Cartas de Abril (8)

“Eu entendi que um homem fútil devia morrer para reviver um homem espiritual”

 

Eu me deixei levar no momento em que percebi que estava no fundo do poço. Ninguém por mim, ninguém me esperando ou desejando a minha presença. Eu achava que não precisava das pessoas e que bastava ter tudo o que o dinheiro pudesse comprar, mas percebi que eu precisava das pessoas e me senti só e incapaz de tudo.

Eu chorei e fiz o que tanto critiquei um dia, busquei um ser que estivesse muito acima de mim. Lembrei dos religiosos e ouvi dentro de mim, como alguém que indicava uma solução, a salvação era estar com Ele.

Me lembrar d’Ele era o caminho para a mudança que eu tanto buscava. Eu ouvi os cânticos e me dirigi a igreja. Ninguém me questionou o que eu fazia ali. Ninguém me cobrou nada. Eles viram o quanto eu era necessitado. Devidamente trajado, impecavelmente vestido e barbeado, mas um pedinte. Um carente moral que não tinha como se dirigir no mundo. Eu não sabia caminhar sozinho e clamei. Eu ajoelhei e clamei.

Naquele dia, compreendi perfeitamente o significado da Ressurreição. Eu entendi que um homem fútil devia morrer para reviver um homem espiritual.

Aquele homem que eu fui. O homem que buscava dinheiro, grife, status, poder, posição social elevada e tantas coisas que me desviavam da sabedoria e do amor. Eu senti a necessidade de deixar aquele homem morrer para o mundo e reviver o ser espiritual que habitava o meu íntimo para concluir a programação que me encaminharia ao progresso de Espírito Eterno diante do Senhor.

Foi tão claro, tão lúcido que eu suspirei de contentamento e agradeci pela venda que saia dos meus olhos. Diante daquela igreja, eu revivi e compreendi os planos de Jesus em minha vida.

Todos têm o seu momento e reviver para Cristo. Todos têm necessidades evolutivas que são respeitadas pelos bondosos instrutores do Alto.

Muitas vezes, você se decepciona tanto com alguém, um familiar ou amigo que parece não entender o quanto é importante ser cristão e viver em conformidade com as Leis de Deus que nos afirmam a todo momento como devemos preservar a paz e o amor fraternal. Você pode até pensar que esta pessoa que você tanto ama, jamais modificará sua forma de ser e agir, apesar do seu empenho para que ele enxergue tudo isso, mas não precisa se preocupar. Deus têm planos para todos nós. Jesus é o guia e nos conduz ao Pai, todos chegarão, mas cada um a seu tempo. Todos são respeitados, por isso, o livre arbítrio.

Quando as pessoas sentem a necessidade sincera, elas sabem em quem devem confiar, elas sabem com quem devem contar e sabem que serão amparadas. Isso é legítimo, real e verdadeiro.

Eu passei por isso, talvez você também, então, tenha paciência com aquele irmão que te menospreza, te irrita e que parece não ter jeito. Todos têm solução para Deus.

 

José

19/04/2025

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“Devemos ser humildes, mansos e cordiais como um cordeiro”

 

Estive como prisioneiro sem saber precisar por quanto tempo. Naquele local de gemidos e choros agonizantes, ninguém ousava desobedecer. Eu tentei fugir, mas parecia que aquela não era a realidade original.

Eu estava tão perturbado que não sabia se estava em delírio ou se estava morto. Por alguns instantes, enquanto estava profundamente encolhido naquele buraco, eu raciocinei e me lembrei do homem que fui.

Eu era tão forte e bem preparado, destemido, respeitado. Fazia da minha vontade, um dever e não permitia que as pessoas discordassem de mim. Vocês chamariam de tirano ou crápula. Eu sei!

Dentro e fora de casa, me fazia ouvir. Cheguei a brigar com mais de quatro homens sem me ferir. Espanquei mulheres, abandonei meus pais e roubei a herança dos meus irmãos.

Eu me tornei um homem afortunado do ponto de vista material, mas algo em mim, trazia incômodo e mal estar, era como um pressentimento.

Desencarnei em idade produtiva, acho que muitos se sentiram aliviados com a minha morte. Fui diretamente arremessado para as regiões umbralinas, cheio de torpor, dores inimagináveis e muita confusão mental.

Fui preso por seres que pareciam androides, distorcidos e violentos. Eu apanhei muito e resolvi me calar. Entendo que minha mente culpada aplicou a sentença e me encaminhou para o melhor lugar para aprender a ser humilde e pagar por todas as agressões que eu ocasionei.

Mas, nada dura para sempre, eu me lembrei de uma época em que eu tive minha mãe presente em minha vida. Na fase infantil, cheio de inocência, eu tinha carinho e amor dentro de mim. Ela me afagava e falava sobre Jesus.

Eu senti paz em uma fração de segundos e desejei voltar no tempo para receber os cuidados da minha mãe. Eu me esforcei para acreditar no Mestre e me vi sendo cuidado por alguns enfermeiros que me conduziram para fora dali.

Eu sentia a morte naquele momento e me senti reviver na colônia. Entendi que tudo o que eu vivi foi em decorrência dos meus maus atos e me arrependi.

Senti vergonha de estar ali dando trabalho depois de tudo o que fiz de forma tão impetuosa e arrogante. Eu chorei e fui acolhido, sempre bem tratado.

Hoje sei que devemos ser humildes, mansos e cordiais como um cordeiro. Sei que devemos nos esforçar para vivenciar seus ensinamentos que é a única maneira de sermos melhores neste mundo. Boa sorte pra vocês.

 

Frederico

19/04/2025

 

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“Não basta conhecer o Mestre, nós temos que ser o seu exemplo de luz”

 

Eu queria que tivessem orgulho de mim. Queria que percebessem o quanto eu podia ser uma pessoa exemplar. Mas, tudo o que eu fazia para conquistar aplausos parecia não suprir minhas necessidades morais.

Eu O conhecia, eu sabia dos seus ensinamentos. Entendi o que Jesus solicitou e me dedicava como um dos seus seguidores. Eu falava que era uma serva como as Marias. Me empenhei tanto em saber de tudo, compreender tudo, decorar suas palavras e me esqueci de sentir e transparecer sua obra.

Eu era oca, seca ou estéril. Meu trabalho não frutificava. Eu tive problemas no lar, com meu esposo e filhos, no trabalho e também com a parentela, exatamente porque eu cobrava muito de todos eles. Como se eu fosse perfeita, apenas porque eu conhecia a vida e obra de Jesus, mas eu não revivia, eu não espalhava suas sementes de amor e paz.

Não basta conhecer o Mestre, nós temos que ser o seu exemplo de luz. O real seguidor sente e transmite o sentimento do seu Senhor. É um instrumento da sua paz e bondade, misericórdia e mansuetude.

Eu não consegui ser uma serva real. Eu me deslumbrei tanto com os aplausos, com a forma que as pessoas diziam que eu era especial e correta. Esqueci o meu propósito santificante, era comigo.

Todos nós precisamos fazer em proveito dos semelhantes, mas o propósito é consigo mesmo. Se edificar é ser cada dia mais humilde, misericordioso, bondoso, altruísta, devotado, indulgente e amoroso a exemplo do Mestre. Sem permitir que as más sementes do orgulho e do egoísmo te bloqueiem os passos na evolução.

 Jennifer

19/04/2025


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“Deus deu ferramentas para que todos possam produzir, mas devemos ser servos diligentes, é preciso boa vontade”

 

 Foi com extrema dificuldade!

Nós trabalhávamos o ano todo pensando naquela data. Ia parte do salário e também tudo o que conseguíamos arrecadar com as doações dos comerciantes da região.

Eu sentia que era uma obra simples, mas acreditava que era um sinal de esperança para tantas famílias na Páscoa.

Eu gostava de salientar o real significado da data: Jesus.

Mas, os ovos de chocolate faziam brilhar os olhos daquelas crianças carentes. Seus pais sofridos também sorriam e agradeciam de todo coração como a responder a Deus que eles sentiam a sua presença.

Eu sabia que o Pai me colocava naquele lugar para agir. Eu só sabia fazer aquilo, doava os ovos e lembrava da Ressurreição. Deixava claro o trabalho excepcional de Jesus no planeta Terra e nossa condição de pessoas que precisam melhorar através do bem, dos seus esforços como trabalhadores iluminados. Eu gostava de salientar que todos nós temos condições de produzir coisas boas. Deus deu ferramentas para que todos possam produzir, mas devemos ser servos diligentes, é preciso boa vontade.

Eu não era uma estudiosa da Bíblia, nem tinha tanto estudo geral, mas achava que “o pouco com Deus é muito”. Ele poderia me utilizar e tocar aqueles corações.

Nisso consistia minha felicidade e meu estilo de vida. Na Páscoa, eu me sentia agradando a Deus.

Sou muito agradecida por todo auxílio que recebi para o cumprimento desta tarefa.

 

Cleusa 

19/04/2025


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 “Alguém deve ser responsável pelos imprudentes, devem corrigi-los da forma adequada para que a paz seja mantida”

Eu não percebi os seus ímpetos de fúria. E nenhum momento consegui notar sua angústia quando se envolvia com outras pessoas. Ele nunca me pareceu carinhoso, é verdade, mas também não imaginei que precisava me preocupar com as pessoas que estavam ao seu redor.

O fato é que meu filho não permitia que as pessoas o contrariassem. Isso começou na escola, pequenino, ele não admitia que as pessoas discordassem dele e começou a nutrir uma aversão pela professora e outras crianças. Ela também não pensou que ele fosse crescer tão indignado por algumas coisas que ela fez. Todos nós pensamos que se tratava de coisas de criança e que, aquilo tudo, seria esquecido quando a maturidade chegasse, mas ela nunca chegou.

Ele poderia ter cometido um crime contra aquela pobre criatura se eu não estivesse atenta. Jamais permitiria que meu filho pudesse agir contra a integridade física de alguém, mas isso quase aconteceu.

Eu descobri materiais estranhos na mochila, ele estava inquieto. Meu filho tinha 15 anos e não tinha amigos, não conversava conosco, tinha manias e esquisitices que eu pensava ser coisa de adolescente. Eu estava sempre querendo justificar para mim mesma aqueles comportamentos estranhos. Não quis aceitar que ele precisava de ajuda psicológica. Há décadas atrás, era muito incomum buscar tratamento psíquico. Só quem fazia isso eram os loucos e eu não podia considerar meu filho único, um louco.

Mas, fui percebendo que ele era incomum e eu não gostava de ficar sozinha com ele, acho que eu tinha medo. Aquela criança angelical, há tempos sumiu do meu convívio, ficando um jovem silencioso que não deixava transparecer o que tinha na cabeça.

As pessoas podem construir mundos impressionantes nas imaginações. Aquele olhar perdido, o semblante inexpressivo, me deixavam extremamente preocupada, mas o que eu podia fazer? O melhor foi conversar com meu esposo e abrir meu coração. Deixar de lado as incertezas e dizer com franqueza minhas inseguranças em relação ao nosso filho. Meu marido, na hora quis me tranquilizar, mas ficou observando e entendeu que o menino precisava, realmente de ajuda.

Poderia se tratar de algum quadro espiritual, mas no fundo, era realmente um quadro psíquico. Tivemos a grande sorte de encontrar um psiquiatra que soube fazer um diagnóstico adequado e conduzir um tratamento eficiente com base em medicações. Depois de algum tempo, ele parecia mais tranquilo e equilibrado. Nunca socializou como as outras pessoas, sempre foi solitário, mas conseguiu se inserir bem nos estudos e mercado de trabalho. Ele sempre foi bom filho e nunca teve um comportamento agressivo com ninguém.

Isso, pra mim, já foi motivo de contentamento. Acho que eu nunca teria paz se meu filho comprometesse outra pessoa. Sempre me sentiria culpada. Os pais devem observar seus filhos e precisam se responsabilizar por tudo o que disseminam na sociedade. Alguém deve ser responsável pelos imprudentes, devem corrigi-los da forma adequada para que a paz seja mantida.

 

Fernanda

06/04/2025

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“Somos uma família do Senhor que deve estar em paz o tempo todo”

Nós sabemos dos vínculos do passado. Vínculos de amor e ódio que unem uns e outros. Isso justifica muitas coisas, crimes, abusos, discriminações, elos doentios e amores duradouros. Nos movimentamos a partir de experiências do passado.

Quando um adversário do passado aparece diante de nós, o esquecimento do passado, não permite que ele se revele. É a misericórdia divina que faz com que as pessoas possam se reencontrar e tenham a oportunidade de regatar os débitos do passado sem se reconhecerem. Mas, as pessoas têm intuição e sentem rejeição, repulsa intuitiva que faz odiar sem saber o porquê.

Precisamos aproveitar este esquecimento do passado para nos libertarmos das mazelas de outros tempos. Se você sente forte incomodo quando está diante de alguém, ore para que tenha paz. Para que consiga controlar seus impulsos e, em alguns momentos, pode ser necessário o afastamento, silêncio e muita paciência.

É bom observar esta pessoa e tentar perceber quais são os pontos fortes que ela apresenta. Quais são as qualidades deste irmão? Todas as pessoas apresentam virtudes e podemos começar a nutrir admiração partindo deste ponto de vista. Isso é fundamental para quebrar os resquícios de intolerância das outras vidas.

Isso tudo pode acontecer com pessoas que estão na sociedade e que não temos muito contato, mas coisa piora quando estas pessoas são parentes consanguíneos, familiares que se agregaram, colegas de trabalho que estão intimamente ligados a nós ou membros de ordem religiosa que precisam conviver conosco no trabalho edificante.

Deus sempre nos coloca no local apropriado para nos desenvolvermos e também permite que uns sirvam de instrumento para edificação dos outros. Somos uma família do Senhor que deve estar em paz o tempo todo. As relações de animosidade precisam ser extintas, nem que para isso, precisemos de dezenas de vidas.

 Lúcio

06/04/2025

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“Nós temos que ter paciência, pois Deus tem a solução para tudo. 

Sempre foi uma pessoa maravilhosa na sociedade. No ambiente de trabalho, nas casas da parentela, na igreja, meu marido sempre foi cordial e muito educado. Em nenhum momento demonstrou agressividade e contrariedade para executar o que quer que fosse. Ele sempre foi um homem modelo, sendo assim, ninguém jamais pode se queixar dele.

Eu garanto que as pessoas não podiam falar mal do meu esposo, mas em casa...

Meus filhos e eu já não suportávamos tantas agressões. Eu pensei em falar, desejei desabafar com alguém, inclusive, mencionei na casa dos meus pais, logo que as violências começaram, mas eles diziam que eu devia estar exagerando porque meu esposo não tinha coragem de matar uma barata.

Ninguém podia acreditar que éramos mal tratados no ambiente doméstico. Eu pensei que aqueles abusos jamais acabariam. Não era, como se diz hoje, um abuso moral, ele nunca me confundiu. Ele me socava a barriga para não deixar marcas aparentes. Devia ser um tipo de psicopata que agride sabendo que não pode se comprometer e sentia certa satisfação quando via um de nós ajoelhados em agonia diante dele. Um risinho de sarcasmo e contentamento. Eu estava horrorizada, mas tinha três filhos e não tinha apoio para sair dali.

Aguentei, orando para Deus tivesse piedade de nós. Para não ver meus filhos apanhando, me acostumei com as surras. Mas, o tempo passou, meus filhos cresceram e aquele homem forte, envelheceu. Nada dura para sempre. As cabecinhas dos meus filhos, estavam abaladas, mas eles eram homens conscientes do que o amor podia fazer. Sabiam que o amor não deve gerar a violência, então, começaram a me defender. Nunca mais fui agredida.

Eles ameaçaram o pai, falaram que não admitiriam maus tratos, nem comportamentos agressivos no lar. Não toleravam aquele homem falso, violento e inescrupuloso, preferiam que ele fosse embora. Sei que meu esposo não imaginava ouvir isso dos filhos. Eu fiquei tão feliz quando me defenderam, parecia que Deus tinha enviado homens para me libertar daquela vida de humilhação.

Meu marido tentou viver conosco, seguindo aquele regime severo de pacificação onde ele não se encaixava em decorrência dos seus maus instintos, mas foi impossível, então, disse para todos o quanto nossos filhos eram homens ingratos que não sabiam respeitar a autoridade paterna e foi embora.

Ficamos mal falados por anos, a família dele até veio brigar conosco. Ninguém acreditaria que aquele homem modelo fora de casa, era o nosso tirano. Achamos melhor não tentar explicar a vida de amargura que vivenciamos entre as paredes daquela casa que mais parecia uma prisão.

O tempo passou e tudo mudou. Nós temos que ter paciência, pois Deus tem a solução para tudo. Ele deseja que todos os seus filhos sejam bons e mansos, quer que todos se entendam, facilita o contato para que se entendam, mas não permite que sejam vitimas para sempre, precisamos confiar nos planos de Deus para todos nós.

Em outros tempos, estivemos todos juntos como irmãos numa grande família. Ele se sentiu injustiçado quando ficou sem parte da herança de nossos genitores e jurou vingança. Não conseguiu se vingar enquanto encarnado, mas quando a nova oportunidade chegou, o ímpeto de revide estava latente dentro dele. Fez tudo o que pode para nos torturar. Quando isso acontece é muito triste porque necessitaremos de outra vida para resgatar. Só com a paz conseguimos nos libertar. Precisamos fazer as pazes do fundo do coração, gerando benefícios, ao invés, de prejudicar.

 

Sandra

06/05/2025  

 

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  “A vida é perfeita!”

Por que é que ele tinha que ser meu irmão? Eu me perguntei isso tantas vezes e me indignei tantas vezes. Eu imaginava se fosse filha única e sei que teria sido muito melhor porque meus pais eram ótimos, mas aquele irmão representava tudo o que eu mais detestava na vida. Em tudo ele me incomodava. Nós não conseguíamos, nem mesmo, conversar respeitosamente, em tudo diferíamos.

Eu sentia que nossos pais se incomodavam com nosso comportamento porque só tinha paz no ambiente doméstico quando um de nós estava ausente. Senão, estávamos sempre discutindo. Eles nunca demonstraram preferência e nunca estimularam competição entre nós, pelo contrário, tentavam mostrar o quanto éramos parecidos e precisávamos ter união diante de alguém acontecimento em que precisassem contar conosco, mas não levávamos em consideração, não nos suportávamos.

A vida é perfeita! Crescemos, estudamos, nos formamos e continuávamos a discutir. Fazíamos de tudo para não esbarrar em casa. Tínhamos horários contrários exatamente para isso, foi uma fase mais tranquila para todos. Mas, nosso pai envelheceu, precisou de hospitalização e ficamos destruídos, nossa mãe não tinha forças para tomar decisões, ela estava acabada, só sabia chorar e pediu que nos uníssemos para cuidar de tudo.

Foi aí que levantamos a bandeira branca, pelo menos naquele momento. Decidimos nos tratar como a estranhos, pois assim, teríamos a maior educação e respeito um para com o outro. Conversamos sobre a saúde e tratamento do nosso pai, sobre as necessidades da nossa mãe, organização e manutenção do lar, turnos para sermos acompanhantes do nosso pai no hospital, enquanto cumpríamos com nossas obrigações nos trabalhos respectivos.

Foi tudo estabelecido com ordem e disciplina para beneficiar a todos, principalmente nossos pais amados. Depois de alguns meses, nosso pai recebeu alta e voltamos para casa. Nós já estávamos nos olhando diferente. Tudo mudou. Eu passei a respeitar meu irmão, a valorizá-lo e sei que foi reciproco.

Eu sabia que ele era a única pessoa no mundo que estava passando por angústias como eu. Só ele nutria o mesmo amor por nossos pais e faria tudo o que estivesse ao seu alcance para que ficassem bem. Foi assim que nos entendemos. Assim, nós compreendemos o que nossos pais diziam: nós precisávamos nos unir para superarmos dificuldades no ambiente familiar.

Depois disso, nós formamos vínculos com outras pessoas, tivemos cônjuges e filhos. Estávamos sempre reunidos pelo bem de nossos pais, mas éramos amorosos e amigos, eu podia dividir tudo com ele e gostava de me sentir amparada quando eu precisava.

Aqui, descobri que, e outra existência, fomos um casal que muito se amou e muito se destruiu por ciúme, por traição, por leviandade. Assim, nutrimos tanto ódio e antipatia. Concordamos retornar no mesmo ambiente, como irmãos de sangue, mas no íntimo ficou aquela sensação de antipatia. Porém, aqueles que se amaram, ainda poderão se amar, basta eliminar as mazelas com auxílio mútuo e companheirismo.

 

   Cibele 

06/05/2025

 

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