentava dizendo que ela se sentia mal, era para ela ficar bem com sua autoestima. Valia o preço.

Mas, eu não estava preocupado com o dinheiro, eu queria que ela entendesse que não existe perfeição, as pessoas têm que se sentir bem da forma que são. Todos nós temos defeitos, mas o que importa é o bem-estar e a boa convivência com as pessoas que você ama.

Ela sempre tinha uma resposta, falou que faria a cirurgia para ter bem-estar e conviver bem consigo mesma.

Deu tudo errado, a cirurgia correu mal, ela perdeu muito sangue e desencarnou. Eu culpei os médicos, culpei a família e também a culpei durante muito tempo.

Todo o tempo que tive que cuidar dos nossos filhos eu a culpei por tudo. Quando adoeciam, enfrentavam problemas na escola, com namorados, na faculdade, enfim, eu sempre a culpei. Eu dizia que era tudo porque a mãe não estava presente.

Mas, eu não sabia que isso complicava a situação dela. No vale das sombras, ela recebia as vibrações e sentia que era culpada pelo sofrimento dos filhos, sem lucidez, ela se apavorava e corria aflita pedindo socorro para resgatar os filhos que estavam em perigo.

Se eu soubesse, teria me esforçado para eliminar estes pensamentos destrutivos e enviar apenas as melhores vibrações que fossem possíveis para que ela pudesse ter clareza mental e ser resgatada.

Eu sinto muito por ter aumentado seu estado de sofrimento e delírio em decorrência da minha falta de esclarecimento sobre o assunto.

 

Silas

29/09/2024

 

 ***

 

“O mundo nos coloca muitas dúvidas e faz crer que nós podemos tudo em nome da nossa suposta felicidade”

 

Eu sentia que ela não estava bem. Nós éramos tão ligadas que eu sentia quando ela estava mal.

Mas, eu recebi educação rígida em casa, um tipo de educação que não me permitia pensar em seguir a vida que ela queria para nós. Se eu me esforçasse sei que teríamos ficado juntas, mesmo naquela época, as pessoas sempre fizeram o que desejavam, apesar das crenças sociais, mas eu não queria tomar esta decisão.

No fundo, eu achava que era errado, diante de todas as informações religiosas e familiares que recebi, eu não me via sendo companheira dela e, por isso, eu a recusei.

Procurei ser tão delicada, disse que nosso amor seria fortalecido por uma amizade eterna, nós estaríamos sempre juntas, mas como amigas que era o que podíamos ser, mas ela me chamou de covarde.

Eu ainda acredito que o amor aparece de muitas maneiras e não podíamos interpretar, apenas o amor carnal com sexo e envolvimento físico. Amar é muito mais do que isso, é envolvimento de almas e de mentes, então, nós podíamos ter respeitado a vontade de Deus que nos colocou diante, uma da outra, sem poder ter envolvimento físico, suportando e se amparando com elos fortes de amizade e cumplicidade.

Ela não quis me ouvir, disse que estava envergonhada de ser sincera e nunca mais queria me ver. Ela se afastou e eu senti muita saudade, mas respeitei, porém, sentia tanto sofrimento, desespero e inquietação. Eu sabia que ela estava sentindo revolta, mas não imaginei que estava com pensamentos destrutivos.

Quando recebi a notícia da sua partida, eu me senti muito mal, mas eu não podia ter ido contra tudo o que eu achava correto para impedir o ato cruel. Eu orei, pedi que Deus me fortalecesse e pudesse cuidar dela com muita luz onde quer que ela estivesse.

Soube que as orações chegavam até ela. Era como um bálsamo de luz que a impulsionava a cada dia naquele lugar trevoso para que pudesse enxergar os benfeitores espirituais.

Enquanto estava encarnada não tinha a menor ideia que isso é possível, mas eu me sentia em paz quando orava e acreditava que ela estava em algum lugar, enquanto filha de Deus. Eu orava por ela me lembrando de nossas gargalhadas e dos bons momentos como amigas leais que fomos. Eu só queria que ela fosse feliz e pedia isso para Deus.

Depois de alguns meses, ela conseguiu receber assistência.

Quando eu cheguei aqui, depois de quase vinte anos, ela estava à minha espera. Me agradeceu pelas emanações fluídicas durante a prece, disse que eu agi corretamente. O mundo nos coloca muitas dúvidas e faz crer que nós podemos tudo em nome da nossa suposta felicidade, mas nos retornamos para reparar, desenvolver aptidões, crescer interiormente, amar e perdoar. Precisamos receber educação moralizadora que deixe claro que cada um de nós retorna com compromissos que são inadiáveis e nosso corpo está de acordo com estes compromissos, não existem erros quando se trata de reencarnação.

Ela me agradeceu e disse que faria de tudo para não cometer outros erros que pudessem atrasar seu desenvolvimento. Eu também agradeci por estarmos juntas novamente.

 

Vitória

29/09/2024

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