"Cartas de Maio" (16)

 


   “Todos os atos da vida têm consequências”

 

Aquela vida foi terrível, repleta de escolhas ruins, cheia de mediocridade. Eu não consegui aprender nada de novo e, nem tão pouco, me elevei.

Vida de caos, calamidades pessoais, onde algumas ruinas do ser fizeram com que eu desistisse de mim mesmo e colocasse tudo em risco. Eu me vi soterrado por problemas sem solução e dramatizei uma realidade cheia de fantasmas do passado, algo como pesadelo e ficção que não me permitia conviver adequadamente no mundo social.

Então, me deixei chegar ao fundo do poço por causa de entorpecentes variados, drogas cada vez mais pesadas com o objetivo de fazer calar minha consciência.

Eu sei, hoje sei, que eram lembranças do passado que não estavam adormecidas e me faziam enlouquecer, eu não conseguia entender quem eu era de verdade e temia descobrir o que havia dentro de mim, então, procurei calar aquela consciência que parecia delirar, eu tentei calar, mas era impossível.

Quanto mais eu ficava anestesiado, mais elas apareciam, cheias de vultos e contestações, me envolvendo na náusea e angústia.

Eu não podia viver daquela forma, parecia um inseto rastejando e atrapalhando a vida deles, de alguns poucos familiares que estavam ligados a mim pelos laços do amor incondicional. Amor que não diminui, apesar das inconsequências dos nossos atos delituosos.

Feri drasticamente meu cérebro físico por causa dos entorpecentes, caminho sem volta, até que a morte veio me buscar para levar para um local muito pior do que todos que conheci em vida. Muito longe de um paraíso, muito longe de ter paz, eu vivi os piores momentos da minha eternidade.

Depois de muito sofrer, tiveram piedade de mim e permitiram que eu fosse resgatado, cuidado e recebi a reabilitação necessária para estar preparado para nova tentativa de ser um humano no plano físico, mas todos os atos da vida têm consequências.

Eu poderia regressar, mas precisaria valorizar o corpo como instrumento de trabalho na Terra, então, precisei de um corpo com alguns diferenciais.

O autismo me proporcionou muitas conquistas. Eu pude receber todo apoio dos familiares, não tive acesso ao mundo das drogas e a sensibilidade mais exacerbada facilitou a expansão do sentir. Menos razão, mais sensação. Eu precisava me envolver no plano físico sem reflexões absurdas, eu senti e contemplei.

Recebi cuidados e me permiti ser cuidado por eles, sem arrogância ou orgulho. Foi excelente!

No início fiquei temeroso, acho que nem eu mesmo conseguia compreender o que seria benéfico naquela vida, mas foi o melhor e eu sou muito grato por tudo o que aprendi, além das possibilidades de me libertar de algumas mazelas morais e físicas. Gratidão.

 Lucas

         01/05/24

 Psicografado por Paula Alves



 “Todos que se envolvem com autistas devem respeitá-los e favorecer sua inserção social”

 

Tudo me irritava: sons estridentes e o contato com aquelas pessoas que dançavam e riam.

Eu queria ficar em paz!

Meus pais se envergonhavam e eu percebia que não era bem-vinda nas reuniões familiares, então, procurei ficar distante. Eles ficaram mais a vontade de não me ter por perto.

É estranho admitir que eu não queria o contato com as pessoas, eles me faziam perder a paciência. Eu detestava abraços e beijos, mas gostava dos abraços da minha avó. Acredito que eu sentia a energia das pessoas, dava para perceber quando estavam sendo sinceras. Tem muita gente que se aproxima por obrigação, mas não significa que gosta da gente, muito pelo contrário, gente falsa que tem nojo de todos que sejam diferentes. Eu detestava e não queria ficar perto de ninguém, só da minha avó. Ela sabia como me acalmar. Lia, cantava baixinho, ela fazia uns barulhinhos engraçados, eu não sorria, mas esboçava um encanto.

Ser autista é estar e não ser percebido, é não ser desejado. O meu nível de autismo foi o de um ser que não consegue ter independência e, por isso, era tratada como criança mesmo na fase adulta. Minha mãe estava cansada de mim e, após o desencarne da vovó, tudo piorou porque minha protetora partiu me deixando solitária entre aqueles que não me desejavam.

Foi muito difícil ficar sem minha avó. Eu não compreendia o motivo do sumiço dela, senti muita falta, sofri sem conseguir expressar minha dor.

Para os Espíritos eternos, ter a oportunidade de ser autista é preciosa porque nós conseguimos estar no mundo sem fazer parte dele. Estarmos na sociedade sem sermos desejados, sem ter apoio ou condições de manifestar nossas potencialidades, pelo menos, foi assim comigo, naquela época, com uma família que preferiu aceitar que eu seria sempre dependente.

Sei que hoje o mundo é um celeiro de oportunidades edificantes com pessoas cheias de conhecimento e boa vontade. Já soube o quanto existem estudos e métodos de diagnóstico, tratamentos especializados para que todos sejam incluídos socialmente e possam ter qualidade de vida e independência. Todos que se envolvem com autistas devem respeitá-los e favorecer sua inserção social, sem discriminação ou rejeição. Isso mostra o quanto já evoluímos.

 

Isabela

01/05/24

 Psicografado por Paula Alves





“Sufocante realidade do jogo do poder”

 

Dia do trabalhador...

Haverá um dia, em que todos serão respeitados por seus nobres trabalhos. Independente do valor de seus salários ou das posições que estiverem assumindo, todos serão dignos.

Muito já foi alcançado no mundo trabalhista. Homens e mulheres que podem desempenhar as mesmas funções, instituições que permitem que brancos e negros realizando suas tarefas com igualdade.

Mas, será que é realmente bom para todos?

O que poderia ser modificado? Como poderia satisfazer as maiorias?

Mulheres que ainda recebem menos que os homens, discriminadas porque cuidam de suas famílias, enfrentando assédio nos locais de trabalho.

A discriminação continua com mulheres, negros, pobres, como sempre aconteceu. Longas jornadas de trabalho visando a atribuição de uma vida honesta com um teto e comida na mesa.

Tudo tão caro que faz com que o trabalhador aumente a sua renda com algum trabalho extra, enquanto no governo os salários são exorbitantes.

Triste realidade social que nos mostra o quanto este mundo ainda é pequenino, o quanto nossa evolução está nos primórdios.

Sufocante realidade do jogo do poder, do “quem tem mais, fala mais alto”.

Se é difícil se manter com nível superior, imagina sem estudo...

Um ponto que leva a outro na cadeia social: trabalho, estudo, injustiça, corrupção, democracia? Para quem?

Chega a ser revoltante.

Para viver neste mundo, viver do próprio trabalho, conseguir casa própria e estudo para os filhos, as pessoas têm que fazer concessões: só um filho e o controle de natalidade fica lógico no raciocínio financeiro.

Viver do suor do rosto com dignidade, de cabeça erguida é trabalhar de domingo a domingo e não se cansar para que os filhos tenham oportunidade. Senão, chega a tentação de ter o dinheiro fácil, de se entregar aos prazeres e facilitações da vida material: carro, fazenda, possibilidade de tratamentos médicos inovadores que salvam e prolongam a vida, viagens, cursos e recursos de todos os tipos. Vida boa que o trabalhador brasileiro que age com previdência e justiça nunca chegará a encontrar.

Salário mínimo não paga vida boa, “malemá” paga o aluguel e o bom almoço de domingo.

O que é que nós estamos comemorando?

Lembrei de uma época da lavoura de cana de açúcar, enxada na mão calejada, sol escaldante e criança ardendo em febre. Não tinha recursos, só trabalho pesado que não rendia quase nada, só dava desespero e dor. Reconstruir o Brasil com o trabalhador brasileiro dando o suor e lágrimas? Morrendo de tanto trabalhar? Tem motivo para comemorar?

 

01/05/24

Psicografado por Paula Alves

  
“Médico também é gente, de carne e osso, médico também adoece e morre, sofre e chora”

 

Eu me formei para cuidar da saúde das pessoas. Foi tão difícil conseguir aquele diploma.

Meu pai fez questão de me proporcionar aquela oportunidade de me formar médico. Ele trabalhou duro e disse que eu seria médico para honrar todo esforço dele. Eu nunca vou esquecer.

Todas as vezes, que estava morrendo de cansaço, pensava no cansaço do meu pai que estava trabalhando na indústria, dobrando turno para que eu pudesse me formar, então, o cansaço sumia e eu aguentava mais algumas horas.

Quando eu me formei, foi o sonho do meu pai realizado. Ele me abraçou chorando e me agradeceu, mas era eu quem tinha que agradecer...

Então, preferi ser grato dedicando o meu trabalho sério a todos que necessitassem dos meus cuidados. Mas, nós passamos por uma fase crucial, uma época que nunca imaginamos vivenciar. Foram tantos doentes, tantos, que não dávamos conta de cuidar de todos da maneira como deveria.

A doença incrivelmente contagiosa que não impediu que os médicos adoecessem.

Coisa que ninguém pensa...

Médico também é gente, de carne e osso, médico também adoece e morre, sofre e chora.

Eu vi tanta gente adoecer, trabalhei além dos meus limites e enfraqueci, adoeci e não pude nem me despedir dos meus pais. Foi bem assistido quando ultrapassei os limites da morte e quando tive a benção de poder visitar meus pais, parece que ele sentiu minha presença e falou: —Tanto tempo para se formar, tanto esforço para se formar.

Eu dediquei minha vida para que meu filho se tornasse médico e sei que ele honrou aquele canudo. Eu fiquei muito orgulhoso do meu garoto, mas daria tudo o que eu pudesse para tê-lo aqui, feliz e saldável. A gente pensa numa vida melhor, a gente pensa em status social, em fazer da vida do filho, uma vida melhor que a nossa, então, imagina que a carreira pode entregar tudo de bom. Eu nunca pensei que ele ia trabalhar mais do que eu e teria que se expor a todo tipo de risco para cuidar da saúde dos outros. Era preferível que ele tivesse um trabalho comum e estivesse entre nós.

Eu compreendi meu pai, entendi tudo, mas eu faria tudo de novo. Isso permitiu redimir muitos erros do passado. Fazer da minha vida um ato de devotamento e abnegação em favor do semelhante me permitiu estar aqui neste local abençoado, envolvido com os seres de luz, avancei muito porque me dediquei integralmente aos cuidados de quem necessitou de mim.

 

Roberto

01/05/24

Psicografado por Paula Alves



Bebeu? Não dirija. Tenha consciência do quanto as vidas valem.

 

Eu fiquei muito feliz quando ganhei aquele carro. Um garoto com carro era alguém imponente, grandioso. Chegava nos lugares recebendo muitos olhares e considerações.

Eu era jovem, meus pais me amavam demais e faziam tudo para me agradar, seriam capazes de satisfazer todos os meus desejos. Sempre soube o valor daquele amor e me arrependo por tudo o que os fiz sofrer. Se pudesse voltar atrás, certamente teria feito arranjos em minha vida, seria bem diferente. Mas, eu era imaturo e imprudente.

Recebi aquele carro para facilitar o percurso para a universidade, mas no entanto, eu o utilizei para ir à festas e noitadas com meus amigos. As garotas adoravam sair conosco e isso fazia de mim um rapaz muito popular.

Tudo podia ter dado certo, mãe parecia conhecer todos os meus pensamentos e começou a se preocupar, ela dizia:

— Filho o carro é um instrumento muito útil, mas se não for utilizado com prudência, pode se tornar uma arma. Cuidado!

Eu ria gostoso diante da sua preocupação, achando que era um excelente motorista. Eu era um bom motorista, quando estava sóbrio, mas quando eu saia com a turma, nunca me contentava em ficar sóbrio. Eu bebia todas e voltava dirigindo alcoolizado, perdendo o sentido das coisas, com reflexos abalados.

Eu podia ter cometido um crime contra alguém, podia ter atropelado uma senhora, ter batido no carro de algum pai de família, mas a Providência Divina foi bem justa, só eu padeci.

Consegui entregar todos os meus amigos sãos e salvos em suas casas e quando estava retornando para meu antigo lar, perdi a noção do caminho e fui direto para o precipício.

Foi como estar numa montanha russa, demorou para compreender o que, de fato, aconteceu. Todo machucado, eu ainda imaginava que estava vivo. Voltei para o meu lar, pedi que minha mãe cuidasse de mim, foi aí que vi quando ela atendeu o telefone e recebeu a notícia do acidente.

Foi muito vacilo! Eu tinha um plano bem interessante, viveria muito, faria coisas legais, teria família e nada aconteceu porque eu fui um bobo, um negligente com minha saúde e bem-estar.

O pior foi presenciar o sofrimento dos meus pais e desejar que tudo fosse um pesadelo. Acho que é, por isso, que permitem. Se trata de mais uma prova para ver se, desta forma, a gente valoriza tudo o que perdeu e percebe o quanto foi capaz de fazer todos sofrerem em decorrência de atos tão levianos.

É não refletir sobre as coisas tão importantes da vida.

Fala pra mim quantos acidentes de trânsito acontecem todos os dias?

Nós nem nos sensibilizamos mais com tantos casos, né? Mas, quando você está na cena, tudo muda drasticamente.

Se você foi a vítima deste acidente é bem pior, ainda mais quando o acidente gerou uma vítima fatal.

Bebeu? Não dirija. Tenha consciência do quanto as vidas valem.

 

Beto

 05/05/24

Psicografado por Paula Alves

 


“Valorize a vida, seja um motorista prudente”

 

Todas as vezes que eu estava nervosa, gostava de sair dirigindo para me acalmar. Meu marido já estava ciente, para não discutir, eu saia furiosa e quando voltava para casa, já estava mais calma. Ele nem me impedia, só pedia para tomar cuidado.

Mas, naquele dia, parecia que tudo estava diferente. Eu senti nostalgia e desejei ficar mais tempo em casa, apesar de todos os compromissos que eu tinha.

Lembrei de meus familiares e senti saudades, quis me reunir com eles, mesmo não tendo ocasião especial para isso. Achei muito oportuno ligar para minha irmã e desfazer o mal-entendido, acabar com as rusgas do nosso relacionamento.

Pensei em tudo isso, enquanto estava me arrumando e foi como se estivesse me despedindo daquele lar que me abrigou durante dez anos.

Foi aí que eu me lembrei do carro e perguntei para meu esposo se fizemos a revisão devida. Ele afirmou que tinha se esquecido, mas faria no fim de semana, não tinha problema usá-lo, era seguro. Eu confiei. Ele sempre cuidava disso.

Saí, desejando ficar. Me propus corrigir as coisas com minha irmã e convidar todos para um churrasco quando eu retornasse para casa, mas no caminho para o trabalho, parecia que o carro estava dando problema.

Eu tive dificuldades numa rodovia muito movimentada, não consegui utilizar o freio e me choquei de encontro com um caminhão. Foi muito rápido, eu nem sequer senti o impacto, mas minha consciência fez com que eu me arrependesse de muitas coisas, de tudo o que não fiz, inclusive de ter utilizado o carro naquela manhã, afinal eu não ouvi minha intuição.

É assim...

Às vezes, por causa de um instante, de um detalhe, de uma escolha malfeita. Tudo se acaba.

Carro é conforto, comodidade, mas, pode destruir vidas. Eu sempre fui imprudente, valeu a lição. Escapei várias vezes. Nunca foi correto sair desenfreada quando estava irritadiça, descontando tudo no acelerador. Eu mereci.

Quando refleti sobre a maneira como me coloquei diante do volante, senti vergonha. Nunca fui responsável. Cheguei a intimidar meu esposo, enquanto estava dirigindo. Ele afirmou que nunca mais sairia comigo.

Eu devia ter levado a vida mais a sério. Sabendo o quanto nós somos seres frágeis. Hoje estamos, amanhã, não dá para saber o que será.

Valorize a vida, seja um motorista prudente.

 

Lavínia

05/05/24

Psicografado por Paula Alves

 

***

 

“Aqui se faz, aqui se paga. É muito justo!”

 

Eu tentava não me emocionar. Era um negócio, nada mais. Aquelas meninas já estavam sofrendo em casa. Parece que nasceram para sofrer.

Eu lembrei da minha vida e de como tudo começou. Parece que na vida existem pessoas que nunca vão ter paz, eu não sabia o motivo e me permitia seguir sem olhar para trás, eu não queria me lembrar.

Mas, quando vi aquela mocinha me pedindo ajuda, foi como se eu olhasse no espelho e recordasse de tudo. Eu não podia permitir que elas passassem por tudo o que eu passei.

Tão novinha, levada de casa por marginais que pensavam em lucrar um pouco para comprar cocaína. Eu fui arrastada de casa e nunca mais vi meus pais.

Eles achavam que eu tinha fugido, desapareci.

Em outro país para satisfazer o desejo de algum velho rico que gostava de abusar de garotinhas. Pedófilos descarados!

Mas, por que, eu depois de tanto tempo estava me aproveitando desta mesma situação com outras ingênuas?

Por que eu pensava em me beneficiar da sexualidade daquelas meninas em nome de dinheiro e posição social?

Eu era um monstro, alguém que se deixou levar pelas crueldades do mundo e permitiu que endurecessem seu coração, destruindo mentes e arruinando esperanças.

Vi aquela menina me pedindo ajuda e decide acabar com aquela corrupção maldita, nem que fosse a única forma de ter paz na minha vida medíocre.

Então, eu armei um esquema e denunciei para as autoridades que eu sabia não estarem envolvidas no esquema. Uns foram pegos, outros abatidos, enquanto as meninas foram soltas e devolvidas para suas famílias.

Eu fiquei ali, estirada, vendo tudo acontecer após ter levado um tiro. Achei que estava agonizando, mas era a alma que não tinha coragem de sair daquele corpo imundo.

Eu fiquei vendo tudo, enquanto eles pulavam por cima de mim. Nosso corpo não tem valor. É só um pedaço de carne que anda espelhando amor ou dor, depende de você.

A minha revolta é ter sofrido tanto e lembrar de tudo, sabendo que foi fruto do que plantei em outros tempos. Eu não posso culpar ninguém, a não ser, culpar a mim mesma.

Aqui se faz, aqui se paga. É muito justo!

O pedófilo de antigos tempos que precisa quitar com a Lei. Eu consegui ressarcir quando libertei aquelas meninas. Morte por sacrifício tem valor na Justiça Divina. Eu só não queria que elas passassem por tudo o que eu passei.

Cuidem das suas crianças. Não permitam que a infância seja ultrajada.

 

Sabrina

 05/05/24

Psicografado por Paula Alves


 
“Eu só digo que as mães deviam dormir com um olho aberto”

 

Eu passei grande parte da minha vida remoendo meu coração sem saber o que tinha acontecido com minha filha. Eu não tinha mais esperanças de que ela estivesse viva. Mas, eu queria uma resposta. Eu queria saber o que tinha acontecido com ela.

Tive mais dois filhos que, por causa do sumiço da Maria, ficaram sem mãe. Eu não tinha sono, não queria comer, só pensava nela. Não tinha paciência para nenhum assunto. No fundo, eu sabia que ela estava sofrendo, mas até preferia achar que estava morta.

Eu me culpei, sabia que se eu não tivesse deixado sair sozinha, ela ainda poderia estar conosco, em paz na casinha dela, mas eu confiei num mundo onde os vizinhos enxergam tudo e ninguém faz mal a ninguém.

Ela foi pertinho, na casa de uma amiguinha e nunca mais voltou. Ninguém viu nada e minha filha sumiu para sempre.

Vivi amargurada, daquelas mães que seguem com cartazes nas ruas movimentadas, nas praças chorando, pedindo uma justificativa, uma explicação.

Quando desencarnei, vítima de uma pneumonia que mais era a entrega, a desistência da luta, cheguei num local de assistência onde me cuidaram e, depois de um tempo, depois de estar mais bem preparada, eles me informaram que ela foi levada por um grande amigo da família.

Ela confiou nele porque era uma pessoa que sempre frequentou nossa família, amigo do meu esposo. Ele a sequestrou e entregou para um grupo que fazia tráfico de meninas para exploração sexual.

Eu ainda não podia acreditar...

Chorei muito, precisava saber o que tinha acontecido com ela. Eu me culpei tanto, estava para odiar aquele homem que adentrou minha casa e foi bem recebido por todos, mas ela apareceu.

Moça feita, perfeita, linda. Chegou sorrindo e me abraçou. Eu queria voltar no tempo, quando ela era pequenina e cabia no meu abraço, quando eu achava que tudo seria perfeito e que poderia cuidar de tudo, proteger a todos.

Eu chorei e meu instrutor pediu calma. Então, ela me explicou o reajuste cármico e que a Justiça divina cuidou de tudo. Ela estava no plano espiritual há muito tempo me aguardando.

Eu só digo que as mães deviam dormir com um olho aberto. Prudência nunca é demais. Nós não sabemos o que existe no coração das pessoas, então, devemos ser cautelosas para proteger nossas famílias.

Não dá para saber quem está mal-intencionado, por isso, orem e vigiem o lar de vocês porque não sabemos quando o lobo pode chegar. Deus proteja as vossas famílias.

 

Marizete 

05/05/24

Psicografado por Paula Alves

 

        “Mãe é amor”

 Eu desisti! Levou anos para que eu pudesse perceber que estava farta daquela situação.

Eu a amei de todo o meu coração, mas não aguentava mais vê-la jogada ao fundo do poço. Eu não suportava ver minha filha definhando, enquanto eu fazia de tudo para termos uma vida digna.

Ela saia nos becos e buscava drogas, vendia qualquer coisa que tinha em casa para se drogar.

Quando eu chegava do trabalho, lá estava ela, destruída, completamente atordoada, falando bobagens, agindo como ensandecida.

Nossa casa suja, fétida, com móveis quebrados, toda bagunçada e ela, em estado deplorável.

Eu observei nossa vida e chorei muito, durante anos. Eu me culpei por ter mandado o pai dela embora, por não ter tido condições de tolerar tantos abusos em nome da paz da família. Mas, ele gritava e me batia na frente dela, achei que a paz não podia nascer daquele evento catastrófico. Quando ele saiu de casa, parecia que a paz reinaria no lar, mas ela me culpou dizendo que sentia falta do pai.

Sempre afirmou que se drogava para esquecer de tudo o que eu fazia pra ela, mas eu só trabalhava. Minha filha nunca se entendeu comigo e eu tentei, mas houve um tempo em que eu pensei que fosse enlouquecer.

Tá para nascer quem pode ficar bem com um filho drogado no lar. Não tem vida normal, vida fácil ou com harmonia. É um terror!

Eu não conseguia dormir e ficava com medo do roubo ou se ela ia trazer alguém para dentro de casa. Eu morria de medo do que ela podia fazer, ficava muito agressiva, me xingava, tentou me agredir.

Enfim, foi insuportável! Mesmo assim, quando ela disse que ia embora, parece que abriu um buraco no fundo do meu peito. É estranho, mas eu preferia ser infeliz ao lado dela, sabendo como ela estava, o que estava fazendo, do que não saber do paradeiro dela.

Mas, eu desisti de me esforçar para mantê-la em casa e deixei que ela partisse.

Chorei muito, eu só sabia chorar e para sempre fiquei me perguntando onde foi que eu errei na educação da minha única filha.

Eu me lembrei de sua infância e do quanto o meu amor foi grande, de quantos sacrifícios fiz por ela e toda minha vida girava em torno daquele ser. Ela foi a luz dos meus dias e quando partiu, só ficou a escuridão.

A dor de perder um filho para as drogas. Eu fracassei com minha menina e me arrependo muito. Não sei o que poderia ter feito ou como poderia evitar que nossa vida chegasse naquele ponto. Foi ruim demais e só me trouxe dor e amargura. Eu acredito que as mães que têm seus filhos saudáveis e cheios de vitalidade, sem vícios, amorosos, devem ser muito gratas a Deus porque isso já é uma benção. Ter o contato de um filho que consegue conversar e visita, doa amor e respeito, deve ser um grande privilégio, vocês devem ser muito felizes.

Eu receberei uma nova oportunidade de ser a mãe dela. Estou com muitos receios, mas farei de tudo para dar certo desta vez. Mãe é amor, eu pretendo ser ainda mais amorosa e me esforçar para eliminar este vício numa educação moral mais positiva, levando como base o Evangelho do Mestre. Vou conseguir em nome de Jesus.

   Joaquina

    12/05/24

   Psicografado por Paula Alves

 






“É importante mencionar o quanto os elos familiares são significativos para nossa evolução”

 

Muitos achavam que eu era filha adotiva. Não conseguiam compreender o motivo de tanta indignação por parte da minha mãe. Ficava muito transparente a intolerância dela por mim, a repulsa era explícita, todos podiam perceber.

Enquanto criança, senti muito a ausência dela e sofri, chorava, desejava o contato físico com abraços e afagos, mas ela dizia que não era muito carinhosa e eu tinha que saber entender, mas ela conseguia transmitir o afeto para os meus irmãos. Cresci e justifiquei aquele distanciamento pelo fato de ter sido a primeira filha, eu imaginei que ela havia deixado de lado seus sonhos e ambições por minha causa, então, eu fui mais compreensiva e, apenas me mantive no local que ela desejasse, eu não cobrei mais o seu afeto e me satisfiz com o que recebi dela.

Porém, não foi este o motivo. Ela sempre desejou se casar e ter filhos com meu pai.

Comecei a imaginar que eu fosse filha, apenas do meu pai com outra mulher porque algo devia explicar o jeito como ela me olhava.

Mas, também não era isso.

Passaram muitos anos, eu me casei e fui morar em outra cidade, eu os visitava de forma esporádica e isso foi muito bom para nós.

Quando minha mãe apresentou o Alzheimer, ela começou a falar coisas estranhas a meu respeito. Dizendo que eu era uma escrava muito abusada, tinha engravidado do marido dela de propósito e ela não ia permitir que uma negrinha ficasse à vontade na casa dela. Num destes episódios, ela me agrediu com violência, fiquei bem machucada. Todos tentavam dissimular a gravidade da situação e o meu constrangimento, eu simplesmente ia embora para que ela pudesse se acalmar.

Nosso relacionamento piorou muito, nunca mais pude ficar perto dela. Eu me questionei tanto, queria entender por que minha mãe sempre me tratou tão mal.

Mas, eu só pude compreender quando cheguei deste lado. Nós estávamos unidas pelos laços do rancor e da vingança. Em outra vida, eu realmente fui a negra que engravidou do esposo dela. Naquela época, ela fez de tudo para se vingar de mim, eu fui açoitada e desencarnei depois de muitas chicotadas. No plano espiritual, perdoamos mutuamente e decidimos nos unir pelos laços familiares porque o elo de ódio já estava formado, de qualquer forma, nos atrairíamos. Ela concordou me receber como filha, eu aceitei. De posse do esquecimento do passado, a rixa veio à tona e ela não suportava meu contato no lar.

Depois de muito tempo, quando a reencontrei na colônia, tivemos uma conversa respeitosa e sentimos não ter solucionado nosso problema.

Vamos tentar novamente, desta vez, seremos irmãs.

É importante mencionar o quanto os elos familiares são significativos para nossa evolução. No seio doméstico, aprendemos a compreender, tolerar, respeitar, calar, amar. Precisamos observar as pessoas e buscar os pontos positivos, ofertarmos valores nobres e termos muita paciência para neutralizarmos as divergências do passado.

Todos nós estamos com nova roupagem no plano físico, mas os sentimentos são os mesmos. Precisamos ser bons com todos para sairmos vitoriosos nas provas que a Lei nos apresenta.

Amanda

12/05/24

Psicografado por Paula Alves

                    


“Nós pudemos construir uma belíssima história familiar”



Eu não queria aquele filho, foi como saber que era um desafeto do passado. Sempre falei para o meu companheiro que eu não queria ser mãe.

Na época, eu me sentia incapaz de ofertar para uma criança tudo o que fosse necessário para o seu desenvolvimento, sei lá, eu nem sabia cuidar direito de mim, como poderia ser responsável por outro ser?

Falei que nós éramos muito bons juntos, não precisávamos de mais ninguém, não precisávamos de tanto trabalho e preocupações.

Ele me entendeu durante três anos, mas depois começou a fazer perguntas, ele queria ser pai e eu era saudável, por que estava recusando a ideia de ter uma criança?

Ele falou tanto, nossos familiares também falaram tanto que eu comecei a repensar meus critérios. Nem eu sei como cheguei neste ponto. Bom, agora sei que foi a presença do Espírito do meu filho que estava enviando estímulo psíquico pra mim, ele estava ligado ao meu perispírito, fluidicamente e me fazia ter o desejo de engravidar.

Pra quê? Eu cedi aos apelos de todos e me deixei levar. Do início até o fim, aquela gravidez foi um martírio. Eu sofri os nove meses, achei que fosse morrer e já estava arrependida. Aquele contato fazia mal pra mim.

Quando ele nasceu, tive depressão pós parto, eu não queria ver o bebê, mas meu esposo e os outros familiares cuidaram de nós, foram muito atenciosos e eu me recuperei.

Entendi o quanto é importante que os outros membros da família também procurem ajudar na união. Muitas vezes, os desafetos se unem na família, mas não são, apenas os dois no lar. Todos os outros integrantes do grupo familiar, devem ajudar na consolidação do afeto. Devem ser pacientes e tolerantes para que, aqueles que guardam mágoa ou ressentimentos do pretérito possam se ajustar na nova vida.

Eu tive este grupo de apoio e agradeço muito por tudo o que fizeram por nós. Aos poucos, eles colocaram meu filho, ainda bebezinho nos meus braços e permitiram que eu olhasse para ele com olhos de mãe.

Sempre estiveram por perto me incentivando a amar e respeitando meus rompantes. Meu filho também foi excelente, sempre delicado, um garoto muito amoroso, soube ter paciência.

Foi aí que ele adoeceu, tinha cinco anos. O menino ardia em febre. Meu esposo e minha mãe já não sabiam o que fazer, eu me aproximei dele, enquanto estava chorando, eles ficaram receosos, eu simplesmente o abracei com intensidade e disse que “a mamãe cuidaria de tudo”, ele respirou fundo e dormiu. Como uma mágica, a febre foi baixando e ele ficou em paz.

Daquele dia em diante, compreendi o quanto o amava e ele fazia parte dos melhores momentos da minha vida. Eu entendi porque a espiritualidade coloca desafetos como filhos ou pais. O amor é muito grande. Difícil recusar emanar este amor.

Amor que cobre uma multidão de pecados...

Eu o amei tanto que conseguimos fazer um elo vigoroso de pacificação, eliminando todos os vestígios das revoltas do passado. Nós pudemos construir uma belíssima história familiar.

Arrisco dizer que, em nome deste amor, eu me tornei uma pessoa muito melhor. Agradeço pela insistência para me tornarem uma mãe.

 

Janaina

12/05/24

Psicografado por Paula Alves

 ***




“Sua família tem que te fortalecer”

 

Foi uma vida sofrida, mas eu viveria tudo novamente se fosse para ter todos ao meu lado.

Os Espíritos têm tantas necessidades evolutivas que, nem sempre, é possível unir todos numa mesma família, tudo de novo. Porque as pessoas têm muitas coisas para descobrir, ajustar, compreender, avançar. Precisam passar por novas provas, novos obstáculos em contato com outras tantas pessoas dos seus encontros sociais.

Meus dez filhos foram seres muitos especiais. Aquele encontro de almas no mesmo lar me trouxe muitas lembranças inesquecíveis. Foi um tempo de privação no sertão, vida árdua, labuta na seca, mas eles foram como anjos que salvaram muita vida porque eu era muito revoltada, indignada com nossa situação.

Passei por estupro, abandono, fome, fui espancada por marido pinguço, tudo o que eu tinha que passar em decorrência de maldades que havia feito em outras vidas.

Mas, meus filhos trouxeram a felicidade que eu podia alcançar neste mundo. Mesmo pequenos, quando eu me preocupava tanto com comida ou moradia, ainda assim, aquelas carinhas risonhas me davam força para continuar. Por pior que fosse o meu cansaço ou a minha dor nos braços, eu me esforçava pensando neles.

Aqueles meninos foram o incentivo que eu tive para ser uma mulher forte e trabalhadora. Eu não me desviei do caminho reto porque pensava neles. Podia matar ou morrer para defender meus filhos e filhas. Nasceu em mim um amor que eu nem acreditava que podia sentir. Coisa absurda de acreditar que uma mulher pode ter este sentimento tão grande que faz a gente se modificar tanto.

Criei todos eles, eduquei com a Bíblia na mão, ensinei todo mundo a rezar e ser digno da presença do Senhor.

Eles cresceram, começaram a trabalhar, cada um na sua luta, também com dificuldade, mas agora éramos um grupo de onze pessoas que podiam se apoiar umas nas outras, daí eu entendi porque Deus tinha colocado tanto filho no meu caminho, foi pra ter uma família pra me ajudar a enfrentar o mundo, pra um ajudar o outro.

Eles foram trabalhadores e ajuizados, sempre me apoiando. Formaram família e aumentaram o nosso grupo. Fiquei muito feliz de entender que isso é família de Deus. Nunca mais sofri me sentindo sozinha ou incapaz porque eu sentia força neles e eles em mim.

Sua família tem que te fortalecer, mas isso só acontece quando você ofertou a eles o seu melhor, você colocou toda sua luz, sua fé, seu amor na vida deles. Aí, um dia você colhe aquilo que você plantou, todo amor, fé, luz e muito mais, esperança, paz coragem, tudo.

Eu ainda amo cada um daqueles Espíritos que foram colocados na minha família naquela vida. De vez em quando, eu recebo a benção de ter uns deles no meu núcleo familiar, eu sei que a vida vai ser boa porque nós temos muito afeto, um apoia o outro, mesmo quando as provas são difíceis de enfrentar. Por isso, nós temos que eliminar as mágoas e só fazer afetos, boas parcerias que nos permitam seguir as vidas com mais amparo.

 

Maria Auxiliadora  

12/05/24 

Psicografado por Paula Alves


*** 

 


“Deus está no controle de tudo e permite que muitas destas coisas aconteçam para educar Seus filhos”

 

Ouviram o que foi dito: “guerra e rumores de guerra, maremoto, terremoto, pestes. Isso tudo será o início das dores...”

Nos afligimos com a constatação de que tudo o que Jesus previu já está se realizando.

Nos chocamos quando percebemos o quanto as catástrofes podem destruir um território, comprometendo seus habitantes.

É verdade que sentimos doer no fundo da alma quando visualizamos a destruição e imaginamos o quanto sofreram aqueles que estavam envolvidos.

Mas, nem por um segundo nos deixemos levar pela revolta ou tolices de imaginar que Deus desviou seu olhar daquela região.

Deus está no controle de tudo e permite que muitas destas coisas aconteçam para educar Seus filhos. Filhos estes que estão sempre muito envolvidos com os prazeres do mundo e se esquecem de olhar para o céu.

É mais do que necessário que o mundo se modifique e, para que isso aconteça, existirá a evolução de duas maneiras: através da mudança geológica da Terra, mudança física, quando a Terra se transforma em razão de mudanças climáticas e/ou ambientais, assim como em razão da mudança de seus habitantes, mudança moral.

Aqueles que se adequaram em viver aqui, permanecem neste mundo, colaborando para o avanço e equilíbrio de todo sistema, marchando para o progresso, mas aqueles que permanecem enraizados no egoísmo e orgulho, maltratando seus semelhantes, dificultando o aprendizado e evolução, estes deverão sair, serão enviados para outros locais mais condizentes com sua postura de rebeldia e insubordinação.

Desta maneira, nós conseguimos compreender como a Justiça Divina age em todos os casos e preside todas as questões humanas. Não existem pessoas que padecerão por toda a eternidade, tudo é uma questão de raciocínio e evolução.

As pessoas progridem auxiliadas pela espiritualidade, seres eternos que devem passar pelas provas devidas para que possam assimilar a verdade e o amor.

Todos se desenvolverão, no tempo oportuno e o Pai tem paciência e tolerância em decorrência do Seu amor por nós, mas permite que a corrigenda nos oriente neste caminho, como Pai que não recusa a necessária educação.

Treinemos nosso olhar para sermos gratos pela supervisão e auxilio da bendita espiritualidade.

 Alessandro

19/05/24

Psicografado por Paula Alves

  

“Todos nós temos nosso dia de retornar para a verdadeira morada”

 

Olhei a paisagem destruída e permaneci anestesiado, confuso, como se aquilo fosse um pesadelo e, a qualquer momento eu pudesse acordar.

Mas, era real, tudo destruído, tudo acabado. Eu vivi muitos anos naquela região, com família e amigos que trabalhavam e desejavam ser felizes.

Eu me preocupei comigo, naquela circunstância, como podia estar vivo?

Eu me preocupei com todos os outros. Onde estariam meus familiares? Me desesperei pensando em tudo, sem saber que caminho tomar. Era muita água, era um terror.

Mas, quando consegui pensar em Deus, eu roguei que estivessem a salvo, pedi por meus pais e filhos, desejei ver minha esposa e coloquei tudo nas mãos do Senhor. Senti tanto medo do fim, mas vi claramente quando minha mãe me chamou.

Ela estava desencarnada há quinze anos e, por isso, eu chorei. Na hora, compreendi que já não estava no corpo carnal. Aquela destruição, acabou comigo, mas eu raciocinei claramente e vi minha mãe. Eu fui até ela como se estivesse caminhando sobre as águas e me lembrei do Mestre, eu sorri.

Ela disse mentalmente: “Tudo é possível! Não podemos ser fatalistas”.

Eu compreendi que ela era o meu socorro naquele momento desesperador e agradeci a Deus por estar nos seus braços novamente. Quanta saudade!

Todos nós temos nosso dia de retornar para a verdadeira morada, todos nós somos assistidos, mas muitos não conseguem enxergar a luz quando estão encarnados e isso continua acontecendo quando ultrapassam os portões da matéria.

Treinemos o nosso olhar para visualizarmos a luz e todas as possibilidades que temos de evoluir.

 Guilherme

19/05/24

 Psicografado por Paula Alves

    ***

 

“Todos recebem o amparo necessário, pois o Pai não abandona nenhuma de suas ovelhinhas”

 

Achei que fosse me perder de tanta tristeza. Meu filho estava encarnado, morando naquele local e quando recebemos a informação de que tudo seria tomado por uma inundação, eu temi.

Temi por ele, por meus netinhos, eu não queria que sofressem. Foi necessário me entregar aos conselhos deste amigo tão experiente na mente humana, eu necessitava de paz, de conforto moral e fé. Precisava crer que o seu retorno para a pátria espiritual seria rápido e tranquilo, apesar de tanta destruição.

Nas conversas que tivemos, ele esclareceu que, em toda parte existe dor e destruição, mas em pequenas proporções e quase não é noticiado, então, “o que os olhos não veem, o coração não sente”.

Muitas coisas terríveis que acontecem com um grupo ou dois e ninguém dá credibilidade.

O coração humano se desespera desde sempre. Ligado a imperfeição, revolta e egoísmo, as pessoas têm necessidade do sofrimento para que possam se depurar, para que possam enxergar o outro e distribuir atos genuínos de solidariedade.

Se colocar na posição alheia ainda é raridade. Mas, em se tratando de dor, todos aprendem, distribuem e oram.

Foi necessário e não será um episódio aleatório para que as pessoas despertem cada vez mais. A necessidade da interação com a espiritualidade é imprescindível, assim como a fortaleza da fé baseada no reconhecimento das palavras de Jesus. Nós avançaremos!    

Aquelas palavras me deram coragem e paz. A paz necessária para não me condoer com o que meu filho teria de enfrentar e aguardar resignada até o momento em que eu poderia abraça-lo.

Eu não quis saber dos acontecimentos finais, eu estive meditando em oração para estar pronta e receptiva, afinal, eu teria a oportunidade de trabalhar com meus familiares no restabelecimento perispiritual, após o abalo traumático.

O momento do reencontro vale todas as expectativas. É como aguardar alguém que estava na guerra, eu pude abraça-lo, apesar do meu menino estar em sono de refazimento e demorar alguns dias para se lembrar de mim.

A paz tomou conta do meu ser quando pude colocar os olhos em todos os meus familiares, cuidar deles foi o refrigério do coração apertado.

Todos recebem o amparo necessário, pois o Pai não abandona nenhuma de suas ovelhinhas.

 

Maria Carla

19/05/24

Psicografado por Paula Alves

 “Por que o joio deve crescer junto com o trigo?”


Nós sabíamos da tarefa árdua que vinha pela frente e nos preparamos durante anos para a jornada que se iniciaria.

Companheiros de trabalho edificante, estivemos visualizando a paisagem que seria danificada para facilitação do progresso geral.

Muitas dúvidas surgiram em nossa mente em evolução, nós tivemos compaixão de tantas famílias que seriam afetadas e nos perguntamos “Por que o joio deve crescer junto com o trigo?”

Por que bons e maus devem viver juntos e passar pelas mesmas inquietações da alma se têm comportamentos tão diferentes?

Eles devem viver juntos para que os bons possam desenvolver os maus com seus bons sentimentos e inclinações, mas poderia nos parecer injusto que bons e maus estivessem prestes a padecer naquela região.

Mas, todos ali estavam envolvidos em situações do passado, desastres coletivos indicam a necessidade de sofrimentos coletivos. Vibrando na mesma frequência se atraíram, renasceram e viveram na mesma região para que pudessem resgatar no mesmo desastre, já que estiveram ligados a débitos do passado.

Mas, estávamos preparados para o socorro em massa. Foi tudo rápido, quase indolor, o pânico foi contido em segundos e eles vieram conosco. A maioria em sono profundo de refazimento por se tratar de um desencarne trágico. Eu visualizei tantos pontos luminosos naquela cena que não pude deixar de emanar minha gratidão por fazer parte do grupo de assistência.

Que é bom poder servir ao Senhor!

Depois de algum tempo, estávamos cruzando as esferas e já estávamos no local de primeiro atendimento.

Eu retornei com a equipe para crosta terrestre, sabendo que o trabalho dos enfermeiros estava, apenas na fase inicial. Eles deveriam ser esclarecidos e acalmados porque dali para frente, uma nova vida se iniciaria para todos.

 João Augusto

      19/05/24
       Psicografado por Paula Alves

 

“O preconceito pode estar muito mais perto do que você imagina. Pode estar dentro de você”

 

Eu não quis me lembrar. Tinha conhecimento de que peregrinei nas zonas umbralinas, antes de ser corrida e receber assistência adequada na colônia de luz.

Apesar de ter sofrido deveras, eu não desejava conhecer o motivo do meu calvário. Porém, os instrutores elevados diziam que eu precisava me lembrar para que pudesse ter acesso aos meus erros e equívocos para traçar um novo plano, repleto de possibilidades enobrecedoras.

Tudo ia bem, eu estava me recuperando dos transtornos psíquicos, fiz amizades e estava aprendendo coisas nobres. Não desejava me perturbar em decorrência de erros do passado, então preferia deixar tudo adormecido e seguir com o esquecimento.

Mas, eles não permitiram, falavam que o esquecimento é apropriado, apenas para os encarnados, mas quando adentramos a morada espiritual devemos ter acesso as lembranças do último reencarne e também das vidas pregressas.

Quando fui colocada diante do Doutor, foi como entrar em transe, sua presença já foi suficiente para que eu me lembrasse de sensações e pequenos flashes, eu senti e vi algumas passagens da última vida como encarnada.

Ele percebeu meu embaraço e pediu que me sentasse, eu obedeci. Claramente desconfortável, eu não sabia como me expressar, ele sorriu e falou: “Volte!”

Foi como ser empurrada para fora dali. Eu me vi muito mais jovem, na minha antiga casa, desprezando meu primogênito. Eu sentia vergonha e repudiava o garoto porque todos percebiam o quanto ele era diferente. Eu não queria que as pessoas percebessem, eu mesmo não queria admitir, mas eu não gostava do comportamento dele, eu morria de vergonha de tudo o que ele fazia, como se movia e dos sons que ele emitia.

Desejei não ter tido um filho tão diferente e pensei em nunca mais ter filhos, já que eu não conseguia sentir por ele um amor materno considerável.

Achei que eu não pudesse amar ninguém porque não senti despertar a abnegação e devotamento que todas as mulheres dizem ter em si.

Eu me culpei e detestei a pessoa que eu era diante daquele garoto. Por que algumas pessoas nos fazem desenvolver os piores sentimentos?

Mas, sem que eu pudesse perceber, engravidei novamente, foi pior porque eu pude sentir, desde o início, um amor maior que a minha vida. Aquele bebê me transformou numa mãe cheia de afeto e devoção, mas não para com o outro filho.

Quando meu mais novo nasceu, eu não podia suportar a ideia de ver o mais velho por perto, me aterrorizava a possibilidade de vê-lo machucando o irmão. Então, eu estava sempre mandando que fosse para longe de nós.

Assim, eu fui uma mãe que afastou  o filho no lar e não permiti que ele tivesse bom relacionamento com os outros familiares.

Não compreendi quanto ele precisava de mim, nunca reparei que precisava de atenção especializada para que pudesse se desenvolver, eu o rejeitei e magoei.

Palavras ofensivas, surras, maus tratos, humilhações públicas, eu fui uma mãe terrível para aquele filho. Enquanto, os outros filhos que tive, receberam de mim toda atenção e carinho.

Eu não queria me lembrar porque fui preconceituosa e maltratei meu filho mais velho que foi autista.

O preconceito pode estar muito mais perto do que você imagina. Pode estar dentro de você.

Nós temos conhecimento de pessoas que abandonam seus familiares porque não suportam o contato com eles. Não conseguem olhar ou ouvir a voz.

A principal limitação é a de caráter. As pessoas podem se adaptar e desenvolver capacidades intelectuais e motoras, mas a falta de integridade moral é pior que todas as sequelas físicas ou mentais.

Nós precisamos viver o que Jesus nos exemplificou: Fazer aos outros o que desejamos que os outros nos façam porque só assim não cometeremos tantas maldades.

 

Maria Isaura

Psicografado por Paula Alves

 

 

 “Fiz tudo errado e tomei do meu próprio veneno”

 

Ele era o melhor, o mais bonito, o mais talentoso e quando eu notava que algum outro podia chamar a atenção ou se equiparar a ele... Eu fazia de tudo para neutralizar sua influência.

Em primeiro lugar devia estar o meu filho, sempre!

Agi errado em relação aos filhos de minhas colegas, dos coleguinhas da escola dele, enfim, como se as crianças ao redor podiam ser ameaça para o meu filho. Então, cheguei a ser ofensiva e agressiva com as crianças que apareciam na minha casa para brincar com ele.

Foi coisa doentia. Eu me irritava com a possibilidade de alguém provocar dor ou insatisfação no meu menino, por isso, eu tentava possibilitar um mundo onde a tristeza ou a frustração não existissem.

Ele cresceu sem ouvir um não, tendo tudo o que o dinheiro pudesse comprar, sendo educado pelos melhores professores que deviam respeitá-lo, ele sempre estava com a razão.

O tempo passou depressa e eu me vi diante de um homem muito autoritário, enérgico e intolerante. Ele se tornou um homem cruel e me desprezou. Falava coisas terríveis sobre minhas capacidades e clareza mental, cheguei a pensar que ele iria me interditar, mas como ele já estava de posse de todos os nossos bens, ele me perguntou se eu preferia o asilo ou morar com algum parente.

Deixando claro que ele não me queria, me enxotou de minha própria casa. Eu achei mais prudente ir para longe. Ele era um ingrato e isso fez com que eu me questionasse: “onde foi que eu errei?”

Não foi por falta de afeto, pelo contrário, foi por falta de disciplina e nãos. Eu precisava ter cuidado dos limites e educa-lo com as bases do Evangelho, mas eu fiz tudo errado e tomei do meu próprio veneno.

 

Laurita

Psicografado por Paula Alves

***

 

“Precisa de discernimento para avaliarmos as pessoas que somos, cheias de defeitos e precariedades”

 

Eu achava que merecia algo melhor.

Por que será que muitos de nós têm uma tendência para a supervalorização?

Reclamei das condições de trabalho, falei do salário, enquanto muitos desejavam ter a minha posição no ambiente de trabalho.

Comecei a esmorecer e desejar estar em outro local onde me valorizassem como eu merecia.

A verdade é que eu não conhecia realmente as minhas vantagens pessoais e trabalhistas. Eu imaginei que era um excelente funcionário e me sentia rebaixado, por isso, briguei com meu chefe e pedi minhas contas, afirmando que conseguiria outro muito melhor.

Mas, isso nunca aconteceu. Eu nunca mais, naquela vida, consegui um emprego com carteira assinada, estabilidade, bom salário, férias e todos os direitos que devem ser assegurados.

Eu reclamava tanto e precisei ficar desempregado durante meses para valorizar o ambiente de trabalho.

Como muitas pessoas comuns que não querem o trabalho, mas o dinheiro. Eu era preguiçoso e negligente, imprevidente, relaxado.

Logo após ter desocupado o cargo, vieram outros muito melhores que foram promovidos, enquanto eu, passei a viver de bico.

Sustentar a família sem ter crédito na praça, muito difícil progredir. Mas, eu estava ciente de que muitas leviandades da vida em questão nos fazem sofrer para que possamos compreender o muito que ainda devemos nos dedicar para evoluirmos.

Precisa de discernimento para avaliarmos as pessoas que somos, cheias de defeitos e precariedades.

Além do salário ruim, nenhum benefício e os perigos de um trabalho. Eu cai da ponte e me afoguei.

Aproveitar cada oportunidade com gratidão, ter ânimo e disposição para realizar bem o trabalho que lhe foi entregue, isso é imprescindível.

 

João Carlos

Psicografado por Paula Alves

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“Nós precisamos aumentar as possibilidades que temos de sermos felizes, sem barreiras”

 

Eu não pude ser mãe e senti muita pena daqueles que são abandonados pelas mães levianas que não desejam seus filhos.

Tentei adotar, criança é criança, precisa de carinho e atenção, então, eu não fazia distinção se estaria no ventre ou fora dele, mas eu desejava uma criança.

Era fácil conseguir uma criança, algumas mães davam para evitar a fadiga. Elas não queriam se comprometer, eram os famosos filhos não planejados, elas queriam se livrar deles.

Antigamente podia conseguir uma criança dentro e fora da parentela, era ainda mais fácil para adotar.

Eu acho correto porque evita que a criança cresça no orfanato, perdendo a esperança de encontrar um lar. Mas, hoje é muito diferente.

Naquele tempo, eu acabei deixando de lado para me dedicar ao meu trabalho.

Como professora, eu doei afeto. Amava dar aulas para as crianças menores, eu via nos olhinhos deles muita carência afetiva e isso me fazia sentir a dor moral de quem deseja ajudar, mas não sabe como.

As mães viam como eu gostava de lecionar para os seus filhos e ganhei a simpatia delas. Foi daí que apareceu uma mulher nas fases de parir, me disse que eu dava aulas para a sua filha mais velha e ela tinha mais seis filhos. Esta mãe me ofereceu o bebê que ela estava esperando e eu aceitei.

Eu disse que queria a criança. Parecia errado agir daquela maneira, eu me questionei, mas aceitei a criança. Eu pensei que ninguém ia cuidar dela melhor do que eu. Era o meu bebê.

Adotei a criança e criei com todo meu amor. Na fase adulta, minha filha disse o quanto me amava. Ela estava para se casar e falou que era muito grata porque eu a aceitei. El era tão feliz e bem-humorada, delicada, gentil. Uma pessoa maravilhosa que colocaram no meu caminho.

Nós precisamos aumentar as possibilidades que temos de sermos felizes, sem barreiras. Nos envolvermos com pessoas que precisam de nós e doarmos afeição, isso faz com que este tempo que nos foi entregue seja muito bem aproveitado.

 

Maria Augusta 

Psicografado por Paula Alves 

        

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