Cartas de Outubro (16)

                       



“NÓS NÃO PODEMOS NEGLIGENCIAR A EDUCAÇÃO DOS NOSSOS FILHOS”

 

Eu não suportava a presença deles. Só em saber que estavam indo me visitar, eu ficava sufocada.

Amava o meu filho, mas eu tinha que aturar a família dele, esposa e filhos pouco educados, mal comportados, intrusos e arredios.

Eu tentei diversas vezes me fazer de agradável, eu tentava facilitar a nossa convivência, mas era insuportável aquele convívio com pessoas tão diferentes de nós.

A verdade é que eu sempre amei o meu filho, mas ele e a esposa não se esforçavam muito para colocar limites em seus filhos e acabavam se tornando pessoas inconvenientes na sociedade. Não digo apenas por mim. Com o passar dos anos, percebi que eles não eram convidados para algumas reuniões, simplesmente porque incomodavam.

 

Eu senti a necessidade de me envolver, de comentar com eles o quanto aquelas crianças precisavam de educação e disciplina no convívio social, mas eles me agrediram e disseram que não aceitavam que se intrometessem na vida deles. Diziam que as crianças tinham que ter liberdade para crescerem fortes. Como assim?

Eu não entendi onde queriam chegar. Aqueles meninos falavam alto, diziam palavrões, corriam, pulavam, mexiam tudo e cansavam as pessoas com sua postura desenfreada e descontrolada.

Enquanto isso, os pais ficavam a vontade, bebendo e conversando com amigos e familiares. Por muitas vezes, eu vi o quanto estavam ansiosos, famintos, cansados e não recebiam dos pais o que necessitavam para controlar os ânimos. Era a educação do “tudo pode”. As malcriações eram estimuladas com risadas e aplausos, assim foram crescendo acreditando que desenvolviam o correto diante da autorização dos pais.

 

O tempo passou, todos nós envelhecemos e eles se tornaram jovens numa sociedade desajustada. Eles se envolveram com drogas e pequenos delitos que arrasaram com os corações dos pais que se desesperaram sem saber o que fazer, aí me procuraram.

Eu estava tão perdida. No decorrer daquelas vidas, era natural perceber que algo daria errado.

Crianças devem ser educadas, devem ter limites e cuidados, afeto, atenção, mas com disciplina, ordem e exemplos. Eu previa o futuro dos acontecimentos. Não desejava estar certa porque isso colocaria em risco toda a estabilidade familiar e, foi assim, que sucumbimos, todos nós.

Vi meu filho esmorecer diante dos golpes da vida, seus filhos arruinando nossa família e eles, os pais, se perguntando o que fizeram para receberem tudo aquilo, mas a grande verdade é que eles não fizeram nada, eles não cumpriram bem suas missões, não desenvolveram sua tutela com responsabilidade e prioridade.

 

Muitos pais, deixam a missão paternal relegada a segundo ou terceiro, quarto plano. Eles se envolvem com as seduções da vida, com as facilidades, com os passeios, as regalias, os prazeres e acham que os filhos se criam sozinhos, mas não é bem assim. Normalmente, a omissão dos pais vai prejudicar a eles próprios no futuro.

Meu neto mais velho desencarnou por overdose e o mais novo acabou preso. Eu culpo a omissão dos pais sim. Eu culpo a sociedade que faz delirar, que alucina, culpo a mim mesma que não ensinei ao meu filho o quanto temos que estar atentos aos cuidados infantis na mais tenra idade.

Pai e mãe que olha para o berço e acha que o filho é todo perfeito se engana muito e perde tempo na educação edificante. Perceber o filho como ser em evolução que necessita de cuidados integrais, apoio, afeição, isso é priorizar a missão paternal e maternal para progresso de todos. Nós não podemos negligenciar a educação dos nossos filhos. JOSEFA

23/10/2021

                ------Paula Alves---

 

“CERTAMENTE FOI O AMOR QUE ME FEZ CURAR AQUELE CÂNCER”

 

Eu esclareci a ela que não precisava se preocupar porque eu estava bem. Eu não queria que ela ficasse enclausurada em minha casa e deixasse seus compromissos com a família de lado, afinal ela tinha uma criança pequena, mas minha filha foi exemplar.

Quando a Clara descobriu que eu estava com câncer, senti que o mundo dela ficou cinza. Nós sempre tivemos nossas pendências, eu sentia mais afinidade com meu filho e, por diversas ocasiões, notei que ela ficava enciumada, mas eu não sabia o que fazer.

A verdade é que o afeto que eu nutria por meu mais velho era diferente, completamente especial. Eu não conseguia disfarçar porque meus olhos brilhavam quando ele entrava no recinto e, ela ficava desconcertada.

Além disso, tínhamos pequenas desavenças, sempre discordando, discutindo, foi um relacionamento estranho, até ali...

Depois do câncer tudo mudou. Foi como se ela fizesse das tripas coração para me compreender, para me tolerar e aceitar minhas escolhas. Eu vi que a mudança foi dela e não minha, impressionante!

Para não discutir, ela respirava fundo e ia para o jardim, depois voltava renovada, com sorriso nos lábios, começava a argumentar novamente e aceitava minha posição.

Eu achei aquilo de uma nobreza moral incrível. Só aí percebi o amor que ela nutria por mim, cedendo a vez, concedendo a oportunidade de me colocar como “a certa”.

 

Eu precisei mudar para ser grata. Eu estava fazendo os tratamentos, eu sentia dor e exaustão, mas eu precisava suportar por eles, por ela, que havia mudado por minha causa.

Eu comecei a fazer a mesma coisa, respirar fundo e ceder a vez. Para mim, aquela modificação foi tão importante que, por instantes, esqueci da doença.

Eu precisava beneficiar minha filha pelo amor que ela estava me ofertando. Então, brotou em nós uma bela amizade e meu entusiasmo voltou do nada. Eu estava doente, mas me sentia viva, feliz, animada para seguir em frente, então, tratei de viver, comemorar, fazer coisas novas e nobres, ajudar, trabalhar pelo semelhante, eu aprendi tanto...

 

Quando retornei para os exames, o câncer estava controlado e fiz a cirurgia. Eu vivi bem por mais trinta anos. Nem acreditei quando o médico me falou que eu estava curada.

É possível? Por amor! Certamente foi o amor que me fez curar aquele câncer.

Chegando aqui, ouvi uma paciente dizer:

- Grande coisa, morreu do mesmo jeito.

É verdade. Mas, se a morte não existe e eu sei que não existe porque estou me manifestando como viva. Foi uma oportunidade maravilhosa ter recebido mais trinta anos para conviver com eles, para socializar e trabalhar em função dos outros, para melhorar em todos os aspectos.

Eu podia ter morrido de câncer, mas eu me curei pelo amor que comecei a nutrir pela Clara e aprendi muitas coisas que me transformaram. Quando eu cheguei aqui, já estava tão diferente, agradecida, de consciência renovada e limpa de coração. Façam o exame e cuidem-se. Nós podemos melhorar.

ALCIONE

23/10/2021

                ------Paula Alves-------

 

“FOI IMPRESSIONANTE A CONVERSÃO”

 

Aquela criatura me tirava o fôlego. Foi como se eu passasse a viver em função dela e nada mais.

Eu não imaginei que a maternidade ia me cobrar tanto. Eu não tinha tempo para mim e para sanar minhas necessidades de mulher. De repente, eu me olhei no espelho e vi um espectro de quem fui. Nem de longe aquela mulher vaidosa e bem arrumada.

Se eu conseguisse tomar um banho, era a glória. Descabelada, mal dormida, unhas por fazer, enfim, nem de longe aquelas necessidades femininas e as pessoas ainda insistiam em dizer que eu estava errada. Você acha que alguém oferece ajuda?

Eu só queria umas horas a mais para dormir...

Mas, o tempo passava ligeiro, gracioso. Eu via minha filha crescer e quanto mais me esforçava para colocá-la no bom caminho, mais eu via o quanto ela era leviana. Desde pequena, mentirosa, ardilosa, manipuladora e fascinante.

 Daquelas pequenas criaturas que conseguem o que desejam porque sabem sorrir e fazer piadinhas. Ela ganhava qualquer um e, por algum tempo, tentou colocar o pai contra mim.

Eu percebi tudo, eu notei e segui educando, de olho, sem deixar escapar nada.

Lia o Evangelho e ela fingia não ouvir, reclamava de ir à igreja, provocava as pessoas, foi repreendida pelo padre e tinha motivos para não ir à missa, o pai defendeu. Eu estava tão cansada, mas não desanimei.

Assim, tem gente que desiste, mas eu não podia desistir porque dentro de mim, existia muito amor por ela. Eu tinha um dever a cumprir, sentia que, se não modificasse a consciência dela em relação ao bem e ao mal, eu teria perdido meu tempo, a minha vida.

Foi de manso, depois de muitos anos, orientando, corrigindo e conversando. Foi demonstrando o meu amor e agindo de forma irrepreensível que ela se modificou. Foi impressionante a conversão.

Amanda se tornou catequista e evangelizou por muitos anos. Minha filha se transformou numa mulher amorosa e valorosa como poucas existem por aí. Foi a glória do Senhor.

 

Depois dos vinte anos, ela me ajudou a reencontrar a mulher que eu perdi, eu mesma. Minha filha me incentivou a cuidar da aparência, lembrar de mim. Eu disse a ela que eu estava satisfeita porque quando nos tornamos mães, a maior felicidade é ver que seu trabalho foi bem concluído. Isso pode ser avaliado pelas obras do seu filho no mundo. Avaliando se ele espalha o bem e o amor.

A Amanda espalhava o bem e o amor por onde passava e eu estava me sentindo em paz. É isso o que importa.

CLAUDETE

23/10/2021

  ------Paula alves------

 

“EU QUIS TE FAZER FELIZ E ME ESFORCEI PARA ISSO MÃE”

 Disseram que eu estava louca. Que o menino podia escolher o caminho porque ele já era um rapaz, mas eu não aceitei e fechei as portas da casa, impedindo que ele saísse.

Eu tinha um amor enorme no meu peito. Fiz de tudo para dar sustento e boas noções morais, mas não consegui.

Por muito tempo, eu me culpei e culpei o pai dele que nos abandonou. Eu pensei que não fosse uma boa esposa e mãe, não consegui segurar meu marido ao meu lado, um fracasso de mulher.

Mas, meu filho precisava de mim, então, eu trabalhava até tarde para pagar aluguel e pôr comida em casa. Foram tantas, as vezes que me senti humilhada, desprezada pela sociedade: “mãe solteira não presta”, “por que será que o marido a deixou?” 

 Eu não sei se as pessoas fazem de propósito ou sai sem querer aquela conversa de mau gosto bem na hora que você se aproxima delas...

Quantas vezes ele não teve que ficar com os avós para que eu pudesse trabalhar até tarde? Quantas vezes ele não ouviu gracinhas dentro de nossa casa, dos próprios parentes?

Mas, quando o Afonso resolveu se envolver com os delituosos do bairro, ele me irritou pra valer. Eu aguentei tudo, eu trabalhei de forma incansável, mas não podia deixar tudo se perder por facilitações. Eu não podia permitir que meu filho se perdesse.

 Então, eu tranquei o garoto em casa, falei de trabalho e dificuldade, disse sobre relacionamento e do quanto eu estava cansada de ser só. Eu pedi ajuda, eu falei de forma sincera, expus a ele que um filho marginal não resolveria os meus problemas, eu precisava que ele fosse decente e trabalhador. Eu merecia um filho decente e digno, isso era o que eu desejava e era isso o que eu ia ter da vida, um bom filho.

- Eu repreendo! Abro mão deste filho tranqueira, cheio de artimanhas e abusos. Eu não aceito isso para a sua vida, filho de Deus. Fica aí para pensar na vida. Você vai sair quando souber andar no mundo.

Daí os meus parentes falaram que eu estava mantendo-o no cárcere. Como assim? Eu era a mãe dele e não permitia que ele virasse criminoso. Mas, falaram tanto na minha cabeça que me arrependi e resolvi implorar para Deus cuidar dele porque a porta tinha que ser aberta. Eu chorei desesperada, mas quando cheguei em casa, me surpreendi.

Estava meu filho ajoelhado, orando. Ele me abraçou e disse que eu jamais falaria daquele assunto porque daquele dia em diante ele seria o homem da casa.

Nossa! Eu nem entendi qual parte tocou tanto no garoto, mas foi mesmo. Ele saiu e voltou com emprego, ia trabalhar no armazém.

Dai em diante, meu filho nunca mais me deu trabalho, pelo contrário, os empregos foram melhorando, estudou, se formou, constituiu família. Tudo maravilhoso. Independente financeiramente, responsável, educado e amoroso comigo. Cuidou de mim a vida toda. Filho decente!

Antes de partir, perguntei o que foi que eu disse que mudou tudo. Ele falou:

- Não foi o que a senhora disse. Foi como a senhora disse. Eu senti tudo mãe. Eu senti seu desespero, seu amor por mim, sua inconformação. A senhora não precisava sofrer também por minha causa porque eu sempre te amei e quem ama deseja o bem do outro. Eu quis te fazer feliz e me esforcei para isso mãe.

Eu entendi, ele sentiu. Então, não adianta falar, berrar, esbravejar. Você tem que despertar o sentimento do seu filho. Isso só se consegue com franqueza e sinceridade nos atos e palavras. Você também consegue!

SÔNIA

23/10/2021

 --------Paula Alves-----------



“BENDITAS SÃO AS PESSOAS QUE NOS ENSINAM COM AMOR E LEVAM O CONHECIMENTO”

 

Eu ouvia a leitura e me surpreendia com todas as coisas que tiraram daquele livro tão grosso.

Quando a sinhá lia para os seus filhos, eu lentificava minhas tarefas para acompanhar o que ela lia e me sentia humilhado diante de tanta sabedoria.

Eu queria ler. Eu queria tanto conhecer as letras e ter compreensão delas, mas para mim, elas não significavam nada.

Eu passei dias me perguntando como podia ser tão ignorante e sentir vontade de ter compreensão daquelas letrinhas.

Eu soube que o livro era sagrado e dizia muitas coisas sobre fé, sobre Deus e um tal Jesus considerado “O Salvador”.

Eu ouvi e me emocionei porque também queria segui-lo, entendê-lo, eu quis me apropriar dos seus ensinamentos, mas eu não sabia ler.

Foi assim, naquela vida de escravo. Foi assim, em muitas vidas como analfabeto.

Depois de valorizar as letras e o estudo, eu pude voltar numa família simples, mas que poderia frequentar a escola. Que maravilha! Estudar é bom demais!

Benditas são as pessoas que nos ensinam com amor e levam o conhecimento, desde a mais tenra idade. Abençoadas são as pessoas que lecionam com empenho, pois sabem o quanto é imprescindível saber ler e escrever para que o desenvolvimento possa ser completo, integral.


Eu estudei o máximo que pude, mas não foi o suficiente para ter um diploma, nesta vida, eu trabalhei muito duro, mas já tinha a possibilidade de ler alguns livros que me fascinavam e a Bíblia me encantava todos os dias.

Em minha última existência pude ser professor. Eu sou muito grato. Estudei e trabalhei muito fornecendo leitura e aprendizado. Eu amo os livros e meus alunos me faziam feliz porque aprenderam o encanto das palavras e a necessidade do estudo e da aplicação do saber.

Compreendo quantas são as dificuldades nos dias de hoje, quantos percalços e frustrações que envolvem os trabalhadores no campo da educação, porém, educar é missão, compromisso dos mais proveitosos para Espíritos em evolução porque doamos saber, mas acima de tudo, posicionamento social. Cada professor age como líder da sociedade em que atua, líder de um pequeno grupo que pode tê-lo como exemplo de vida, por isso, é grande o dever do professor.

Ele deve se preocupar, não apenas com o que ensina, mas como se comporta, qual a postura que manifesta na sociedade.

Professor consciente trabalha mobilizando mentes em prol da melhoria social. Professor consciente fala, disciplina, incentiva no bem, no progresso, no bem estar geral.

Professor consciente ama sua tarefa de lecionar, educar e conduzir. Jamais se queixando, por mais árdua que sua tarefa pareça ser. Porque é abençoada oportunidade de servir em nome de Deus, conduzindo crianças e jovens para um caminho melhor.

Lembrando que, aquele que distribui sorrisos, distribui esperança.

FERNANDO

16/10/2021


               ----------Paula Alves--------


“QUANTO AS PESSOAS PRECISAM DE ESCLARECIMENTO, PORQUE ISSO, LIBERTA”

 

Dor de cabeça que deixava louca. Eu vivia inquieta, falava com ela, mas os compromissos não podiam esperar e minha mãe falava que eu fazia de tudo para chamar a atenção.

Eu não queria me expor, não tinha habilidade para falar com pessoas que não estavam no meu convívio. Eu me sentia sozinha.

Acho que meus pais podiam ter dado mais atenção. Naquela fase da minha vida era difícil argumentar, refletir, pensar que eles tinham seus motivos para estarem ausentes. Eu queria atenção, mas a dor era real.

Foi aí que o desmaio apareceu e minha professora ficou desesperada. Ela foi tão legal comigo. Eu vi nos olhos dela que queria me ajudar, então, eu falei o que estava vivenciando, sobre as dores de cabeça e a ausência dos meus pais.

A professora agiu rápido, ligou para os meus pais e tomou minha defesa, mas para minha surpresa, minha mãe se indignou e bateu na minha professora. Ela levou a mão ao rosto e chorou constrangida, ela não esperava pelo acesso de fúria da mãe.

 

Eu fiquei com tanta vergonha! Como ela pode? A Dona Marlene foi a única que se preocupou comigo, a única que me ouviu.

Eu bem que entendo porque algumas pessoas preferem não se envolverem nos problemas dos outros. Entendo porque elas ficam distantes e deixam que os outros resolvam suas vidas para não se machucarem, não se estressarem.

Mas, eu precisava de alguém e minha mãe se sentiu ofendida porque a professora me defendia como se falasse que ela era uma péssima mãe.

Dona Marlene enxugou as lágrimas e continuou conversando, eu nem acreditei. Ela falou que não sabia o quanto minha mãe também precisava de ajuda. A mulher foi muito indulgente e sensata. Ela não culpou minha mãe, pelo contrário, após o primeiro choque, ela tentou nos ajudar, todos nós.

Minha mãe falou com ela em particular, após algumas semanas, minha mãe foi encaminhada ao médico e eu também, tudo por causa da professora.

 

A mãe estava com depressão, precisou tomar remédio e tudo, depois de um tempo estava bem melhor, mas eu...

Eu tinha um tumor, por isso, as dores tão intensas. Vivi alguns anos, tive uma convivência pacífica com meus pais, recebi apoio.

O mais interessante é que dona Marlene foi uma irmã para mim, levava as lições lá em casa e me ouvia com muita delicadeza, ela me falou sobre a imortalidade da alma, sobre o amor de Deus por nós, amor infinito.

Eu estava tão calma e satisfeita, quase feliz. Me entreguei ao momento que a espiritualidade traçou para mim e me soltei daquele corpo que não aguentava mais, tudo graças a dona Marlene que me esclareceu.

Daí, eu entendi o quanto as pessoas precisam de esclarecimento, porque isso, liberta.

CLEO 

16/10/2021

        --Paula Alves--

 

“FAÇAM O EXAME PREVENTIVO DE MAMAS E UTILIZEM SUAS MAMAS PARA AMAR”

 

Eu não quis amamentar. Doia demais. Tentei nos primeiros dias, mas o Alfredo (meu primogênito) não tinha paciência, ele chorava e mostrava para todos o quanto eu era incapaz de saciar sua fome, então, achei melhor dar a mamadeira.

Na verdade, sempre achei tolice porque ele judiava de mim mamando no peito, queria leite toda hora, chorava e isso me deixava exausta, eu brincava dizendo que não era vaca leiteira. O menino precisava de mamadeira para dormir a noite toda.

 

Parecia até castigo. Depois de três filhos, eu estava quase que invicta na amamentação. Já não dava mais peito, nem nos primeiros dias. Minha sogra ficava horrorizada porque dizia que era um absurdo tanto leite jogado fora e o menino mamar na mamadeira aquele leite industrializado, caro! Pra quê, se eu tinha tanto leite? As mamas pesadas, inchadas, vazando na roupa e o bebê querendo leite.

Me falavam do afeto, de tudo o que podemos ofertar durante a amamentação, mas eu achava tudo bobagem. Eu não tinha paciência de ficar ali sentada com tanta coisa para fazer e o afeto eu já tinha doado em toda a gravidez, eu era mãe e cuidaria dele por muitos anos, não precisava me desgastar com mamadas.

Mas, as crianças sofriam com intestinos presos, cólicas e pequenas viroses que sempre os mandava para o hospital. Necessitaram de internações e eram fraquinhos. Minha sogra sempre dizia que era porque eu não tinha doado os anticorpos do leite e eu ria, falava que ela sempre arrumava um motivo para me culpar.

Eu estava tão jovem quando descobri o câncer. Foi um arraso! Veio de forma rápida, cruel, acabou comigo.

Não tinha mais jeito de tratar e eu tinha que pensar na morte estando viva.

Acho que é a pior forma de morrer. Quando a morte é rápida por acidente ou sei lá, uma doença que logo acaba com tudo, você não tem tanto tempo para esperar pelo fim, mas eu contei os minutos.

Eu sabia que estava definhando e isso é bem triste. Eu tive tempo de pensar em tudo o que fiz, tive tempo para me arrepender.

 Eu olhava para meus filhos, mocinhos e pensava que podia ter feito mais por eles, eu podia ter me doado mais, ter estabelecido um contato afetivo que eles poderiam se lembrar para sempre, desde a oferta do leite materno até todas as outras coisas, sabe?

Eu fui daquelas mães que se colocam em primeiro lugar. Eu achava um absurdo se desgastar muito com crianças, colocar para dormir na cama dos pais, perder noites de sono, se sacrificar pelo filho, essas coisas de mãe, eu falava que são mães bobas.

Eu estava errada. A mulher que deseja ser mãe e recebe um filho deve ser grata para sempre e fazer tudo o que estiver ao seu alcance para que ele tenha pleno conforto e bem estar, deve fornecer segurança integral, educação moral, disciplinar, formadora de caráter.

Eu podia ter perdido noites de sono com eles nos meus braços, podia ter acalmado as cólicas, mas eu disse que podiam chorar no berço para compreender que precisam se acalmar sozinhos.

Eu precisava me acalmar sozinha e não conseguia, daí meu filho de dez anos chegou pertinho de mim e disse:

- Você não está sozinha, eu estou com você – ele me abraçou com tanto carinho.

Eu entendi o quanto é importante receber o aconchego, o colo, o apoio. Eu não fui esta mãe para os meus filhos. Minhas mamas não nutriram, eu não fui heroína, mas aprendi antes de desencarnar o quanto a família é bem precioso.

Façam o exame preventivo de mamas e utilizem suas mamas para amar.

CLEIDE

16/10/2021

 

---------------------Paula Alves-----------

 

“SE OS PAIS FIZESSEM DE TUDO PARA NOS APROXIMAR, TALVEZ...”

 

 Eu estava bêbado, mas de plena consciência dos meus atos.

Aquele homem sempre foi uma pedra no meu caminho. Casou com a Toninha, enricou na lavoura, nem por um minuto nos auxiliou, pelo contrário, fazia chacota de nós.

Eu quebrei a garrafa e poderia cortar o pescoço dele se Isabel não tivesse interferido.

Eu não tinha amor por aquele irmão porque entre nós existia a rivalidade, a competição. Por que os pais viviam a compará-lo comigo?

Por que, desde crianças, ele sempre foi o melhor?

Eu poderia falar de vidas passadas e argumentar que éramos rivais de outros tempos, com antecedentes de morte e tudo, mas acho que não vem ao caso.

Se os pais fizessem de tudo para nos unir, talvez...

Se os pais fizessem de tudo para nos aproximar, talvez...

Mas, eles incentivaram a disputa e me deixaram sempre por baixo. Eu fui embora, mas não deu certo em outra cidade. Voltei e pedi guarida pro pai que riu e falou que eu não chegava nos pés de Jeremias. Vixe! Pra quê falar daquele malandro?

A questão foi dificultando nossa vida até que ele precisou de transplante. Eu nem tinha estudo e não entendi quando falaram que os irmãos tinham que fazer teste para doador.

 Mas, que história é essa? Então, o dinheiro não paga tudo? Acho que tem gente que faz absurdos para ter um órgão, tem sim, mas meu irmão preferiu pedir para a família, afinal quatorze irmãos...

Eu nem me mexi, imagina! No meio dos treze, ele ia achar alguém, nem fiz o teste, não dei confiança e não me importei porque não achei que fosse tão grave, mas o Jeremias estava cada vez pior, tinha gente achando que não ia dar tempo de transplantar. Fígado!

Nenhum dos treze foi compatível. Eita! Só podia ser por Deus mesmo.

A coisa era comigo. Nós dois éramos tão diferentes e iguaizinhos, só nós dois. Difícil de acreditar que aquele irmão precisaria de mim para salvar sua vida e eu não quis doar. Eu não quis. Eu falei para mim mesmo que não doaria o menor pedaço de mim para ajudar aquele malandro. Mas, a justiça é muito perfeita!

Eu sonhei que sofria um acidente e morria, depois disso, tiravam meu fígado e entregavam para ele viver. Quando acordei, soube direitinho que Deus me enviava uma mensagem para eu cuidar do meu irmão que é, também, filho d’Ele.

 

Eu doei uma parte do fígado para o meu irmão, depois disso, ele me agradeceu tanto, disse que não imaginava que eu faria este sacrifício por ele. Mal sabe ele que foi tudo em nome de Deus.

Mas, valeu para ele me pedir perdão e me tratar diferente. Eu em senti mal, com a consciência pesada e perdoei, expliquei meus motivos para doar e também pedi perdão. Falei que queria deixar tudo para trás e viver em paz com ele. Deu certo.

Nós sempre temos que buscar motivos para pacificar as relações em nome de Deus que não quer que Seus filhos sejam rivais.

CÍCERO JOSÉ     

16/10/2021

 -----Paula Alves-----



 “MARIA FEZ DE MIM UM NOVO HOMEM”                                                        

Eu tinha consciência de que o caminho era árduo e de que não estava na melhor forma física. Imagina! Ainda mais depois daquele acidente que quase me custou a vida, mas eu precisava pagar minha promessa.

Ela me salvou. Foi o amor da Virgem que me fez ficar em pé novamente e eu precisava dedicar os meus dias a ela.

Eu me preparei para seguir viagem. Dois dias de caminhada, tempo integral, debaixo de sol ou chuva, tendo o Senhor para me amparar e dar forças para resistir ao cansaço ou solidão.

Eu não podia fraquejar porque aquilo era o meu exemplo de gratidão por tudo o que eu havia recebido de Nossa Senhora.

 

 

Quando eu sofri o acidente achei que fosse morrer. Eu tinha discernimento sobre tudo o que ocorreu comigo. O acidente com o caminhão, a pista escorregadia, o veículo tombou e eu fiquei com as pernas presas. Naquele instante, imaginei que ficaria sem minhas pernas.

Minha esposa sofreu demais e orou. Eu não era devoto, confesso que não tinha fé suficiente para nada, mas minha esposa orou de forma tão fervorosa, ela me ensinou a sentir fé, ela me ensinou a orar.

 Acho que Deus coloca tudo no nosso caminho. Ele colocou as circunstâncias certas, o acidente para me trazer para o caminho da redenção, ele colocou a Cecília para me ensinar a ter fé e acreditar que minhas pernas não seriam sacrificadas por toda imprudência que tive nos anos pregressos.

Cecília orava para Nossa Senhora, ela sempre foi devota. Todos os acontecimentos marcantes de nossa vida eram elevados à santa. Minha esposa acreditava em seu amparo e amor.

Depois de tudo aquilo, eu deixei que a fé de Cecília me conduzisse e me entreguei à glória da mãe Maria. Eu pedi de todo o meu coração, pedi que Maria me amparasse e protegesse minhas pernas, assim, eu senti dentro de mim uma transformação real, uma modificação de alma.

 

A partir daquele momento, eu firmei um propósito de vida, se minhas pernas se curassem eu seria um homem renovado, dedicaria minha vida a minha família amada e as tarefas assistenciais que minha esposa orientasse, já que ela sempre foi serva atuante.

Maria fez de mim um novo homem, minhas pernas ganharam vida e eu também, vida nova. Eu precisava aparecer renovado aos pés da santa e minha romaria foi necessária para que eu voltasse para casa como odre novo.

A peregrinação foi exaustiva, por todo caminho percorrido, muitas indagações, muitas lembranças. Foi como se eu, a cada passo, fosse me libertando daquele homem degenerado e ambicioso, ser egoísta e mesquinho. Eu fui deixando aquela vida para trás e me convertendo como servo de Maria.

 

Cheguei aos pés da santa com bolhas nos meus pés, sedento, faminto, copioso. Me ajoelhei e pedi perdão por todas as vezes que ri da Cecília, zombei da sua fé. Eu soube que seria discriminado, que muitos me apontariam daquela fase em diante, mas eu pedi que ela me considerasse pelo que havia me tornado e pedi perdão.

Eu recebi alimentos de outros irmãos romeiros, pessoas pecadoras como eu, pessoas que se arrependeram e se propunham iniciar nova vida em nome de Maria.

Eu cumpri a promessa. A partir dali foi trabalho árduo, trabalho de servir o próximo ao lado de Cecília. Todos os dias agradecendo a benção que foi concedida por Maria para que eu tivesse novamente os meus passos e me tornasse uma pessoa melhor. Gratidão.

VAGNER

10/10/2021

 

                              Paula Alves

 







“ERA O BRILHO DA FÉ E DO AMOR DE MARIA INSTALADO NAQUELAS PESSOAS”

 

 Minha mãe era tudo para mim. Ela dizia que sua vida foi salva pela Virgem Maria e que precisava pagar a promessa de chegar aos pés da santa após a peregrinação, mas ela ainda estava com a saúde debilitada, como eu poderia permitir que minha amada mãe participasse da romaria, naquela idade, depois da cirurgia.

 

Eu conversei com ela, pedi que pudesse ir no seu lugar. Foi estranho pra mim porque eu não era religiosa, mas se eu precisava fazer aquele sacrifício para poupar a minha mãe, seria feito.

Eu bem que pensei em facilitar um pouco as coisas. Pensei em fazer apenas um pequeno percurso, para deixar minha mãe em paz, mas eu não pude, a minha consciência não me permitiu mentir.

Minha mãe conversou com Maria em suas preces, ela fez a troca, eu iria em seu lugar. Minha mãe me beijou e abençoou para que a travessia fosse segura e que eu chegasse em paz. Parti com meu esposo me amparando, ele seguia de automóvel e estava perto, caso eu precisasse desistir.

Não imaginei que encontraria tanta gente, tantas histórias, tantos relatos de fé e milagres em nome de Maria.

Em cada pessoa eu via o brilho do amor nobre e incondicional de uma mãe, eu via a modificação sincera e pessoal. Eu não pensei que existia tanta gente boa. Eu não senti o caminho passar. É claro que me cansei, mas a vida foi se tornando tão diferente.

Sempre amei minha mãe, eu via nela algo diferente, algo naturalmente radiante que não encontra aos montes por aí, mas naquele dia, eu vi este brilho em muitas outras pessoas. Era o brilho da fé e do amor de Maria instalado naquelas pessoas.

Eu via o quanto elas marchavam felizes, dispostas a servir com gratidão e eu quis aquele brilho para mim, eu quis acreditar, eu quis me converter.

Digo que aquela peregrinação foi muito mais do que pagar uma promessa, foi a transformação da minha vida.

Eu não precisei enganar a minha mãe, cheguei renovada aos pés da santa. Eu estive na basílica muitas vezes ao lado de mamãe, mas naquele dia, eu olhei para o local de forma muito diferente, eu me emocionei realmente, eu chorei.

Tinha tantos motivos para agradecer. Agradecer a salvação da minha mãe, a minha vida, a vida do meu esposo, meu trabalho, meus amigos leais, meu lar, minha saúde, enfim, eu só pensava em agradecer.

Foi incrível como eu pude perceber as coisas mais importantes da vida, parecia que um véu estava sendo retirado dos meus olhos, foi maravilhoso.

Anos depois, minha mãe partiu. Retornei aos pés da santa para agradecer pelo tempo que passamos juntas e por tudo o que aprendi com ela.

Os anos que se seguiram foi de empenho e desenvolvimento. Eu me entreguei aos trabalhos sociais, me tornei mãe, enfim, aprendi muito, me modifiquei bastante em nome da fé. Graças a Deus e a Virgem Maria.

BÁRBARA

10/10/2021

               Paula Alves

 



“EU DARIA TUDO PARA SER AMADA”

 

Deixai vir a mim as criancinhas! Disse o Mestre que as crianças são o exemplo para quem quer entrar no Reino dos Céus, mas será que estamos tratando bem das crianças?

Por toda parte eu vi negligência e crueldade. Não queria pensar que as coisas serão sempre assim, mas a verdade que me machuca é esta.

Tenho medo de reencarnar e pensar que posso ser maltratada. Claro, todos nós temos assuntos mal resolvidos, temos dívidas que devem ser pagas, por isso, o meu receio.

Não está nos meus planos sofrer crueldade, mas tudo pode acontecer porque não depende só de mim.

 

Eu tenho ouvido falar de crimes praticados contra as crianças. Eu sei o que as mães fazem.

Será que eu serei bem acolhida por ela, aquela que muito me puniu no passado?

Eu queria que ela formalizasse o que tratamos aqui. Eu queria ser bem recebida, que o amor nascesse assim que ela me sentisse no seu ventre, queria que ela deixasse os erros do passado para trás e me cuidasse com carinho, ofertando seu colo maternal, seu amor.

Tudo o que eu queria é que ela percebesse os meus maus hábitos e com doçura eliminasse um por um. Eu não queria surras, tapas que não podem ser medidos ou suavizados na hora da raiva, queria compreensão e indulgência.

 

Tenho medo que ela, ao invés, de investir nas agressões físicas, me exponha às agressões morais, as humilhações diante de todos que vão me constranger e piorar as sensações de pânico e vergonha.

Não sei se poderia suportar a solidão, o medo ou o autoritarismo dos pais novamente. Em outras circunstâncias eu errei abandonando a própria vida.

Tenho tanto para falar, tenho sonhos, tenho sentimentos que podem ser estimulados, eu quero tanto melhorar. Sei que podemos iniciar uma amizade e eu serei eternamente grata por suas doações de afeto e assistência moral.

Eu preciso sim, de educação enobrecedora, eu preciso de disciplina e tenho que conhecer o Evangelho, queria tanto descobrir Jesus.

Eu serei criança novamente e tenho medo de sofrer, mas preciso me entregar à família, preciso confiar neles. Eu tenho que tentar.

Digo sinceramente, o que precisamos não é de brinquedos caros, não é sermos vistos como bibelôs, mas termos o amor que salva e coloca no bom caminho. Eu daria tudo para ser amada.

BEATRIZ

10/10/2021

 

                                                             Paula Alves

 


“DEUS ALIVIOU MEUS DIAS E ME RECOLHEU”

 

Caí e não acreditei que ele seria capaz de me ferir, mas feriu e foi inevitável.

Eu confiei neles. Depositei todas as minhas esperanças naquele relacionamento que traçamos antes de reencarnar.

Eles pareciam tão sinceros, honestos e leais. Diziam que seríamos felizes e faríamos tudo, uns pelos outros. Eles fizeram planos e consideraram que retornaríamos jubilosos, seria muito fácil porque eles compreenderam meus erros e até simpatizavam comigo.

Eu confiei, fiquei feliz. Aguardei o momento esperado e parti.

 Mas, tão logo estive em contato com eles, as coisas eram muito diferentes. Eu sempre implorei afeto. Desde novinha, eu sentia o quanto eles me rejeitavam. Sabe quando você implora por atenção?

As brigas começaram, eu ouvia quando eles diziam que a vida se tornou muito difícil após a minha chegada, enfim, eles se arrependeram do casamento e do meu nascimento também, mas não havia como modificar a situação.

Eu até pensei que eles insistiriam para manter a família unida, mas não. Em pouco tempo, tudo foi arranjado e eles se separaram.

Eu sofri, minha mãe ficava muito nervosa e eu quase não via meu pai. Não havia motivos para me ver, ele não gostava de mim. Distante, ficou impossível a renovação do sentimento, ele não aprendeu a me amar. Apenas pagava pelas despesas, pelos encargos assumidos por ser meu genitor, compromisso assumido com a sociedade.

 

A mãe perdia a paciência e me espancava, eu sofria calada até ela cansar e me deixar de lado, era melhor. Ela também não esqueceu dos erros que cometi e me castigava, enquanto eu não tinha tamanho para me defender. Franzina, com fome e mal vestida, ela batia com força e amargura.

Foi aí que arrumaram cônjuges, ambos se casaram novamente e tiveram outros filhos. Eu era aquela que ninguém queria, a rejeitada. Mas, foi fácil ver o quanto podiam defender suas proles. Defender de mim.

Juro que eu estava empenhada, jamais passou em minha mente ser maldosa com eles. Eu me comprometi e tinha intenção de sair vitoriosa, aguentaria tudo calada para ser libertada de tudo o que cometi no passado.

Eu estava na casa do meu pai, aniversário do meu irmão menor. Ele brigava comigo porque queria mais sorvete, mas minha madrasta disse que ele não podia, então, eu falei que não, meu pai só escutou isso e bastou para se virar contra mim.

Ele me agarrou pela garganta com tanta força, sei que foi o ímpeto do passado, foi a vontade do revide. Quando ele me atirou na grade de proteção parecia que o destino estava agindo contra nós, mas na verdade, foi a minha libertação.

Acho que ele não fez de propósito, ele nem pensou. Estava agitado, irritado por eu estar ali e apenas revidou, sem pensar.

 

Para mim, foi o ponto final. Eu já estava no limite. Quinze anos sabendo que eu não era querida, padecendo a dor moral, sendo entregue a própria sorte. Se não fosse desta forma, seria de outra, mas seria muito pior. Deus aliviou meus dias e me recolheu. Eu nem senti. Fui retirada antes, a benção do amor do Pai que se apresenta diante de nós, nos minutos finais.

Não guardo mágoas, cada um dá o que tem e eles não tinham nada para me dar. Foi assim que nos entendemos, ou melhor, nos agarramos outra vez porque eu já soube que teremos que ressarcir a dívida novamente.

Meu pai não foi penalizado na Lei dos homens, ficou como um acidente.

Na Lei de Deus será inevitável, a colheita é obrigatória, mas eu melhorei muito após analisar todos os fatos e farei de tudo para minimizar o sofrimento cuidando dele com muito amor.

JÉSSICA

10/10/2021

                                           ----------------------Paula Alves----------------------




“ESPERO QUE MEU RELATO AJUDE OUTRAS MULHERES”

 

Eu nunca me preocupei com estas coisas. Achava desnecessário perder meu tempo com exames na minha idade. Eu sempre tive uma saúde excelente, jovem, praticava exercícios regularmente e me alimentava muito bem. Minha saúde era evidente.

Algumas tias me perguntaram se eu não tinha que fazer exames preventivos, mas eu ria dizendo que ainda não tinha chegado o momento de me preocupar com estas questões.

O fato é que fui vivendo minha vida cheia de ânimo e nem me dei conta de quando o nódulo apareceu.

 

Um dia, estava eu tomando banho quando notei um caroço, eu nem quis examinar, fiquei com pavor, aquilo me indignou, imagina! Na minha idade, com a minha saúde, passar por um transtorno destes...

Deixei para lá, não comentei com ninguém.

Foram tantas as vezes que meu esposo me pediu um filho. Mas, eu dizia que a maternidade poderia esperar até que eu concluísse meu mestrado, até que eu estivesse pronta para interromper meu desempenho profissional para me dedicar exclusivamente a alguém. Vou confessar que eu pensava em outras coisas. Eu não queria um filho para preencher minha vida com obrigações e sacrifícios. Eu não queria que meu corpo ficasse deformado pela maternidade. Eu ainda não me sentia preparada para ser mãe.

 

De fato, eu era deveras vaidosa, muito egoísta. Eu fui daquelas que só pensa em si, adora ser bela e não pode suportar a ideia de envelhecer ou de ver seu corpo deteriorando. Triste realidade da vida. Todos vão enfrentar o desgaste inevitável do corpo e, mais tarde, o seu total aniquilamento.

Mas, eu não quis pensar no assunto e adoeci. Por fora, belíssima, por dentro o câncer acabava comigo de forma silenciosa, devagarinho.

Eu mereci, vaidade, inconsequência. Parece até que minhas tias estavam adivinhando. Na verdade, elas foram intuídas. Eu estava sendo alertada por bondosos amigos espirituais que me concediam a chance de prosseguir, de debitar minhas faltas com a doença e a superação pelo tratamento, mas eu escolhi o desgaste orgânico total.

 

Quando notei o emagrecimento acelerado, cansaço, sonolência, apatia e a dor apareceu, daí eu me preocupei. Falei para o Oscar (meu esposo) e ele ficou muito preocupado, agendou mastologista e logo, eu estava realizando a mamografia.

O médico se espantou, era enorme. O jeito era realizar cirurgia e fazer a quimio o quanto antes, mas eu fui irredutível. Eu não podia permitir que me mutilassem. De jeito nenhum poderia permitir que tirassem minhas mamas e depois fazer quimio, ficar sem meus cabelos... Quanta tolice!

Hoje, eu me sinto constrangida. Eu poderia ter realizado tantas coisas nobres, podia ter sido mãe, podia ter amado de verdade, mas eu só tive um amor próprio cheio de vaidade que me custou a vida.

 

Espero que meu relato ajude outras mulheres. Sim, eu era jovem, mas o exame de toque das mamas pode ser realizado pelas mais jovens e já previne muitos tormentos. As mais experientes devem fazer a mamografia regularmente porque o câncer tem cura e solução.

Nós podemos quitar as dívidas do passado sendo bem assistidas e adquirindo nobres aprendizados sem nos mutilarmos ou nos ferirmos, apenas sendo conscientes e responsáveis consigo mesma.

Eu estou bem melhor. Já realizei o meu tratamento aqui na colônia e me encontro completamente restabelecida. Meu planejamento reencarnatório já me permite reencarnar em breve, estou de alta, totalmente consciente dos pontos que poderia ter modificado para ter tido êxito. Agora é tentar de novo, desta vez, voltarei em paz.

Eu serei mulher, esposa e mãe. Novamente passarei pela prova do câncer de mama para ter a certeza de que já sei cuidar de mim e da minha família. Me libertar da vaidade e das questões materialistas que envolvem o corpo físico. Vai dar certo.

LENILDE

02/10/2021

 

                     -----------------------Paula Alves--------------------------

 

“É RESPONSABILIDADE NOSSA A FORMA COMO O CORPO VAI SER CONSERVADO, MANTIDO, SUSTENTADO”

 

 

Eu não queria me submeter a extração da mama, mas foi necessário. Eu ficava constrangida diante do meu esposo, não conseguia ficar diante dele nua.

É estranho, mas foi como perder a identidade feminina. Eu me via dilacerada, mexeu muito com a minha mente.

Nunca me achei uma mulher vaidosa, eu não era consumista, me arrumava o estritamente necessário, enfim, eu era uma mulher bem comum.

Esposa, mãe, professora. Minha mãe também teve câncer de mama e desencarnou por isso.

Quando eu fiz o exame e descobri que estava com câncer me lembrei de todos os acontecimentos que envolveram o desencarne da minha mãe e me vi falecer diante dos meus filhos tão jovens. Terrível sensação foi a do diagnóstico médico como um atestado de óbito, terrível.

 

Mas, o que eu não soube conjecturar era o quanto as coisas avançaram na medicina, desde o desencarne de mamãe. Os tratamentos já estavam sofisticados, exames mais modernos e eu pude ter esperança.

Mesmo assim, precisei extirpar minha mama e isso me deixou ferida por dentro de uma forma que eu nem pensei ser possível.

A mente da gente é muito delicada, caixinha de surpresas, tudo pode acontecer. Num momento você se acha uma pessoa equilibrada, a mulher mais forte do mundo e, em instantes seguintes, você é a mais frágil das criaturas.

Aconteceu que eu precisei de muito apoio do meu esposo que foi super delicado, psicoterapia e tratamentos oncológicos. Após dois anos eu estava recuperada.

Eu vivi muitos anos e desencarnei por problemas cardíacos, afinal quando chega a hora, só precisamos de um motivo.

 

A concluir que o câncer me ensinou muito, foi uma das provas mais sérias que tive que enfrentar porque, além do meu problema físico, envolveu o óbito da minha mãe e, portanto, mexeu muito com minhas emoções.

Exame é importante demais, salva vidas. Tratamentos devem ser realizados para preservar a vida. É responsabilidade nossa a forma como o corpo vai ser conservado, mantido, sustentado.

Da mesma forma que não devemos provocar a morte, também não devemos ser omissos na manutenção da conservação do corpo que é instrumento para que o Espírito passe pelas provas que são necessárias ao seu desenvolvimento.

KÁTIA

02/10/2021

 

 

                      ----------------------------Paula Alves-------------------------

 

“QUEM TEM SUA COMPANHEIRA QUE VALORIZE!”

 

 Ela era tudo para mim. Eu nem sabia que sentiria tanto a perda da minha esposa, eu quase definhei.

Existem tantos maridos que maltratam suas companheiras. Maridos infiéis, desleais, grosseiros, maldosos, criminosos, viciados ou delinquentes, enfim, uma vasta espécie de homens que não valorizam as mulheres que lhes amam, mas eu amava minha esposa, sempre fui feliz ao seu lado e fiquei sem ela.

Quando Alcione procurou o médico para fazer os exames, nem por um minuto, eu poderia imaginar que começaria o nosso martírio. Até ali, nossa vida era tranquila demais.

 

Nós tivemos dois filhos lindos que já estavam para ingressar na faculdade. Estávamos curtindo uma nova lua de mel, super carinhosa a minha esposa, risonha demais.

Ela chegou triste e apreensiva, disse que as notícias não eram boas: “câncer de mama”.

Eu fiquei pasmo. Naquela época, o diagnóstico era sentença de morte. Não tinha muito o que fazer, então, ela fez os tratamentos, quimioterapia, passou pela queda dos cabelos, chorou, se sentiu feia, mas tentou nos animar, ria e contava piada de gente morta, fazia o tipo humor negro para arrancar risadas dos familiares.

 

Os parentes vieram de longe para visitar, todos sabiam que era a despedida. Ela foi emagrecendo, ficando fraquinha e numa tarde de domingo se lembrou de coisas do início do namoro, rimos e quando ela encostou no meu ombro, simplesmente se deixou partir, foi tão rápido, devastador, arrasador.

Eu não estava preparado para a partida, para a separação. Por isso, é que eu digo, quem tem sua companheira que valorize!

A separação vem quando menos se espera. Abrace e diga que ama. Faça inusitadas declarações de amor. Aproveite os momentos que têm juntos. A vida é um piscar de olhos e os dias passam rápidos, logo chega o fim desta jornada.

Depois que Alcione se foi, o vazio chegou, mas eu tinha meus filhos.

Anos se passaram e vi na minha filha o semblante da minha esposa. Minha filha também podia passar por tudo o que a mãe passou. Eu conversei com ela e estimulei o exame precoce, mesmo o médico dizendo que era preocupação desnecessária. Ainda assim, por pânico da minha parte, a Paola fez os exames e me provou que estava bem.

Assim, minha filha sempre fez os exames preventivos, por medo que eu tive de perder mais uma mulher amada vítima de câncer de mama.

Espero que os homens também tenham consciência da importância dos exames preventivos para a conservação da saúde das nossas mulheres amadas.

JOSÉ ALENCAR

02/10/2021

 

 

-----------------Paula Alves--------------

 

“RESPEITANDO A VIDA E PRESERVANDO A SAÚDE COM RESPONSABILIDADE”

 

Eu vi de tudo. Inúmeras mulheres chegando aqui inconsoláveis. As provas são as mesmas, câncer de mama, mas os motivos são variados.

Algumas por falta de perdão assumido, enquanto estão encarnadas. É como uma chaga que vai corroendo por dentro. Outras, erros do pretérito como a destruição do corpo alheio relacionado com crimes e abusos. Ainda podem ser justificados pela vaidade excessiva que necessita de choque de consciência para percepção de que o corpo é veículo e não pode ser idolatrado.

Lembrando que doenças são provações, muitas estabelecidas no plano reencarnatório, sofrimento necessário para depuração e aprendizado do Espírito encarnado, mas depois do desencarne não para por aí.

Eu trabalho na equipe de enfermagem desta colônia há cinco décadas. Vejo muitas mulheres chegando aqui após o desencarne decorrente de câncer de mama. O perispírito também precisa ser reajustado. A doença desgasta o corpo físico e é tão abusivo para a mente que arruína o corpo espiritual, assim precisam de tratamento para reparar o perispírito. Normalmente não leva muito tempo, mas depende da causa da patologia como já mencionei.

Precisam se tratar da chaga moral, se foi proveniente de vaidade ou falta de perdão por exemplo.

 

Elas chegam muito deprimidas, culpadas ou saudosas dos entes queridos que deixaram. É uma prova delicada e promissora para aquelas que se tratam com o devido valor.

Muitas mulheres tem um posicionamento irrepreensível enquanto estão encarnadas e modificam o padrão mental durante o tratamento, conseguindo a cura completa.

Acho que é o mais importante a ser salientado. Primeiro diagnóstico precoce, depois realizar os tratamentos adequados e concomitantemente, refazer o padrão mental.

 

Ora, se você tem células patológicas crescendo desenfreadamente, tenha fé, produza a cura através de pensamentos harmoniosos, palavras abençoadas e ações do bem. Mude o aspecto da sua vida e se torne uma pessoa com novas necessidades, ame a vida e deseje viver. Reveja seus valores, perdoe tudo e todos, compreenda que as pessoas erram tanto quanto você e merecem uma segunda, terceira ou infinitas chances para se tornarem cada vez melhores. Deixe de lado esta vaidade que te aprisiona e se liberte para uma vida mais leve valorizando o que realmente importa, afetos e as coisas boas da vida, a natureza e o ser humano simples e ingênuo.

Seja agradecida a Deus pelas oportunidades que recebe de provar o quanto você melhorou, agradeça pela oportunidade de elevação e assimile todo aprendizado desta fase sabendo que você ficará bem e não está sozinha ou desamparada.

A vida é eterna, mas cada reencarnação deve ser aproveitada ao máximo, respeitando a vida e preservando a saúde com responsabilidade.

ANÁLIA 

02/10/2021

 


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