“Todos nós nascemos por um propósito, não necessariamente enriquecer ou ser importante entre os demais”
Aquele trabalho era a minha vida!
Alguns de nós, sentem forte inclinação para desempenhar uma atividade
profissional, como se toda felicidade dependesse disso.
Eu não me movia por dinheiro, mas pelo dever deste compromisso e
precisei me esforçar muito. Tive auxílio dos familiares, mas meu interesse
conspirou para alcançar o objetivo. Amei meu trabalho, todos os dias entrar em
contato com os animais, poder sentir o amor e a gratidão quando eu cuidava
deles e proporcionava o retorno para o habitat natural, era o meu maior prêmio.
Existem muitos que podem acreditar que dinheiro, posição social, status,
títulos são o ápice de uma carreira bem-sucedida, mas não é isso que mede o seu
progresso profissional, mas sim, a sua satisfação pessoal.
Sua motivação para prosseguir, sua alegria para desempenhar, seu
otimismo no ambiente de trabalho e delicadeza na execução do seu dever, isso é
o que deixa evidente seu progresso. Eu avancei muito. Realizei operações que
beneficiaram milhões de criaturas, superando minhas expectativas, no entanto,
conservei uma vida reservada e modesta, sem grandes ambições materiais.
Todos nós nascemos por um propósito, não necessariamente enriquecer ou
ser importante entre os demais. Na verdade, esta é uma grande ilusão, perda de
tempo que pode levar a quedas e desesperos. Que possamos ouvir nossas
inclinações mais nobres para gerar benefício a outros seres e, assim,
desenvolvermos aptidões e virtudes que nos elevem cada vez mais.
Isabely
22/09/23
***
“Tudo tem razão de ser”
Eu considerava aquele homem um fraco, talvez pelo fato de receber dele,
tudo o que eu queria. Quando a pessoa fazia todas as minhas vontades, eu
simplesmente, perdia o interesse. Não podia ser fácil demais, nada vem de mão
beijada. Mas, aquele homem dizia ser capaz de fazer tudo por mim e eu sabia que
era verdade. Ele tinha boa posição social, herdaria bens e podia me dar uma
vida estável e tranquila, apaixonado... Eu seria doida se não aceitasse seu
pedido de casamento. Nos primeiros anos vivemos bem. Eu me divertia e gostava
de tudo o que ele podia me oferecer: viagens, joias, carros, badalação. Até que
ele quis filhos e isso não fazia minha cabeça. Por que ser responsável por
alguém? Por que aceitar que uma criança modificasse meu etilo de vida e tirasse
minha liberdade?
Falei que não podia ser mãe, chorei e ele acreditou. Eu sempre evitei.
Meu marido ficou muito triste. Eu até estranhei, parecia que tinha morrido
alguém, como se ele perdesse algo que muito amava, mas ele aceitou.
Aquela postura de homem sensível foi me indignando e aquela vida fácil
me entediou.
Busquei aventuras extraconjugais, me diverti, até que ele descobriu um
dos meus casos e me deixou uma carta de despedida. Ele acabou com tudo, pois
não aguentou o sofrimento de ser enganado por mim. Ele não imaginava que o amor
que ele sentia podia fazer sofrer daquela maneira. O desespero dele me fez
sentir como um punhal no coração. Eu nunca mais fui a mesma.
Cheia de dinheiro, só e arrependida, com a consciência atormentada. Eu
sei que fui a responsável por todas as más inclinações que fez com que ele se
acabasse.
Desejo reparar e tudo indica que meu plano futuro não permitirá que eu
tenha um lar. Órfã e rejeitada para saber o quanto vale estar amparada por quem
lhe ama. Tudo tem razão de ser.
Lucrécia
22/09/23
----Paula Alves----
“Cada um de nós, precisa deixar seu narcisismo de
lado para se projetar no outro”
As imagens não saiam da cabeça. Eu compreendo que podia ter feito
escolhas melhores.
Ela sempre me amou, fez tudo para que minha vida fosse feliz, mas ela
sofreu muito para me beneficiar.
Naquela época, eu só sabia cobrar, me comparava com os outros jovens e
queria ter outra vida e as facilidades que eles tinham. Eu queria ter pai e
irmãos, uma casa maior, carro e bons estudos.
Mas, minha mãe falava que fazia além das suas posses para me beneficiar.
Eu fui o filho ingrato e egoísta que ninguém merece. Arruinei a vida
dela, roubei, gritei e ofendi, mas quando pude me tornar um cara melhor,
compliquei ainda mais.
Minha avó não aguentou ouvir tanto desaforo e revelou que aquela mulher
que eu não cansava de insultar devia ter me abandonado quando pode porque eu
não fui para o orfanato pelo amor que ela tinha por mim e por minha mãe
biológica. Sim, eu era adotivo. Ela era a melhor amiga da minha mãe que morreu
no parto e nem sabia, ao certo, quem era meu pai. Aquela mulher nobre não
permitiu que eu crescesse no orfanato e me adotou, me criou como filho de
sangue se sacrificando por mim durante todos aqueles anos.
Ao invés de abraça-la e agradecer por tudo o que recebi, eu disse muitos
horrores e a humilhei, saí desarvorado e quando retornei recebi a notícia que
ela teve um infarto.
Disse minha avó que ela morreu de desgosto.
Eu acredito que foi de desgosto mesmo porque eu a ofendi durante muitos
anos.
Eu a prejudiquei e emanei irradiações tão maléficas que ela não teve
condições de se estabilizar novamente.
Sinto muito não ter tido juízo para ser bom com ela. Eu me arrependo
sinceramente e já solicitei nova oportunidade para que possa expressar
sentimentos mais elevados para com ela, reajustando nossa relação.
Cada um de nós, precisa deixar seu narcisismo de lado para se projetar
no outro e reconhecer as dificuldades e dissabores da vida de seus semelhantes,
fazendo por eles tudo o que estiver ao seu alcance para que tenham uma vida de
paz. Assim, a paz também reinará em nosso íntimo.
Rodrigo
22/09/23
***
“Nós temos motivos para agradecer todos os dias”
Eu reclamava. Era como tantos e tantos murmuradores que andam por aí. Compreendo
que o tédio tomou conta do meu ser e eu não conseguia ter motivação ou alegria
em nada. Os dias sempre iguais, tudo da mesma forma sempre, me dava a impressão
da inutilidade de uma vida que não tinha ambições.
Eu me lembrei do passado, dos sonhos que tinha, dos planos que fiz e
resolvi colocar a culpa da minha frustração no marido e filhos porque, talvez,
se não fosse por eles, eu tinha sido uma mulher mais feliz e realizada.
Justifiquei a falta de esforço próprio e melancolia na vida que construí
com eles. Eu fui cruel, arrogante e ingrata. Mas, tive o que mereci. A vida
sempre ensina, na espiritualidade sempre tem alguém ouvindo nossos pensamentos.
Aquele acidente levou meu marido e fez a casa ficar tão triste que eu
nem tive forças para chorar.
Eu me senti culpada e arrependida pelas tolices que falei, pelo mau
comportamento, por nunca ter agradecido as gentilezas constantes que ele me
ofertou. Quanta ingratidão!
Eu mereci aquela solidão e ter de cuidar de tudo sozinha, me esforçando
pelos filhos e por mim mesma.
Nós temos motivos para agradecer todos os dias. As menores situações de
contentamento, o lar em paz, a união, a saúde de todos, enfim, em tudo temos
motivos para agradecer, mas eu precisei perder um integrante importante do seio
doméstico para aprender que recebi muito mais do que merecia.
Hoje eu compreendo e me arrependo por não ter falado o quanto ele foi
importante para nós.
Elza
22/09/23
----Paula Alves----
“Eu não tinha como saber que não se morre”
Eu tive medo do fim. O que é coragem para
muitos, para mim, foi a mais grandiosa covardia.
Eu tive medo do fim, medo da dor e da solidão. Tive medo de me olhar no
espelho e não reconhecer o homem que fui um dia. Aquela aparência forte e
destemida, o ar pretencioso de quem sempre está com a razão... Tudo aniquilado
pela doença, pelo definhamento. Eu sabia que seria breve porque aquela doença
só acaba com o ser humano e não resta dignidade, eu precisava ter um pingo de
auto controle.
Então, tomei a decisão de não esperar pelo fim, afinal, era o meu corpo,
a minha vida. A decisão devia ser minha. Decisão do fim e do quanto eu estaria
disposto a suportar aquela situação inconveniente do padecimento de mim mesmo.
Eu não queria que eles precisassem me consolar. Eu não queria dar
trabalho e nem me incomodar se estavam sofrendo por mim. Eu não queria usar os
últimos dias de vida com dores pungentes e lágrimas descabidas. Pra quê?
Decidi cuidar de tudo e não incomodar meus familiares. Tratei com um
médico ambicioso. Ninguém ficaria sabendo, marquei o dia para que ele pudesse
me aplicar a dose letal. Aproveitei um dia ensolarado e me despedi das pessoas
mais importantes numa ocasião especial em que ainda podiam sorrir comigo sem
preocupações desagradáveis ou piedade por meu estado crítico.
Eu cuidei de tudo, funeral e câmara mortuária. Tudo pago, tudo
organizado. Me organizei confortavelmente no leito e foi o fim para todos
aqueles que me conheciam naquela vida, mas não para mim...
Eu padeci por muito tempo naquele corpo. Gritando que ainda estava vivo
e que algo havia dado errado, mas ninguém me ouvia. Eu não tinha como saber que
não se morre. Somos eternos... Levei décadas para compreender que nada pode ser
feito para aniquilar uma consciência.
Eu fui covarde porque não aguardei o tempo fixado por Deus. Eu fui
arrogante porque imaginei que podia estar no controle da situação, decidir por
mim mesmo, ter controle da partida. Ninguém pode prever ou decidir porque as
vidas pertencem a Deus e só Ele pode decidir o momento exato.
Eu blasfemei enquanto estava percorrendo o vale das sombras, muito tempo
depois de ter conseguido sair do corpo em decomposição. Eu sofri em delírio
constante e nenhuma dor poderia ser pior do que aquelas que rasgavam o meu ser.
Eu não desejaria para o pior inimigo o padecimento que parece não ter
fim, unido a outros tantos covardes que sentem arder e se arrastam em total
delinquência do ser.
Mas, de longe, comecei a avistar a luz. Eu temia que aquilo também pudesse
me ferir. Havia me esquecido completamente do que é ter paz ou contentamento.
Eu não me lembrava de ninguém, mas tinha necessidade de descanso. Então, eu
pedi. Pedi sem intenções de receber nada, quase de forma inconsciente, como que
por instinto, eu pedi, clamei tanto que fui tomado pela luz e adormeci.
Dormi um sono prolongado e cheio de refazimento por cinco dias. Quando
despertei estava aqui com vocês. Num local parecido com um pronto socorro e mal
conseguia visualizar o rosto de alguém, dormia de novo e de novo.
Mas, quando consegui ficar um pouco acordado, eu agradeci. A confusão
mental é muito grande. Não dá para compreender de pronto e se lembrar do que
aconteceu. No fundo, é um grande atraso de vida. Eu me arrastei por mais de
cinquenta anos. Tempo suficiente para ter nova programação e novo retorno. Eu
poderia ter aproveitado novas chances.
Se eu não tivesse sido tão tolo... Eu teria suportado todo aquele
processo da doença. Eu teria entregue minha vida nas mãos de Deus. Eu teria
sofrido horrores por alguns meses e teria me envolvido com os familiares,
teríamos aprendido muito, resgatado situações importantes do pretérito e eu
teria retornado para pátria espiritual vitorioso.
Nossa vida é feita de fases. Elas são curtas, se considerarmos o tempo
da eternidade e de quantas vidas nos são permitidas, inúmeras. Nós podemos
aprender tanto e estarmos diante de pessoas que enriquecem nossa essência. A
família é a Humanidade. Uns vão, outros vem. Esta é a vida...
Precisamos nos acostumar com o vai e vem que nos encaminha ao progresso
diante de Deus e nunca blasfemar. Aceitar a vida que Ele oferece a cada um.
Assim, com gratidão, temos melhores oportunidades de ascensão, sem sofrimento e
dor.
Dionísio
***“Eu sinto muito que seja assim por causa da minha
imprudência”
Eu saquei a arma para chantagear. No fundo, eu não queria cometer um
erro daqueles. Eu queria que ele ficasse comigo para sempre. Minha intenção era
que ele compreendesse que eu daria minha vida por ele e não estaria disposta a
permitir que ele me trocasse por outra.
A minha indignação e revolta eram tão grandes que cheguei naquele ponto
de cometer o absurdo de ter a arma em punho. Mas, meu marido se desesperou. Ele
disse que “aquele que deseja se matar, não manda recado”. Eu fiquei irada.
Ouvia no fundo da consciência uma força estranha dizendo: “mostre para ele do
que você é capaz!”
Por um momento, parecia que eu não raciocinava mais. A raiva tomou conta
de mim e eu disparei. Ainda sinto a dor insuportável na cabeça e o
arrependimento que arrebata a minha alma.
Assim que a bala penetrou o envolvimento celular destruindo as
terminações nervosas, eu senti o arrependimento queimar minha alma. Pronto! Era
tarde demais...
Eu cometi um ato terrível. Ato que nasceu da chantagem e fez eclodir um
crime terrível, irreparável, do qual eu iria me arrepender para sempre, ou
seja, toda a eternidade.
Levei muito tempo enlouquecida, revivendo a cena num looping que parecia
não ter fim, até que pude ser resgatada. Como uma sentença que eu mesma
proferi, um dia o looping terminou. Não sei quanto tempo durou, mas sei que levou
dezenas de anos.
Após receber o amparo necessário com os cuidados provenientes aos
tratamentos de saúde, eu pude raciocinar. Precisei de reparo orgânico, mas
ainda não está finalizado. Infelizmente, não vou reparar completamente aqui, no
plano espiritual. O tecido nervoso ficou muito ferido, isso relacionado ao
perispírito, mesmo depois de mentalizações com instrutores que mais pareciam
neurocirurgiões.
Eu ainda preciso de reparação, então, contarei com um novo corpo. Eu
sinto muito que seja assim por causa da minha imprudência. Eu vou me beneficiar
de um corpo em formação para reparar o cérebro que danifiquei. Sendo assim,
depois que este corpo me beneficiar a reestruturação celular, ele será
eliminado naturalmente pelo corpo daquela que participará deste processo de
luz.
Eu sei que as mães desejam seus filhos nos braços, mas esta
oportunidade, para mim, será motivo de muita alegria porque me permitirá
reencarnar, numa próxima vez, inteiramente reajustada. Corpo espiritual pleno,
poderá receber uma oportunidade de renascer num corpo saudável, completamente
saudável, senão, eu seria uma criança portadora de problemas neurológicos
graves.
Eu recebi uma abençoada oportunidade. Serão, apenas alguns meses e
estarei reestruturada. A mãe que me beneficiará, ajudará em todo processo, na
emanação de tanto amor é impossível não ter organização entre as partes.
Mas, eu sinto muito por tudo o que ela vai sentir. As pessoas não têm
compreensão e sofrem demais com a perda do seu bebê. Ela tem planos e
expectativas, sinto que sofrerá por causa de um erro que cometi.
Já me informaram que nos atraímos por vibrações similares. Ela tem
débitos no passado e agora, chega o instante da corrigenda. Mesmo assim, eu
preciso pedir perdão. Desejo que ela se reestabeleça prontamente e tenha a
certeza de que a criança que espera virá num futuro próximo, com muita saúde
porque ela merece ser mãe que sorri. Ela me beneficiará e Deus a abençoará
quitando seus débitos e fornecendo muitos motivos para ser feliz com seu filho
nos braços. Eu me arrependo pelo erro que cometi.
Vivian
***
“É um fim terrível que está diante de todos e
parece muito normal”
Nostalgia e esperança, é o que sinto.
Eu achei que a vida era entediante. Me sentia frustrado como se não
tivesse motivos para levantar todas as manhãs. Eu não tinha motivos para viver,
então, vivi por viver.
Eu não tinha coragem de acabar com tudo e também, por que faria isso?
Todos sabem que não se deve infringir a Lei de Deus. Mas, a vida era tão
entediante que eu não conseguia me dedicar. Não tinha motivos para ser mais do
que aquilo.
O único prazer que eu tinha era de ver o mar. Eu terminava o trabalho e
todos os dias corria para ver o mar, enquanto tomava uma cachacinha. Ali, eu me
punha a pensar nos devaneios da vida. No que podia ter feito e se teria tido
sucesso ou alegrias.
Os dias passavam mais rápidos desta maneira. Eu nem percebi que não
tinha vontade de comer. Nem percebi que me sentia cada vez mais debilitado. Na
verdade, quando notei uma certa indisposição, cheguei a ficar satisfeito porque
achei boa a ideia de findar os dias. Era tudo o que eu queria. Encerrar minha
história patética.
Mas, as coisas não foram naturais como eu pensei. Os dias se findaram
após aniquilar alguns sistemas orgânicos que ficaram destruídos pelo etilismo.
Nunca parei para refletir que a minha cachacinha estava destruindo tanto meu
corpo. As agressões foram irreparáveis, eu sucumbi e foi o fim.
Mas, a dor não acabou, a vontade do álcool também não. O tédio e a
agonia eram piores do que tudo que eu poderia ter vivenciado na Terra. Nunca
pensei que estava encerrando meus dias com as próprias mãos.
A gente nunca se dá conta de que, tudo o que consome, pode estar
destruindo o corpo e antecipando o retorno para a espiritualidade. Não teve um
local bonito para mim, não teve o descanso dos justos porque eu não fui justo
comigo mesmo.
Muitos reclamam da vida e ficam se perguntando qual é o sentido disso
tudo... Eu também me perguntei muitas vezes, mas eu devia ter me esforçado. Até
para ter planos, ter uma vida feliz, até neste ponto, nós temos que nos
esforçar porque se você jogar a toalha, será o fim. Eu me derrotei! Olhei a
vida em preto e branco e me aniquilei de mansinho. Anos e anos de destruição.
É um fim terrível que está diante de todos e parece muito normal.
Encontrei tantos como eu... Acabados, ensandecidos e acorrentados ao vício. Nós
gritávamos desejando o vício. Eu andava pelas ruas do submundo e encontrei
muitos locais, mas me encaminharam para junto dos encarnados viciados e foi aí
que consegui suprir um pouco da necessidade que eu sentia. Eu ficava bem
pertinho, sugando a energia do álcool. Quanto mais eu sugava, mais o encarnado
bebia. Parceiros de copo...
Acho que as pessoas não sentem porque eu também nunca senti. Acham
normal falar umas coisas ridículas, brigarem e cometerem absurdos que não
fariam se estivessem sóbrias. É, por isso, nós não bebemos sozinhos.
Só que você vira um bagaço de gente. Eu me acabei e chorei. Toda
consciência é divina, chega o momento em que você deseja se modificar. Por
isso, não podemos pensar que as pessoas jamais se converterão. Este tempo chega
para todos.
Agora é ficar aqui para desintoxicar. Eu podia ter encarnado há muito
tempo se tivesse retornado no tempo fixado por Deus. Estaria encarnado com o
grupo de Espíritos que tenho vínculos há muitas existências. Como fiz tudo
errado, vou ter que ficar aqui, esperando até que todos tenham desencarnado
para firmarmos novos compromissos. Enquanto isso, vou desintoxicando para não
por tudo a perder novamente.
Vladimir
***
“Todos podem nos desconhecer ou virar as costas para nós, mas Deus sempre estará aguardando por nossa mudança sincera”
Você escolhe o caminho que vai seguir. Escolhe
entre o bem e o mal.
Eu achei que tinha estragado tudo, minha vida
aniquilada por más escolhas e fracassos pessoais que não podiam me fazer mudar
de ideia e seguir com esperança e paz.
É quando você se entrega de vez para a coisa errada
porque percebe que já está no erro até o pescoço e não tem como remediar, não
faz diferença. Até porque todas as pessoas que te conhecem, te enxergam como um
fracassado, alguém que não é de confiança. Tudo o que diz ou faz, afasta todos
que te cercam, você não tem mais credibilidade.
Muito difícil ser alguém diferente quando todos
dizem que você nunca mudará. Eu ouvia isso dentro de casa. Meus genitores
haviam perdido a esperança em mim, tudo por causa do vício. Eu estava
arruinado. Nem sei quando foi que eu percebi que o caminho estava pesado demais
pra mim. Acho que foi quando me prenderam. Não precisei de muitos dias para
compreender que eu estava entre os piores, os escurraçados e não tinha como ser
um pouco melhor. Dali para frente, só tinha o caminho da perdição.
Eu via aquela gente e eles eram meus semelhantes.
Doidos de droga, sem ninguém. Sofrendo uma loucura que não se pode dissolver.
Eu não queria ser só aquilo. Um alguém que ninguém deseja ter em casa.
Eu queria ter uma vida e pensei em todas as
possibilidades que eu desperdicei. Todas as pessoas que afastei por tolice e
negligência pessoal. Eu não tinha o menor amor próprio.
Precisava resgatar minha consciência e preparar um
futuro de integridade física, mental e emocional. Mas, eu nem sabia por onde
começar. Eu me lembro dos meus pais dizerem o quanto eu estava arruinando a
minha vida e eles me ofereciam ajuda o tempo todo, mas alguma coisa me levava a
crer que, nem mesmo eles, sabiam o que fazer comigo. Eu me ajoelhei ali mesmo,
naquela cela encardida e roguei a Deus.
Eu não tinha religião, imagina, nunca fui inclinado
a meditações ou preces, mas me lembrei d’Ele. Eu pedi com tanta força, com
tanta fé e chorei sentido, acreditando piamente que Ele estava me ouvindo e
faria algo por mim.
Fui solto e mantive a certeza de que aquele Senhor
soberano iria me reerguer. Eu não sabia como, mas me entreguei às Suas mãos.
Foi quando conheci Lavínia. Ela me viu passar na rua, eu nem sabia o que estava
fazendo, mas desejando que Ele me direcionasse.
Ela me chamou, ofereceu um emprego na cafeteria da
escola de informática. Eu aceitei desconfiado. Será que ela não percebeu que eu
tinha cara de nóia?
Mas, aquela era a minha chance e eu a agarrei.
Trabalhei com tanto ânimo. Aproveitei para ocupar minha mente e deixar a
necessidade do vício de lado quando ela me ofereceu uma bolsa de estudos na
informática. Eu sabia que era Ele facilitando a minha mudança. Eu fiz de tudo
para me distanciar das pessoas que incentivavam no vício e me esquecer da vida
de erro.
Me esforcei e fiz amizade com a Lavínia. Meus
familiares logo perceberam a mudança, nem acreditaram que eu estava
trabalhando. Depois do curso, tomei gosto pelos estudos e fiz faculdade,
namorei Lavínia e nos casamos.
Minha vida mudou muito graças ao Senhor que escutou
minhas preces e restabeleceu minha existência. Ele me deu uma oportunidade e
sentiu confiança no meu suplício.
Todos podem nos desconhecer ou virar as costas para
nós, mas Deus sempre estará aguardando por nossa mudança sincera. Ele está
pronto para fornecer oportunidades de ascensão.
Você pode escolher entre o bem e o mal. Basta
analisar qual é o melhor caminho a seguir.
Rafael
02/09/2023
A missão dos pais
não acaba com a infância
Aquele filho foi minha tortura. Eu achei mesmo que
nunca conseguiria ter uma conversa amigável com ele. Tudo estava errado desde o
princípio.
Logo na primeira infância, o menino era malcriado e
chorão. Nunca aceitava uma reprimenda. Eu tentei de tudo, das surras aos
castigos, mas nada parecia resolver. Ele me afrontava e cometia pequenos
deslizes que me faziam questionar como seria o seu futuro, o nosso.
Crescia mentiroso e arruaceiro, preguiçoso e insolente.
A mãe só sabia passar a mão na cabeça dizendo que ele tinha problemas
emocionais. Ele ria nas minhas costas. Será que ela não percebia que ele estava
usando o amor dela para ser pilantra?
Ele virou um marginal, fora da lei. Ela chorou
lágrimas de sangue de tanta preocupação. Se lamentava dizendo que foi porque
ela não educou corretamente. Eu também me sentia culpado e muitos diziam que
fomos bons pais, mas filhos não vêm com manual de instruções. Porém, por mais
que as pessoas dissessem que nós fizemos o nosso melhor e não tínhamos culpa do
que acontecia com ele, nós sentimos o remorso que corrói.
Tudo o que acontecia com ele nos feria. Era como
saber que foi nossa culpa o mal que estava diante dele. Nós falhamos como
genitores. Não acabou bem. Nós pressentimos o desfecho ruim porque a sociedade
não tolera tantos abusos para sempre.
Mesmo entre os marginais existe uma certa lei e
aquele que se acha indestrutível, sempre encontra alguém pior do que ele. Claro
que nós o perdemos. Era fácil imaginar que logo ele se acabaria. Mas, Deus tem
um propósito para todos nós.
Ele foi pego, muito machucado e deixado semimorto.
Nós queríamos fazer algo por ele, mesmo que por um curto momento. Dedicar a
atenção que parece ter falhado na infância. Ele foi levado para o hospital,
apanhou tanto na cabeça que precisou de cirurgia. Ficou na cama em estado
vegetativo por quase três anos.
Nós cuidamos dele como um bebê. Fazíamos tudo por
ele e agradecemos a Deus por aquele contato que restabelecia nosso contato
paternal. Ele sentiu, ouviu de nós os pedidos de desculpas mil vezes porque nos
sentimos responsáveis por todo mal que ele produziu por onde passou. Nós
falamos de Lei do retorno e do quanto Deus é bondoso. Ele permitiu que
educássemos o filho perdido. Nós recebemos este tempo e conversamos.
Foi um momento muito proveitoso, mas para os
materialistas... Muitos chegavam em casa dizendo que aquele filho devia ter
morrido para não nos dar mais trabalho ainda. Falavam que nós estávamos
sofrendo mais do que ele com toda a situação, era melhor morrer do que ficar
naquela situação degradante.
Fizemos tudo com amor, agradecidos à Deus. Quando o
Lucas partiu, estávamos com o coração aliviado de tanto pedir perdão a ele e a
Deus por todo o mal causado. Sentimos que estávamos resgatando um laço forte de
amor.
Quando cheguei aqui no plano espiritual, encontrei
meu filho profundamente transformado. Muito consciente das necessidades
espirituais, ele me abraçou, agradeceu o período que ficou acamado e todo
conforto que proporcionamos. Falou, inclusive, da educação que recebeu naquele
período informando que foi imprescindível para sua entrada num lugar de luz.
As palavras que dissemos fizeram com que ele
mudasse sua forma de enxergar o mundo. Ele conversava com Deus e se arrependia
dos atos criminosos, desejava modificar-se e compreendia a necessidade de estar
com limitações físicas e intelectuais.
Meu filho foi educado na fase adulta, após ter
ficado na cama e necessitar de todo tipo de cuidados e atenções. Isso quer
dizer que a missão dos pais não acaba com a infância. Nós sempre nos sentiremos
responsáveis por eles. Nossa felicidade vinculada a cada sorriso que possam
dar, não importa a idade que tenham ou em que plano estejam.
Alejandro
02/09/2023
“Presta atenção porque você já pode ter encontrado com alguém assim”
Nós crescemos juntos e brincamos de bolinha de gude.
Foi uma fase boa. Nossas mães eram muito amigas e a nossa amizade parecia que
ia durar para sempre, mas os caminhos ficaram diferentes em decorrência das
nossas ambições.
Todo ser humano sonha e deseja ter uma vida melhor,
isso é normal. Mas, as ambições de cada um dizem muito sobre a evolução desta
pessoa.
Eu tinha ambição de ter uma vida melhor para que
minha mãe não precisasse trabalhar tanto. Mas, ela falava que amava trabalhar e
ser útil por onde passava, ela fazia faxina na casa do meu amigo da bolinha de
gude. Minha mãe nunca reclamou do trabalho e dizia que Deus sempre encaminhava
as melhores patroas porque elas eram gentis e não abusavam dela.
Mas, eu nunca ouvi nada disso. Achava aquele
serviço muito humilhante porque eu era o filho da faxineira. O preconceito
estava em mim. Eu podia ter considerado a minha mãe, uma mulher de fibra,
honestidade e dignidade, ao invés disso, eu me revoltei por ser filho da
faxineira. Desejava ter muito dinheiro e boa posição social. Sonhava com o dia
em que seria bem tratado por todos, o chefe, o manda chuva. Eu queria ser um
rei e nunca mais ser humilhado por causa da pobreza. Mas, como é enriquecer do
trabalho honesto?
Meu amigo da bolinha de gude, sonhava em ser alguém
que fazia o bem. Ser popular por conta das suas ações. Ele se comovia com tudo
o que eu dizia e queria ajudar na comunidade. Ele se indignava de ouvir que não
tínhamos luz ou água, que na escola, nem sempre tinha aula. Ele não podia
imaginar que, de vez em quando, não tinha comida na casa da minha avó. Minha
mãe levava comida pra eles...
Meu amigo até chorava e eu ridicularizava falando
que ele parecia mulherzinha. Não podia se impressionar tanto porque tinha casa
de rico. Ele não era rico, só não era tão pobre quanto eu.
As ambições fazem com que a pessoa decida o caminho
que vai seguir na vida. As pessoas se movem por amor. Amor a si mesmas, amor
aos outros ou amor a Deus. Amor aos compromissos. Claro que estes tipos de amor
podem receber nomes diferentes como egoísmo, altruísmo, fraternidade ou concórdia,
dever. Você que sabe para onde sua ambição pode te levar.
A verdade é que seguimos nossos rumos. Enquanto eu,
entrei para o tráfico de drogas, meu amigo soube ser um professor de filosofia
importante, desenvolveu muitos trabalhos sociais na comunidade. Eu sempre
permiti que ele adentrasse o morro porque sabia que ele era do bem. Eu teria
dado a minha vida por ele.
Naquele dia, tudo estava complicado no morro e ele
queria discutir um papo de inclusão social. Cismou que a garotada tinha que
descer para conhecer museu. Vê se pode? Museu leva alguém para lugar nenhum,
falei para ele.
Eu era carta marcada, meu mano não devia ficar de
trela comigo, sempre falei, mas ele tava preocupado com os menores. Aquele tiro
doeu na minha alma. O amigo morreu nos meus braços. Ele foi a melhor pessoa que
eu conheci na vida.
A gente não tá acostumado com gente do bem. Gente
que faz o bem porque ama ver alguém sorrindo, não quer nada em troca não.
Apenas, nasceu para fazer a diferença e ajudar as pessoas. A gente vive num
mundo cão e nem percebe quando estas raras pessoas caminham pelo mundo. É uma
ou outra, de tempos em tempos que descem para batalhar pela paz e alegria no
mundo. Eles dão a vida para a transformação do mundo e são desprezados porque
nós não estamos acostumados e desconfiamos até da nossa sombra.
Gente assim tinha que ser ajudada, mas eu sei que
elas entendem os nossos erros e falta de atenção. O coração que não está
preparado para receber tanto amor desinteressado. Ah! O nome disso é amor
mesmo. O verdadeiro amor de quem se doa de forma desinteressada e não sente
cansaço, dor ou tristeza, só quando envolve as outras pessoas. Cheios de
renúncia e sacrifício, eles seguem por aí.
Presta atenção porque você já pode ter encontrado
com alguém assim.
Ailton
02/09/2023
“Todos nós nos transformaremos em seres de luz, mas tem gente que vai levar um tempão porque está preso na maldade”
Pode ser que não se modifique numa existência. Pelo
contrário, coração amargurado pode levar vidas para se compadecer.
Mas, não podíamos desistir. Eu acreditava que todas
as palavras que eu dizia penetravam no coração. Eu tinha a certeza de que meus
gestos de carinho amoleciam aquela crosta de ser do mal. Eu fazia tudo para
agradar porque ele era meu pai e eu não podia acreditar que ele seria mal para
sempre.
Como eu podia ser filha dele? Eu odiava seu
comportamento leviano. Ele trapaceava e bebia, batia na mãe. Ele vivia com maus
elementos e eu cresci vendo meu pai participar de trambiques e investidas em
pessoas honestas. Eu morria de vergonha e fazia de tudo para que não nos vissem
juntos. Eu era diferente dele, todos lá em casa eram diferentes dele. Minha mãe
e meus irmãos eram bons e íntegros.
Eu me perguntava por que aquele era o nosso pai,
mas pedia a Deus que desse uma solução porque Ele como Pai sabia o jeito de
corrigi-lo.
Ele se acidentou, ficou na cama com a perna
quebrada, o braço quebrado, precisava de ajuda e só reclamava. Louco para sair
e aprontar, mas não podia.
Tinha dor, teve que fazer cirurgia, teve problema
com o enxerto e com os parafusos, caiu, teve que operar de novo. Como ele
sofreu e, nem assim, viu alguma coisa boa na vida dele. Nem percebeu o apoio da
família que cuidou de tudo com todo carinho.
O coração dele era muito duro, mas as nossas
investidas foram muitas. Até levamos as obreiras lá em casa para orar. Ele
ficou irado. Mas, acho que cada existência é importante no processo de lapidação
moral. É importante para todos os envolvidos. Nós também aprendemos muito com
toda situação e nos unimos ainda mais. Foi interessante a força moral que
despertamos para cuidar dele.
Meu pai morreu da mesma forma, pelo menos,
aparentemente. Ele nunca demonstrou consideração por nós e eu sei que ele podia
ter se esforçado, mas a revolta não saiu dele.
Existem muitos assim neste mundo. Pessoas que só
enxergar motivos para serem ríspidas, cruéis ou vingativas. Agem perseguindo os
demais, vitimando, aterrorizando por nada, para se sentirem no comando. Não
percebem que o bem faz bem. A paz é salutar e a união é necessária para
seguirmos rumo a Deus que nos aguarda neste tempo ou em outro. Todos nós
avançaremos, meu pai também. Todos nós nos transformaremos em seres de luz, mas
tem gente que vai levar um tempão porque está preso na maldade.
Giovana
02/09/2023
Nenhum comentário:
Postar um comentário