Cartas de Março (16)


“TODOS NÓS DEVEMOS COMPARTILHAR EXPERIÊNCIAS, AFEIÇÃO E ENSINAMENTOS. SÓ ASSIM, CRESCEMOS, APESAR DA DOR”

 

Foi uma vida e tanto...

Intensa de sentimentos e motivações. Eu cuidei de tanta gente...

Pacientes com cânceres. Eu fui enfermeira e amei minha profissão, cuidei com devoção e envolvimento, apesar de muitos afirmarem que eu não devia me envolver tanto.

Cada um deles teve um significado em minha vida. Percebi que eram como enviados dos Céus. Eu pensava que estava fazendo algo por eles, mas cada um acrescentou de uma forma específica. Quando eu achava que não tinha mais nada para adquirir, chegava alguém me ensinando alguma coisa, me comovendo, me fazendo sentir algo diferente.

Assim, eu pude compreender como Deus falava comigo através dos meus pacientes. Em cada vida, eu pude perceber o amor do Pai. Em cada sofrimento, pude compreender a nossa necessidade de elevação e doação diante de todos. Somos um!

Fazemos parte do todo e por mais que você não queira se envolver é, para isso, que estamos no mundo. Todos nós devemos compartilhar experiências, afeição e ensinamentos. Só assim, crescemos, apesar da dor.

 

Muitos me levaram a crer o quanto a minha vida era fácil e tranquila. Eu tive tudo o que alguém pode desejar. Uma família boa e unida, saúde, alguns amigos leais e oportunidades materiais que me permitiram um caminhar sólido. Então, quando me deparava com alguém vivenciando um grande martírio, minha única intenção era a de facilitar o processo. Fazer por esta pessoa o que estivesse ao meu alcance para que o sofrimento fosse apaziguado e ela ainda tivesse um pouco de conforto e alegria.

Eu sorria e brincava, falava demais, mas quando estava sozinha me permitia chorar. Sofrer por eles, orar por eles, clamar por cada um deles.

Eu queria que as pessoas estivessem mais envolvidas com o que é realmente importante, mas elas só podem despertar e enxergar tudo isso quando reduzirem seu egoísmo e amor próprio. Precisa de doação e desprendimento de si mesmo, senão, não se pode enxergar o outro.

Eu queria que eles pudessem compreender que nós podemos nos amparar mais e permitir que as pessoas sejam assistidas em seus padecimentos. Isso é o mais importante: amar!

Eu servi aqueles pacientes e fiquei muito triste quando não pude mais trabalhar por causa da minha provação. Quando a doença tomou conta de mim parecia que tinha perdido completamente minha alegria de viver porque eu só sabia cuidar de gente e era tudo o que me agradava: cuidar, higienizar, consolar, ouvir, acalmar.

Sem isso, eu definhei. Existem tantos que se movem por necessidades orgânicas, por conta das paixões ou vícios e nem se deram conta do que as verdadeiras aspirações podem fazer. O sacrifício e abnegação podem conduzir sem que você perceba que não se alimentou ou não dormiu. É como se você não fizesse mais parte deste mundo porque não precisa viver como os demais.

Eu tive esta grande alegria. Eu tive olhos e ouvidos para ver e ouvir. Isso me proporcionou imensa satisfação. Eu soube de todos os motivos e aproveitei demais as oportunidades que me foram entregues. Só existem motivos para agradecer tudo o que foi feito por mim. Agradecer pela confiança que me foi depositada para conduzir aquele grupo de pessoas até o tratamento que os conduziria para um local muito melhor. Com fé, serenidade e confiança no poder de Deus.

Gratidão por toda equipe que conduziu meus passos. 

 

CARMEM

 26/03/23

 

--Paula Alves--

 

“AS PESSOAS TÊM A MANIA DE ACHAR QUE FOI LEVE QUANDO NÃO LEVOU A MORTE OU NÃO DEIXOU MARCAS, MAS TUDO FERE”

 

Ainda não consegui me livrar de algumas cicatrizes. Compreendo que elas estão enraizadas na mente, por isso, o perispírito não se modificou.

Eu tenho tentado compreender a situação dele. Tive acesso as imagens mentais e vi o que ocorreu em sua infância. Os comprometimentos psicológicos em decorrência de abusos por conta das agressões que a mãe sofria no ambiente doméstico.

Eu sou indulgente porque concordo que nenhuma criança terá desenvolvimento saudável se vê sua mãe sendo espancada todos os dias, mas daí a reproduzir na própria casa? Isso não facilita o meu perdão.

O perdão é algo sincero, sentimento que brota quando você eliminou toda porção de dor, de pesar. Eu não desejo vingança, pelo contrário, quero esquecer, deixar para trás, mas as marcas indicam que eu só falo, é tudo da boca para fora. Eu não consigo eliminar o mal que ele causou em minha vida.

Também já me mostraram o que causei a outras mulheres no passado, quando um dia, fui homem, cruel, agressor. Eu compreendi a necessidade de sentir na pele o que fiz outras sofrerem, mas não era para ser a Lei de Talião. Nesta ocasião, eu não mereci.

Porém, insisto mencionar que sou grata porque a pena foi abrandada. Eu não desencarnei vítima da crueldade do meu companheiro. Ele foi preso por crimes que cometeu fora de casa e fiquei livre por muitos anos, mas nem por isso, sofri pouco enquanto estava com ele.

As pessoas têm a mania de achar que foi leve quando não levou a morte ou não deixou marcas, mas tudo fere, fere na alma. Tem mulheres que são violentadas no próprio leito, por seus próprios maridos quando não querem se entregar naquele momento, todos os dias, quando eles acham agradável. Elas acreditam que precisam servir ao marido. Por quê?

Tantas outras analisam a situação da mulher afirmando que os tempos mudaram e estão muito propícios porque na casa delas não ocorrem violências. Será que melhorou? Quantas foram maltratadas hoje? Quantas perto de você foram ofendidas?

Não tem idade para os insultos e covardias. No trânsito ou na escola, no local religioso. Basta ser mulher para que a coragem em insultar se faça presente, mas se houver uma presença masculina, o machão se acalma na hora. O diálogo muda e a frase é melhor estruturada.

 

Vim para cá tão ofendida e amargurada que tive a oportunidade de encontrar muitas vítimas. Profundamente entorpecidas de tanto ódio e sede de vingança. Feminicídios que não acabam mais e por quê? Se são as mulheres que insistem em dizer que as coisas mudaram e melhoraram?

Não é geral. Existem homens empenhados em defender e lutar pela igualdade e respeito para todos. Existem mulheres que educam, amparam e socorrem. Mulheres de fibra e caráter que não menosprezam o potencial de suas irmãs. Mulheres que torcem para a vitória de outras mulheres sem competição ou inveja. Mas, o mundo ainda precisa se preparar melhor para tudo o que está por vir.

Mentes mais abertas, mais amor nos corações para que as pessoas possam avançar na evolução. Que homens e mulheres possam se amparar com honestidade e decência. Sem rivalidades ou disputas, sem medo ou qualquer tipo de discriminação.

Eu sofri e sofro com as lembranças. Me dói quando uma delas chega aqui, vítima de agressões. Eu queria que elas tivessem tido melhores oportunidades e pudessem ter sentido o amor que eleva. Pudessem ter tido por companheiro, um homem de verdade. Homem que se envolve com a mulher amada. Homem que não vê a mulher, apenas como uma fonte de prazer, mas de desenvolvimento.

Mas, eu tenho fé que, um dia, as coisas possam mudar realmente. Quando crianças e jovens receberem melhores orientações em seus lares. Não por estas mulheres alienadas e egoístas. Mulheres que, satisfeitas com suas vidinhas, viram as costas para as demais. Mas, orientadas por mulheres que amam a Deus, a vida e a todos que estão a sua volta. Porque nós fazemos parte do todo. Eu aceito retornar mais uma vez como mulher. Porque a mulher pode fazer a sociedade ser respeitada por todos. 

 

ZIZA

26/03/23

 

--Paula Alves--

 

“TUDO SERÁ ELIMINADO EM NOME DO AMOR QUE VOCÊ SENTE POR SEU FILHO”

 

Levou um tempo para encontrar, mas eu prometi que encontraria seus pais. Ele ficou conosco por cinco anos e chorava a falta dos pais biológicos. O menino logo se afeiçoou e todos nós acostumamos com ele.

Meus filhos tiveram muita afinidade e minha esposa o tratava como filho. Tínhamos todas as preocupações e conversamos com todos na pequena cidade para que nos informassem se soubessem o paradeiro dos pais. Mas, como o tempo passou, decidimos matricular em escola e cuidar para que nada lhe faltasse.

Jeremias estava crescido e cheio de vida. Depois de cinco anos, desistimos de procurar por eles e o menino estava reagindo bem à nossa família. Já estávamos fazendo planos de estudo e profissão quando eles retornaram para reaver o filho.

Achei tudo aquilo um absurdo. Eles abandonaram uma criança sozinha numa pequena casa no sertão. Eu o encontrei, enquanto procurava um cavalo perdido. Como podiam reivindicar a posse de um jovem como se tivessem entregue o menino aos nossos cuidados?

Eu não quis entregar. Minha esposa ficou muito indignada. Nossos filhos tentaram impedir dialogando com Jeremias, mas o menino ficou comovido pelo apelo dos pais.

A mãe biológica disse que o pai estava doente e precisavam de toda a ajuda para que ele se curasse. Eu disse que podia ajudar e ela se interessou pelo dinheiro, mas Jeremias preferiu partir. Ele deve ter se lembrado de algum fato de sua infância, algo que os unia com sentimento maior.

Depois de muitos anos, eu o reencontrei. Eu nunca me esqueci dele. Tinha afeto como por um filho. Sempre pensei que ele estivesse sofrendo, passando por privações, coisas que conosco não passaria. Eu me questionei dos motivos que teria para acompanhar aqueles pais. Mas, do nosso encontro, Jeremias me falou.

Disse o quanto o pai sofria de dores terríveis. Eles não fizeram grande coisa com o dinheiro que dei porque nunca tiveram juízo. O rapaz foi trabalhar para sustenta-los. Conseguiu dar um fim digno para o pai e continuou vivendo com a mãe. Ele me agradeceu, afirmando que jamais poderia retribuir tudo o que fizemos por ele. Não apenas do ponto de vista material, muito mais do que isso, do ponto de vista educacional. Ele tinha aprendido valores em minha casa. Valores que ele não tinha conhecido com seus pais. Estes valores ficaram tão impregnados que favoreceram na tomada de decisões até ali, ele se tornara um homem por tudo o que aprendeu conosco.

Jeremias foi das raras pessoas que conheci que me mostraram uma nobreza de caráter impressionante. Ele se mudou para a nossa cidade, estávamos sempre nos reunindo como se fossemos parentes. Ele se uniu com uma bela moça, teve filhos e cuidou de sua mãe até o fim dos seus dias como um filho responsável.

Eu pensei muito naquele exemplo de vida. O que os pais ofertam aos seus filhos? O que nós temos para entregar? O que é mais valioso dentro de nosso lar? Como nós desejamos ser lembrados por eles? Inevitavelmente, eles sempre se lembrarão dos pais, mas como se lembrarão?

Como figuras negligentes, ausentes, autoritárias, imprudentes, agressoras ou amorosas? O que nós representaremos em suas vidas? Como ponto de incentivo ou destrutivo?

Eu sei que existem lares tão terríveis que muitos preferem as ruas. Sei que existem pais tão intimidadores que muitos, preferem os estranhos. Sei que outros desejarão fugir ou se esconder. As lembranças serão tão terríveis que nunca se envolverão com o sexo oposto, nunca terão filhos, nunca terão uma vida promissora. Porque não terão forças para lutar contra as lembranças que ferem e magoam.

 

Mas, por que os pais não podem amar? Veja como tudo está envolvido com o amor ou com a falta de amor. Não importa o que você viveu com seus pais quando você sente amor pelo seu filho. Com ele o círculo vicioso será quebrado. O círculo de ódio, vingança, etílico, de hostilidade, do mal. Tudo será eliminado em nome do amor que você sente por seu filho.

É assim que as pessoas vão mudar todo o cenário, senão, será apenas um vai e vem de gente que deseja o revide, deixando a evolução para a próxima existência, sempre para a próxima existência.

 

 OTON

 26/03/23

 

--Paula Alves—

 

“O TEMPO É O NOSSO BEM MAIS PRECIOSO”

 

O que eu podia querer? A vida sorriu para mim quando me colocou diante daquela pessoa. Eu me senti tão a vontade. Eu estava reencontrando alguém muito importante que se perdeu de mim por motivos que não pudemos impedir.

Nós éramos vizinhos, melhores amigos, mas nossos pais tiveram uma grande desavença por causa do trabalho. O pai do meu amigo perdeu o emprego e eles se mudaram. Nós não tínhamos como nos falar. Depois, eu também me mudei com minha família.

Por um tempo, você se envolve com as situações da vida e parece que esquece de algumas pessoas que passaram por você. Sua vida segue, uns vão, outros vêm.

Quando ele apareceu no meu curso, eu fiquei na dúvida, será que é ele? Mas, bastou um sorriso para me certificar que era ele. O coração, apenas dispara, dando a certeza do quanto aquela pessoa é tão importante para você.

Não tinha mais necessidade de explicações ou de intimidações. Eu era apaixonada por ele e não queria mais nada, nem ninguém. Depois de alguns meses, nos casamos. Claro, contrariados por nossos pais, mas e daí? Eu só queria a nossa felicidade.

Parecia até que sabíamos o que a vida nos apresentaria. No meio de tanta alegria, eu engravidei da Estela, meu raio de luz. Alguns anos se passaram com as dificuldades naturais da vida de casados, mas nada nos deprimia porque estávamos juntos.

 

Foi quando eu comecei a me sentir mal, muito mal. Descobri a leucemia e fiquei muito triste porque sabia que teria de me separar deles. Como seria? Ficar distante, eu achava que distante para sempre. Eu pensava no meu fim e me preocupava com os dois sentindo minha ausência e driblando a realidade. Eu me senti muito infeliz e entendi o motivo de não duvidar do nosso amor.

Era como uma certeza, um pressentimento. Eu precisava fazer tudo aquilo sem perder tempo. Eu precisava estar com ele e ter nossa filha, enquanto eu tinha forças para isso, enquanto tinha saúde, tempo de vida.

“O tempo é o nosso bem mais precioso” - diz a médium, eu concordo com ela. O hoje é imprescindível para fazer o que você acha mais importante. Não perca tempo, nem perca as oportunidades. Faça o que acha correto e indispensável. Nós sentimos, nós sabemos no fundo da alma o tempo que temos.

Muitos de nós, conscientes das necessidade evolutivas, correm na vida, se esforçam, duplicam as atividades para render porque sabem do seu tempo. Enquanto tantos outros param e observam, ficam na ociosidade, cegos e embriagados, com as mentes cheias de névoas e entorpecentes. Será que viverão muito e têm este tempo para perder?

Faça tudo o que puder, passa muito rápido pra quem tem compreensão das necessidades e deveres assumidos.

Eu vivi intensamente. Antes e depois da doença. Sem arrependimentos ou decepções. Foi uma vida simples e maravilhosa. Eu tive uma família doce, gerei uma criança linda e amável. Eu fui amada por meus pais e meu esposo. Eu deixei que o sofrimento pudesse depurar meu Espírito e resgatei. Eu desejei ficar com eles e no minuto final, tive medo de partir, eu tive muito medo porque não queria me separar deles.

Mas, foi tão tranquilo. Reencontrei pessoas que se lembraram de mim e me ajudaram no desprendimento corporal e afetivo. Hoje, me preparo para retornar. Eu tive muitos momentos alegres deste lado, fiz descobertas felizes.

Pude aguardar o retorno do meu esposo e estamos juntos. Os laços não se quebram. Minha filha está velhinha, logo virá para este lado. Ela teve uma boa vida.

Faremos planos e eu regressarei em breve. Siga com fé, tudo está no caminho de Deus.

 

 ROBERTA

26/03/23


--Paula Alves--



“UM LAMPEJO DE LUZ INSISTENTE FAZ COM QUE VOCÊ TENHA NECESSIDADE DE SUPERAÇÃO E DE LIBERTAÇÃO”

 

Eu me aprisionei por muitos anos e preciso da libertação.

Foi como estar numa caixa, encolhida e sufocada. Sozinha e temerosa de que o futuro não seria nada melhor.

Muitos de nós são responsáveis pela tortura psíquica a que se entregam, imobilizando ações enobrecedoras, bloqueando os sentimentos sublimes e a consciência lúcida.

Por inúmeros motivos assumimos a postura de algozes de nós mesmos e não permitimos qualquer tipo de ação que possa tirar as algemas e fazer visualizar a luz.

Acredito que a culpa e o remorso são os elementos indispensáveis para que isso ocorra, mas existem outros fatores como complexo de inferioridade, medo ou a simples submissão decorrente de autoridade paternal ou marital.

 O fato é que, em muitas circunstâncias, precisamos de ajuda para abrir a caixa e dar o primeiro passo a caminho da luz porque a luz também amedronta.

Quando se passa algumas dezenas de anos presa na caixa, já se conhece o espaço físico e a dimensão do ambiente, você se acostuma com tudo na vida, até com o sofrimento. É a fascinante oportunidade de adaptação do ser humano.

Mas, um lampejo de luz insistente faz com que você tenha necessidade de superação e de libertação.

Eu sabia que precisava me reencontrar no marasmo de mim mesma. Eu precisava me reconhecer e tinha receio do que poderia descobrir sobre mim.

Passei a vida tentando fugir, tentando me esconder, criando máscaras que pudessem me tornar melhor. As pessoas estavam confortáveis com a pessoa que fui. Apagada, silenciosa, apenas reagindo e cumprindo deveres. Uma vida morna e sem graça que se acabou completamente sem deixar grandes vestígios.

Eu, simplesmente, morri para o mundo.

Mas, aqui eu ainda sou a mesma pessoa, precisando de esclarecimentos e ação. O que não se faz, enquanto encarnado, irá se realizar no mundo dos Espíritos.

Eu recebi a ajuda que tanto solicitei e estou fazendo análises, por isso, tenho boas perspectivas. Eu não queria saber quem sou, do que sou capaz e o que me move porque é feio e afasta as pessoas, mas isso não me tornou melhor, foi apenas uma farsa.

 Agora eu sei e me comprometo a mudar. Eliminar o mal que existe em nós não é fácil, exige esforço, renúncia e disciplina, exige sinceridade e força moral. Mas, a renovação é possível quando você tem motivos para que a mudança aconteça.

Já me sinto livre porque a verdade apareceu. Eu não tenho motivos para me envergonhar porque estou me separando da imagem que tive, da pessoa horrenda que fui, aquela que punia e castigava inocentes.

Agora é um mundo novo, cheio de possibilidades porque eu desejo ser livre de maus sentimentos e indagações. Quero a certeza de ter a luz brilhando em mim. 

 

NOÉLIA

 19/03/23

 

--Paula Alves—

 

“A PENA É SEMPRE ABRANDADA. NÓS SÓ TEMOS MOTIVOS PARA AGRADECER”

 

Cheguei aqui e naturalmente, meu corpo se espreguiçou.

Foi longo o período de clausura naquele corpo imóvel, rígido e sem função.

A aparência que assusta e afasta. A certeza de que nada te espera, não existem melhoras ou oportunidades. É estar ali, sempre do mesmo jeito, esperando o dia de morrer. Muitos diziam isso, achando que eu não compreendia e não falava, mas eu pensava em tudo e eu falava com a mãe, chorava com ela, reclamava.

Eu me perguntava por que tinha que ficar ali, parado, enquanto os outros tinham vida e movimento, tinham felicidade.

Mas, a mãe falava longos momentos do quanto eles sofriam. Meus irmãos também desabafavam no seio maternal. Diziam que o trabalho era ruim, falavam do carro que não era tão confortável, do quanto a esposa era instável e desequilibrada, dos filhos que perturbavam o ambiente familiar e também mencionavam a tragédia do ter para ser. Eles almejavam tanto...

 Eu também ouvia, eu tinha que ouvir. Com a extrema necessidade de sair dali correndo para me entregar a outros assuntos, eu precisava ouvir todas as lamentações infantis e tolas dos meus irmãos.

Será que eles não percebiam o quanto eram favorecidos com uma vida maravilhosa? Eles não podiam reconhecer que já possuíam muito e, além disso, podiam conquistar com seus esforços?

Reclamavam e eu desejando assumir seus lugares, apenas por um dia, por um instante sair daquela posição em que a mãe me deixou.

Ela dizia que eu tinha um raciocínio brilhante e que Deus tinha um propósito para mim porque só Ele podia ter as respostas, as justificativas para explicar porque eu precisava permanecer ali.                Se eu pudesse, teria conquistado tantas coisas e feito trabalhos de elevação. Eu ajudaria, teria uma família e apoiaria minha esposa. Trataria minha mãe como rainha e iria ensinar aos irmãos que o mais importante é ser gente do bem.

Mas, por um estranho motivo, eu era espectador, crítico, analista. Queria saber o que deu errado, por que eu precisava padecer naquela clausura, definhar aos poucos até que minha vitalidade se extinguisse por completo.

Antes de partir, tive as respostas num sonho. Fui padre, ouvi tantas lamentações, tantas confissões que não me comovia com mais nada, nem me chocava.

Era compreensível que o ser humano podia fazer todo tipo de crueldade. Eu não podia mudar ninguém, nem ajudar, então era tudo igual, todo dia, as mesmas sentenças: “Reze 70 vezes, reze 100 vezes, reze!”

Eu nunca informei, nunca tentei impedir que o mal se alastrasse dentro ou fora deles. Era como dizer que podiam errar novamente porque a repetição verbal os absolvia.

E eles pecaram, muitas vezes, sem que eu me incomodasse. Refleti que minha prisão foi necessária, mas Deus, ainda assim, soube ser Pai porque me aprisionou num corpo e permitiu que uma mulher maravilhosa cuidasse de tudo.

A pena é sempre abrandada. Nós só temos motivos para agradecer.

 

 GABRIEL

   19/03/23

 

--Paula Alves—

 

“A VIDA BRILHA PARA A PESSOA QUE SE ENCHE DE FÉ E SE TRATA COM O DEVIDO RESPEITO”

  

Levei as meninas comigo. Jamais permitiria que lhe fizessem algum mal.

A privação material é prova leve diante dos maus tratos. Agressor em casa é calvário. Chega num ponto em que você perde a própria identidade, como se entendesse que nasceu para ser castigada e precisa aceitar.

Eu me subordinei àquela vida. Apanhei tanto que não tinha mais constrangimento das minhas filhas, familiares ou vizinhos.

Ele também se acostumou. Bateu tanto que perdeu a vergonha, não se intimidava e batia por qualquer coisa.

Eu estava horrível, sempre machucada e mancando porque a mão do homem é pesada. Não existe tapa que não fere, murro que não derruba. Toda agressão é violência na alma que a gente leva uma vida para esquecer.

Ela falou que eu permiti que começasse. Eu permiti que ele dominasse a minha vida. As pessoas nos tratam da forma que permitimos, todas as pessoas da nossa vida, até mesmo, aquelas que vem de forma passageira.

 Fiquei me perguntando onde errei para dar a entender que eu permitia ser insultada. Como foi que ele entendeu que eu não gostava de carinhos e delicadeza, respeito e diálogo?

Mas, depois de tantos coices, já não tinha mais como mudar. Vivi ofendida por anos. Até que me surpreendi com o olhar da minha filha. Por um instante, inverti os papéis. E se fosse com ela? Se fosse um homem espancando minha filha? Eu conseguiria dormir em paz?

Me olhei no espelho e despertei. Aquela situação ridícula tinha que mudar. Pensei em mata-lo, tamanha raiva que senti do corpo machucado e de todos aqueles anos vivendo como refém.

Mas, eu podia reconstruir minha vida e ser bom exemplo para minhas filhas. Quando ele saiu, peguei alguns pertences, arrumei minhas meninas, sorri para a vida que podia sorrir para nós e partimos.

Não tive medo, mas esperança porque tinha tudo o que necessitava. Encontrei a clareza mental pra me libertar do agressor, coragem para cuidar de mim e da minha família, fé porque sabia que Deus conduziria nossos passos.

Foi incrível como as coisas mudaram, tudo deu certo, mas eu passei anos me perguntando por que me submeti a tudo aquilo. Por que não dei um basta logo que começou? Por que eu permiti que me tratassem como um saco de pancadas, um “lixo” como ele dizia.

Nenhuma mulher merece ser tratada como “lixo”, como “ser inferior”, como criada.

Nossos sonhos são respeitáveis, temos todas as condições de encontrarmos a felicidade por nossos esforços.

A vida brilha para a pessoa que se enche de fé e se trata com o devido respeito.

Não permita que ninguém te trate com leviandade e agressão. Trate-se com respeito e dignidade. Deus sempre abençoa nossos esforços, perseverança e dedicação. 

 

PATRÍCIA 

19/03/23

 

--Paula Alves—

 

AS PESSOAS OUVEM E REFLETEM NAS PALAVRAS E EXEMPLOS. O TEMPO NÃO É PERDIDO E TUDO SE ENCAMINHA PARA O BEM.

  

Ele matou meu cachorro porque disse que o bichinho urinou no carro. Eu tinha 6 anos.

A mãe dizia que ele tinha problemas, acho que ela queria justificar a maneira como ele nos tratava.

Ela dizia que eu tinha que amar muito e ter respeito porque ele nunca deixou faltar nada para nós, mas eu morria de raiva. De forma inconsciente, me colocava a imaginar diversas situações onde ele morria, por acidente ou doença.

Parecia que minha felicidade dependia do seu fim, mas eu sabia que não podia desejar a morte do meu pai, então eu chorava, me sentia mal como se a maldade procedesse do fundo da minha alma.

Eu desejei mudar e me entender com ele, mas foi impossível pela maneira que ele me surpreendia, sempre tratando as pessoas com grosseria ou discriminação, sendo impulsivo. Eu tinha vergonha daquele homem, do meu pai.

Me esforcei para sair de casa, sabendo que a mãe jamais o abandonaria, mas eu não suportava mais aquele convívio. Fazia de tudo para não encontrar com ele e viver em paz, porém, problemas com pai e mãe, questão mal resolvida, pesa nos outros relacionamentos.

Eu via nas outras pessoas as características dele. Os defeitos detestáveis estavam por toda parte, me lembrando que em alguma parte, aquilo estava em mim. Mas, como eliminar de si tanta influência?

 Aprendi com ele, aprendi como não deveria agir, o quanto era detestável conviver com alguém intransigente.

Eu não podia ser como ele e, mesmo que tivesse todas as suas características, eu tinha que bloqueá-las, silencia-las até que sobressaísse, apenas características mais brandas e delicadas, assim eu podia ter melhores relacionamentos na sociedade.

Envelhecemos, ele foi piorando. A menos que a pessoa compreenda a péssima criatura que é e se esforce sinceramente para uma nova postura, nada muda, pelo contrário, ainda piora.

Cheio de arrogância, parecendo ser o dono da verdade, grosso e mal humorado, ele padeceu. Primeiro da solidão porque nem a mãe aguentou tanto insulto. Ele já não tinha amigos leais ou familiares amorosos, então, ficou só.

Depois, veio a doença. Alma ruim, corpo doente. Não se pode ter plena saúde e vitalidade quando a mente desencadeia os bloqueios decorrentes de energias deletérias.

Ele padeceu e eu tinha a obrigação de socorrer e cuidar. Eu fiz tudo o que pude por dever filial, não por amor porque meu pai não cultivou amor em mim. Mas, compreendi o quanto ele precisava receber o melhor que pudesse entregar.

Naqueles dias difíceis, quando esperamos por horas para realizar exames, eu não facilitei. Em cada palavra ofensiva eu retruquei, eu me posicionei diferente e informei que as pessoas gostam de gentileza e educação.

Ele ficou pensativo, como se estivesse descobrindo alguma coisa. Eu devia ter falado antes.

Deus nos coloca em contato uns com os outros, todos misturados, bons, ruins, inteligentes, diplomáticos, atenciosos, arrogantes, orgulhosos, vaidosos, generosos, todos juntos, para que, uns possam aprender no convívio com os outros, mas quando calamos diante do erro ou da maldade é como se fossemos coniventes, como se apoiássemos a coisa errada.

Você deve falar! Expor, demonstrar, explicar senão, eles não entendem e não avançam, não progridem e nada muda.

As pessoas ouvem e refletem nas palavras e exemplos. O tempo não é perdido e tudo se encaminha para o bem.

Ele não teve uma mudança drástica, não deu tempo. O corpo se acabou e ele morreu. Mas, eu já o encontrei aqui. Quase não o reconheci. A mente superou tantos obstáculos que modificou a estrutura perispiritual, deixando a aparência bem diferente.

Gostei do que vi e do que ouvi. Não temos muitos elos de afinidade, mas ele me agradeceu e eu me senti livre daquela vida de angústia.

 

 ISABELLY 

 19/03/23

 --Paula Alves--


 “COLOQUE-SE NO LUGAR DA OUTRA PESSOA E AUXILIE SEMPRE”

 Eu via a vida delas e sentia gratidão porque minha vida tinha alegria.

Queria que todas as meninas da comunidade pudessem ter condições de estudo e trabalho digno, comida na mesa e pais amorosos.

Me doía ver o quanto eram molestadas e agredidas dentro e fora de casa. A discriminação é algo doentio.

Cada uma de nós sabe o peso de ser mulher. Se não sofreu pelo machismo dentro de casa, sofreu indiferença e abusos, fora de casa. Para mim, a situação era complicada fora de casa. Eu percebia nitidamente a diferença quando me tratavam diante de um rapaz. Meus chefes não ficavam constrangidos para pagar muito menos pelo trabalho que as mulheres desempenhavam.

Até na hora de falar conosco era diferente. Com a mulher tem autoritarismo, com homem tem respeito. Muito diferente! Nós recebemos olhares diferentes, olhares que nos diminuem ou olhares de cobiça. Eu nem sei dizer o que é pior.

No meio de mulheres a coisa é mais cruel porque existe uma disputa irracional. Nós devíamos nos apoiar, sermos mais solícitas e indulgentes porque conseguimos compreender os problemas das outras, mas não é assim. As mulheres olham com inveja, repelem e afastam. Tratam muito melhor o homem e ofendem a irmã sem conhecê-la.

 Por que isso acontece?

 O meu maior consolo é saber que existe a inversão dos papeis. Se hoje você é mulher, na próxima vida, pode vir como homem e vice versa. Isso expressa a máxima Lei de Justiça e Igualdade.

Se você tratou uma mulher com discriminação, pode atrair pela Lei de Causa e Efeito, a situação semelhante na próxima vida. Pra mim, tudo faz sentido e me consola demais.

Porém, reconheço que as pessoas precisam pôr um fim na discriminação de todo tipo para que o sofrimento nesta Terra tenha fim. Perda de tempo taxar alguém, confundir, imaginar, ser maledicente, caluniador ou preconceituoso. Não tem justificativa!

As pessoas devem ser medidas por seu valor e por suas obras. Ninguém pode ser avaliado por seu sexo, cor ou nacionalidade. Eu sofri a discriminação e abusos por ser mulher, mas ainda assim, acredito que nascer no sexo feminino abre um campo grandioso de enobrecimento.

O corpo feminino permite desenvolver inúmeras sensibilidades e potenciais. A maternidade nos coloca diante de um amor que é inexplicável, tamanha proporção. Capaz de fazer com que o sacrifício e renúncia sejam naturais. Nós sentimos tanto e nos afeiçoamos tanto, embora nem sempre, os filhos sejam do ventre, o que quer dizer que o amor não está ligado ao sangue.

Eu aproveitei deveras minha última passagem pela Terra como mulher e solicito retornar mais uma vez como mulher. Eu amo a experiência feminina, apesar de todos os empecilhos e dificuldades que envolvem este sexo, ainda assim, eu desejo me desenvolver mais uma vez nesta condição.

Rogo a Deus que as pessoas desenvolvam suas consciências e compreendam que todos nós precisamos nos apoiar, homens e mulheres. Nós precisamos observar no outro, um ser nivelado na igualdade, sermos mais humildes em nossas considerações.

Não deve haver rivalidades, mas respeito dos direitos concedidos por Deus e pela Lei dos homens. As mulheres devem amar-se, aproveitar a oportunidade no vaso sagrado e estimular ao máximo tudo o que a feminilidade pode conceder como a maternidade.

Entre as mulheres deve haver mais união e apoio mútuo, sem competitividade ou invejas. Coloque-se no lugar da outra pessoa e auxilie sempre. Faça pelo outro o que deseja para si. Crer que a superação é possível quando você se esforça de verdade porque Deus sempre abençoa.

 

LETÍCIA

11/03/23

 

---Paula Alves---

 

“A MISSÃO DA MULHER DIANTE DO MUNDO É GRANDIOSA, LIGADA A RENÚNCIA COMPLETA DE SI MESMA PELO BEM COLETIVO, FAMILIAR”

 

Foi uma época tão antiga. Eu gostava de cavalgar, correr pelos bosques e me sentir livre, apesar dos atos insolentes dos homens ao meu redor.

Meu pai não deixava nem respirar, estava sempre controlando meus passos. Eu achava tão errado a distinção que fazia entre os filhos e as filhas, mas ninguém tinha coragem de olhar nos olhos dele, apenas eu. Por isso, fiquei sendo a filha rebelde.

 Ele nos humilhava diante de todos e dizia que a mulher não tinha alma. Fora criada por Deus para servir os homens. Que pensamento ridículo e antiquado! Eu me sentia profundamente ofendida, queria contrariá-lo, mas o padre insistia nisso.

Não era permitido estudar, nem decidir qualquer tipo de coisa, incluindo o casamento. Éramos como coisas dos homens. Passadas do pai para o esposo, na melhor das hipóteses, sem contrariedades. Sempre muito educadas e submissas.

Foi, por isso, que muitas de nós se rebelaram. Surgiu tanto ódio e desejo de vingança. Quantas violentadas e agredidas brutalmente. Isso sempre aconteceu! A mulher com direito de expressão, direito ao voto e diploma é progresso.

Sei que precisa de muito diálogo para que as pessoas compreendam o real papel da mulher na sociedade. Me parece bem óbvio, mas noto que, entre as próprias mulheres, existe certa confusão.

A mulher conduz a Humanidade porque é ela que participa assiduamente da educação dos filhos. Este é o poder da mulher. Poder no desenvolvimento dos menores. Assim, ela incute nas mentezinhas infantis, com todo o seu amor e desvelo, tudo o que quiser. Ela será diretamente responsável por tudo o que infundir na mente infantil, está diante dela a sua total responsabilidade se este ser se sair bem ou mal no seu caminho porque foi ela que montou o cenário do bem ou do mal.

Existem muitas que desviam do compromisso e se recusam a assumir compromisso com família. Achando que podem se entregar aos prazeres do mundo. Crendo que, diplomas, ascensão no trabalho ou conquistas materiais fazem dela uma pessoa realizada. Pergunte-se se isso preenche o seu coração.

A mulher foi feita para grandes realizações diante do semelhante. Quando ela não pode ter filhos do próprio ventre, pode adotar ou consagrar-se a tarefas beneméritas junto a necessitados nos asilos ou orfanatos. Dar amor é seu dever.

Existem muitas outras que formam família e sentindo a tarefa árdua demais, entregam-se ao desânimo e abandono do dever. Fingem que não veem os vacilos dos familiares como se não dependesse dela a correção dos entes queridos.

 

Está diante de nós o cumprimento do dever e o jubilo de sentir-se vitoriosa. A missão da mulher diante do mundo é grandiosa, ligada a renúncia completa de si mesma pelo bem coletivo, familiar. A mulher se desenvolve de tanto se doar. Ela compreende que, apenas o amor nos salva e nos guia rumo a Deus.

 

SOLANGE

11/03/23

 

---Paula Alves—

  

“PRECISARÁ RECOMEÇAR E COLOCAR EM PRÁTICA AQUILO QUE ADIOU”

Abdiquei de tudo por minha liberdade. Foi demais para mim!

Eu amava meu esposo e achava que podia viver com ele para sempre. Nossa vida era feliz, mas logo vieram os filhos. Ele dizia que queria uma grande família e não estava de brincadeira. Eu engravidei muitas vezes, a contra gosto.

Cheguei a tomar chás abortivos para me livrar de mais uma responsabilidade. Eu estava cansada de parir, ficar sem dormir, amamentar, correr com criança doente e ter uma vida cada vez mais precária a cada nascimento.

Dizem que: “onde como um, comem dois...”

Mentira! Comem nada! Tudo se acaba: a paciência, a coragem, o dinheiro. Eu não tinha como suportar. Só sabia bater em todos eles que não paravam de correr e de aprontar. Criançada chata! Eram meus filhos, mas me irritavam demais. Eu não conseguia descansar um só minuto.

 

Teve gente dizendo que eu tive depressão e não tive tempo de me recuperar. Sei lá de depressão, só sei que um dia surtei. Peguei uns trapos e fui embora sem olhar para trás. Fiquei muito tempo pensando o que aconteceu com eles.

Sete crianças e um homem abandonado. Eu levei dez anos para voltar e observar de longe. Deixei meu menor com quatro anos. Observei da esquina e vi como estavam crescidos. Até perguntei deles na padaria e o moço falou que era uma família de muito respeito porque haviam sido abandonados pela mãe, mas o pai soube cuidar de todos muito bem.

Eu nunca me esqueci do amor que meu esposo tinha pelos filhos. Muito carinhoso e atencioso. Quando chegava em casa não tinha cansaço, me ajudava a dar banho e alimentar, velava quando estavam doentes.

Ele era homem, mas soube dar amor de mãe, por isso, estavam tão bem cuidados. Eu só entendi quando cheguei aqui. Dizem que é a pessoa que já evoluiu demais nesta Terra. Ele é homem, mas sabe expressar sentimentos femininos. Não tem nada a ver com questões homossexuais, de jeito nenhum. É ser homem por completo, gosta de se relacionar com mulher, mas sabe ouvir e apoiar, sabe amar integralmente, com abnegação, renúncia e sacrifício. Desvelos de mulher.

Meus filhos tiveram muita sorte porque o pai podia oferecer tudo o que necessitavam. Acho até que ficaram livres de mim. Eu seria aquela a perturbar a paz do ambiente familiar.

Fracassei! Já me disseram que terei de retornar com a mesma proposta porque meu plano ficou inacabado. É isso que ninguém quer entender. Quando a gente opta pelo caminho mais fácil, tenta fugir do caminho das pedras, nós renunciamos o plano de Deus nas nossas vidas e ficamos em débito com a Lei. Passe o tempo que passar, seremos sempre devedores. Precisará recomeçar e colocar em prática aquilo que adiou. Isso quer dizer que você acha que é esperto de se livrar de um compromisso e está sendo tolo porque não enganou ninguém só perdeu tempo de evolução.

Bobeira! Não faz hoje para fazer daqui há duzentos anos. Sofre de consciência pesada, passa pelas regiões umbralinas para sentir na pele o que fez os outros sofrerem e tem que enfrentar tudo de novo. Ah! Se eu soubesse... Será que teria enfrentado?

 

MARIA SUELI

11/03/23

 

---Paula Alves---

 

“UM DIA, A MULHER TERÁ ORGULHO DO CORPO QUE RECEBEU, APROVEITARÁ SUA OPORTUNIDADE E SERÁ HONRADA EM CASA E NA SOCIEDADE”

 

Não deu certo! Naquela época não tinha estudo, ninguém tinha assumido os riscos. Você aceita ser cobaia porque não bate bem da cuca, sabe que pode dar errado.

Mas, o fascínio pelo que se quer é grande. Eu não queria aquele corpo de mulher.

Eu já tinha passado por tantos sofrimentos já na infância. Molestada pelos tios, insultada pela mãe, meu pai era tão machista...

 

Eu tive uma família de seres cruéis. Quem é que merece ser tão maltratada dentro de casa? Sempre me perguntei isso. Eu devia ser alguém muito ruim para não ser aceita dentro de casa. Ser mulher me fez sofrer tanto que eu repugnava aquele corpo de mulherzinha, indefesa e frágil. Deixando claro que as pessoas podiam fazer de mim tudo o que quisessem.

Eu não queria mais sofrer por causa da minha aparência, então cortei os cabelos bem curtinhos, deixei os vestidos de lado e não me contive para usar trajes de homem, mas ainda tinha traços muito femininos que me denunciavam. As pessoas me olhavam e os rapazes me ameaçavam. Eu não suportaria ser usada novamente.

As marcas de um estupro são profundas. Leva muitas vidas para apagar. A gente sofre a vida toda, passa para o mundo espiritual com bloqueio psíquico, precisa de terapia por tempo indeterminado e reencarna sentindo medo, repulsa de homem, com complexo de inferioridade, medo de falar em público, tudo para não se mostrar porque pode ser agredida novamente.

 

Isso é empecilho ao desenvolvimento. Mas, os doentes por sexo não podem alcançar este raciocínio, infelizmente!

O fato é que eu achei que precisava apagar os traços femininos que existiam em mim. Soube de um estudo experimental com uso de fármacos que podiam mudar a aparência e eu quis me candidatar, mas a coisa toda estava no início.

Eu sabia que não tinha garantia e refleti que podia ter efeitos colaterais, mas era minha única alternativa. Tentei por meses. Mesmo me sentindo mal, não fraquejei, insisti.

Eu tinha muitos efeitos colaterais, dores abdominais, crises intermináveis de enjoo e vômito, mas me animei achando que estava crescendo um pelos no rosto. Em seis meses meus rins começaram a reclamar, depois foi o fígado, enfim, para encurtar o drama, o corpo não aguentou e eu desencarnei.

Teria sido um grande alívio me livrar daquela vida de sofrimento, se não fosse pela causa da morte. Eu antecipei meu regresso, então, suicida. Mas, o pior, violei mais uma Lei. Eu não aceitei os planos de Deus na minha vida. Desejei ser o próprio Deus que muda até o sexo. Eu afrontei as leis e estava distorcendo as células. Tive o abrandamento da pena porque é analisado. Cada caso é um caso, Deus ama todos os Seus filhos e os recebe com misericórdia, mas eu ainda estou tentando corrigir as lesões que ocasionei no corpo espiritual e na mente em desajuste.

Tudo é delicado. Não pode ser resolvido da forma que almejamos. Não é fácil mudar tudo e ser quem não é. Cada um de nós tem um planejamento organizado especialmente para a sua evolução e desenvolvimento. Tudo depende de nossos esforços e compreensão, respeito pelas Leis e ações nobres.

Eu compreendi que foram resgates necessários. Não existem vítimas! Eu também já fui homem e usei o sexo de forma leviana, mas “ai daquele que causar escândalo”. Nada justifica o ato cruel diante da mulher.

Um dia, o homem olhará para a mulher com o maior respeito, tentando ser companheiro e amigo no desenvolvimento em questão. Um dia, a mulher terá orgulho do corpo que recebeu, aproveitará sua oportunidade e será honrada em casa e na sociedade, será presença fundamental para a elevação de todos.

 

MARA  

12/03/23




“TUDO PARTE DO PENSAMENTO. ENQUANTO, AS PESSOAS NÃO COMPREENDEREM A REAL NECESSIDADE DE REAJUSTE MENTAL, CONTINUARÃO SOFRENDO”

 

As pessoas têm a tendência de achar que o mal é provocado, apenas quando se fere gravemente outra pessoa, seja este mal, físico ou moral. Porém, não costumam refletir diante dos males provocados através do pensamento.

Inveja, maledicência, ressentimento, rancor, desejo de vingança. Tudo o que aciona a força do pensamento e emanação fluídica maléfica que pode provocar danos terríveis em si mesmo e no outro.

Tudo parte do pensamento. Enquanto, as pessoas não compreenderem a real necessidade de reajuste mental, continuarão sofrendo.

É difícil controlar uma mente em desequilíbrio. Ainda mais, uma mente que passou centenas de anos, muitas reencarnações vibrando de forma negativa. Mas, depende do esforço de cada um.

Primeiramente, a pessoa tem que aceitar que está mantendo um pensamento viciado no mal. Ela é pessimista, maldosa, invejosa ou vingativa. Depois que aceita que está necessitando de reajuste, passa a disciplinar o próprio pensamento numa atitude diária de empenho contra o mal que existe em si.

Desta maneira, ela precisa mudar o foco do pensamento sempre que reiniciar o padrão deletério. Alguns dizem que é muito difícil porque não conseguem, nem sequer, orar para desviar do padrão negativo. A prece seria a melhor maneira de desviar do mal. Mas, se não conseguirem finalizar o “Pai Nosso”, por exemplo, devem buscar outra forma de desviar o pensamento do mal, como por exemplo, ouvindo música harmoniosa ou com leitura edificante.

Tudo é uma questão de treino. Disciplinar o pensamento é fundamental para se alcançar a melhoria individual.

 

A forma como projetamos o pensamento pode trazer saúde e bem estar, neutralizar as influências de seres do mal e nos colocar em contato direto com seres do mais Alto. Em contraposição, quando insistimos em manter uma postura hostil diante de nossos semelhantes, somos os primeiros que nos nutrimos do próprio fel, isso desajusta nossos centros de energia, permitindo que doenças se instalem em nós.

Somos responsáveis por nossos próprios pensamentos e também por tudo o que estes pensamentos despertam nas outras pessoas. Responsáveis pela onda de harmonia ou de sensações desagradáveis produzidas nos ambientes em que nos encontramos.

Nós podemos viver mais e melhor quando estamos com plena consciência de nossas responsabilidades diante do mundo. Todos os nossos atos trazem consequências.

 

ERASMO GURGEL

04/03/2023

 

----Paula Alves—

 

“QUANDO NÓS TEMOS UM PROBLEMA, NÃO DEVEMOS NOS DESESPERAR OU ACHAR QUE É INSOLUCIONÁVEL”

 

Eu não queria aceitar, mas morria de inveja.

Enquanto eu tinha uma vida medíocre, ela parecia estar sempre feliz, sempre bonita. Por que ela podia conquistar todas as coisas boas, enquanto eu vivia um inferno todos os dias?

Eu já acordava pensando no que ela estava comendo. Imaginava o que ela estaria fazendo durante o dia e como tinha que se divertir à noite.

Eu olhava para a minha vida e só tinha frustrações, meu marido nem me olhava direito, tinha vícios e não trabalhava. Meus familiares nunca se importaram conosco, meus filhos viviam doentes. Eu só reclamava. Cheguei a blasfemar dizendo que Deus se esqueceu de mim. No fundo, eu me sentia uma pessoa desprezada e infeliz. Então, olhar para a vida dela era o meu único passatempo.

Eu nem me dei conta de que passei a persegui-la. Pra mim, foi algo natural, perguntar da vida dela para todos que estavam ao seu redor.

Nós trabalhamos juntas por um tempo, mas ela sempre se mostrou muito animada e esforçada. Ela dizia que, com esforço e disciplina, podemos conquistar qualquer coisa porque Deus abençoa aqueles que se esforçam. Eu achava bonito aquele jeito de enxergar a vida, mas pensava que tudo era muito mais fácil para alguém como ela.

 

Eu me sentia injustiçada diante dela, mas aqui fui obrigada a pensar que nós temos o mesmo Pai que não faz distinção entre seus filhos amados. Eu também tinha boas oportunidades, mas perdi muito tempo cuidando da vida dela, invejando. Perdi energia pensando em como ela estava vivendo e esqueci de cuidar da minha vida.

Eu aprendi que, quando nós temos um problema, não devemos nos desesperar ou achar que é insolucionável, mas nos acalmarmos, colocar a cabeça em ordem e nos concentrarmos para achar o melhor caminho para solucioná-lo. Com tranquilidade mental sempre achamos uma solução. Deus não envia fardos maiores do que podemos carregar. Mas, o meu problema foi a tal da inveja. Eu não pude me concentrar em minha própria vida.

Sei que as emanações fluídicas decorrente de pensamentos de inveja foram produzindo toxinas em meu cérebro. Aos poucos foi ficando cada vez mais difícil conjecturar de forma clara. Eu não produzi uma doença no cérebro que necessitasse de cirurgia, não desenvolvi um tumor ou Alzheimer, mas eu estava sempre agitada, inquieta, ansiosa, não conseguia refletir adequadamente para encontrar estratégias para o meu progresso.

Eu pensei tanto nela que desestruturei meu cérebro. Eu não sabia que acontecia desta forma. Acho que se tivesse tido algum tipo de esclarecimento teria tentado me controlar. Mas, a verdade é que, às vezes, nós fazemos isso como um escape. É fuga da própria realidade sabe? Coisa de gente covarde que não quer enfrentar os próprios problemas e se entrega a pensamentos inúteis sem saber que eles podem comprometer de forma irreparável.

Graças a Deus que consegui esta assistência e estou sendo bem esclarecida deste lado. Assim, posso me comprometer com um novo retorno cheia de boas possibilidades. Eu desejo um seguro recomeço.

 

CLARISSA

04/03/2023

 

--Paula Alves—

 

“APRENDI QUE UMA PALAVRA MAL DITA PODE ARRASAR COM A VIDA DE ALGUÉM”

 

Minha língua ferina foi o meu mal. Era um vício.

Eu nem percebi porque fazia isso desde pequenino. Aprendi com meus familiares que, levando na brincadeira, falavam de Deus e o mundo.

Eles falavam dos vizinhos e gargalhavam diante de algum desassossego, alguma ruina social, gravidez indesejada, filho homossexual, doença incurável, falência financeira, traição, divórcio, morte, tudo era motivo. Do fato pequeno que causava vergonha diante dos outros, do tropeço na esquina, do alcóolico que falou alguma bobagem, até uma grande tragédia, tudo era motivo.

 

Meus pais e avós não perdiam uma ocasião de comentar e ridicularizar a vítima. Eu ouvia e dava risadas, sem saber raciocinar direito sobre por que estavam rindo, mas aos poucos, fui pegando a malícia de ser maledicente como meus antepassados.

Coisa de família. Herança moral desastrosa que conduz a ruina. A gente não se dá conta de que está agindo como disseminador do mal na sociedade.

Aprendi que uma palavra mal dita pode arrasar com a vida de alguém. Fofocar, escandalizar, bisbilhotar não ajuda em nada. Muitas vezes, o boato começa pequenininho, se alastra como rastilho de pólvora e acaba com a integridade moral de alguém, comprometendo o relacionamento conjugal, no ambiente de trabalho ou social de forma geral. Afasta as pessoas, gera brigas, vinganças e separações, ou seja, só produz o mal.

 

Nada de bom pode nascer de um assunto no qual as pessoas não estejam envolvidas para se defenderem, nem saibam o que realmente aconteceu, ainda mais, com um fundo de maldade.

Nós fizemos isso várias vezes. Fomos coautores do mal, participamos à distância de muitas discussões e destruições de lares.

É incrível como as notícias desastrosas chamam mais a atenção. Na sociedade, quando alguém faz algo de bom, as pessoas até comentam, mas o assunto é passageiro e sem muitos interesses, porém quando a coisa é ligada ao mal, rende por dias e meses. Parece que todos se interessam em sua divulgação.

As pessoas deviam avaliar se desejariam o mesmo para elas. Invasão de privacidade e sigilo pessoal. Eu devia ter aprendido a silenciar dentro da minha casa. Ouvir um assunto e não comentar, não espalhar a fofoca, deixar morrer em mim. Nós não devemos repassar. Finalizar o assunto e dizer que não nos interessa, ou então, mudar de conversa para algum assunto que seja produtivo, falando de auxílio, caridade, trabalhos úteis, paz.

É difícil porque na minha condição, não tive ninguém ao meu redor que fosse diferente disso, digo que fui estimulado a ser maledicente desde criança. Mas, após ter sentido na pele a maledicência acabar com meu casamento, me dei conta de que muitas pessoas sofreram diante de nossas línguas ferinas.

 

Por fim, desencarnei vítima de um câncer na língua, sofri bastante. Ninguém conseguia entender porque eu tive esta enfermidade se eu nunca fumei. Mas, o mal foi produzido pela própria língua venenosa. Eu compreendo e reconheço que necessitava da pena que me foi imposta.

 

JURACI

04/03/2023

 

--Paula Alves—

 

“É ISSO QUE ACONTECE QUANDO NÓS NOS PREOCUPAMOS TANTO EM FERIR O OUTRO”

 

Falei que havia perdoado, mas no fundo, nunca consegui esquecer o que ela me fez passar.

Minha mãe me deixou com a avó aos quatro anos. Ela dizia que estava indo para São Paulo em busca de emprego e melhores de condições de vida para nós. Nunca esqueço a dor que senti ao me separar dela. Numa criança, a sensação é de abandono. Como se ela não quisesse ficar comigo e eu fosse desprezada.

Preferia ter passado fome com minha mãe. Ter ido como ela para São Paulo e viver na mendicância. Qualquer coisa seria melhor do que passei.

Minha avó não foi boa para mim. Mesmo sem se lembrar, intuitivamente, devolvia as ofensas que a fiz passar no pretérito. Ela me batia muito e deixava de dar alimentos para me castigar. Eu tinha medo até de falar.

Quantas vezes não dormi passando frio, sentindo fome e com medo do tio que chegava bêbado. Foi por pouco que ele não me molestou.

Depois de dez anos, ela apareceu, dizendo que sentia saudades e ia me levar com ela. Fui para fugir da avó, mas não porque estava feliz em vê-la. Eu guardava muito ressentimento. Ninguém tirava de mim a dor daquele abandono.

Eu olhava para minha mãe sentindo raiva, uma vontade de revidar e fazer com que ela sentisse tudo o que eu senti. Mas, fui ensinada pela avó a ter medo, por isso, eu passei a vida toda respeitando minha mãe.

Casei, tive filhos e dei graças a Deus que ia sair do contato dela para cuidar da minha família, mas o amargor que eu guardava no coração nunca me permitiu ser realmente feliz. Assuntos mal resolvidos com os genitores trazem muito sofrimento. Por isso, Jesus falava tanto do perdão. Sem ele, não dá para seguir em paz.

Mas, eu não tinha como limpar aquela magoa de criança, então, vivi como deu. Eu quase não a visitava, não tinha a menor vontade de vê-la, mas eu fui sua única filha e quando ela adoeceu, senti certa satisfação porque sabia que ela ia precisar de mim.

Eu nunca falei para ninguém porque não podemos ser tão francos na sociedade. Quem entenderia se eu dissesse que estava me sentindo vingada. Como se uma justiça invisível fornecesse a ela tudo aquilo que ela merecia passar para me ressarcir do sofrimento de dez anos. Eu senti um quê de felicidade pela desgraça dela.

Eu nunca neguei socorro e nem me ausentei. Levei nos tratamentos médicos, mas nunca fui sincera ou carinhosa. Fui seca e cruel, dizendo que as coisas podiam piorar. Não permitia que ninguém tomasse o meu lugar porque eu gostava de estar por perto, vendo a situação dela. Eu regozijava.

Mas, ela partiu e nem por isso, me senti muito melhor. No fundo, as coisas pioraram bastante porque eu não tive o que desejei a vida toda. Eu só queria que ela tivesse confessado que se arrependeu daquela escolha. Que sentia minha falta e fez errado em seguir sem mim.

Por isso, acho que, se as pessoas se colocassem no lugar das outras e agissem com mais franqueza, tudo seria mais fácil. Eu podia ter perdoado a minha mãe e não teria deixado o meu coração tão doente.

Foi tanto que precisei colocar um marcapasso. Eu mal conseguia andar, sentia tanto mal dentro de mim. Eu ainda me considero como uma vítima, mas estou pensando que não fui muito diferente da minha mãe.

Existem mães que estão de corpo presente. Estão em casa, ao lado dos filhos, mas não estão com os filhos de mente aberta, coração entrelaçado no amor que eleva. Mães que se preocupam mais consigo mesmas, se preocupam com o cônjuge, com o trabalho, com o passeio ou namorado. Mães que reclamam da maternidade, que rejeitam os filhos, mas não puderam abrir mão deles.

Estas mães também não estão fornecendo o seu melhor e estão dentro de casa. Eu fui assim. Eu pensei tanto na minha mãe, no meu revide e me esqueci que também tinha uma filha para cuidar.

A Nádia precisou muito de mim. Ela engravidou porque não tinha malícia, se deixou enganar facilmente por um jovem que a desprezou e eu não me coloquei no lugar dela. Eu permiti que ela tivesse o bebê em casa, mas não me cansei de culpa-la. Eu não dei o apoio que ela precisava, a atenção de mãe também faltou no meu lar.

Enquanto eu culpava a minha mãe, deixei de cumprir bem o meu papel. É isso que acontece quando nós nos preocupamos tanto em ferir o outro.

 

REBECA

04/03/2023

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