Cartas de Julho (20)


“DA MESMA FORMA QUE DEVEMOS CUIDAR DO CORPO FÍSICO, TEMOS QUE CUIDAR DA PAZ DE ESPÍRITO”

 Foram muitos bloqueios psíquicos para enfrentar. Me colocar diante das pessoas e viver, sem imaginar que estavam me perseguindo, foi um verdadeiro alívio.

Levei anos da minha vida, recordando os maus tratos que sofri na infância. Abusos que foram cometidos por meu tio paterno. Cara de anjo e atrocidades de demônio. Minha mãe jamais pode perceber o quanto ele abusou de mim.

Até hoje, o tratamento não conseguiu neutralizar tudo o que vivi. Muitas marcas psíquicas e emocionais que me deixaram sentir repulsa de todos que se aproximavam de mim. Infância sofrida, adolescência revoltada, fase adulta deprimente.

Eu me entreguei ao vício na tentativa de me esquecer de tudo o que passei, mas parecia que as cenas voltavam mais fortes do que nunca e eu fui capaz de provocar inúmeras brigas. Eu era agressivo, muitos temiam me afrontar. Eu precisava mostrar que ninguém, jamais, poderia me ferir novamente.

 Eu só sofria, sem a menor consciência de que precisava tanto de ajuda. Mas, quando encontrei com a Silvia compreendi. Parece até que reencontrei, naquela época, uma velha amiga de infância, alguém com quem pudesse contar em todos os momentos, alguém que me entenderia da forma que eu sou de verdade, sem contrariedades ou indignações, sem vergonha de mim.

Ela me fez sentir bem. Um bem-estar que eu desconhecia porque dentro de mim, só existia a angústia e o desespero. Era tão normal aquele sentimento sufocante que eu estranhei quando senti leveza no meu coração. Apesar de tudo, de não querer remexer no passado horrível, senti que precisava desabafar com ela. Foi aí que Silvia me levou a crer que eu precisava me tratar, me livrar daquele lixo que vivia em mim, as minhas memórias desastrosas, os fantasmas do meu ser.

A pior parte de mim devia ser destruída para que eu pudesse ter paz. Eu desejava a paz. Ela me apresentou a religião do Cristo e eu compreendi o que ele afirmou sobre a paz. Seria o melhor presente que ele poderia deixar: “a paz”.

Fiz de tudo e hoje eu entendo. Nós temos a responsabilidade de conservá-la. Da mesma forma que devemos cuidar do corpo físico, temos que cuidar da paz de espírito. Dá muito trabalho porque tem que vigiar os pensamentos.

Eu iniciei com afinco e estou, até hoje, me propondo a cuidar de minha paz. É exercício diário porque as lembranças fazem parte de mim. É tudo o que sou, mas elas não podem me destruir. Eu preciso me fortalecer no amor de Jesus e ter sabedoria para não me contaminar com maus pensamentos e maus sentimentos. Hoje e para sempre. Em nome da minha paz.

 

CLEBER

29/07/2023

 --Paula Alves---

 

“NÓS NÃO TEMOS COMO CONTROLAR O QUE AS PESSOAS SENTEM POR NÓS”

 Inconveniente e incômodo. Eu só pensava nisso. Não conseguia entender o porquê da aversão voluntária. Podíamos ter sido boas aliadas. Eu sempre soube do seu potencial no ambiente de trabalho e ouvi todos dizerem o quanto ela era boa pessoa, mas não comigo.

Por diversas vezes, achei que estava vendo coisas onde, de fato, não existia nada. Mas, ela realmente me tratava diferente das outras pessoas da nossa convivência.

Eu me sentia muito angustiada, ainda mais quando tínhamos que executar trabalhos juntas. Eu preferia não estar perto dela, preferia não ter que me aproximar porque a sensação era muito desagradável. Mas, tive que aprender a desenvolver um tratamento especial.

 Nós não temos como controlar o que as pessoas sentem por nós, talvez seja possível, com algum treino, controlar o que sentimos por elas. A verdade é que nós não agradamos a todos. Se, nesta longa caminhada, conseguirmos fazer amizades sinceras e eliminar a desarmonia que geramos por tantas outras, estaremos no lucro.


Eu consegui compreender, por causa daquela relação, que eu não vou tratar todas as pessoas que conheço da mesma forma. Simplesmente porque todas as pessoas são diferentes e buscam em mim algo diferenciado. Alguns, podem me amar. Outros, me toleram. Isso, acontece até no ambiente familiar.

Então, eu entendi que ela tinha todo o direito de não simpatizar comigo, mas devia me respeitar. Para que isso pudesse acontecer, achei que eu precisava dar o primeiro passo. Foi assim que pudemos transformar nosso ambiente de trabalho facilitando as horas que precisávamos estar juntas para progredirmos dentro e fora daquele espaço.

Nós não podemos permitir que a vibração que as pessoas têm para nos ofertar, impeçam que sintonizemos com o bem. Não permitir que sentimentos de contrariedade, inveja ou vingança se apossem de nós.

Não permitir que o desagrado dos outros, nos entorpeçam e tire a nossa paz. Somos responsáveis pelo que despertamos nos outros e também pelo que sentimos em relação às outras pessoas.

Não buscar defeitos no outro, não ficar imaginando coisas, principalmente que as pessoas desejam nos causar o mal. Isso facilita o contato e o desempenho de trabalhos junto àqueles que não estão completamente afinizados conosco.

Com o passar do tempo, gostei tanto do comportamento profissional que ela apresentava e fui grata pelas tantas vezes que ela me ajudou. Isso fez nascer uma simpatia. Depois de anos, nós já conseguíamos sorrir com delicadeza e hoje posso dizer com franqueza que ela foi uma boa amiga.

Isso tudo, esta hostilidade, estava nos envolvendo há muitas vidas. Vidas em que nos agredimos, nos ferimos e confrontamos. Eu não precisava lembrar porque eu senti quando ela se aproximou. É um contato terrível. Você não quer a pessoa por perto.

Mas, a espiritualidade sabe de todas as coisas. Ao nosso redor, não podem estar apenas aquelas a quem amamos porque precisamos desenvolver todas as formas de amar. O amor aos adversários é uma grande lição e tem muito mérito quando realmente não desejamos revidar as ofensas e ainda estendemos a mão. Ter tempo e oportunidade para convivermos juntos, aprender a respeitar e ver o lado bom daquela pessoa que só causava aversão. Assim, nasce o amor.

Eu precisava fazer dela uma amiga em potencial. Foi assim... Eu sou muito grata.

 

ARLETE

29/07/2023

 

--Paula Alves—

 

“OS SENTIMENTOS DE ÓDIO E RESSENTIMENTO SÃO AS PIORES CHAGAS DA ALMA”

 

Eu não pensei que fosse capaz de prestar ajuda depois de tudo o que recebi daquele homem. Eu que sempre quis me ver livre dele...

Depois de anos vivendo e sendo martirizada no lar. Meu esposo não apenas me humilhava diante de todos como também me agredia fisicamente. Quando meus filhos cresceram, findou meu sofrimento. Cinco meninos que me trataram como rainha, me honraram na frente do pai e fizeram com que finalizássemos aquela relação abusiva e cheia de torturas.

O pai aceitou, muito contrariado. Os meninos o tiraram de casa e encaminharam pra outra moradia. Eu vivi bem depois daquela tormenta. Anos de felicidade e paz. Cuidando da minha casa, da minha vida, recebendo meus filhos e netos que traziam alegria e contentamento.

Até que um dia, tudo mudou. Eu soube da sua queda. Ele ficou muito mal. Disseram que estava bêbado, caiu e bateu a cabeça na guia, só não morreu porque Deus não quis, porém ficou sequelado. Teve traumatismo craniano grave. Aquele que era pleno das forças ficou sobre a cama, impossibilitado de levantar o braço para se alimentar.

Eu me estranhei. Diante de tudo o que sofri, do medo e intimidação que tinha só de olhar para ele. Eu me estranhei. Fui visitar e soube que os meninos iam colocá-lo num asilo porque as minhas noras não queriam cuidar dele e os meninos tinham seus trabalhos.

A atitude normal de uma pessoa que foi torturada seria orar por ele. Isso já seria bom, mas eu não. Falei com meus filhos que eu podia tomar conta dele. Abrir mão da minha liberdade para me dedicar aos cuidados do moribundo. Parecia que eu estava falando sem ter posse de mim. Acho até que, logo em seguida, me arrependi do que havia pronunciado.

Foi assim que eu fiquei responsável por aquele homem.

Fiz de tudo para não me odiar. Para suportar fazer tudo com dedicação e abnegação sem ofender, sem descontar todos os maus tratos que recebi. É tão fácil judiar de quem está entregue a debilidade total.

Mas, eu tinha a minha consciência, meus princípios morais. Ele foi muito bem cuidado em minha casa. Tudo o que eu não podia fazer porque já me faltavam forças físicas, contratei auxiliares. Mas, eu cuidava de tudo, refeições, remédios, consultas médicas, roupas e produtos íntimos, enfim, tudo.

Fiz de tudo e não faltaram as palavras do Evangelho. Acho que nunca na vida, ele havia tido contato com Jesus e eu fiz questão de entregar o alimento espiritual. Foi uma grande oportunidade.

Muitos diziam que ele não compreendia nada, mas ele observava atento, mudava o semblante e, em muitas ocasiões, chorou. Demonstrou arrependimento e eu aceitei aquele olhar de perdão, afinal, um dia ele despertou em mim o mais puro amor.

Os sentimentos de ódio e ressentimento são as piores chagas da alma. Eu não queria encerrar os meus dias nutrindo tudo de ruim. Aquela oportunidade foi abençoada.

 

 DINÁ

29/07/2023

 

--Paula Alves—

  

“NÃO EXISTE AMOR DESENVOLVIDO NA MARRA”

 Eu senti a falta de amor e me perguntava por que a mãe não gostava de mim. Cresci sentindo a diferença. No meio dos meus irmãos, ela só olhava daquele jeito para mim.

Fazia questão de bronquear, de criticar e me humilhava diante de todos, me constrangia. Eu não demorei muito tempo para desejar sair daquela casa onde eu, definitivamente, não era desejada ou amada.

Fui embora para a casa da minha avó que me tratou como filha. Tentava me mostrar o lado bom da mãe, dizia que ela sofria com meu pai e perdia a paciência com os filhos. Mas, eu não via minha mãe irritada com os outros, pelo contrário, ela era uma ótima mãe para os meus irmãos.

O tempo passou, a vó morreu e eu tive que voltar para aquela casa. Alguns dos meus irmãos tinham casado, a casa parecia ainda maior. Nós estávamos sempre nos olhando, esbarrando e encrencando.

Numa briga bem feia, após a morte do meu pai, ela não quis mais se aguentar e confessou sua aversão. Eu não era filha dela. Meu pai teve um relacionamento fora do casamento, a mulher engravidou e morreu no parto. Meu pai não tinha como me deixar recém nascida sem mãe. Ele não quis me abandonar e me levou para sua esposa.

Ele chegou em casa com um bebê chorando de fome e chorando a morte da amante. Aquela esposa me criou e teve que se lembrar todos os dias da traição do marido, toda vez que olhava para mim.

Ela tinha seus motivos para não me desejar junto dos filhos dela. Ela tinha razão de não gostar de mim, mas eu não sabia de nada. Cresci naquela casa como se fosse membro daquela família, desejando afeto, desejando ser como os outros, os filhos dela. Eu só queria que ela fosse minha mãe.

Criança só quer carinho. E, como criança é carente... Por mais amada que seja, sempre quer mais um abraço, outro beijo, uma palavra de incentivo, um aplauso. Querem que os pais notem os avanços e estejam sempre por ali. Mas, eu não tinha nada.

Entendi tudo e gostei de compreender. Foi melhor do que ser rejeitada sem motivo nenhum. Ela falou, eu falei das minhas necessidades afetivas e do desejo que tinha de que ela mudaria, me olharia com mais afeição.

Naquele mesmo dia, arrumei minhas coisas e fui embora. Ela fez a sua escolha, não quis me amar. Mesmo tendo os seus motivos, mesmo sabendo dos meus. Ela virou as costas e falou: “Vai! Agora não tenho mais compromisso com você. Já está criada.”

As pessoas têm escolhas, todos nós temos. Podemos assumir uma posição de tolerantes ou repulsores. Mas, quando você dá todos os motivos para que as pessoas te vejam de uma forma benéfica e, ainda assim, elas não mudam de postura, o ideal é deixar para lá. Aceite o que os outros têm a te oferecer. Nós precisamos aceitar o momento dos outros e os sentimentos que nutrem por nós. Sem forçar ou cobrar nada.

Não existe amor desenvolvido na marra. Cada um só entrega aquilo que tem no coração. Às vezes, é melhor o distanciamento. Assim, a discórdia não aumenta e não passa dos limites até se tornar um novo combate ou agressão.

Distanciamento, compreensão, tolerância, em busca da paz.

 

MICHELE

29/07/2023

 --Paula Alves--



“TODAS AS COISAS QUE OCORREM TÊM RAZÃO DE SER E DEVEM SER SUPERADAS”

 Esperei por muito tempo. Tempo o suficiente para compreender que não me desejavam naquela época, eu seria capaz de fazer tudo por eles e fui completamente abandonada.

O pai tinha muitos recursos, podia dar uma vida confortável e promissora, eu só tinha afeto para competir com ele. Acredito que foi este motivo que fez com que escolhessem facilmente ficar com o pai.

Tentei por diversas vezes, falar com eles, persuadi-los. Me esforcei para melhorar de vida e quando, finalmente, pude informar que já tinha o local adequado para morar com eles, ouvi com franqueza, o quanto eu era inferior.

Aqueles que eu tanto amei, a quem entreguei todo meu amor, olhavam para mim com pena e desprezo, escolhiam o luxo e as facilidades da vida. Eles não me desejavam.

Aceitei. Fui embora chorando, me sentindo diminuída e arrasada. Como dói a solidão. Eu não tenho palavras para explicar a dor que senti.

Desejei modificar meus pensamentos e sentimentos, arrancar as lembranças que estavam em mim. Todos os momentos que tive os filhos pequenos nos braços e o quanto precisavam de mim. Agora eu era alguém substituível, desprezável, alguém que podiam abrir mão.

Pedi a Deus para confortar meu coração e vivi meus dias tentando ocupar melhor meu raciocínio. A melhor forma de superar o abandono é o serviço útil. Eu li bastante, trabalhei bastante. Consegui fornecer assistência caritativa para órfãos que me fortaleceram com a sua ingenuidade afeição[M1]  sincera.

O tempo passou depressa. Houve dias que eu quase fui feliz. Jamais me esqueci deles, mas, aprendi a compreender a escolha que fizeram. Parei de me ver como vítima e vivi os dias que me foram entregues.

Eu me acostumei com aquela condição. Todos nós, seres humanos, temos a facilidade de adaptação. Nós aceitamos, superamos, nos adequamos as situações, mesmo quando parecem adversas.

No fim daquela jornada, quando eu já estava velha e cansada, eles reapareceram, mudados e envelhecidos, envergonhados.

Perguntaram pela mãe na vizinhança e quase não me acharam porque eu não tinha mais argumentos para dizer aos vizinhos que era mãe. Para todos eu sempre fui só.

Eu até me esquivava de mencionar sobre uma vida onde fui esposa e mãe.

Depois que me encontraram, pediram perdão. Precisavam ouvir de mim a sentença que podia libertar as consciências. Como continuar com aquele fardo pavoroso?

A honra aos pais e mães é algo sagrado. A consciência cobra, eles não tinham paz.

Que mãe seria eu, se não os libertasse naquele momento?

Ainda mais sabendo que o fim estava próximo.

Mas, confesso que senti. Eu desejei aquele encontro décadas antes para que pudéssemos conviver e que eu pudesse ser considerada e querida.

Mas, todas as coisas que ocorrem têm razão de ser e devem ser superadas. Eu entendi.

 

ISABELLA

22/07/2023

 

-- Paula Alves—

 

“É SÓ DAR O PODER PARA CONHECER A FACE VERDADEIRA DE CADA UM...”

 

Nem percebi o quanto me modifiquei. Eles diziam, tentavam me alertar, mas para mim foi algo natural.

Sempre desejei aquela posição de superioridade. O emprego que me colocava em casa como a maior provedora, no ambiente de trabalho, como chefe. Eu senti a valorização de anos de esforço. Fiquei muito feliz!

Porém, as pessoas do convívio íntimo diziam que eu havia mudado e não tinha tempo para os contatos fraternais, não sabia valorizar as situações agradáveis da vida, nem podia ser simples, autêntica como sempre fui.

Eles me cobraram a postura de antes. Queriam que eu fosse como antes e não perceberam que tudo mudou quando eu fiz conquistas.

A partir daí eu tive outras ambições e desejei mais. Eu não podia ter o mesmo comportamento, os mesmos relacionamentos e mesmas atitudes. Naquele instante, eu me irritei com familiares e amigos. Pensei que estivessem com inveja de mim, querendo menosprezar tudo o que fiz. Fiquei tão indignada!

Segui com minha carreira e não percebi o quanto me distanciei dos propósitos iniciais.

O poder e a ambição iludem tanto que atordoam o ganancioso. Eu quase me perdi e perdi a confiança dos meus afetos. Foi Deus que me parou.

Passei a ter males súbitos. Estranhos episódios de tontura pequenos desmaios. Quando eu fiquei mal, tive pessoas maravilhosas ao meu lado.

Sei que eu não mereci tanto devotamento, tanta dedicação. Eu fui bem cuidada por eles. Eu só precisava me acalmar, ter uma vida mais tranquila. Isso colaborou para ter tanto para refletir na minha conduta de vida.

A maneira como eu estava tratando as pessoas a minha volta.

Uma pessoa pode ter o juízo errado a nosso respeito, mas um grupo de pessoas não se engana. Eles sabiam o quanto eu estava sendo autoritária, agressiva e orgulhosa diante de todos.

Eu me senti envergonhada e me esforcei para mudar. Ouvi tanto: “É só dar o poder para conhecer a face verdadeira de cada um...”

É a mais pura verdade. Como nós nos enganamos e nos iludimos... O que realmente importa é a humildade e a maneira como colaboramos uns com os outros.

Tudo mais é a forma de nos desviarmos do desenvolvimento e progresso, da fraternidade e pacificação.

Eu achei que era tão esperta e estava compreendendo uma trajetória inteira, apenas por orgulho e ostentação.

 

SORAIA

22/07/2023

 

-- Paula Alves—

 

 

“QUANDO A GENTE TEM CORAGEM E TEM MOTIVAÇÃO, CONSEGUE”

 

Eu montei aquele barraco de coração partido. Me senti um péssimo pai de família, um falido, um lixo como diziam.

Pior do que ouvir o outro, é ouvir de si mesmo. Eu perdi o meu valor como homem quando permiti que nos enxotassem daquela moradia.

O mais importante é a casa, mas meu vício não deixava que o dinheiro rendesse. Eu trabalhava para pagar o bar. Olhei para minha esposa e as crianças pequenas.

Ela confiou em mim. O que aquela mulher pediu para vida? Quais eram seus sonhos?

Aquela coitada só queria ser feliz. Pediu tão pouco, casa e comida, saúde para as crianças e serviço para gente. Mais nada.

Eu falhei com tão pouco. Minhas obrigações eram simples. Se tinha tanto homem que dava conta por que eu não podia conseguir.

Naquela noite jurei. Eu jurei para Deus que mudaria de vida em nome da minha família.

Hoje eu sei que a gente tem que ter motivação. Um vício tão antigo, de outras vidas, só podia ser extinto por amor.

Naquela vida de pobreza. Vida de martírio onde fomos parar na rua, eu me libertei por amor à família.

Eu não podia mais beber para ter o dinheiro das despesas. O meu sonho era ter uma casa para não ser mais despejado. Eu tinha que ver minha família dormir em paz, na cama quente, em segurança.

Quando a gente tem coragem e tem motivação, consegue.

Consegui e dei o testemunho para meus filhos e netos. Nunca permiti que eles se viciassem, expliquei o que faz um homem de bem. Ele cuida bem de si e da sua família. Ele honra a família.

Eles me amaram. Fomos muito felizes. Eu sei que as pessoas têm seus pontos fracos, telhados de vidro, mas devem ter coragem para enfrentar estes comprometimentos morais e melhorar.

Todos podem avançar, mas precisa ter franqueza para aceitar e esforço para melhorar.

 

EVERALDO

22/07/2023

 

--Paula Alves—

 

 

“ESPÍRITOS IMORTAIS...NÃO DÁ PARA SABER QUEM É MAIS ANTIGO”

 

Muito foi dito naquele dia. Eu perdi a paciência e ofendi sem aliviar. Sei que ele se ressentiu e me criticou. Ele não quis me ver nunca mais.

Na hora a gente fala o que vem na cabeça. Acha que são as verdades que a pessoa merece ouvir. Como se realmente soubesse o que está dizendo, como se fosse fazer toda diferença, mudar a pessoa.

Mas, quem foi que disse que eu tinha mais sabedoria ou era mais bondoso, inteligente ou que quer que seja. Quem disse que eu era superior?

Eu vi a cena, eu analisei. Também teria me ressentido naquela situação. Só de ouvir o engrandecido falar, já irrita. Por que a pessoa acha que sabe mais?

Espíritos imortais...Não dá para saber quem é mais antigo, por isso, tem que ser indulgente e respeitar do pequeno ao grande, do mais jovem, até o mais idoso. Não dá para saber quem mais ou melhor.

Jesus falou: “Quem quiser ser o melhor, seja o servo”.

Bendito Jesus, explicou tudo e eu não ouvi.

Falei o que não devia, detentor da verdade, conhecedor de tudo. Não quis ouvir o que o meu filho tinha a dizer.

Eram as aflições dele, as angústias dele, eu subestimei, tornei inferior, discriminei e o perdi para sempre naquela vida.

Eu precisei tanto dele. Eu não tive mais ninguém.

Soube, através da solidão, que nós afastamos as pessoas. Não permitimos que façam parte das nossas vidas. Não nos permitimos sermos amados por ninguém e sofremos sós.

Eu vou voltar. Serei o neto dele. Quero muito recomeçar. Ser uma pessoa melhor.

Será que podemos ser o que quisermos? Eu quero ser uma boa pessoa e ter contato com o meu avô que foi o filho que insultei. Eu desejo estar com ele em paz.

 

VALDEMAR

22/07/2023





“AMAM-SE. VIVAM UNIDOS E CRIEM OPORTUNIDADES PARA FAZER AMIGOS”

 

Eu tinha muito medo de me desligar dele. A perda podia ser algo terrível porque, no mundo todo, só havia nós dois.

Desde que me distanciei dos familiares para assumir nosso relacionamento, eu sempre soube que não poderia contar com ninguém. A vida era nossa e eu compreendi bem o quanto éramos indesejados. Tudo questão de racismo numa época em que as pessoas eram tão irracionais.

Eu o amava tanto que pude modificar meu mundo por causa dele. Eu rompi elos importantes de afetuosidade porque as pessoas não podiam compreender meus sentimentos e insistiam em insultá-lo. Eu fui embora.

Nunca me arrependi porque aquele homem me fez descobrir o amor e foi o amigo leal, o companheiro que eu apreciei em todos os momentos de nossa vida juntos. Mas, no momento da despedida, eu me senti vacilar.

Eu tive medo da solidão diante do desencarne do meu esposo. Me perguntei se fui egoísta por pensar em como ficaria minha situação sem ele. Mas, confesso que me incomodou aquela vida onde nós éramos um do outro e ninguém mais.

 

Raciocinei que nenhum de nós pode se enclausurar em seu mundinho, na sua casa. Nós devemos sempre ampliar os horizontes e estendermos nossos relacionamentos. Fazer amigos e buscarmos a reconciliação com familiares e desafetos. Nós precisamos romper com o egoísmo e sensação de autossuficiência que se liga ao orgulho. Aquela sensação de que vocês não precisam de ninguém, se bastam no mundo.

As pessoas devem se esforçar para estarem ligadas à coletividade e fraternidade universal. Se relacionarem com o maior número possível de pessoas de forma consciente. Sabendo dos limites de cada um, respeitando os pontos de vista. Neutralizar-se no contato com os outros, estabelecendo empatia e compreensão de tudo o que as pessoas podem acrescentar em nossas vidas.

Cada contato é interessante. Todas as pessoas passam por nós para agregar positivamente se sabemos conviver com elas de forma amistosa. Para isso, é necessário o conhecimento de si mesmo para não ultrapassar os limites do tolerável em cada relação.

Podemos achar que somos agradáveis e desejáveis por todos, quando na verdade, somos petulantes e agressivos. Quando reconhecemos o peso de nossas palavras e tomada de decisões, quando sabemos nos colocar no lugar dos outros, nossos relacionamentos passam a ser mais saudáveis e edificantes.

 

A socialização elevada começa com nosso raciocínio sobre direitos e deveres sociais. Saber falar e calar, ouvir e agradecer. Menosprezar jamais, humilhar nunca, chamar a atenção em particular, elogiar em público. Priorizar as qualidades de todos e se ocupar dos seus próprios defeitos e trabalhar para corrigi-los. Tudo o que as pessoas sabem ser politicamente correto e raramente executam por causa dos seus caprichos.

Um ou outro, recebe insultos e prefere se calar para não agravar as situações desagradáveis. Em raríssimas situações, as pessoas orgulhosas se esquivam de produzir o mal e se dedicam no trabalho árduo do reparo de si mesmo. É tão fácil criticar a posição alheia!

Eu sabia de tudo isso e tentei me proteger das situações desagradáveis vivendo, apenas com meu doce esposo. Por isso, me fechei para os relacionamentos sociais. Mas, temi a solidão.

 

Deus, sabendo de todas as nossas necessidades, enviou algumas bondosas senhoras compadecidas de minha situação. Elas foram as melhores amigas que eu poderia ter tido no fim da vida. Me fizeram rir, dividiram comigo suas experiências e sofrimentos de vida. Passearam comigo e me acolheram em suas famílias. Eu aprendi muito com elas. Sei que podemos sofrer no contato com uns e outros, mas a vida é assim. Muitas vezes, também fazemos sofrer sem nos darmos conta disso. No fundo, todos nós somos iguais. Seres imperfeitos desejando a felicidade.

Amam-se. Vivam unidos e criem oportunidades para fazer amigos.

 

ELZA

16/07/2023

 --Paula Alves--

 

“NÓS NÃO SABEMOS QUAIS SÃO OS REAIS LAÇOS QUE NOS LIGAM AOS NOSSOS SEMELHANTES”

 

Ela insistia em mexer nas minhas coisas. Por que é que aquela criatura não se ocupava da sua vida. Eu sei que tinha manias. Eu não conseguia ver minhas coisas fora do lugar. Tinha uma estranha sensação de que estavam invadindo o meu espaço.

Por que será que atraí aquela vizinha enxerida?

Com o passar do tempo, aquilo foi me trazendo inquietação. Eu queria falar, mas ela era boazinha, eu temia que ela pudesse se ofender. Afinal, meu problema não era com ela. É ruim quando você não quer que as pessoas se aproximem muito e elas não entendem seu ponto de vista.

Me chamavam de chata, mas por que não conseguiam me entender. Eu não queria briga, apenas sossego em minha casa.

Como ela não me entendeu, tive que falar. Tomei cuidado para não ofender, mas sei que fui dura com as palavras. Depois de despejar minhas verdades sobre ela, a moça falou que aquilo era só para puxar conversa porque ela precisava muito falar com alguém.

Naquele instante, ela começou a chorar. Fiquei muito constrangida e para não ser surpreendida por outro mexeriqueiro, convidei a moça para tomar um chá. Ela começou a falar desesperada, quase não respirava. Por que será que ela não conseguia desabafar com ninguém. A coitada estava grávida, foi abandonada pelo pai do bebê e não sabia se voltava para a casa da família no interior. Ela era tola e inexperiente.

Eu comecei a me comover e imaginei que ela podia ser minha filha. Se fosse minha filha, eu desejaria que alguém cuidasse dela, aconselhasse, ouvisse seus lamentos e a encaminhasse no bem. Então, busquei me posicionar desta maneira. Eu fui sincera, me preocupei com ela. Depois disso, comecei a tratar a moça com solicitude e muito carinho. Ela continuou trabalhando, enquanto o bebê se desenvolvia em seu ventre. Ela se reconciliou com o rapaz e contou para a família, em pouco tempo estavam casados e com o bebê nos braços. Formaram uma linda família feliz.

Eles foram as pessoas que mais me auxiliaram em todos os momentos em que precisei de uma ajuda ligeira. Muito mais atenciosos do que os meus filhos. Eu me surpreendi bastante com o desenrolar daquela amizade entre vizinhos.

Às vezes, é de onde menos esperamos que surgem as grandes amizades. No momento final, meus amigos foram delicados e não saíram de perto do meu leito. Foram os últimos rostos que vi, falaram as palavras mais suaves e me fortaleceram com preces. Eu sou muito grata.

Chegando aqui tive uma agradável surpresa. Aquela moça havia sido uma filha muito amada na reencarnação anterior. Ser afetuoso que se comprometeu em estar comigo de qualquer forma e tratou de vir ligada ao círculo social. Eu jamais poderia imaginar que a espiritualidade age desta maneira.

Devíamos tratar melhor todas as pessoas. Nós não sabemos quais são os reais laços que nos ligam aos nossos semelhantes e podemos nos arrepender muito quando descobrimos quem era aquele que estava sempre nos rodeando.

 

CARMEM

16/07/2023

 

--Paula Alves---

 

“QUANDO NÓS NÃO NOS DESCULPAMOS, NÃO ELIMINAMOS O MAL”

 

Por que aquela pessoa me irritava tanto? Antipatia de causar terror. Eu não queria nem passar perto. O simples ouvir da voz já me irritava.

Mas, eu tentava disfarçar porque a pessoa era muito delicada e atenciosa, além disso, eu não tinha motivos para me irritar com ela. Só fazia de tudo para me afastar tamanha repulsa. Porém, quanto mais eu me afastava, mais a pessoa fazia de tudo para se aproximar. Demorou muito tempo para entender as reais intenções dela.

Meu amado filho tinha um sentimento sublime por ela e era reciproco. Minha animosidade nunca me permitiu enxergar que estavam envolvidos. Eu compreendi que, se tivesse deixado meus sentimentos de lado teria percebido o que estivesse bem debaixo do meu nariz.

 

Foi difícil aceitar o relacionamento deles. Acredito mesmo que, na carne, nunca aceitei. Sei que fui hostil, arredia e agressiva. Eu a ataquei com palavras e insultos que, pensando bem, eu mesma jamais perdoaria. Mas, ela fazia-se de mal-entendida para poder conviver comigo numa boa.

Meu filho ficava tão constrangido. Eles se casaram, tiveram filhos, mas eu nunca cedi. Aquele sentimento desagradável não saia de mim. Até que um dia, depois de ter ido com meu filho para o hospital, ela parecia cansada e eu a insultei. Não reparei que ela estava com o joelho ralado de uma possível queda, simplesmente a ofendi.

Acreditei que ela ouviria calada como sempre, mas ela falou que: “cada um oferta aquilo que tem no coração. Eu não precisava gostar dela, mas tinha que respeitá-la, da mesma forma que ela sempre me respeitou, mesmo não gostando da maneira que eu a tratava. Pela paz da nossa família ela fazia de conta que não tinha escutado, mas estava na hora de eu aprender a me comportar. Refletir antes de falar para não ficar magoando as pessoas gratuitamente”.

Eu não tinha mais o que dizer. Soube que meu filho estava doente, precisando ser operado e ela estava preocupada e cansada de percorrer médicos com ele. Aquela mulher cuidou muito bem do meu filho. Por causa dela, ele se curou.

Eu fiquei envergonhada. Não me desculpei, nunca e me arrependo disso. Quando nós não nos desculpamos, não eliminamos o mal. É como se estivéssemos confirmando todas as palavras repulsivas, agressivas, do mal. Então, a pessoa precisa saber que você se arrependeu e mudou seu modo de enxergar as coisas. Pode ser que isso não faça tudo mudar e torne as pessoas amorosas, mas liberta. Encerra o vínculo de negatividade.

O melhor é sempre ser sincero e buscar se elevar através do bem.

 

JOCÉLIA

16/07/2023

 

---Paula Alves---


“O IDEAL É QUE DEIXEMOS DE LADO TODOS OS BLOQUEIOS QUE NOS LEVAM A ODIAR E POSSAMOS AMAR INDISCRIMINADAMENTE”

 

Fiz de tudo para que ele pudesse ter amor por mim. Desde pequeno, percebendo a diferença que existia entre mim e meus irmãos, mas não conseguia compreender o motivo.

Levou muitos anos, cheguei na fase adulta e ouvi de um de meus irmãos que eu não era filho do meu pai. Fruto de um relacionamento extraconjugal, mamãe engravidou de mim. Meu pai não podia me olhar, era a comprovação de um adultério, ainda mais quando ela chegou a confessar em alto e bom tom.

Eu fiquei muito triste. Me senti sujo, envergonhado, como se fosse responsável pelo sentimento ruim que habitava em meu pai. Para mim, aquele senhor surrado, sisudo, mal-educado, era meu pai. O único que conheci e que me bateu tanto.

Nunca recebi um carinho, uma palavra de incentivo ou atenção. Ele desejava me bater, em castigar e eu entendi o motivo. Acho que ele evitava bater em minha mãe e descontava em mim. Ouvi muitas vezes, ela dizia que não devia ter engravidado e tinha a resposta para todas aquelas frases que pareciam sem sentido.

É ruim se sentir indesejado. Estar numa família onde todos te dão motivos para sumir, mesmo assim, eu continuava com eles como uma estranha força que me impossibilitava de sair. Eu tinha que permanecer com eles, mas por quê?

 

Levei anos, amargurando aquela sensação para reconhecer que eles precisavam de um filho no lar. Deus sabia que eu iria cuidar bem deles. Quando todos se casaram ou foram estudar fora, eu fiquei ali com os velhos. Eu cuidei de tudo, sendo insultado e destratado. Tentava não ligar e entendi melhor quando ficaram doentes. Eu cuidei deles quando estavam na cama, quando, cada um a seu tempo, não conseguiram andar.

As pessoas brincavam dizendo que, de todos, aquele que mais levou bordoada, foi quem mais ajudou. Eu me senti útil e feliz. Foi como se, a partir daquilo, pudesse ter jeito para nós. Eles morreram sendo cuidados por mim. Eu fiquei aliviado de nunca ter descontado, sempre ter sido delicado com eles. Parece que estavam mais tranquilos comigo. Tinham gratidão.

Quando eu cheguei aqui, tive a oportunidade de me reencontrar com eles e ouvi um belo pedido de desculpas. Eles estavam decepcionados com eles e felizes comigo porque eles se lembraram do quanto pediram para a espiritualidade me colocar em suas vidas. Eu fui um ser amado por eles em muitas existências. Eles desejavam que eu fizesse parte dos relacionamentos mais íntimos, sabiam que poderiam contar comigo diante das provas mais árduas. Se impressionaram muito quando descobriram que aquele ser amoroso era eu. Tanto que me insultaram...

 

Mas, eu os amava e só podia ter feito o bem. Creio que temos um compromisso global onde uns devem olhar para os outros com mais tolerância. Se nós pudéssemos considerar todos como reais irmãos, estaríamos sempre retornando com alegria. Reencontraríamos os amigos de outrora a relembrar dos bons momentos que vivenciamos. Satisfeitos do progresso que alcançamos juntos.

O ideal é que deixemos de lado todos os bloqueios que nos levam a odiar e possamos amar indiscriminadamente.

 

JORGE 

16/07/2023


--Paula Alves--




 “O DESPERTAR PARECIA ALGO INALCANÇÁVEL”

 

Perdido no mundo material, envolvido com questões tão materiais, mesquinhas e absurdas que me faziam patinar diante do tempo e do espaço.

Eu não podia conjecturar com sensatez tão absorvido pela necessidade financeira e de progresso social. No mundo competitivo onde eu precisava matar muitos leões por dia e me fazer melhor que os outros para ser respeitado.

Eu vivia por viver. Vida de escravos que dormem e acordam desejando consumir, conquistar para ser mais que os outros.

Eu perdi meu raciocínio. Perdi todos os objetivos que me fizeram reencarnar. Me esqueci do que realmente importava e, nem mesmo, percebi Amélia.

O mundo material me fascinou tanto que eu não reparei quando ela surgiu diante de mim.

Nós perdemos muitas possibilidades de ascensão e deixamos de triunfar porque estamos cegos. Ela seguiu sua vida, por conta da minha rejeição, porque eu nem notei sua existência bem perto de mim, ela se casou com outra pessoa e refez seus planos de forma inconsciente.

Eu continuei incrustado nos desejos materiais até que me deparei com o desgosto, a amargura, o despeito e a depressão, frutos da vida material sem comprometimento com o ser.

Levou tantos anos para fazer a descoberta de mim mesmo. Quando tudo parecia perdido, após a experiência da quase morte, eu me vi como realmente sou e pude perceber que valorizei coisas erradas. Perdi tempo e oportunidades de edificação.

Mas, após o despertar da minha consciência, eu não podia fraquejar. Eu precisava me adiantar, utilizar o meu tempo, o tempo que me foi entregue da melhor forma possível para assimilação do todo e conclusão dos objetivos que me enviaram novamente à carne.

Qualquer um me chamaria louco no momento em que eu atingia a lucidez. A percepção da realidade me permitiu avançar. Realizar trabalhos envolvendo a coletividade e promover a melhoria individual. Eu consegui avançar em muitos aspectos, apesar de ter negligenciado o envolvimento familiar, base da minha reencarnação.

Todos despertarão, cada um a seu tempo. É duro perceber que o tempo foi perdido e notar o quanto deixamos para trás porque cada tarefa está lograda ao tempo, se for perdida, não volta mais.

São inúmeras tarefas para todos os encarnados, se tivéssemos educação religiosa e social, respeito pelo ser e dever de nos aprimorarmos, conseguiríamos avançar mais rapidamente, mas ao invés disso, somos induzidos a avançar pela aquisição de bens materiais, pela posição e poder. Somos conduzidos pelo mal que ainda habita em nós, quando devíamos nos despojar de tudo o que conduz ao fracasso e tormenta pessoais.

Aquele que tem olhos para ver, veja. Comente, ensine, desperte, ajude o outro a se posicionar no mundo para que todos possam se adiantar num mundo melhor.

 

VAGNER

08/07/2023

 

--Paula Alves--

 

“QUANDO CONSEGUIMOS ALCANÇAR O RACIOCÍNIO DO SER EXISTENCIAL, HÁ A NECESSIDADE DE REALIZAÇÃO PLENA”

 

Após olhar nos seus pequeninos olhos negros. Tudo despertou em mim. Foi um sentimento avassalador, me emudeceu, causou pranto e estranheza. Eu não sabia que podia amar daquela forma.

Meu filho! Após tantos meses tentando resistir para que a gravidez chegasse a termo, ali estava ele, forte e saudável e eu podia segurá-lo em meus braços.

A vida se modificou diante daquele amor. Aquela estranha sensação de que o mundo precisa ser melhor para ele. Aquela certeza de que eu precisava ser uma pessoa melhor me abriu os olhos. Foi como se todos os raciocínios fizessem parte de mim e a lucidez brotasse em minha alma errante, necessitada de auxílio e paz.

Eu me reconheci como realmente sou naquele momento e despertei do torpor que me conduzia naqueles trinta anos.

De posse de mim mesma, não havia tempo a perder. Quando conseguimos alcançar o raciocínio do ser existencial, há a necessidade de realização plena. Isso exige concretizar os planos oferecidos para o suporte de desenvolvimento da reencarnação.

O tempo passa a ser encarado como algo primoroso, valiosíssimo, justamente porque não temos como agarrá-lo. Tudo passa de forma veloz porque você se prepara para realização plena.

As pessoas a sua volta também te enxergam diferente, sem compreender suas necessidades e inclinações, suas justificativas não fazem sentido porque ainda estão absorvidos no mundo materialista.

Eu despertei graças aquele amor que modificou minhas fibras mais intimas e fez compreender que eu tinha que cumprir aquela meta antes de retornar. Todas as questões que não dizem respeito a entrega dos objetivos estarão fora de questão e não serão otimizados.

Não pode se perder com questões rotineiras, briguinhas, mesquinhez, intrigas, maledicências ou leviandades que possam atrasar o desenvolvimento pleno.

 

No momento do avanço real, quando você conclui a jornada e passa para o plano espiritual, haverá o momento da análise do progresso total que foi atingido com aquela reencarnação. Existem muitos momentos que passarão despercebidos porque foram pequeninos instantes na sua eternidade. Você não se lembrará deles, então, o ser desperto evita se envolver com tudo aquilo que pode atrasá-lo.

Eu vivi bem, compreendi questões que ficaram ocultas para a maior parte das pessoas. Me envolvi em grandes momentos da vida dos meus semelhantes que, para a grande maioria das pessoas, seria um ato furtivo e banal, mas naquelas situações tirei belos aprendizados.

Não poderia imaginar que tudo podia ser conseguido através do amor. Compreendo bem as palavras do Cristo: “O Amor cobre uma multidão de pecados”.

É só o amor...

Só ele pode tirar o véu que obscurece nosso raciocínio e nos fazer enobrecer a alma.

 

 LIZ

08/07/2023

 

 

---Paula Alves---

 

“A TRANSFORMAÇÃO SINCERA INDEPENDE DE TEMPO E MOTIVO, ISSO ACONTECERÁ COM TODOS NO MOMENTO OPORTUNO”

 

Eu li e reli. Compreendia que meu sermão não tocava os corações porque estava cheio de palavras vazias que não continham nenhum tipo de sentimento.

Em toda ação, devemos ter o sentimento que impulsiona. Ninguém pode motivar as pessoas se é pessoa sem sal. Jesus usou tão bem suas palavras ao descrever que o discípulo é a luz do mundo e o sal da Terra.

Eu precisava salgar, mas não tinha nada a oferecer por mais que quisesse. Não tinha porque não compreendia e não compreendia porque não havia sido tocado na alma.

Eu tinha as palavras decoradas, mas não eram sentidas e soava falso, tímido, sem coragem de arrebatar. Eu não conseguia encaminhar ninguém ao Pai.

 

Mas, naquele dia, após ver a igreja vazia, eu pedi, eu clamei. No fundo sabia que tinha um compromisso com Ele, mas nem eu mesmo, tinha certeza do que envolvia o meu chamado.

Eu falei que deixaria de ser servo se fosse da vontade do Senhor, mas eu precisava de um direcionamento, naquele instante, chorei muito porque me vi fracassar, foi como perceber que estava no caminho errado, desejando ser algo para o qual não fui criado.

Mas, Ele não me deixou sem resposta. Naquele momento, eu despertei. O Senhor falou comigo, dentro do meu ser, eu consegui compreender, após visualizar uma cena que encheu meu coração de esperança e coragem. Lá estava eu, pregando em toda parte. Um fiel discípulo do Mestre. Me entregando ao trabalho nobre de revela-lo para todos que desejavam.

Eu soube naquele momento que precisava trabalhar ativamente e sentir-me seu discípulo, estar presente para Jesus e salgar as suas palavras. Atraindo as pessoas através do seu Evangelho de misericórdia.

Aquele contato com o Pai me fez entender que todos nós somos importantes para Ele. Melhor que estejamos lúcidos e decididos ao trabalho sério de propagação da Palavra cristã.

Demorou tanto tempo para que eu despertasse e quando isso aconteceu as pessoas se questionaram sobre o que teria acontecido comigo, por que eu estava tão diferente?

A conversão real, a transformação sincera independe de tempo e motivo, isso acontecerá com todos no momento oportuno, por isso, não podemos perder a fé nas pessoas e nem considerarmos que este ou aquele não pode mudar.

Todos mudarão e se tornarão muito melhores.

 

MICHAEL

08/07/2023

 

 

---Paula Alves—

 

“QUANDO ALCANÇAMOS O DESPERTAR DA CONSCIÊNCIA, A COMPREENSÃO DAS COISAS TOMA CONTA DE SI E VOCÊ ALCANÇA A SENSATEZ E A PAZ INTIMA TÃO ALMEJADA”

 

 

Foram tantos anos vivendo a indecisão, a injustiça e a violência dentro da minha casa. Eu vivi tantos anos no meio da destruição e do horror que minha mente ficou impregnada de maldade e decepção.

Depois de muitos anos vendo e sentindo o mal, você perde a esperança e se torna amargurada. Sei que afastei muitas pessoas do meu convívio porque não tinha palavras sãs. Eu não conseguia olhar o mundo com gratidão. Era um mundo sombrio e nublado o tempo todo.

Mesmo diante das pequenas exaltações de alegria que familiares e amigos deixavam transparecer ao meu lado, eu sempre via o negativo. Eu era desagradável e infeliz.

Mas, houve um momento em que me senti livre. É difícil admitir diante de alguém, mas precisou que ele morresse para que eu me sentisse liberta, livre do meu fardo.

Foram cinquenta anos sendo martirizada por um marido cruel, mesquinho e machista. Eu imaginei que nunca mais me sentiria dona de mim, eu não podia decidir ou sorrir sem o consentimento dele. Era uma prisioneira. Compreendo que tivemos que vivenciar tudo aquilo para quitar dívidas antigas, mas também notei que poderíamos ter nos arruinado ainda mais se eu não despertasse e seguisse em frente sem o desejo de revide interminável.

Naquele funeral, despertei com a sensação de liberdade. Depois que me vi completamente livre, eu despertei para a realidade. Soube perfeitamente bem os porquês que nos envolveram e que precisava passar por todos aqueles aprendizados. Foi, apenas um reencontro de desafetos e a quitação de dívidas que me permitiram seguir em paz.

Quando alcançamos o despertar da consciência, a compreensão das coisas toma conta de si e você alcança a sensatez e a paz intima tão almejada.

Eu voltei a ser o que era quando cheguei na Terra. A menina sorridente de antes naquele corpo exausto pela idade e sofrimentos da vida, voltei a estudar, eu precisava aproveitar meu tempo para assimilar. Eu tinha sede de saber e de aprimorar-me.

Como foi proveitoso estar com meus familiares com tempo para conhece-los um pouco mais, saber de suas vidas, rir com eles. Eu queria tanto aquele momento.

O tempo é precioso, não voltará. Nós devemos aproveitar cada instante e ter discernimento para fazer render, para ser produtivo para todos.

 

VERÔNICA

08/07/2023


--Paula Alves--



“EU ME PERDI NA VAIDADE”

 

Fui uma criança gordinha, uma adolescente gordinha e isso me incomodava por causa dos olhares e risos de familiares e colegas.

Sempre a fonte das gozações, o alvo das chacotas. Nunca tive o prazer de ser convidada para uma festinha ou passeio, eu não tive amigos, nem namorados.

Com o passar dos anos, meu objetivo foi transformar meu corpo num corpo esbelto e altivo. Fiz dieta, ginástica, me tornei ciclista e alcancei meu objetivo. Realmente minha vida social mudou, consegui um emprego promissor e era convidada para jantares e comemorações.

 

“Magra e bonita” — era o que todos diziam.

Diziam me parabenizando porque eu estava muito melhor. Ainda falavam que “a vida é mais fácil para as magras e belas”. Puro preconceito! Mas, eu sei o que era feito das gordinhas, insultadas, menosprezadas e excluídas. Eu não podia voltar para aquela vida.

Diante das pessoas, eu parecia alguém bem resolvida, decidida e bem-sucedida, mas distante delas, eu tinha complexos, síndrome de inferioridade, temor da obesidade. Eu mal me alimentava. Controlava tudo o que ingeria, às vezes, botava tudo para fora, profundamente culpada por ter consumido uma caloria a mais.

Temi, por causa da idade, ficar com algumas dobrinhas, então intensifiquei meus cuidados com a aparência. Emagreci mais e mais, meus pais se preocuparam, disseram que eu estava muito magra. Mamãe cozinhou para mim, mas estava ficando difícil ingerir aquelas comidas, eu sentia enjoo, não conseguia comer.

Quando me olhava no espalho, tinha a impressão de estar engordando e isso me apavorava, daí eu não conseguia me alimentar. Eu sentia náuseas, tinha vômitos e fui perdendo peso.

Mas, a verdade é que eu me perdi na vaidade. A minha mente fez distorcer as coisas, eu alucinei achando que estava gorda, por isso, não queria mais comer. Tudo piorou, eu estava esquelética. Meus pais foram obrigados a me internar porque eu estava tendo desmaios, muito debilitada e quase ensandecida. Tomei medicamentos para emagrecer quando já estava bem abaixo do peso ideal.

Eu não queria comer. Minha mãe apelou na verbalização. Me disse que eu tinha que dar graças a Deus por ser saudável e ter a oportunidade de me alimentar com tudo o que tivesse vontade, enquanto tantos passam fome no mundo inteiro. Mas, isso não me fez mudar. Eu estava nas últimas forças orgânicas e senti que o fim estava próximo.

Logo depois eu parti. Atormentada, com a imagem mental de uma obesa. Ninguém podia me fazer crer que eu estava tão emagrecida. Peregrinei nos vales sombrios como suicida involuntária e depois de dezenas de anos, pude vir para cá.

Ainda é difícil para mim, aceitar este corpo espiritual. Ter uma mente lucida é difícil. Me comprometer adequadamente com a nutrição e saber que passamos pelos rótulos que nos equilibram com a sociedade também é bem complicado, mas estou disposta a melhorar, investindo todo o meu potencial neste tratamento para reorganização psíquica. Sei que, em breve, estarei completamente alinhada. Agradeço pela oportunidade de manifestar meus pensamentos. Gratidão.

 

ISABELA

02/07/2023

 

---Paula Alves---

 

 

“EU ME PERDI NO AMOR ABUSIVO”

 

Eu o amava com todas as forças do meu coração. Tudo suportei, tudo perdoei e fazia tudo de novo, mas eu precisava de ajuda.

Quando o amor próprio não existe, não se pode amar o outro. Eu permiti que ele fizesse de mim o seu capacho. “Dar a outra face” é não revidar, mas eu permiti que ele abusasse de mim, me desvalorizasse, humilhasse e ofendesse de todas as formas.

Homem que trai, espanca, estupra, agride mentalmente, isso não pode ser amor. Qual é a mulher que se ama que se presta a este papel?

Eu só conseguia pensar nele, como uma obsessão, algo doentio. Eu sentia dor, mesmo nos dias em que ele não me batia, eu sentia a alma doer quando sabia que ele não voltaria para casa. Cheguei a pensar que era por orgulho que o queria comigo. Para dizer que ele não ficaria com elas, que tinha algum sentimento por mim, mas se eu me amasse teria ido embora, afinal ele chegou a me jogar na rua.

Eu me perdi naquele amor abusivo. Aquela estranha necessidade de ficar do lado do ofensor. Acho que a mente ficou confusa, não tinha como refletir nas coisas que eu estava fazendo. Minhas irmãs chegaram a dizer que eu parecia estar louca e não fazia sentido viver daquela forma. Eu podia recomeçar, mas eu preferia atormentá-lo com a minha presença.

 

Descontrolada após mais uma briga, sai sem rumo e fui atropelada. Desencarnei tão louca e voltei para casa. Fiquei atormentando aquele homem por largos anos. A mente não permite que você enxergue nada de bom.

Eu acho que o que temos de mais importante na vida é a lucidez mental. Quando você realmente consegue refletir diante dos fatos da sua vida, das suas necessidades, consegue analisar suas potencialidades e oportunidades. Enfim, você reconhece o tempo e o espaço, mas eu estava tão perturbada que não conseguia perceber que estava desencarnada.

 

Pensar, refletir, ordenar minhas ações e sentimentos é algo maravilhoso e libertador. Aquele homem não me escravizou por causa do amor que eu, supostamente sentia por ele, pelo contrário, eu mesmo me aprisionei naquele sentimento doentio que só pode me fazer sofrer e estagnar o meu desenvolvimento.

As pessoas podem e devem ter sentimentos raciocinados. Se reconhecer e saber o que está sentindo, controlar estes sentimentos para que não sejam impulsivos e maléficos para si ou para o semelhante. Exercícios simples de como sentir e externar os sentimentos para não gerar agressões. Isso deve ser ensinado. Estou aprendendo isso tudo aqui e estou melhorando para que na próxima vida tudo seja mais favorável.

 

ELISA

02/07/2023

 

----Paula Alves---

 

“EU ME PERDI NA AMBIÇÃO”

 

Eu adorava aqueles aplausos e fotos. Como eu gostava de ser alguém conhecida...

Não me importava tanto com o dinheiro, mas ser famosa... Eu adorava quando me reconheciam nas ruas e me procuravam para dar autógrafos.

Para ficar sempre em evidência, muitas vezes, precisei inventar alguma notícia ou escândalo sobre a vida amorosa ou familiar. Mas, meus familiares e amigos já estavam acostumados comigo, ninguém ligava. Isso era bom para a publicidade e também porque, assim, as pessoas se lembravam dos meus trabalhos e eu era convidada para outros papéis.

 

Mas, infelizmente nós envelhecemos e, aos poucos, surgiram outras pessoas mais bonitas e interessantes. Eles se esqueceram de mim.

O problema da mente é que quando você cria situações, estas situações são criadas primeiramente na sua mente. Chegou num ponto que eu já não sabia definir o que realmente havia acontecido.

O problema do mentiroso é acreditar na sua própria mentira. É se perder naqueles acontecimentos e não ter lucidez para saber onde esteve e o que, de fato, aconteceu. Os familiares acharam estranho e me levaram ao médico. Ele disse que era problema de memória por causa da idade. Hoje em dia, chamam de Alzheimer. Mas, eu sei que foi culpa das minhas más ações para chamar a atenção dos repórteres e fãs.

Eu me perdi na ambição. Minha mente me pregou uma peça. No fim da vida, eu acreditei em todas as histórias que contei. Eu estava perdida e confusa. Já não sabia qual era minha real personalidade. Perdi a identificação de mim mesma. Coisas que eu dizia no teatro: “Eu posso ser quem eu quiser, faço com que todos acreditem!”

Eu mesma acreditei. Tantas personagens e eu não sabia mais quem eu era. É um luxo ter o controle mental. Conseguir chegar no auge da velhice e se lembrar de toda a vida que viveu. Ter compreensão de tudo o que ocorre ao seu redor. Ter ciência dos acontecimentos e poder aconselhar os mais jovens, ser respeitado por eles, é um mérito. Mas, eu tive atitudes de uma pessoa tresloucada a vida toda, eles nunca me respeitariam.

Cuidaram de mim até o fim. Depois de desencarnada, vaguei atormentada por meus delírios e visões que em grande parte faziam contexto com as novelas que participei, tudo criação mental.

Hoje estou bem, mas já compreendi o quanto a mente é delicada. A vida mais simples é incrível. A saúde mental é proveniente de pensamentos nobres, generosos, elevados. Pensar com delicadeza, desejar o que se pode ter com modéstia.

Viver o hoje. Não passear por muito tempo no passado, não almejar demais o futuro. Viver no presente, permitem uma vida mentalmente mais saudável. Não fantasiar, ser quem é. Aceitação de si mesmo reflete o equilíbrio mental. São pontos importantes a serem observados.

 

SUELI

02/07/2023

 

-----Paula Alves---

 

“EU ME PERDI NA INVEJA”

Tudo me incomodava, aquela família certinha demais, aquele casal amoroso, solidário, fraterno diante de todos, me irritavam.

Eu fiquei pensando o que podiam fazer se brigassem, se eles se separassem. Nunca poderia imaginar que, só de pensar, eu mandava energias tão negativas para eles.

Claro que ninguém percebia. Sempre tive atitudes tão delicadas, as pessoas jamais poderiam admitir que eu sentisse algum tipo de repulsa por eles. A questão é que, por mais que eu me sentisse incomodada e eles tivessem algum desentendimento, sempre estavam unidos e eu era obrigada a presenciar a união daqueles dois.

 

Aos poucos, passei a revelar a hostilidade e agir com certa reprimenda. Instintivamente algumas amigas vieram questionar sobre o que estava ocorrendo, mas eu não conseguia enxergar que estava perseguindo o casal.

A mente inverte os valores. Nem sempre podemos perceber o quanto estamos sendo equivocados diante do mundo e das pessoas. Eu demorei muito tempo para perceber o que estava fazendo.

A minha sorte foram estas amigas muito sensatas e delicadas com todos. Elas me conheciam há anos e notaram que eu estava diferente. Elas me fizeram compreender que eu estava sendo injusta e abriram meus olhos. Eu não percebi de pronto. Eu achava que o errado era o certo e pensei que isso deve acontecer aos montes.

Pensa bem: quantas vezes nós achamos que a nossa verdade é a verdade absoluta? Em muitos casos podemos acreditar que estamos fazendo o bem para todos, mas não conseguimos refletir que o que fazemos é prejudicial.

Isso vai acontecer sempre que as pessoas estiverem se conduzindo por sentimentos agressivos, criminosos, maléficos, sentimentos animados por orgulho e vaidade, no caso eu estava dominada pela inveja.

Quando percebi quase morri de vergonha. É difícil que alguém possa admitir que errou movido pela inveja, mas aconteceu comigo. Naquela época, eu procurei ajuda psicológica e foi muito bom. Depois eu pedi desculpas para o casal porque só perceber o erro não basta, precisa reparar a ação. O pedido de desculpas vale muito porque é admitir que errou e mostrar que se arrependeu. Depois disso tem que reparar, ou seja, no meu caso, enviar pensamentos cordiais, de amizade e nem pensar, em errar novamente.

 

Devemos vigiar nossos pensamentos. A pessoa correta tem muito o que fazer disciplinando a si mesma. Se esforçando para desenvolver-se e não tem tempo a perder cuidando da vida das outras pessoas. Se pode ajudar, faz tudo para isso, com o maior prazer, mas se não pode, simplesmente, cuida da sua vida. Isso ajuda a mantar a mente saudável e o coração liberto das mazelas morais.

 

KAREN 

02/07/2023


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