Foto cedida por Magno Herrera Fotografias
“NÓS QUE ESCOLHEMOS POTENCIALIZAR O MAL.
DEVERÍAMOS POTENCIALIZAR O BEM E SEGUIR POR ESTE CAMINHO SEMPRE”
Eu
fui uma pessoa que se melindrava, que reclamava de tudo. Achava que era
injustiçada pela sociedade, pela vida. Perdi tanto tempo assim. Nunca parei pra
pensar que eu perdi a oportunidade de fazer algo de bom por mim e por alguém.
Eu não enxergava que ao meu lado estavam pessoas que precisavam de minha
lucidez e eu, revoltada.
Hoje
eu sei que a gente sempre pode fazer alguma coisa de útil se estiver empenhado
em fazer o bem.
Se
eu soubesse que ao meu lado estavam seres abnegados acredito que teria agido
diferente, mas este mundo nunca me foi apresentado. A gente nasce, cresce e, desde
novo, começa a ouvir umas histórias horripilantes. Tem tantas... Bruxas, homem
do saco, monstros, fantasmas, tudo pra fazer a criança morrer de medo e,
através do medo, fazer com que ela se ate, fazer com que ela bloqueie seus
pensamentos e suas ações.
É um
jeito de fazer ficar quieto porque senão, a coisa ruim te pega. E eu fui
crescendo medrosa. Na adolescência eu tinha medo das pessoas porque minha mãe
me colocou na cabeça que poderia ser estuprada, sequestrada, morta de alguma
forma por revoltados ou delinquentes. Fiquei adulta, me casei e nunca me
envolvi realmente com ninguém porque acreditava que poderia esperar qualquer
coisa das pessoas. Eu fui levada a crer que as pessoas desejavam alguma coisa
de mim e que, quando eu não tivesse nada de bom para oferecer elas, fatalmente,
iriam me abandonar ou me fazer sofrer.
E
aconteceu mesmo. Meu marido me traiu e me abandonou, meus filhos foram embora
tão logo tiveram condições financeiras para isso e eu achava que a vida era só
isso. Eu fui me arrastando em vida e quando desencarnei fui viver ao lado de
fanáticos, de hipócritas, de pessoas que não tinham sentimentos intensos, pelo
contrário, pedintes emocionais como eu. Levou muito tempo até que eu pudesse me
sentir tocada por uma flor. Eu caminhava sem rumo quando vi a flor mais linda
que já existira e eu me inclinei para admirá-la, acho que neste momento estava
sendo tocada pelo Senhor.
Eu
ouvi alguém dizer: “todos nós temos um quê de belo.” Quando ergui meu olhar para
vê-lo fui ofuscada por sua luz e isso me tocou no íntimo do ser. Era ele... Meu
amigo espiritual. Naquele dia ele me trouxe para cá e, desde então, tenta me
conscientizar de minhas obrigações com a evolução que deve ser natural. Ele me
provou que sempre esteve ao meu lado e eu não havia sentido sua presença.
Ninguém nunca está só. Somos levados a crer que a vida é ruim. Que tudo é
difícil, mas não precisa ser assim. Podemos sorrir, podemos se gratos. Nós não
precisamos transformar todas as coisas em terríveis. Nós que escolhemos
potencializar o mal. Deveríamos potencializar o bem e seguir por este caminho
sempre. Ficar atentos com as flores que espalhamos pelo caminho. Boa sorte pra
vocês. Consciente de tudo.
JUSSARA
04/11/17
---------Paula Alves-------
“EU DESEJO QUE VOCÊS POSSAM SENTIR QUE
TUDO CONSPIRA PARA A EVOLUÇÃO DE VOCÊS”
No
dia em que voltei estava tão confuso. Eu estava feliz por estar no antigo lar.
Era tudo o que eu queria. Poder abraçá-los. Olhar pra eles. Fiquei tanto tempo
longe e todo aquele horror me deixava com as saudades mais doloridas que
poderiam existir. Entrei em casa e tudo tinha um cheiro, um som e um sabor.
Tudo era maravilhoso e eu me perguntei:
“Por
que a gente não dá valor para as coisas simples da vida?
Por
que na vida tem que ser judiado para aprender a respeitar tudo o que tem de tão
valoroso?”
Eu
tive muita sorte porque eu vi o inferno e pude retornar para o paraíso.
Eu
me casei com uma amiga de escola e a minha esposa era um anjo em forma de
gente. Educada, delicada. Nós tivemos três filhos, mas de repente a guerra
começou e eu fui convocado. Por um momento, eu acreditei que nunca voltaria
para casa. Eu estava certo que todos seriam mortos e eu nem mesmo tinha
convicção de que estava do lado certo porque toda guerra só destrói. É
impressionante como, muitas vezes, passando por um momento terrível nós conseguimos
valorizar tanto a nossa vida simples.
Eu
voltei aleijado. Fui mandado pra casa porque não tinha mais condições de lutar.
Fui atingido e a minha perna foi destruída, mas eu agradeci por perdê-la e
sabia que isso me daria um passaporte para minha casa.
Quando
eles me viram na cadeira de rodas, choraram. Os menores procuraram minha perna
e foi até engraçado. Eu juro pra vocês que não tive um sentimento de revolta
porque sabia que poderia ser bem pior e eu podia estar com eles.
Depois
que vim pra cá compreendi que minha pena foi muito aliviada porque em tempos
passados eu já havia conspirado pra que uma guerra se formasse e nem sequer
participei dela. Fiquei de fora só fazendo intrigas e mandei soldados serem
mortos. Foram massacrados e eu nem mesmo me emocionei por eles. Eu fui muito
feliz. Passei por privações necessárias que me deram juízo, honestidade e ainda
pude usufruir do seio familiar que me ensinou tanto. Valorização da família é
tudo. Eu desejo que vocês possam sentir que tudo conspira para a evolução de
vocês. Desejo que tenham a certeza de que está sendo mais fácil porque Deus é
misericordioso e trata todos os Seus filhos com especial atenção. Grato.
NELSON
04/11/17
---------------------Paula
Alves-------------------
“É ESPERTA A MULHER QUE SABE RECONHECER
O TERRENO EM QUE DEVE PISAR”
As
palavras brotavam na minha mente e quando percebia tudo já estava feito. Tudo
já estava escrito. Naquela época eu me sentia como alguém que sabia tanto. Tão
convencida do meu potencial intelectual. Soberba, altiva. Eu, apenas sabia. Não
me interessei em estruturar família. Tinha horror ao poder masculino, eu era
feminista e não podia permitir que um homem me dissesse o que fazer.
Era
repulsiva a autoridade. Por que esperar que soubessem mais do que nós? Tantas
mulheres de mentes brilhantes que eram tratadas como escravas sexuais e de
reprodução. Absurdo! Eu realmente acreditava que nós poderíamos fazer mais do
que isso. Enquanto meu pai era vivo eu consegui me safar de todos eles porque
nossas reservas financeiras eram inestimáveis, mas quando papai morreu eu fui
entregue aos cuidados de minha mãe que era enérgica e sempre reprovou meu comportamento.
A
primeira decisão dela foi que eu me casasse e, apoiada por quatro irmãos, me
entregaram como uma maçã para um senhor viúvo e muito mais velho. Eu desejei
matá-los porque sempre se recusaram a me ouvir. É muito triste quando as
pessoas não escutam o que você grita.
Eu não
queria me casar, eu não queria ser mãe. Queria estudar, queria pesquisar, mas
tinha coisas para aprender e foi o que aconteceu. Eu me casei e tinha uma vida
dura ao lado daquele marido machista e impiedoso. Marido que quer domar a
esposa. Em parte ele conseguiu. Eu não tive muito a fazer, fui vivendo. Fui
abrandando e polindo meu jeito de ser. Eu precisava ser mãe. Quando nasceu meu
primeiro filho eu compreendi o que deveria ser minha vida. Só aí eu me
conscientizei do que a mulher tem de bom, de verdadeiramente bom. Nós somos
muito especiais. Eu o amei dentro do meu ventre quando ainda estava do tamanho
de um feijão. Eu amei os chutes e quando ele nasceu eu o amei em todos os
momentos de sua vida. Eu amei tanto aquele bebê que tive mais sete. Não me importava
com o pai deles. Aos poucos, fui sabendo quem era ele e fui fingindo não ouvir
algumas coisas, oferecendo algumas moedas de troca e a vida se tornou um pouco
mais fácil.
É
esperta a mulher que sabe reconhecer o terreno em que deve pisar. Um pouco se recua,
outro passo pode-se dar. Meus filhos se tornaram a minha razão de viver e por
eles vivi feliz. Eu sempre disse para as meninas que elas eram perfeitas,
deveriam estudar, não para que fossem superiores, mas para obter conhecimento,
para se elucidarem. Homens e mulheres são especiais aprendi isso com meus
filhos. Tive oito pessoas excelentes que viveram sempre ao meu lado e que me
fizeram perceber o quanto eu estava errada. Todos nós somos importantes e não
precisamos viver em briga de sexo. Devemos respeitar as diferenças, respeitar
as decisões e os pensamentos de uns e outros. Eu tive muito mais da vida do que
poderia desejar. ISABEL
04/11/17
--------------------Paula Alves--------------
“UM HOMEM DIGNO ENFRENTA DE CABEÇA ERGUIDA,
MAS NÃO FAZENDO O MAL PORQUE ISSO NÃO É COISA DE HOMEM”
Eu
poderia ter vivido para sempre como entregador de jornal se fosse para vê-la
todas as manhãs.
Por
que será que os homens não podem demonstrar os seus sentimentos?
Eu
sempre fui apaixonado por ela. No ensino médio cheguei a me declarar e o que
aconteceu?
Fui
ridicularizado. Quando se é ridicularizado nasce um sentimento diferente dentro
da gente. Um sentimento ruim que vai crescendo e se transforma numa coisa que
não dá pra controlar. Aquilo mexeu comigo de um jeito que quando eu percebi, o
amor que eu sentia doía demais. Não era pra doer porque eu me sentia bem por
gostar dela e desejava que ela tivesse uma vida feliz. Eu poderia ter feito
tudo pra vê-la feliz, mas ela não quis.
Naquele
dia, eu colhi as flores do quintal da mamãe. As flores estavam lindas e eu
ofereci pra ela. Achei que as moças gostavam de flores e quis agradar, mas quando
todos riram, ela não pegou as flores e também riu. Eu jurei que iria me vingar
e fui embora. Não quis ver ninguém, não queria conversa. Eu queria vingança. As
pessoas não deviam fazer mal para as outras. Eu pensava que o mundo devia ser
bom, eu era bom. Nunca imaginei que iria doer assim e armei um plano.
De
repente, eu que era bom, só pensava em coisa ruim e, por um momento, achei
estranho aquele monte de pensamento ruim saindo de mim. O fato é que, quando
não tem que acontecer, a vida não favorece. Minha mãe era tão preocupada com a
gente. Ela estava sempre por perto, sempre atenta e percebeu que eu estava
quieto demais, enfurecido. Minha mãe me observou, mas eu não estava nem notando
e quando eu estava pronto pra fazer mal pra moça que eu gostava, minha mãe
apareceu antes de mim no quarto e desapareceu com todas as coisas que podiam me
fazer cometer o mal.
Eu
fiquei de queixo caído. Como aquela mulher poderia ser tão astuta? Na hora eu
gritei, berrei e destruí alguns móveis. Ela estava sentada na minha cama e
simplesmente esperou. Quando eu cansei, ela falou que eu deveria virar homem.
Ela falou que homem não era aquilo não. Falou que um homem de verdade enfrenta
seus medos, as injustiças que o mundo faz você passar. Um homem digno enfrenta
de cabeça erguida, mas não fazendo o mal porque isso não é coisa de homem, isso
é coisa de monstro e ela não tinha parido um monstro. Minha mãe falou tanta
coisa. Falou de Jesus e que eu não podia abrir as portas pra coisa ruim me
dominar. A mulher era muito esperta (risos). Minha mãe naquele dia me
transformou num homem mesmo.
Eu voltei
pra escola, olhei nos olhos de cada um daqueles que havia me humilhado e senti
pena deles que não tinham uma mãe como a minha pra orientá-los a serem do bem.
Logo, eu arrumei uma namorada linda e especial, me casei com ela e tivemos a
nossa família. Todas as vezes que eu percebia um jeito meio estranho nos meus
filhos, me lembrava daquela história toda e como eu poderia ter arruinado a
minha vida e a vida daquela garota que me rejeitou. Eu seguia o exemplo de
minha mãe e observava meus filhos, agia sempre para que pudesse transformá-los
em homens de bem. Eu agradeço a Jesus por ter permitido que estivesse ao meu
lado.
TIMÓTEO
04/11/17 ---------------------Paula Alves---------------
Foto cedida por Magno Herrera Fotografias
“ACREDITO QUE AS PESSOAS DEVEM HONRAR
SEUS PAPEIS NO MUNDO”
Eu
tentei amá-los. Deus sabe que eu tentei. Fiz um esforço enorme para justificar
todas as trapaças e armações. No fundo, eu sabia o quanto eram levianos. Eu
sempre quis ter uma família normal. Sonhava com o dia em que ele chegaria em
casa sóbrio e diria que arrumou um
emprego numa fábrica ou qualquer coisa assim. Ela, então, como eu queria que se
importasse comigo, com as minhas necessidades infantis. Eu senti vergonha por
tantas vezes, eu não nego. Me usavam para pedir esmola no farol, eu era tão
pequena e me lembro do frio e da fome, depois com os míseros trocados que
recebiam, por causa da compaixão de algumas pessoas, eles corriam para o bar.
Quando
eu cresci, senti raiva do dono do bar. Por que as pessoas apoiam os atos
errados das outras pessoas levianas? Mas, ele não tinha culpa, só estava
ganhando o seu. Foi piorando, conforme fui crescendo porque fui compreendendo
que tudo era mentira, tudo era errado. Eles roubavam em toda parte, enganavam e
eu fui me envolvendo. Eles ficaram mais astutos e se aproveitavam de minhas
amizades para roubar mais, cartões, carros. Eu tinha que mudar de escola e até
de identidade. Foi terrível! Eu me perguntava por que era tão diferente deles.
Eu não podia continuar passando medo de polícia e da vergonha, do
constrangimento. Eu merecia uma vida de verdade e fugi. Fugi dos meus pais.
Achei
que fosse conseguir me esquecer deles e levar uma vida nova, normal. Eu arrumei
emprego e também um bom relacionamento. Nunca mencionei para meu noivo a vida
que levara, mas numa noite fria de dezembro, vi meus pais esmolando. Eu senti
um aperto no coração porque parecia que sofriam realmente. Eu pensei e resolvi
me aproximar.
Meu
pai estava muito doente e ela não sabia o que fazer. Eu cuidei deles e percebi,
o quanto os amava. Meu noivo soube de toda a verdade e me apoiou. Eu não me
arrependo porque fiz o que devia. Meu pai não durou muito e minha mãe esteve ao
meu lado cuidando dele. Parecia uma nova pessoa, sofrida e consciente do que
tinha me feito. Eu sinto porque sei que poderia ter sido diferente. Agradeço
por meu noivo que me apoiou e foi para mim um companheiro perfeito. Ele me
possibilitou ter uma família normal e eu fui feliz.
Acredito
que as pessoas devem honrar seus papeis no mundo. Ser a melhor mãe que puder.
Ser o melhor pai que puder. Se quiser ter filhos, amar, proteger, educar,
ensinar a ser bom. O objetivo deve ser fazer o bem o tempo todo.
MAIARA
11/11/17
-----------------------------------Paula Alves--------------------------------
“EU
TENTEI ME ILUMINAR”
Fui
para igreja e rezava. Me confessei e achei que era o demônio que tomava conta
de mim. Cheguei a pensar em dupla personalidade, fui para o psiquiatra, nada
resolveu. Tem gente que até poderia ajudar, mas não quer aceitar quando a
pessoa que está na sua casa tem problemas. Eu falava para os meus pais o quanto
as vozes me atormentavam. Eu suava frio e minha mãe dizia que eram os
hormônios, que com o tempo ia passar, mas não passou.
Eu
tinha pensamentos terríveis e sabia o que era certo e errado, mas a vontade de
fazer o mal acabava comigo. Com o tempo percebi que alguns medicamentos podiam
me acalmar e quando as vozes vinham ferozes, eu tomava os remédios. Mas, com o
tempo eles foram sendo neutralizados e eu precisei de doses mais fortes até que
vim pra este lado. Nem consegui perceber direito que havia morrido porque tudo
estava tão parecido, confuso. Quando ouvia as vozes e consegui vê-los
evidenciei que as coisas se modificaram, fiquei desesperado, mas entendi tudo.
Eles me perseguiram por tanto tempo na intenção de me fazer produzir o mal
novamente. Queriam que eu as maltratasse como antes, violência com as mulheres.
Eu
sabia que devia resistir e consegui, mas cai num erro fatal. No desejo de me
livrar das vozes, eu consumi doses altíssimas de medicação e desencarnei. Eu
provoquei meu suicídio. Eu antecipei minha morte e eles estavam contentes com
isso, me esperavam para me açoitar. Eu sofro com tudo o que causei de ruim
nesta vida e em outras. Eu sinto muito, gostaria de ter aproveitado a minha
chance e de ter evoluído. Espero me restabelecer e ter lucidez para seguir num
bom caminho.
LUCAS
11/11/17
-----------------------------------Paula
Alves------------------------------
“POR
QUE SERÁ QUE A GENTE NÃO ESCUTA OS PAIS?”
Nós
estávamos tão felizes. Era formatura e tudo o que se conquista merece ser
comemorado. Eu era jovem, estava apaixonada e tinha planos de vida. Nunca
imaginei que fosse acabar por uma tolice. Acabar por uma imprudência. Carro e
bebida não podiam dar certo. Eu nem sabia dirigir, estava com meu namorado e
quando ouvi o baque do veículo só pensei na minha mãe.
Por
que será que a gente não escuta os pais? Eu sempre achei que meus pais me
amavam muito, mas também pensava que eles tentavam me podar. Eu sabia o que
deveria fazer e eles pensavam que eu não tinha juízo, eu me irritava com eles
tantas vezes. Me arrependo das diversas situações que não dei atenção, deixando
falar sozinhos, eu fingia que ouvia, mas queria fazer outras coisas, queria
aproveitar minha vida. Sei lá, é coisa da idade né?
Depois
de tudo, eu fiquei com raiva dos meus pais. Quando conseguimos nos separar do
corpo ferido, nós brigamos ensandecidos. Eu, meu namorado e meus amigos,
estávamos loucos e acreditávamos que estávamos muito feridos, mas não mortos. O
tempo passou na confusão dos doentes e fui pra minha casa, aí eu notei tudo
errado e desejei culpá-los. Queria que eles tivessem me proibido de namorar tão
cedo. Queria que tivessem me proibido de sair com jovens irresponsáveis. Queria
que tivessem me proibido de beber, sendo ainda menor de idade. Eu queria que
eles tivessem impedido aquele acidente e eu poderia estar com eles na nossa
casa. Hoje eu sei que fui ingrata o tempo todo. Fui ingrata e inconsequente.
Não
dá pra culpar os outros por nossos atos. Eu ainda estou tentando organizar a
minha mente, mas é difícil conviver com a culpa.
MIRELA
11/11/17
---------------------Paula
Alves--------------------
“TEM
GENTE QUE ENTENDE, TEM GENTE QUE NÃO ENTENDE”
Eu
desejei ficar com cada um deles. Ouvi uma vez que a mãe que dá um filho parece
uma gata ou uma cadela. É como um animal que não tem amor por seu filho,
simplesmente põe no mundo e dá, sem sentimento, igual bicho. Não é verdade.
Eu
tive dois filhos, um menino e uma menina. Eu os amei desde o ventre e quando
olhei nos olhinhos deles meu coração encheu de contentamento. Nós vivíamos bem
com o pai deles. Quando o menino estava com três anos, a menina com um ano e
meio, aconteceu o pior. Meu marido foi vítima de um assalto e morreu. Eu não
acreditei quando recebi a notícia. Achei que não conseguiria suportar a dor.
Não tínhamos posses e minha família morava em outro estado. Eu não tinha
ninguém a quem pudesse recorrer, mas procurei os parentes mais próximos e pedi
que cuidassem dos meus filhos.
Tem
gente que entende, tem gente que não entende. Eu queria trabalhar e depois de
algum tempo voltar a ficar com eles. Ninguém quis ficar com os dois alegando
que dariam muita despesa. Tive que separar os dois e seguir em frente. Foi tão
difícil, passar privação, solidão e preocupar com eles. Não saber se estavam
bem, se eram bem tratados. Só Deus pra saber dos meus apelos.
A
verdade é que eu fiquei tempos sem ver as famílias que ficaram com meus filhos.
Eles se negavam a falar comigo e confesso que tudo era complicado, a comunicação
não era como hoje em dia. O tempo passou, eu da mesma forma e um dia eu consegui
encontrá-los. Já estavam mocinhos e não me queriam mais como mãe. Eles foram criados,
estavam bonitos, bem vestidos. Tanto um quanto o outro, me olharam medindo,
comparando com as mulheres que os criaram. Eu senti dor quando vi o olhar
deles. Eu senti rejeição. Como podiam ser minhas crianças adoradas, aqueles
dois que me reprovavam? Eles não me queriam.
Eu
sei doutor das providências divinas e todos os resgates. Sei que no passado eu
abandonei por leviandade, sei de tudo, mas ainda me dói. Eu fui informada que
eles deviam estar nas famílias dos outros, crescerem separados, tudo foi
providencial, mas eu ainda estou confusa. Acho que errei. Deveria ter ficado
com eles. Passar fome, mas estarmos juntos. Eu acho que teria coseguido.
Talvez,
eu tenha ido pelo caminho mais fácil, não sei. Eu queria que tivesse sido
diferente. DAMIANA
11/11/17
Foto cedida por Magno Herrera Fotografias
“EU QUERIA QUE AS PESSOAS PUDESSEM SE
ENXERGAR NESTE MUNDO”
Nos filmes,
nas novelas, tantas vezes foi possível relembrar o que ocorreu. Foram tantos a
sofrer. Sofrer na pele a covardia de alguns que estavam em situação de poder.
Fomos arrancados da nossa terra e fomos obrigados a viver em situação sub-humana.
Alguns falavam em compaixão, mas nem a religião estava para nós.
Piedade,
consideração? Por quê? Se, éramos tratados como peste, praga, mas os músculos
mostravam a nossa garra, a nossa força. Fomos uma raça que conseguia trabalhar
intensamente para propiciar frutos para nossos semelhantes que nos tratavam
como inferiores. Eu assisti muitos irmãos serem chicoteados. Nossas irmãs,
nossas mães, eram arrastadas pelos cabelos e eram forçadas a serem servas do
sexo e amas de leite, para isso, serviam. A questão toda foi muito além, das
barreiras do preconceito porque fomos ultrajados em nossas expectativas de
seres eternos.
Fomos
humilhados tão sordidamente que desejamos não ser mais negros, nunca mais. Eu
pensei nisso muitas vezes. Desde criança, via como era discrepante a diferença.
Nunca foi só a pele. Sempre foi muito mais que isso. Eu via os meninos brancos
e toda a sua diplomacia. A forma como eram educados e todas as oportunidades
que iriam ter. Mas, nós nunca poderíamos ter o conhecimento deles, a literatura
deles, a educação deles. Eu desejei ter uma vida normal. Um local onde pudesse
dormir como gente. O direito de ser cumprimentado com respeito e também direito
de ter uma família que não sofresse tanto com o medo e a indignação. Eu desejei
tanto que percebi que estava odiando minha condição de negro, doutor. Eu
cheguei a odiar o fato de ser negro e escravo.
Eu
amava minha gente, mas ser escravo e aceitar as chicotadas, o serviço que
matava uns e outros era demais pra mim. Por que eles não se rebelaram com toda
a sua força e garra?
Muitos
toleravam aqueles maus tratos. No fundo, acreditavam que eram inferiores. Eu
desejei ser branco e quando retornei pra cá, eu me vi estranho, distorcido. Foi
difícil morrer. “Negro insolente!” - dizia o coronel. Eu fui insolente e morri
pra dar o exemplo do que não deve ser feito. Apanhei tanto e morri no tronco.
Fora do corpo a revolta tomou conta de mim e resolvi atormentar. A pele já não
era mais negra, tudo mudou pela vontade. Depois de tanto tempo, eu já nem sei
quem sou. No fundo acho que todos nós sofremos as discriminações na sociedade.
Daqui
a gente sabe das noticias doutor. Todo mundo tão culpado. Discriminando pobre,
mulher, nordestino, dona de casa, obesos, homossexuais, deficientes físicos. Um
discrimina o outro. Então, ficou difícil viver o fácil, né? Eu queria que as
pessoas pudessem se enxergar neste mundo. Perceber o quanto têm de bom e o
quanto têm de ruim. Queria que percebessem que fora do corpo todos nós podemos
ser qualquer coisa.
Podemos
ser homem ou mulher, bonito ou feio, negro ou branco, basta Deus querer. Tomar
cuidado com as palavras, com os pensamentos e os atos que ferem porque tudo na
vida trás consequências que daremos conta, cedo ou tarde. E assim, a gente vai
seguindo em frente.
CAIUBI
19/11/17
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“AQUELE QUE AINDA NÃO SENTIU ADOR DA
DISCRIMINAÇÃO É MUITO FELIZ”
Eu
cuidei de todas aquelas crianças e eu amei cada uma delas. Tinha as minhas e
tinha as da sinhá. Eu tive muitos filhos. Sete de sangue e cinco do coração.
Dei mamá pra todos porque a sinhá não queria deformar o corpo. Bobagem! Tinha
um corpo lindo minha sinhá (risos). Só sei que tinha dias que eu desejava não
existir. Pedia pra Deus fazer o dia correr pra não ver a tortura dos meus
meninos.
Moças
que emprenharam de senhor e tiveram que tirá o menino. Meus filhos que eram
castigados no tronco. Tudo doeu em mim, mas o dia que o menino branco me
ofendeu doeu demais. Tem coisa que fere mais do que pancada. Palavra feia, um
olhar de revolta fere muito. Eu cuidei daquele menino como se fosse saído das
minhas entranhas. Cuidei tanto com amor e carinho. O danado ficou forte e bonito,
crescido demais e um belo dia tomou nojo da mãe Leontina. Não queria nem passar
perto da minha cozinha. Escutei um rapazinho zombando dele porque ele mamou em
mim e escutei direitinho quando ele disse pro menino nunca mais falar que ele
tinha feito isso numa negra fedida. Como doeu. Eu chorei e senti como se aquele
menininho que dormiu abraçado comigo tivesse morrido ali mesmo.
Dói
muito o descaso e a rejeição. Estranho porque eu não tinha parido ele não, mas
dei mais afeto que a mãe dele que nem queria segurar o menino pra não amassar a
roupa cara. Aquele que ainda não sentiu a dor da discriminação é muito feliz.
Esta
vida foi muito difícil e depois de tudo feito, eu retornei. Sabia que tinha
tanta coisa pra fazer pelos meus e pedi pra retornar com a mesma família. Eu
tinha que voltar e aceitaram meu pedido, mas uma coisa foi alterada. O menino
branco, também viria como meu filho. Todos nós negros, inclusive ele. Ô seu
moço precisava de ver a indignação do danado do menino. Meu amor por ele ainda
era forte demais, mas o danado não queria saber de ser mulato não. Que
sofrimento. Ele mesmo se repugnava. Eu só entendi quando me contaram a história
inteira. Vivia de cabeça baixa como se tivesse aprontado. Já era outra época.
Nada de quilombo ou submissão. Mesmo assim, ele se rebaixava e estava sempre
querendo ser prestativo pra branco. Estranho de ver. Eu bem que tentava
ensinar, tinha os irmãos que eram trabalhadores e dignos, mas ele nada. Foi
colocado pra fazer serviço leviano, foi usado e morreu na revolta. Nem sei
dizer.
Essa
questão de preconceito vira as vidas e não sai da gente. Entra numa fase, muda
de corpo e quando vê, ta no preconceito de novo. A gente recebe a oportunidade,
mas não larga as mazelas morais, aí é só na dor mesmo. Eu ainda estou orando
pra ver se ele melhora. Queria poder ajudar mais. Que Deus possa ampará-lo.
LEONTINA
19/11/17
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“MAS, E OS MEUS DIREITOS DE MÃE?”
Eu
amei aquele homem e percebi que, apenas fui usada por ele. Nunca imaginei que
fosse casado porque eu não teria me envolvido, se soubesse. O pior é que a
esposa sabia de tudo. Até onde pode ir a baixeza de alguém? Quando engravidei
fiquei tão feliz. Ele me cobriu de afetos e eu nem percebi o quanto ele estava
ausente. Dizia que viajava a trabalho e eu acreditei em tudo. Ele nunca queria
sair comigo porque afirmava que era muito melhor no nosso modesto lar e eu
achava tudo muito lindo.
Mas,
quando a criança nasceu, ele falou: “Ah! É branco!” Eu não entendi porque ele
nunca havia demonstrado qualquer aversão à cor da minha pele. Quando eu soube
que podia sair do hospital recebi uma noticia terrível. Meu companheiro já
havia levado a criança. Como assim? Era possível? Mas, e os meus direitos de
mãe? Como puderam deixar que ele levasse o meu filho? Me desesperei, não
conseguia entender o que estava acontecendo. Fui pra casa e não tinha mais nada
lá que fosse dele ou do bebê. Procurei por ele nos telefones e no suposto
trabalho. Eu não consegui encontrar, nunca. Passei a vida toda sem compreender
o que houve do Alberto e do meu bebezinho.
Recomecei,
reconstruí minha vida com outro homem. Agora, com um negro que demonstrou o seu
amor. Tivemos uma linda família e chegou o dia em que eu deveria retornar.
Quando despertei deste lado, eu desejei saber desta parte da minha vida que foi
uma incógnita para mim. Alberto tinha esposa que não podia ter filhos e ele se
envolveu comigo na intenção de fazer um filho. Trama sórdida. Ele levou o filho
e foi apoiado pelo médico e também por algumas pessoas que me conheceram e não
revelaram o seu paradeiro. Meu filho foi muito bem criado. Teve uma vida boa e
a sua mãe foi excelente. Eu sei que ele foi amado e que teve contato com as
pessoas que deveriam participar desta sua vida, mas eu ainda não consigo
esquecer. Eu ainda não consigo aceitar doutor. Eu ainda acho que foi injusto
tudo o que vivi.
Já
me mostraram como sinhá. Eu, uma sinhá que maltratava os escravos tinha um
relacionamento amoroso com um escravo e abortei o seu filho. Eu como sinhá em
nada me assemelho com a mulher que sou hoje. Tudo mudou e eu ainda tive que
pagar este preço tão alto. Por quê?
CLARA
19/11/17
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“QUANDO O NEGRO E
O BRANCO
SE UNEM PRA FAZER O AMOR ENTRAR NA VIDA DOS OUTROS”
Foi
um trabalho de mais de cinquenta anos. A minha vida toda eu desejei servir. Eu
tinha a certeza de que estava neste mundo pra fazer a diferença. Eu pretendia
auxiliar os desfavorecido como eu. Nasci numa família de negros e morei num
local afastado da cidade onde as pessoas trabalhavam para comer, onde não
tínhamos médicos ou educação. Trabalhamos duro, mas as coisas foram ficando
difíceis para os pais doentes e pobres. Quando eu cheguei na cidade, não
esmoreci.
Peguei
os trabalhos que apareciam e trabalhava dia e noite para criar os meus irmãos,
cuidar dos meus pais. Eu passava pelos cantos da cidade e via tantos jogados,
pedindo, necessitando. Tantos que são invisíveis para a sociedade que vive
apressada. Eu não queria ser só mais um na multidão. Mais um que luta pelo pão
difícil de ganhar e não dá bola para tantos outros que vivem da mesma sorte. Eu
não desejava me estapear com eles em busca de uma vaga de emprego. Eu queria
ser mais que isso.
Eu
queria dignidade, fé. Comecei a fazer trabalhos sociais. Pôr a mão na massa e
encontrei Leonora. Mulher de fibra, decente, íntegra. Cuidava das crianças de
rua. Não tinha nojo, vergonha, nada e era branca, branquinha demais. Que
saudades eu tenho da Leonora. Vivemos unidos no ideal de auxiliar independente da
raça, do credo ou da classe social porque rico também se droga e vai parar na
rua. A gente levava tudo, comida, roupa e pregação. Lavava o corpo aos domingos
na igreja e lavava a alma quando apresentava Jesus. Foi lindo demais. A nossa
união auxiliou muitas famílias. Quando o negro e o branco se unem pra fazer o
amor entrar na vida dos outros. A gente formou uma parceria linda demais. Eu
aprendi muito com a Leonora. Aprendi a ler e depois fui estudar mais e mais.
Aprendi as Leis, me instruí. Eu virei um tipo de gente que nem acreditei que
era possível virar, tudo por ela. É uma benção quando Deus permite que
Espíritos de luz estejam no meio de pessoas normais pra ajudar nas causas
nobres. Se não fosse por ela eu não teria conseguido chegar tão longe. Fundamos
algumas organizações para auxiliar os menos favorecidos e até hoje, tem filhos
nossos cuidando de tudo. Pessoas sem igual foram colocadas ao nosso lado.
Isso
trás a certeza de que quando as pessoas estão inclinadas em fazer o bem, a
espiritualidade permite e facilita a tarefa edificante. Quando as pessoas
perceberem que todos nós somos iguais e devemos nos apoiar nas causas nobres, o
mundo será outro. Local pacífico e apropriado para regeneração. Ah! A Leonora?
Apenas, recebo noticias dela de tempos em tempos.
Conseguiu
a evolução necessária para mudar de mundo, por isso, tanta saudade. Eu
permaneço aqui, aguardando novas oportunidades de elevação. Enquanto isso, eu
me comprometi a continuar os trabalhos na falange que atua com os viciados em
drogas. Atenciosamente.
MARCO AURÉLIO
19/11/17
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Data
importante para refletir.
“TER A CONSCIÊNCIA NEGRA É ADMIRAR QUEM
LUTOU PELA DIGNIDADE DE TER SEUS DIREITOS ASSEGURADOS”
Quem
não tolerou ser tratado com diferença e discriminação. Pessoas íntegras que
lutaram para estabelecerem-se na sociedade, apesar das críticas e dos
apontamentos. Pessoas que ouviram abusos e hoje, numa época tão democrática,
ainda percebem os olhares de distinção, esquivos e cheios de abuso moral.
O
dia deve ser vivido com a mais plena consciência de que Deus fornece para todos
oportunidades adequadas de ajustes. Todos nós chegaremos ao Pai, cada um no seu
tempo. O certo é que servimos de alavanca de progresso uns para os outros, por
isso, é fundamental a percepção das necessidades alheias para que possamos
auxiliar e sermos auxiliados. Com sincero devotamento para com o semelhante.
O DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA DEVE SER
UTILIZADO PARA NOS DESPOJARMOS DE QUAISQUER DISCRIMINAÇÕES QUE TEMOS CONTRA
NOSSOS IRMÃOS ENCARNADOS
E DESENCARNADOS. Não apenas relacionados à cor da pele, à raça, mas também
em outros aspectos.
Lançamos a reflexão: o
quanto podemos ser maldosos e ingratos com todos os que estão ao nosso lado?
Pessoas que trabalham em posição subalterna e que, nem mesmo, recebem um bom
dia. A dona de casa que trabalha no lar e nunca é auxiliada em suas tarefas,
trabalha dia e noite para o bom andamento do lar e apoio dos familiares.
Ricos
discriminados, pobres discriminados, estrangeiros, crianças que são mal
tratadas até por seus genitores, cristãos que brigam com cristãos em nome de
suas igrejas. Tudo, meus irmãos, que não for com amor, está errado. Em nome da
paz já se fez muita guerra.
Agora,
olharmos uns para os outros sabendo que o futuro a Deus pertence e só Ele é
capaz de saber o que precisaremos enfrentar para sermos mais tolerantes e
amorosos com nossos semelhantes. O que é necessário para estarmos livres do
preconceito. Bendita seja a reencarnação que nos possibilita sermos em outra
vida tudo o que odiamos ver no outro.
ERASMO
GURGEL
19/11/17
Foto cedida por Magno Herrera Fotografias
“O OTIMISMO NUNCA FOI TÃO IMPRESCINDÍVEL”
Eu
queria que as pessoas fossem mais honestas consigo mesmas e percebessem o
quanto estão tentadas a cometer o mal. Ser otimista implica em ver o bem,
implica em almejar o bem, desejá-lo para si e paras os outros.
Como
seria bom se por todos os lados as pessoas fossem mais positivas. Alguns
justificam sua postura dizendo que a vida está difícil, que a sociedade está
deveras violenta e coisa e tal, mas não é isso não. Num mundo de prova e
expiação não poderia ser diferente. O fato não é o que temos que enfrentar, mas
a maneira que enfrentamos as dificuldades, tornando-as mais penosas para nós e
para todos aqueles que são obrigados a ficarem do nosso lado, sim porque
existem pessoas que mesmo desejando se afastar não podem, exemplo disso são as
crianças menores, os animais e os idosos, alguns subalternos que precisam nos
suportar porque estamos vinculados a sua fonte de renda. Muito triste ter de
conviver com pessoas pessimistas e que estão sempre emburradas, parece que
estraga até um dia de sol.
Tão
complicado quando você acorda cheio de disposição e vai comprar o pão e a moça
do balcão te recebe com uma carranca, mas por quê?
Pra
quê ser mal humorado?
Sermos
gratos com todas as coisas, sermos gratos com todas as oportunidades. Sermos
cordiais porque um tem sempre alguma coisa de importante pra aprender com o
outro, na humildade. Saber reconhecer que somos fortes quando estamos juntos.
Somos bons, somos filhos do Altíssimo e podemos avançar mais rápido se pudermos
enxergar melhor os fatos.
O otimismo nos impulsiona, tira o medo e
afasta os maus Espíritos, aqueles que estão dispostos a nos fazer vacilar.
O
otimismo é a sementinha de fé que nos faz transpor as montanhas. As montanhas
da dificuldade, todos os obstáculos que são as provas. Sabendo que não somos
castigados por nada, simplesmente temos a colheita que serve para
compreendermos o quanto devemos melhorar. Esforço com sorriso nos lábios é
muito melhor para todos.
JACINTO
26/11/17
--------------------------Paula
Alves--------------------------
“COMO
É BOM LEVAR A VIDA COM ALEGRIA E GRATIDÃO”
É
verdade. Eu costumava reclamar de tudo e tinha uma vida boa. Era casada com um
homem trabalhador, bom pai e esposo que demonstrava todos os dias sua lealdade
e carinho. Eu me queixava tanto, dizia que o trabalho do lar era exaustivo e
exigi que meu marido contratasse uma empregada. Ele não podia pagar, mas se
esforçou e me forneceu o que eu pedia. Quando a Maria chegou em meu lar, eu
respirei fundo porque acreditava que ela me daria mais trabalho. Eu achava que
somente eu podia fazer tudo ficar perfeito.
Ela
me surpreendeu com a rapidez, disposição e felicidade com a qual executava o
seu trabalho. No início aquela cantoria até me irritou, mas não adiantava falar
porque ela não parava de cantar. Os dias foram passando e a mulher era
incansável, sorria e trabalhava. Como sorria, ela até gargalhava e eu fiquei
pensando: como ela sorria tanto, empregada, dizia ter cinco filhos, cada um de
um pai, sozinha, morava num barraco, tinha uma mãe doente, ela já não era tão
jovem e parecia mancar no final do dia, mas ela nunca reclamava e quando
acabava o serviço me dava uma boa noite tão feliz que até me irritava.
Eu pensei:
como ela podia ser feliz com tanto problema?
Fiquei
pensando nisso por dias até que não aguentei e perguntei pra ela. No fundo não
me importei se ela sofreria porque achei que ela era maluca e nem sabia
discernir o que era sofrer, só ria. Fiquei bem constrangida com a resposta que
ela deu.
Ela
falou que não tinha problemas. Falou que eu tinha problemas existenciais e via
problema em tudo e em todos. Falou que ela tinha uma mãe muito querida que
precisava de cuidados e que ela tinha o maior prazer de cuidar da mãe. Falou
que os cinco filhos eram as alegrias que Deus tinha colocado na vida dela. Que
ela não precisava de marido pra sustentar filho na dignidade, isso também não
era problema e que o lar simples era o que ela podia bancar, estava satisfeita
por ter um teto pra família. Ela só tinha motivos pra sorrir mesmo, trabalho,
saúde e fé.
Deus
tinha dado tudo o que ela tinha, o sorriso era pra agradecer o presente todo.
Eu chorei de vergonha. Eu nem sabia que ela pensava tanto, que era tão lúcida e
sábia. Eu fui tão má. Fui preconceituosa, grosseira e preguiçosa. Conversei com
meu marido naquela noite e nem conseguia olhar nos olhos dele. Abracei meus
filhos antes de dormir e naquela noite eu orei pedindo perdão porque tinha
esquecido até de Deus.
Como
pode esquecer de Deus?
Eu nem
orava mais, estava sempre com pressa. Conversei com ela, pedi desculpas e ela
foi pegando a bolsa porque achou que eu fosse despedir. Aí, eu propus um
negócio. Eu tinha aprendido tanta coisa e não queria ficar inerte. Eu propus
que trabalhássemos juntas. Artesanato. Trabalhos lindos que foram fonte de
renda pra nós duas. Eu voltei a cuidar da minha casa, ter o prazer nas pequenas
tarefas do dia-a-dia. Nos tornamos grandes amigas e depois de algum tempo, ela
me fez perceber que eu também estava sorrindo por todos os lados. Como é bom
levar a vida com alegria e gratidão. LÚCIA
26/11/17
--------------Paula
Alves-----------
“NÃO FOI AMOR, FOI TUDO, MENOS AMOR”
Eu
me ajoelhei porque achei que ele se compadeceria e deixaria o menino comigo. Eu
orei com tanta fé. Me senti merecedora e voltei pro quarto crente de que meu
menino voltaria comigo pra casa. Eu nunca fui religiosa, mas me convenci de que
este era o único caminho quando fui informada de que meu filho estava
gravemente adoecido. Eu não tinha o que fazer. Foram tantas consultas, tantas
internações e ele era tão novinho, como poderia suportar?
O
fato é que eu pretendia barganhar com Deus.
Eu
me tornaria uma nova pessoa, se ele reformulasse seus planos, se ele pudesse
curá-lo. Eu nem sei o que de fato se passava na minha mente. Aos poucos, eu
estava adoecendo junto com ele. Hoje eu
acredito que Deus conhece cada um de nós como a palma da mão. Sabe nossos
deslizes e nossas inclinações. Ele sabia o quanto eu era leviana. Eu tive o
menino e amava meu filho, mas acho que poderia ter dado mais atenção. Eu só fiquei
bem ao lado dele, lá no hospital. Eu me desesperei quando vi o abatimento dele
e como estava emagrecido. Naquele dia, o médico me deu uma boa notícia e eu fui
pra casa com o menino, mas minha alegria não chegou às altas horas porque ele
piorou muito e teve uma parada. Que horror! Ver um filho morrendo nos seus
braços. Eu me revoltei porque eu pedi, eu implorei pra Ele e ainda assim, meu
menino não suportou.
Que
Deus é este? – eu pensei.
Tem
coisas que ninguém aceita ouvir da gente e ninguém aceitava que eu dissesse que
não acreditava em Deus. Isso criou uma revolta em mim.
Meu
marido não aguentava tanto mau humor, tanta indignação. Eu precisava culpar
alguém, então, eu culpei a Deus e quando vi, meu marido estava se divorciando
de mim. Levou tempo pra eu entender que ele também havia perdido um filho, mas
eu olhava para cena toda como se fosse apenas eu, aí eu fiquei sozinha mesmo.
Não lutei por ele, eu achava que ele era um covarde. Ele também não tinha me
ajudado a ficar com o menino. Foi indo, eu não comia, bebia bastante e contraí
uma doença hepática que reduziu meus dias. Eu adiantei bastante o meu regresso,
por isso, foi tido como suicídio.
Eu
peregrinei num local bem ruim e quando finalmente pude ser socorrida, vi um
anjo se aproximando de mim, mas o anjo me parecia tão familiar. Era o Léo, meu
filhinho, estava já homem feito, lindo e tão educado. Ele me trouxe para cá e
me explicou que tudo estava nos planos de reajuste. Ele precisava retornar
daquela forma e eu não consegui compreender as necessidades dele. Com o meu
jeito, ainda dificultei o seu reestabelecimento. Quando é que eu iria imaginar
que fiz tudo errado?
Não
foi amor, foi tudo, menos amor. Entendi que foi posse, revolta, mas amor não.
Nós teremos uma nova chance. Eu preciso ser mãe e treinar meus sentimentos de
mãe porque a mãe ama de verdade e isso só nos impulsiona. Eu sou agradecida.
ESTER
26/11/17
----------------------Paula Alves----------------------------
“Ô
COISA BOA, SABER QUE MORRE SÓ O CORPO E A GENTE VAI MELHORANDO”
Foi
uma bonita jornada. Eu ainda tenho saudades de todos. Foram tantos que me
amaram. Foram tantos que eu tenho a maior satisfação de relembrar. Foram
filhos, netos, um marido incrível e um montão de amigos leais.
Em
outras existências, eles foram desafetos, nesta voltaram de mansinho,
despertaram um sentimento estranho e pela insistência eu fui me aproximando
deles. Quando percebemos, estávamos amigos e hoje eu posso dizer que amo muitos.
Sou feliz! Eu até queria ficar mais tempo no meio deles, mas o corpo não
aguenta tanto. Chega uma hora que é dor, as doenças vão chegando. É inevitável!
Eu me cuidei. Nunca fumei, nunca bebi. A comida sempre foi simples, dormia
cedo, pra pegar no batente bem cedinho. O corpo aguentou bem, mas não é eterno.
Aqui só é eterna a alma.
Ô
coisa boa, saber que morre só o corpo e a gente vai melhorando. Coisa boa
chegar aqui e depois de um tempinho lembrar de tudo e ver que passou por tudo o
que tinha que passar. Na medida certa mesmo. Não teve um dia fora de ordem, ô
Senhor Deus todo perfeição. Eu lembro de tudo agora. Todos eles estavam no lugar
certo. Aquela filha rebelde que eu castiguei lá atrás. Aquele marido que bebia
tanto e que eu tinha dado surras quando foi minha esposa em outra vida. Meu pai
que me abandonou porque em outra vida eu fui um pai que molestei. Tudo pena
abrandada meu sinhô. Ô glória!
Se
tem gente que reclama é porque não tem percepção das coisas do céu. Jesus
tentou avisar, mas eles nem escutaram o Mestre, que pena! Eu também fui assim
como eles e recebi tanto. Eles estão recebendo e sempre acontece uma coisa
importante na vida deles que é pra perceber a bondade do Senhor. Deus seja
louvado!
ZILÁ
26/11/17
------------------------Paula Alves---------------------
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