Cartas de Fevereiro (20)

Foto cedida por Magno Herrera Fotografia

“A EDUCAÇÃO E O AMOR SÃO OS PRINCÍPIOS NECESSÁRIOS PARA NOS FAZER CAMINHAR EM TERRENO SÓLIDO QUE PODE NOS ELEVAR”


Eu sentia necessidade de ser mãe, mas intimamente tinha uma voz que dizia que isso não seria possível. Era como uma maldição para mim, tamanho desejo e adoração que eu tinha por crianças.
Na minha família, uma mulher sem filhos era a própria figueira seca. Eu estava casada há doze anos e nenhum filho havia chegado em meu lar. Todos me estranhavam e, para o meu azar, minhas irmãs pareciam coelhas. Era um sinal de fertilidade, de saúde, se a mulher tivesse muitos filhos e eu queria a casa cheia, mas não tinha nenhum.

A casa começou a se tornar fria, vazia, triste. Eu desejava a correria, as peraltices e as gargalhadas, mas não tinha mais que as canções que eu mesma proferia. Minhas amigas se negavam a me convidar para as festinhas porque eu havia me tornado uma mulher melancólica.
Estranho! No momento em que eu mais precisei das pessoas, parecia que todos me davam às costas. Eu me detive em dar atenção ao meu trabalho e ao meu esposo, mas em determinado momento, notei que ele estava distante de mim. Eu não o agradava mais? Fiquei confusa e com receio de questioná-lo, eu temi ouvir uma resposta que me definisse como estéril. Mas, os sinais não tardaram em aparecer. Será que ele fez de propósito?

Achei gola de camisa manchada de batom, bilhetes e ligações que desligavam quando eu atendia o telefone. Cheiro de perfume de mulher. Eu chorei, fiquei desesperada. Eu não podia perdê-lo, mas não houve escapatória. Ele se foi quando fiz o menor questionamento e ainda disse que estava partindo porque ele merecia ter a continuidade do seu sangue, ele desejava uma família completa.
Ele me humilhou porque senti como verdade absoluta. Foi há muito tempo. Época em que as mulheres serviam, quase que exclusivamente, para procriação. Hoje está tão mudado!
Eu vi o mundo mudar a minha volta. Pessoas que me desprezaram porque eu era estéril e divorciada. Quanta dor! Mas, as crianças estavam por toda parte e meu desejo nunca morreu como se uma força estranha não quisesse que eu desistisse.
Continuei com minha vida e conheci um homem que não me rejeitou, pelo contrário, quando olhei para ele, à primeira vista foi como um reencontro. Logo, nos envolvemos e resolvemos nos casar. Eu disse toda a verdade a ele, mas de forma muito compreensiva ele me tratou e vivemos oito meses unidos num matrimônio doce e sereno até que eu comecei a me sentir muito mal. Acreditei que uma doença terrível se apoderava de mim para acabar com minha alegria, mas o médico me deu a melhor notícia de minha vida, eu estava grávida.
Minha filha foi o melhor presente que eu poderia receber de Deus. Vivi a maternidade com todas as minhas forças como se cada dia fosse o último, como se tivessem tido piedade de mim.
O fato é que realmente não estava previsto que eu engravidasse. Vocês podem achar que meu marido é que era estéril, mas ele teve quatro filhos com a esposa. Ele não tinha problema nenhum. Eu tive, apenas a Maíra.
Quando nós desejamos muito uma coisa. Desejamos uma coisa boa que pode ser benéfica para você e para outras pessoas, isso tudo pode acontecer. Tem que ter fé, merecimento e propósitos benéficos.

Quantos Espíritos precisam reencarnar?

Atualmente, quantas pessoas preferem não ter filhos? Não existem erros na Lei, mas deve ser bem frustrante se deparar com a recusa dos futuros pais, não é?! Depois que tudo foi decidido no mundo espiritual, quando ele se prepara para reencarnar e assumir compromissos que são importantes para sua evolução, de repente, os pais preferem as facilidades da vida material e decidem não ter filhos.

Alguns justificam dizendo das crueldades do mundo, crueldades da Humanidade que sempre existiram. A educação e o amor são os princípios necessários para nos fazer caminhar em terreno sólido que pode nos elevar.
Ouçamos todos a voz do coração!
CELESTE
29/02/20

-------------------Paula Alves------------

COMO PODE UM HOMEM FAZER TANTO MAL E SER SOCORRIDO E EU NÃO?

Nem de longe os pensamentos que me tornaram um ser tão cruel. Eu tenho compreensão do mal que causei e me sinto envergonhado. Não consegui me esquecer do quanto ele nos prejudicou. Eu o encontrei porque senti as inclinações do mal. Quando o vi totalmente modificado, pensei que estava em delírio, mas já tinham outros na casa dele, outros que também cobravam. Eles riram tanto, zombaram de mim, dizendo que ele tinha reencarnado, mas era ele. Aí foi fácil, chegaram bem pertinho dele e conseguiram fazer rodar um filminho que saía da cabeça dele. O filminho era a prova real de que ele era o mesmo de antes. Ele tinha guardado na mente tudo o que fez. Todos os sofrimentos que vivenciei com minha família, estava tudo registrado, eu vi.

Eu me lembrei dos detalhes e todos os outros conseguiram visualizar o quanto ele poderia ser implacável. Ficamos furiosos, afinal ele tomou as terras, usou de força bruta prejudicando indefesos, meus pais idosos, minha esposa grávida e minha mocinha que foi molestada. Eu desejei matá-lo. Eu jurei vingança. Quem poderia dizer que eu, um pai ofendido, estaria errado?

Mas, o tempo passou e naquela vida, eu morri tentando acabar com ele sem possibilidades para isso porque eu não tinha nem influência, nem dinheiro. Eu morri e nunca esqueci da jura que fiz.
Passei de um pai ofendido a carrasco no mundo espiritual. O ódio, a revolta transformam até nossa aparência e conferem uma maldade que a gente nem sabia ser possível sentir. Eu levei muito tempo procurando por ele. Parecia que nossos caminhos tinham sido distanciados, sei lá. Depois fiquei sabendo que nos perdemos, mas ele também padeceu por causa do que fez, levou muito tempo, cada um de nós envolvido com o mal. Ele recebeu assistência e eu não. Como pode ser isso? Como pode um homem fazer tanto mal e ser socorrido e eu não?

Aí você fala que eu alimentei o mal por centenas de anos, enquanto ele, se arrependeu e tentou se reformar. Os caminhos se inverteram. Ele reencarnou e eu continuei da mesma forma, alimentando o mal.
Mas, eu o encontrei. E quis me vingar, aproveitando que poderia acabar com a nova vida dele. Só que ele estava diferente. Ele tinha família, também tinha um trabalho onde precisava sujar as mãos, pegar no pesado e ainda era temente a Deus. Ele orava com sinceridade e pedia perdão porque sentia em si uma inclinação para o mal. Ele falava isto, sem alardes, ele comungava e pedia para Deus dar forças porque tinha maus pensamentos e se sentia infeliz.
Eu ouvia tudo, percebi que era de verdade, tudo sincero. Eu refleti que ele merecia padecer por tudo o que ele nos fez, mas eu me deparei com uma situação nova.

Nunca tinha olhado bem para a esposa dele, depois da igreja eu olhei e encontrei nela a minha filha. A mocinha que ele violentou. Eu chorei muito naquele dia. Como poderia ser possível aquela infeliz se casar com o seu agressor? Daí, eu entendi porque ele se sentia tão culpado. Ele não sabia o que fazer para agradá-la e ela fazia o pobre de gato e sapato, mas não era maldade, ela fazia até sem perceber.
A gente entende muita coisa quando está deste lado. Eu sentei e fiquei constrangido porque a vingança não precisava nascer das minhas mãos. Eu queria fazer o homem sofrer como se não houvesse justiça, mas tudo estava acontecendo diante dos meus olhos. Ele tinha tirado tudo de nós, até a dignidade, o brio e a pureza, depois de tanto tempo, havia desposado a própria vítima, foi obrigado a dar casa, comida e todas as regalias que aquela esposa exigia dele.

Respirei fundo, vi naqueles dois seres um laço tão antigo. Eu cheguei perto dela e levei os outros companheiros porque eles a estavam cobrando também e eu queria defendê-la. Nós vimos o quanto ela havia prejudicado o esposo em outras existências. Eu entendi que a história era entre eles. Os dois precisavam se resolver e eu não podia ficar atrapalhando a vida dele porque ia prejudicá-la também.

Eu até quis ajudar, por isso, desejei sair de lá. Eu quis mudar de vida e agradeço tudo isso que estão fazendo por mim. Eu quero a oportunidade que me deram. Quero ser filho deles. Serei grato.
JOSUÉ
29/02/20

-----------------------------------------Paula Alves----------------------------------


“EU SENTI A AUSÊNCIA MATERNA QUANDO ELA SEMPRE ESTEVE BEM PERTO DE MIM”

No momento em que a bomba explodia foi terrível. É uma fração de segundos, vem a dor e não para mais de doer, nunca mais. Eu quase fiquei surdo, tive uma sensação péssima de perda, de fracasso e de arrependimento. Eu não devia estar ali.
Eu queria sair com a Maura, eu precisava de dinheiro e, por isso, fui ao banco. Quando é que eu ia imaginar que estava no lugar errado, na hora errada?
Mas, vocês falam aqui que não existem acasos. Eu morri, era para ser assim?

Fiquei muito revoltado. Eu não quis perder minha vida e todas as possibilidades. Eu tinha sonhos e expectativas. Eu fiz planos para a vida toda e não imaginei que seria tão curta. O que foi que eu fiz de útil.
Acho muito legal quando tudo tem um porquê. Parece que tudo se esclarece e a vida teve sentido, mas a minha não. Eu não fiz nada, nem deu tempo. Acho que foi um acaso. Será que alguém se esqueceu de mim?
Eu nunca pensei muito em Deus e no Universo. Nunca tive esta inclinação para religioso e parar para pensar nisso é uma incógnita para mim. Não desejo ofender, mas penso que, Se Deus existe, ele esqueceu de me beneficiar. Foi sem querer. Se eu fiz planos e não conclui nenhum, o que deu errado?

Você fala das minhas escolhas, como assim?

Eu tinha um caminho como todos? E por que morri?

Não pode ser tão óbvio. Quer dizer que muitos de nós servem para acionar outras pessoas?

Mas, eu deveria ser o protagonista da minha história e não fui?

Vocês me dizem que eu morri para que ela sentisse?

Minha mãe nunca foi muito emotiva. Realmente, sempre fui muito independente porque ela me ensinou a fazer tudo sozinho desde cedo, senão ficaria com fome, sujo, enfim, sempre achei que tivesse nascido por um descuido dela. Ela não sabia dar carinho ou expressar afeto. Nunca conheci meu pai e os parentes mais próximos me evitavam porque eu prejudiquei o futuro dela. Eu?

Aí você fala que isso tudo foi minha prova? Eu precisava ter vindo exatamente nestas circunstâncias e aprender muitas coisas que entraram como por osmose. Eu precisava desencarnar bem cedo para que ela sentisse a dor da perda do único filho. Ela precisava amar como mãe e para isso, deveria sofrer. Foi como se a vida toda ela não tivesse sido grata pelo filho que recebeu, então, o filho foi tirado dela para valorizar o bem que recebeu.
Eu nunca teria pensado isso tudo por mim mesmo. Muito obrigado. Me diga mais uma coisa.
Valeu a pena tudo o que aconteceu?
Ela sentiu minha perda?
Eu fico feliz em saber que tudo valeu a pena. Valeu a pena para mim e para ela. Eu não queria que ela sofresse, inexplicavelmente, eu senti afeto por ela. Nem sei o motivo, mas eu a amei e amo. Eu senti a ausência materna quando ela sempre esteve bem perto de mim. Eu desejei que tivéssemos sido bons amigos e confidentes. Eu queria que ela tivesse apoiado meus estudos e me orientado em muitos aspectos, mas ela não tinha jeito para isso, eu entendi.
Saber que ela sofre não me deixa animado, eu me entristeço, mas me conforta saber que minha morte física foi bom para que ela despertasse bons sentimentos.
GABRIEL
29/02/20

-------------------Paula Alves----------

“EU ESTOU PENSANDO QUE MUITAS COISAS PODERIAM SER EVITADAS SE AS PESSOAS TIVESSEM ESTA DÚVIDA DE QUE A MORTE NÃO EXISTE”

Não tem essa. É matar para não morrer. Eu nunca parei para pensar que aquela pessoa tinha família, pai, mãe ou filhos. Eu não pensava para não me envolver com a vítima. Eu só queria conseguir uma forma de ganhar dinheiro, mais nada. Eu não pensava que a pessoa ia sofrer. Nunca imaginei que continuava existindo. Você acha que, se eu tivesse esta compreensão, não teria mudado de conduta?

Eu estou pensando que muitas coisas poderiam ser evitadas se as pessoas tivessem esta dúvida de que a morte não existe.
Imagina se eu soubesse que nós somos todos imortais...
É muito louco véio! Pensar que não morre, continua a ser como sempre foi. Mantém a forma de pensar, de saber exatamente quem é e ainda se lembra de outros tempos. Quando é que eu ia imaginar que são sempre os mesmos grupos de pessoas que vão se entrosando e se ligando para reparar, para aprender a se amar, se regenerar e pagar o que deve da melhor maneira possível? Se eu soubesse que ia ficar todo mundo me cobrando eu nem ia fazer maldade. Sou burro?

Eu não podia ter me esquecido disso tudo. Isso aí eu acho que é injusto porque se a gente lembrasse de alguma coisa não ia dar tanta mancada, mas é como uma prova de escola. A gente estuda bastante aqui, recebe orientações de pessoas que são tipo professores, aí parte para o local onde vai ter a prova, parte para uma nova vida. Você não vai poder consultar o caderno, mas pode ter a ajuda de um amigo que você escuta se está bem intencionado. O problema é que a gente se encanta com as miragens. A gente quer dinheiro, carro, relógio do bom, droga e mulher. E encanta tanto que fica fascinado e não escuta o amigo, pelo contrário, meu amigo ficou distante, nem conseguia me inspirar, ao invés dele, eu atrai outro que era tão viciado quanto eu e me influenciou a cometer muitos crimes, fui atraindo uma galera de Espíritos perversos.

Me dei mal na prova cara. Deu tudo errado. Não tem como dar certo deste jeito. Agora eu vou ter que ficar um bom tempo aqui. Fazendo tratamento e aprendendo a ser melhor moralmente porque se eu voltar erro novamente.
Eu me atrapalhei tanto. Eu matei muita gente. Nem senti nada. Hoje eu entendo o quanto eu prejudiquei aquelas pessoas. Todas elas estavam em débito com a Lei, mas não era eu quem tinha que ser o instrumento do mal.
ZECA
29/02/20
                            ------------------------------Paula Alves---------------------------
Foto cedida por Magno Herrera Fotografias

“APENAS O AMOR E A DEMONSTRAÇÃO DOS MAIS SINCEROS SENTIMENTOS PODEM ELIMINAR O MAL”


Eu ficava preocupada com o choro dela, mas não podia deixar que ela interferisse na nossa relação por pura manha.
Eu ficava tão dividida. Minha vontade era sair correndo e tê-la em meus braços para acalmá-la. Ela sempre se acalmou quando eu fui até o quarto dela, mas os familiares criticavam minha conduta dizendo que a criança tem que ficar na cama dela e não na cama dos pais. Diziam que eu não dava limites e meu marido precisava de esposa.

Comecei a ficar apreensiva ao cair da noite, como se tivesse certeza do sofrimento que minha filha iria enfrentar.
Naquela noite, foi difícil fazer a Laura dormir. Ela chorou tanto, eu fui ao seu quarto, a consolei e esperei até que ela dormisse, enquanto eu orava solicitando o auxílio de Deus.
Quando consegui adormecer, tive um sonho lindo com uma avó querida que estava desencarnada há vários anos.
Vovó Isabel informou que a criança tinha razões para sofrer. Segundo ela, durante o sono, a criança se desprendia do corpo e via seres terríveis que se esforçavam para atormentá-la. Eu fiquei confusa e perturbada com a informação:
- Por quê? – indaguei.
Ela explicou que muitos de nós temos desafetos, pessoas que nos cobram por erros cometidos no passado, falta de perdão e indulgência. Quando podem, tentam se vingar das crianças ou de seus pais, através das crianças que choram demais.
A pequena Laura ficava desesperada e procurava asilo no seio dos pais, porém sem informação, nós a rejeitamos tratando do incidente como manha, bobagem de criança.

Vovó Isabel salientou a importância da oração no lar, a retidão moral dos pais que eliminam vícios físicos e morais pela paz familiar. Ela ainda deixou claro o quanto a criança precisa de apoio e afeto para fortalecer sua estrutura espiritual e psíquica.
Depois disso, eu acordei com uma sensação saudosa, porém certa de que deveria modificar minha conduta.
Conversei com meu esposo que achou uma besteira de sonho. Ele dizia que eu mimava nossa filha. Eu estava convicta de que a mulher pode edificar o lar com amor e devoção.

Voltei para a igreja, me esforcei para transformar os maus hábitos do Vitor e passei muitas noites com a Laura em oração, cheia de agradecimento por ter minha menina comigo. Eu dizia sempre na oração o quanto podemos nos modificar através do amor. Eu sentia que tinha seres nos observando, à medida que a Laura crescia, meu amor só aumentava e as influências foram diminuindo.
Hoje, tenho certeza de que tudo isso ocorreu realmente e digo para todas as mães que nós não erramos em ofertar cuidados, afetos e atenção porque, apenas o amor e a demonstração dos mais sinceros sentimentos podem eliminar o mal.
SAMANTA
22/02/20


----------------------Paula Alves-------------


“NÃO É O QUE VOCÊ INFORMA, MAS A FORMA COMO SE EXPRESSA QUE VAI FAZER TODA A DIFERENÇA PORQUE MUITOS PENSARÃO COMO VOCÊ, MAS DO SEU JEITO, SÓ VOCÊ VAI FAZER”

Eu vivi da arte. Minha pintura era o que me ligava a um mundo de paz onde as pessoas podiam ser livres. Livres de indagações, restrições ou cobranças.
Mas, foi difícil viver da arte. Nem sempre as pessoas valorizam o artista. Poucas conseguem compreender o que nos move, o que nos inspira e criticam, ridicularizam.
Os familiares foram os primeiros a chamar: “Louco! Vai morrer de fome!”
Falavam que eu tinha que fazer escola de arte, me dedicar para conseguir diploma, treinar minha arte que consideravam ruim, sem lógica ou perspectiva.
Mas, para mim, era tudo tão óbvio, tão lógico, era a minha visão de vida, de morte, de belo. Eu tinha um dom, eu sentia as cores e sabia como uniformizá-las, eu sabia como fazer e não queria educar minha arte. Eu não queria domá-la.

Quando a família me excluiu porque não aceitou que a materialidade nunca me impulsionou, não conduziu meus passos, eles me excluíram e fui embora.
Quis ser livre para mostrar para quem quisesse ver o quão belo poderia ser o meu raciocínio sobre a tela.
Não é o que você informa, mas a forma como se expressa que vai fazer toda a diferença porque muitos pensarão como você, mas do seu jeito, só você vai fazer.

A arte é a identificação do ser em tela, em música, em sentimentos, palavras e gestos. Eu não quis enriquecer, eu quis viver e mostrar o que é viver com o que se ama.
Poderia ter sido, apenas isso e já teria sido uma vida satisfatória, sem amarras, com imensa gratidão pelo dom que recebi e por todos que puderam enxergar minha alma, mas houve um homem que pode levar minha arte para o mundo e quando isso aconteceu, eu não fui medíocre, mas me tornei um gênio, segundo ele.
O que quero dizer é que a maioria só precisa da credibilidade de um homem que tenha poder para aplaudir um Zé Ninguém e considerá-lo como gênio e não deveria ser assim.

A arte deve ser sentida e o dom deve ser respeitado.
Um nome é só um nome porque somos todos iguais.
ISIDORO
22/02/20

--------------------Paula Alves----------------

“SE O QUE VOCÊ É NÃO AGRIDE NINGUÉM, NEM VOCÊ MESMO, SEJA LIVRE PARA MOSTRAR O SEU MELHOR PARA O MUNDO”


Eu cantava com o amor que tinha em meu ser. Dedicava à minha voz o mais puro sentimento e a gratidão de poder viver do meu trabalho.
Vida extremamente simples, mas digna: cantora de bolero.
Quando vi José Raimundo me encantei com seus olhos, mas não pensei que ele seria minha perdição.
Ele me galanteou, fez de tudo para me conquistar. Eu não pensava em casamento ou família porque estava feliz desenvolvendo meu trabalho, sendo quem eu sempre quis ser.

Nunca imaginei que o magnetismo daquele homem poderia me desviar do meu caminho. Começamos um relacionamento e quando me dei conta as cobranças foram exageradas. Ele criticava tudo, me menosprezava, dizia que aquilo não era vida para mulher. Ele me pediu em casamento e falou que faria tudo por mim, mas aquela vida tinha que ficar no passado.
Nem sei como eu pude abandonar minha carreira que era tudo o que me trazia felicidade por um homem que nunca me valorizou. A impressão que eu tenho é que ele queria me destruir, tirar o que era mais importante em minha vida.

Eu me casei com ele, tive três filhos e ele me proibiu até de cantar para as crianças dizendo que eu parecia uma mulher da vida.
Foram muitos insultos, anos de humilhação para ele me transformar numa mulher sem identidade. Eu me depreciei, fiquei tão infeliz, acabada. Só não achava minha vida pior por causa dos meus filhos. Até que eu soube de uma amante, depois de outra e mais outra.
Nisso, meus filhos já estavam crescidos e eu acordei. Não sei explicar como, eu vi fotos, lembranças do passado que me colocaram frente a frente com meu eu, com aquela que eu tinha bem dentro de mim e que queria ser livre novamente.
Arrumei minhas coisas, peguei meus filhos e fui embora. Meu marido me bateu na casa dos meus pais, disse que eu não tinha como sobreviver sem ele e partiu.
Eu só sabia cantar e cuidar da casa, então, trabalhando de dia como faxineira e de noite cantava em casamentos, aniversários e batizados. Voltei a ser eu, voltei a ser feliz.

Cada um de nós sabe quem é de verdade. Sabe o que precisa ser para ser completo, realizado. Se o que você é não agride ninguém, nem você mesmo, seja livre para mostrar o seu melhor para o mundo.

AS PESSOAS DEVERIAM RESPEITAR OS OUTROS PARA TAMBÉM RECEBEREM RESPEITO E, ASSIM TERMOS UM MUNDO MAIS SADIO E RESPEITÁVEL.
MIRELA
22/02/20

---------------------Paula Alves--------------------

“TODOS NÓS VIVEMOS UM TEMPO ADORMECIDOS NO CORPO, ATORDOADOS PELA MATÉRIA E PELAS NECESSIDADES MATERIAIS, MAS DEVEMOS BUSCAR COM A SIMPLICIDADE E A CONEXÃO INTERIOR SABERMOS QUEM SOMOS E O QUE NOS MOVE NO MUNDO”


Como é que eu poderia dizer para ele que tudo o que eu desejava era seguir aquele homem?
Meu pai foi advogado muito respeitável, com requinte e bom padrão de vida.
Eu fui criada para seguir seus passos, estudei em ótimas escolas, assim como meus irmãos que já eram seus sucessores, mas conheci Edivaldo e me encantei com suas composições.
Quanta paixão! Quanta sinceridade! Eu ainda não havia conhecido um ser tão humilde e real. A palavra é real.
Sabe quando uma pessoa não faz rodeios? Quando uma pessoa fala o que quer sem medo de como será interpretado?
A sinceridade de quem é o que é sem constrangimento?

Eu me apaixonei por sua linguagem simples, pela forma como ele via o mundo. Edivaldo achava que o Universo era perfeito e que todas as criações divinas eram belas, harmoniosas, estavam a nosso dispor para nos beneficiar e que, por isso, devíamos ser gratos a tudo.
GRATOS AO CORPO, À NATUREZA, AO PLANETA TERRA E A TODAS AS PESSOAS QUE SÃO PARTE DO NOSSO TODO.

Eu aprendi com ele em alguns dias o que nunca aprendi nas escolas caras que meu pai me permitiu estudar.
A interação com o cosmos, a meditação e o envolvimento com minha alma possibilitaram alargar minha consciência e eu me modifiquei em alguns dias.
Não pensei que fosse possível, mas eu apenas me libertei de padrões impostos à minha mente e voltei a ser eu e a me conectar com tudo o que me preenchia, eu pensava exatamente como ele.

Daquele contato, eu sabia que tinha um reencontro. Eu não podia perdê-lo novamente.
Confessei ao meu pai tudo o que se passara comigo e ele ficou indignado, mostrou uma face que eu desconhecia. Ele me virou as costas. Como cartada final disse que eu podia escolher, se saísse pela porta não poderia voltar jamais.
Eu refleti e fui embora com a roupa do corpo. Tive medo, não desejei ser ingrata nem fazê-lo sofrer, mas eu me descobri e gostei do que vi em mim.
Após dois anos, eu estava casada com Edivaldo, também descobri um talento para a música e passamos a trabalhar juntos. Tivemos uma filha e fui procurar meus pais.

Ele nunca me perdoou. Achou que eu quisesse pedir dinheiro, mas eu só queria que ele soubesse que eu só não estava mais feliz porque sentia falta deles.
Não me arrependo, HOJE SEI QUE TODOS NÓS VIVEMOS UM TEMPO ADORMECIDOS NO CORPO, ATORDOADOS PELA MATÉRIA E PELAS NECESSIDADES MATERIAIS, MAS DEVEMOS BUSCAR COM A SIMPLICIDADE E A CONEXÃO INTERIOR SABERMOS QUEM SOMOS E O QUE NOS MOVE NO MUNDO.
ADÉLIA
22/02/20





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Foto cedida por Magno Herrera Fotografias

“A HIGIENE E A ORGANIZAÇÃO SÃO IMPRESCINDÍVEIS PARA O BOM AMBIENTE DA FAMÍLIA”

Eu amava aquela mulher com todas as minhas forças, mas estava ficando insuportável aquele comportamento.
Eu precisava trabalhar. Trabalhar duro para levar o sustento, afinal três crianças têm fome. Parecia que nada venceria a fome dos vorazes pequeninos. Eu trabalhava o dia todo e chegava em casa cansado. Estava com saudades da minha família, necessitado de banho, comida e cama para recomeçar no outro dia, mas ver a casa daquela forma me incomodava bastante.

Ela dizia que não dava tempo de limpar porque as crianças exigiam dela. No início eu pensei que a culpa era mesmo das crianças e me esforcei para ajudá-la. Por mais cansado que eu estivesse, eu ainda passava uma vassoura pela casa, lavava a louça e colocava a roupa de molho, mas no outro dia a roupa ainda estava para esfregar e se eu não lavasse, cheirava a podre.
Estranho ver como nunca tinha serviço pronto e as crianças choravam de fome. Aí comecei a ficar encafifado. Meus meninos iniciaram na escola e a diretora interrogou por que eles faltavam tanto. Descobri em minha esposa defeitos que não me deixaram nada feliz. Ela gostava muito de dormir e perdia a hora de quase tudo. Por que no fim de semana, em dia de passeio, ela acordava tão cedo, animada?

Soube que meus filhos faltavam porque ela não levantava nem para arrumá-los. Eles nunca acordavam, tomavam café e se arrumavam direitinho como as outras crianças. Fiquei atento e percebi que as tarefas de casa não eram feitas porque ela não conseguia realizar a tempo, até que eu chegasse. Então, desconfiei que era de propósito para que eu pudesse fazer. Fiquei indignado, chateado mesmo e pensei que eu fosse o culpado da folga dela, se eu não fizesse, ela teria a obrigação de fazer. Eu trabalhava o dia todo e tinha o direito de descansar, ainda mais porque ela estava em casa e poderia realizar as tarefas e cuidar bem das nossas crianças. Aí parei de fazer o serviço, achando que ela faria, mas me surpreendi. A casa ficou em estado deplorável. Não dava nem para andar sem pisar em nada. O banheiro terrível, cheirando de longe.
Roupas sujas por toda parte, uma bagunça e meus filhos se alimentando de comidas industrializadas sem nenhum tipo de nutrientes, tão necessitados de cuidados.

Perdi o chão. Como uma mãe, uma mulher do lar poderia agir daquela forma? Ela estava sempre tão cansada que achei que estivesse doente.
Nós conversamos e ela se indignou. Dizia que estava exausta com todo aquele serviço. Falou que se eu fosse um bom marido colocaria uma empregada para facilitar a vida dela. Disse que ela não tinha uma vida que sonhou, não aguentava mais aquelas crianças e aquela vida de gente pobre. O que sobrava para ela era dormir mesmo. Se eu quisesse casa limpa poderia limpar, se eu quisesse comida fresca poderia fazer. A mulher se revelou. Falou de depressão e de desejos de consumo.

Eu me irei. Falei dos meus compromissos como marido e pai. Falei das minhas dificuldades e cansaço físico. Por fim, falei de parceria. Quando um homem e uma mulher assumem um relacionamento devem ser companheiros em tudo. Se um trabalha fora para trazer o sustento, naturalmente, o outro deveria dar suporte dentro de casa. Cada família tem o seu padrão de vida e eu não tinha como fornecer os luxos que ela queria porque tínhamos três para criar e eles não estavam tendo mãe no lar. Mãe não era só para limpar e cozinhar, mas eles nem estavam indo para a escola.
Demorei para compreender que aquela mulher era assim mesmo. Depois de dois meses, ela foi embora me deixando com os três para criar. Eu quase enlouqueci de medo. O que faria com os três? Eu fui atrás das minhas irmãs e todos me ajudaram para que eu pudesse trabalhar e cuidar deles. A vida passou, foi bem difícil, mas eles cresceram e tudo se organizou. Minha casa ficou bem melhor, pelo menos não tinha ninguém para bagunçar o ambiente doméstico. A higiene e a organização são imprescindíveis para o bom ambiente da família. VALTER
15/02/20

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“AS PESSOAS DEVEM CUIDAR DE VÁRIOS ASPECTOS DE SUAS VIDAS”

Eu sentia como se tivessem pequenos insetos correndo pelo meu corpo. Dia e noite era coceira que não tinha fim. Fui ao médico que disse ser um processo alérgico. Mas, ninguém pôde me dizer alergia de quê. Eu parei de comer alguns alimentos incentivado por minha mãe que era uma senhora formidável que me tratava com extremosos cuidados.

Minha mãe cuidava de todas as minhas coisas e meu quarto estava sempre muito limpo, bem como todas as minhas roupas e utensílios pessoais. Não era por falta de limpeza, porém a coceira não parava. Eu me coçava tanto que chegava a me ferir.
A coisa piorava quando eu me sentia atraído por alguém. Cheguei a pensar que tivesse um fundo emocional. Para evitar o constrangimento, nem tinha coragem de me aproximar de alguém e fui ficando só.
Tomei medicações e fiz todo tipo de simpatia que minhas tias ensinavam, sem êxito. Depois de alguns anos, me acostumei com aquela situação e vivi para o trabalho e para meus familiares.
Quando desencarnei, tedioso, inconformado pela vida sem grandes emoções que tive, passei um período de tempo vagando, inconsolável e conheci uma mulher que me perseguiu por bastante tempo. Ela me fazia insultos, tentava me humilhar diante de outros Espíritos tão sofredores quanto nós. Eu não compreendia por que ela perdia seu tempo comigo. Depois de um longo tempo, ela se afastou e eu senti falta dela. Chorei e pedi ajuda a Deus.

Quando vim para cá me explicaram tudo. Eu compreendi que ela esteve comigo o tempo todo. Ela cobrava um comportamento leviano do passado, eu a fiz sofrer. Com seu ódio, ela projetava em mim pequenos insetos que corriam por minha pele, imperceptíveis. Eles realmente existiam no plano espiritual. Se eu tivesse me ligado a Deus, se eu tivesse tido fé, possivelmente teria limpado totalmente meu corpo e teria me curado, mas eu não fui dado a vida religiosa, por isso, sofri a vida inteira.
Quando vim para cá, eu estive ao lado dela e senti a sua ausência quando foi socorrida. Nós sempre estivemos muito próximos. Eu queria que tivéssemos aprendido, apesar do meu sofrimento. As pessoas devem cuidar de vários aspectos de suas vidas.

Devem se preocupar com as questões relacionadas à carne para manutenção da sobrevida e desenvolvimento, para isso, devem evoluir materialmente, mas não é só isso. Todos devem ter tempo para o desenvolvimento intelectual que conduz ao progresso. Se esforçarem para evoluir moralmente para se tornarem pessoas melhores. Assim como se esforçarem para evoluir espiritualmente adquirindo apoio daqueles que podem conduzi-lo no caminho do bem e possibilitar um caminhar mais firme e sadio. Se eu tivesse me ligado a Deus não teria sofrido e ainda tinha auxiliado a mulher que esteve sempre ao meu lado tentando se vingar, ela evoluiria também. De posse destas informações desejo não errar mais.
RODRIGO
15/02/20

-----------------------Paula Alves--------------------
“AINDA TENHO DIFICULDADES PARA CONTROLAR MEUS PENSAMENTOS IMORAIS”

Eu tinha obsessão por limpeza. Queria que tudo estivesse impecável, organizado, sem pó.
No começo, minha mãe achou bom ter aquela ajuda no lar. Ela me elogiava e dizia para todos o quanto eu era prendada, mas ela percebeu que tudo era ao extremo.
Eu limpava muitas vezes o mesmo lugar. Não dava tempo de sujar, lá vinha eu limpando, minha mãe se assustou.
Ela conversava do jeito dela, mas aquilo me incomodava tanto que eu limpava mais e mais, lavava roupas e estava sempre cozinhando para que as outras pessoas não contaminassem os alimentos. Eu não queria cumprimentar ninguém porque tinha medo de me sujar com as mãos delas, não sabia se eram asseadas.
Eu mesma notei que minha mãe estava me irritando cada vez mais. À medida que eu envelhecia, ela me irritava mais. Eu queria que ela se calasse, que cuidasse da vida dela. Ela desejava que eu encontrasse um marido. Eu não queria nem namorar, só queria viver minha vida, mas minha mãe dizia que eu tinha que me casar. Pra quê?

Um dia, ela me encheu tanto que eu lavei a casa toda, só faltou jogar água no teto. Aí minha mãe falou que eu limpava porque não aguentava ouvi-la.
Eu fiquei pensativa e entendi que eu queria falar uns desaforos para ela. Eu queria gritar, mas não podia fazer nada contra minha mãe, seria um pecado. Era imoral, sujo. Então, era por isso, que eu limpava tudo. Eu tentava tirar a sujeira que estava em mim, fruto dos meus maus pensamentos.
Não basta ter a consciência do erro. Nós precisamos de ajuda para conseguir alcançar a solução e eu não podia contar a ninguém o quanto repugnava minha mãe.
Vivi assim. Piorei muito quando mamãe morreu. Foi como se eu tivesse feito mal a ela porque desejei me libertar do seu convívio. Eu nunca casei, moramos juntas até o final. A morte dela representou um desejo oculto de me livrar de sua companhia.
Os pensamentos, às vezes, são incontroláveis. Eles me lembravam o quanto eu poderia ser cruel com qualquer cristão.

Estou aqui. Depois de passar por um local de terrível odor. Local onde a sujeira imperava e o linguajar das pessoas era desprezível. A culpa me atirou neste lugar, mesmo sem ter tido coragem de produzir o mal. Eu pensei no mal, eu desejei realizá-lo. Foi como se tivesse cometido todos os delitos que imaginei contra ela.
Agora estou aqui de posse de minha consciência. Lembrando o quanto nos perseguimos em diversas encarnações. Eu aceitei uma reconciliação, mas não foi do fundo do coração. Eu ainda preciso me tratar. Eu ainda repugno a sujeira. Ainda tenho dificuldades para controlar meus pensamentos imorais. Sei o que devo fazer, mas na prática não funciona. Eu tenho um prazo para limpar toda esta mente porque em breve iremos retornar e, desta vez, ela será a filha. Eu não quero fracassar novamente. Me ajude.
LUCIANA
15/02/20

----------------Paula Alves-------------

“FOI ASSIM QUE MINHA VIDA MUDOU”

Tanto faz. Cresci numa região muito pobre. Cheiro de podre o tempo todo, morando do lado do córrego. Situação precária onde faltava tudo. A gente estava acostumado com a falta de água, ficar sem tomar banho, roupa com cheiro ruim. Imagem que entrega a falta de higiene e pobreza.
Eu não ligava muito não. Não é bom pensar demais, só desgraça mais a gente. Claro que eu queria uma vida melhor. Eu pensava como seria tomar vários banhos por dia, colocar roupa limpa e cheirosa. Ter uma casa boa, com laje e sofá, cama de patrão. Eu dormia no chão e via rato a toda hora. Era normal, mas quem é que não quer tudo o que é do bom e do melhor?

Eu sonhava com a vida que eu não tinha e me perguntava por que todo mundo ali tinha que sofrer.
Tinha gente que morava na cidade e dizia que a gente era tudo vagabundo, sem esforço, marginal. Não era não. Conheci muita gente decente. Pai de família, trabalhador. Gente que, sei lá por que, perde a moradia e tem que ir para a favela. Gente que tem estudo e cai de nível. Não dá para saber como será amanhã. O mundo dá um giro de trezentos e sessenta e todo mundo dança. Basta Deus querer.

Aí eu soube de gente que morria por causa da falta de esgoto. Criança que morria por tomar água infectada. Gente que pegava doença de todo tipo por falta da higiene. Eu ouvi tanta coisa e fui dormir naquele chão gelado. Acordei com uma coisa pesada andando em cima de mim. Levei um susto e vi o rato. Nossa, que raiva do rato! Que raiva daquela vida.

Eu podia ter reclamado e perguntado para Deus por que tem gente que é rica e tem tanto pobre, tanto miserável no mundo, mas preferi sair dali.
Arrumei um emprego, jurei que não voltaria para aquele lugar. Fui morar numa pensão que não era nenhum hotel cinco estrelas, mas já tinha laje e banheiro decente. Eu gostei tanto da sensação de limpeza e conforto que prometi nunca mais voltar para aquele lugar.
Foi assim que minha vida mudou. Quando eu decidi me esforçar muito mais. Trabalhar duro e pagar o que fosse preciso para ter saúde, conforto e dignidade. O mundo é assim. Tudo tem um preço. É assim para todos. Por que eu tinha que ter regalias?
Depois disso, a vida foi igual a da grande maioria. Acordar bem cedo, trabalhar o dia inteiro, chegar cansado, com fome. Encontrar uma mulher maravilhosa, trabalhar bastante para ter condições de propor um compromisso sério com ela, me casar, honrar a família, sempre cansado, comprar uma casinha, trabalhar tanto e viver uma vida simples que me deixasse um pouco feliz e satisfeito de ter atingido um objetivo simples, progredir a partir do meu esforço. Olhar para trás e ver o quanto eu caminhei.
Em outras existências, eu tive muitas posses, herança de um pai rico. Vivi na fartura, humilhei pobres, nunca beneficiei ninguém, fui arrogante, viciado, obcecado por sexo. O dinheiro não me ajudou em nada, pelo contrário, foi minha tábua de perdição. Por isso, resolvi nascer na pobreza e deu tudo certo. Prova abençoada que me libertou de várias mazelas a partir do trabalho, perseverança e disciplina. Graças a Deus.
SEVERINO
15/02/20

                               ---------------------------Paula Alves---------------------------

Foto cedida por Magno Herrera Fotografias

“EXISTE  TANTA VERDADE EM NOSSOS SENTIMENTOS!”

Nossa vida era muito boa. Quando casamos, estávamos tão apaixonados, minha esposa tão linda, me dava provas do seu amor. Era um amor puro, tranquilo e que me dava bem-estar, leveza.
Mas o tempo passou e pensamos em ter nossos filhos. Nossa primogênita chegou me deixando contente e satisfeito, parecia me trazer toda a felicidade do mundo, porém, notei que Celeste estava angustiada e nervosa. Ela estava quase ganhando nossa filhinha e a vida dela parecia estar bem difícil. Eu cobrei uma conversa porque, afinal, sempre falamos tudo um ao outro.
Celeste se abriu, disse que, além dos desconfortos, estava se sentindo feia e gorda. Ela não via a hora de ganhar a bebê para ter o seu corpo de volta ao normal. Eu a entendi, dei todo o carinho que poderia dar e o tempo voou.
Nossa Miranda nasceu e encheu a casa de alegria, para mim. A Celeste só chorava, não foi nada fácil. Ela nem queria segurar a bebê. Eu cuidei dela e de nossa filha. Nós não tínhamos o conhecimento das doenças da mente, depressão, nada disso, mas eu sabia que algo estava errado com ela.
Os meses se passaram e eu sempre com paciência, cuidando delas, assim como nossas mães que se desvelaram para cuidar de tudo, enquanto eu trabalhava. Miranda cresceu e com ela, um gênio estranho na Celeste que se irritava por tudo e nutriu muito ciúme de mim. Ela não gostava nem mesmo que eu ficasse por tempo prolongado brincando com nossa filha. Ela cobrava atenção.
Eu tentava suprir as necessidades dela, mas ela começou a me sufocar cobrando horários e uma presença que me agoniava. Eu não queria sentir, mas sentia vontade de sumir para algum lugar onde pudesse ter um pouco de liberdade e privacidade.
Eu tentava entendê-la porque ela mudou tanto com a maternidade. Sempre achei que aquilo fosse doença, mas ninguém oferta mais do que tem. Eu não tinha mais condições de suportar aquela vida terrível. As cobranças começaram a gerar um clima hostil no nosso lar e depois gerou violência verbalizada e até física porque Celeste partia para cima de mim perante qualquer um, até da nossa filha.
Conversamos, ela propôs ter mais um filho. Eu aceitei e acho que foi uma tolice, só não pior porque meu filho foi minha salvação anos depois. Ela passou muito mal, pensou em tirar nosso filho e me deixou em situações bem complicadas perante os médicos e entes queridos. Mentira, delírios, acusações. Ela me via com outra quando eu, nem mesmo, estava nos lugares sugeridos por ela.
Eu não aguentei. Precisei me afastar. Temi por meus filhos e achei mais coerente atestar se ela era realmente capaz de cuidar deles. Conversei com os nossos familiares e todos notaram sérios problemas mentais, mas não éramos médicos. O fato é que as avós cuidaram dos nossos filhos para que eu pudesse levar o sustento. Minha ex-esposa ficou enfurecida e nunca me perdoou por ter me separado dela. Quanto às crianças, ela mesma afirmou, que só serviram para lhe dar dores de cabeça e infelicidade. Ela não os queria.
Vivi me culpando, desde então. Eu não queria que tivesse sido desta forma. Eu sempre a amei, mas eu estava ficando muito mal ao lado dela.
Quando cheguei aqui, descobri as influências espirituais. Eu fui esclarecido do quanto os Espíritos podem fazer uma pessoa se modificar, ainda mais quando não tem o hábito de entrar em contato com Deus.
A Celeste ficou incomodada com o contato da nossa filhinha que estava para reencarnar, isso porque muito já se prejudicaram. Elas são Espíritos antipáticos e precisavam reajustar muitas coisas, mas Celeste a repugnou. Isso fez com que ela atraísse outros seres para junto de si. A mãe deve amar o seu filho. Todas as consciências sãs sabem disso. Quando uma mãe não sente amor pelo filho, consciente ou inconscientemente ela se culpa, ela se sente uma pessoa má e isso faz com que os Espíritos inferiores necessitados de produzir o mal, encontrem uma facilidade de inspirar esta pessoa. Minha Celeste ficou tão mal.
Enquanto estive na carne, nunca poderia imaginar que este era o motivo do problema dela. Ela rejeitou a filha. Não conseguimos fazer o amor nascer, mas Miranda sempre se compadeceu do sofrimento da mãe. Ela visitou Celeste, ouviu suas lamentações. Todas as vezes que Celeste a culpou por ter acabado com nosso casamento perfeito, Miranda chegou em casa chorando e me pediu perdão, mas minha filha foi um anjo. Ela nunca se ressentiu com a mãe. Parece até que ela sabia que tinha que ter a maior paciência e boa vontade. Acho que foi intuição.
Existe tanta verdade em nossos sentimentos! Deveríamos escutá-los e conversar mais a respeito para que todos nós pudéssemos ser mais confiáveis uns para os outros.
VERIDIANO
08/02/20

----------------------Paula Alves----------------------- 

“EU PRECISO ME LIVRAR DO AMOR DOENTIO”
“AMOR QUE PRENDE E DANIFICA”

Eu olhava para ela e sentia tanto amor. Parecia a mulher mais bonita do mundo inteiro. Eu sabia que todos olhavam para ela e viam a mulher maravilhosa, então, eu tinha ciúmes. Comecei a reparar na forma como as pessoas a admiravam e isso tudo me incomodou bastante. Minha cabeça começou a arder imaginando que ela pudesse se encantar por alguém que fosse melhor do que eu. Poderia acontecer, não é? O que eu faria se ela resolvesse me largar e ir atrás de outro?
Eu expliquei para ela que uma mulher comprometida não podia usar certos tipos de roupas, tinha que ser mais discreta e ela riu de mim. Fiquei maluco e sai de perto para não partir para a agressão. Eu não queria sentir, mas não dá para controlar. Nós sentimos muita raiva, uma vontade de explodir só de imaginar que a pessoa vai nos abandonar ou se entregar para outro homem. Aí eu comecei a tratar com grosseria e cheguei a desferir um tapa, ela caiu e chorou sentida. Eu saí para esfriar a cabeça e fui atropelado. Naquele dia, nem consegui entender como estava fora do meu corpo caído no chão.
Fui socorrido e rapidamente já estava voltando. Não teve muito para entender, foi rápido, sem defesa. Eu desencarnei e já estava reencarnando. Para minha surpresa, ela estava me segurando nos braços. Consciência adormecida, mas cheio de instintos.
Eu amava aquela mulher que agora era minha mãe. Eu cresci com mimos e carinhos de todos os lados. Mas, aquele homem, que horror!
Eu nem queria que ele me segurasse. Abraços e beijos, uma indignação!
Era o meu pai, aquele homem que me irritava tanto. Eu cresci e não queria ver os dois juntos de jeito nenhum. Eu fazia de tudo para separá-los e tê-la ao meu lado. Como era bom o seu contato.
Continuei meu desenvolvimento, mas ainda imaturo, sem compreensão e sem norte. Meus genitores não compreendiam por que eu tinha tanta repulsa do meu pai e tanta adoração por minha mãe. Buscaram ajuda de psicólogo, me fizeram tomar muitos medicamentos. Ela viajou e me deixou com meu pai, mas foi pior. Meu pai perdeu a paciência e tentou me mostrar autoridade com uma surra que me fez ficar revoltado. Eu jurei que, um dia, daria o revide.
Para minha sorte, novamente tive um desfecho triste. Descobri uma dor no peito que me deixava bambo. Nada como um Câncer para tratar um pouco a revolta da gente. Eu estava com quinze anos e ainda amava minha mãe com todas as minhas forças. Meu pai me pediu perdão pela surra. Foi sincero ao afirmar que não sabia como se aproximar de mim, eu não senti pena dele. Ele me irritava.
Meus últimos dias não trouxeram aprendizado para mim, mas meus pais aprenderam muito. Eles se ligaram à religião que ampara e se fortaleceram no afeto sincero. Eles estiveram sempre comigo, assim como os outros familiares que foram maravilhosos.
Eu compreendo tudo o que se passou e sei que tenho muito o que aprender. Eu preciso me livrar do amor doentio. Amor que prende e danifica. Eu poderia ter me superado com o auxílio da família bendita que recebi, mas nem assim.
Agora não sei o que vem pela frente, mas vou me preparar para evoluir. Grato.
ESTÊNIO
08/02/20

---------------------Paula Alves-----------------------

“OBRIGAÇÃO DE MÃE EDUCAR A SEXUALIDADE E O RESPEITO AOS SENTIMENTOS ALHEIOS”

Não tinha conhecimento do que deveria ser feito para minha filha ser mais pudorada. Eu não dava mau exemplo e, mesmo assim, desde pequena ela gostava de se mostrar. Vaidosa, impetuosa. Sempre me levava a comprar tudo o que desejava e saia para se exibir.
Mas, de bonitinha ela passou a sedutora e depois a despudorada. A danada da menina se insinuava até para os amigos do pai dela. Nós ficávamos constrangidos e preocupados com o que poderia acontecer a ela.
Eu achava que ela ia para a escola e estava se encontrando com homem casado. Fiquei muito entristecida quando recebi a visita de uma senhora muito requintada me dizendo desaforos porque minha filha estava se intrometendo em seu casamento. Eu tentei defender, mas ela me deu provas do envolvimento amoroso dos dois. Eu não sabia nem o que dizer. Ela foi embora e prometeu ir às últimas consequências, se preciso fosse. Nem que tivesse que colocar o marido na cadeia por envolvimento com menor.
Naquele dia, esperei minha filha muito nervosa, pensei em tantas coisas. Pensei que a culpa fosse minha que nunca tinha sido mais dura com ela. Nunca falei não e nem ensinei a se comportar como uma mulher de verdade, com recato e dignidade. Eu nunca falei a ela que as mulheres devem se respeitar. Pensei que deveria ter um código de ética entre as mulheres. Sermos mais delicadas e humanas umas com as outras. Não cobiçar o homem da próxima. Não se meter na casa da vizinha. Não estragar o relacionamento alheio.
Eu nunca falei sobre estas coisas e ela foi se criando achando que era a mais bonita, a perfeita. Achou que poderia ter tudo o que quisesse, mesmo se tivesse que ferir os sentimentos das outras pessoas.
Eu entrei em contato com minha essência e soube que estive errada porque isso também é papel de mãe. Obrigação de mãe educar a sexualidade e o respeito aos sentimentos alheios.
A gente acha que tem que educar nas boas maneiras, educar na higiene pessoal e doméstica. Educar nos conhecimentos intelectuais, mas se esquece de educar a mente e a espiritualidade.
Eu estava falhando, fracassando no meu objetivo de mãe e não sabia o que fazer. Eu orei e parecia que eu estava conversando com alguém que sabia de bastante coisa. Aquela voz me acalmou e ensinou o que eu deveria fazer. Eu aprendi que os jovens devem conhecer o ideal de pureza para proteger a mente, o corpo e a sociedade de crianças espalhadas na mendicância.
Se os jovens se guardassem com seriedade tudo seria diferente. Tratar os instintos com delicadeza sabendo que tudo tem limites e que passando do ponto crítico ninguém consegue se controlar mais, o ato sexual é certeiro.
Evitar tudo o que instiga o desejo, evitar o que aflora os sentidos visuais, auditivos, táteis. Tratar os relacionamentos sabendo que as pessoas se ferem a partir deles e pode ser porta aberta para a loucura ou para o suicídio.
Era tudo grave demais para eu continuar omissa. Gravidez, delito, família destruída tudo isso por omissão, por preguiça de educar, preguiça de argumentar, vergonha de ser ridícula no mundo que pode tudo, mas eu podia fazer o que quisesse dentro da minha casa e na minha casa eu escolhi criar gente decente.
Ainda dava tempo. Naquele dia, quando minha filha chegou em casa, achou uma mãe modificada. Ela me olhou e percebeu que algo novo havia acontecido. Ela não fez gracejos, não riu. Apenas, se sentou e ouviu calada. Eu não gritei, respirei fundo e falei tudo o que tinha pensado, coisas importantes sobre nossa família, sobre meus sentimentos de mãe que desejavam que ela fosse feliz e responsável.
Falei sobre os sentimentos daquela esposa que era esposa como eu. Falei do marido que poderia estar se envolvendo com qualquer uma, menos com ela que era minha filha criada para ser mulher respeitável. Falei sobre o futuro dela e o que ela desejava ser no mundo. Qual a imagem que deveria ter no mundo?
Nós podemos ser o que quisermos. Podemos ser mães, esposas, mulheres de negócio, professoras ou mulheres levianas que ninguém respeita. Mulheres que servem para a diversão, mas era isso o que ela queria? E quando o tempo passasse? O que ficaria disso tudo?
Ela pensou, chorou e para minha surpresa se modificou tanto que se transformou numa mulher admirável.
Eu aprendi muito. A mãe deve ser esforçar para ensinar somente o bem. Sempre almejar o melhor para os filhos sabendo que todo trabalho árduo, um dia, tem sua recompensa.
CÍCERA
08/02/20

----------------------------------Paula Alves-----------------------------
“É SEMPRE BOM FICAR DE OLHOS ABERTOS PORQUE A VIDA VAI COLOCAR DIANTE DE NÓS OS TESTES RESPECTIVOS À SUA FALHA MORAL”


Eu tinha coisas ruins dentro de mim. Era a vontade de produzir o mal. Como se falassem nos meus ouvidos planos diabólicos envolvendo as meninas mais próximas de mim. Eu me esquivava porque não sabia quanto tempo poderia resistir.
Incrível porque elas se aproximavam ainda mais. Eu tinha estes ímpetos durante a infância e adolescência, daí na fase adulta resolvi morar sozinho porque eu queria observar minhas irmãs tomando banho e não aguentava mais brigar com minha consciência. Eu sabia que tinha que me controlar, mas era horrível.
Fui morar sozinho e para minha surpresa, as pessoas me viam como uma pessoa boa, equilibrada e praticamente inofensiva. Sempre tinha alguém para me pedir ajuda. Pedindo para receber as sobrinhas, enquanto minhas irmãs iam ao médico ou faziam compras.
Cheguei a pensar o quanto eram irresponsáveis colocando a ovelha na casa do lobo. Elas confiavam demais. Eu era um pervertido que fazia um grande esforço para me controlar e elas nunca perceberam. Mal sabem elas que correram riscos comigo, mesmo sendo irmãos de sangue. Nunca pensaram que as filhas podiam ser atacadas por alguém?
Quando me pediam para ficar com as sobrinhas, eu sempre recusei, dava alguma desculpa esfarrapada e elas se viravam de outra forma. Foi assim que eu percebi que a vida sempre testa a gente. Teste para saber o quanto estamos modificados. Situações onde o ladrão não pode pegar nada que não lhe pertence. O traidor não poderá trair e assim por diante. A vida cobra as ações corretas de cada um. É sempre bom ficar de olhos abertos porque a vida vai colocar diante de nós os testes respectivos à sua falha moral.
Eu superei, mas só eu sei o quanto sofri com isso. Teve um dia que, como professor de educação física, fiquei muito tentado a mexer com uma aluna que não tirava os olhos de mim, eu quis tanto que cheguei a me mutilar.
Eu precisava me ferir para concentrar o pensamento em outra coisa, a dor seria o mais conveniente. Eu tentava mudar a atenção, focar em outra coisa, por isso, estava sempre estudando, fazendo cursos e foi bom porque me instrui bastante nesta vida. Aprendi línguas e até desenvolvi habilidades manuais para fazer artes que me deram um pouco mais de controle mental porque eu me concentrei em sutilezas, deixando as sensações físicas de lado.
Foi uma boa experiência adquirida nesta vida. Eu me superei. Meus familiares nunca ficaram sabendo de nada. Eu orava muito e fui encaminhado por meu instrutor que sempre achava um modo de me fazer reprimir minhas más inclinações que poderiam ter sido bem destrutivas. Aliás, como em outras existências quando cometi desatinos que se transformaram em delitos cruéis que me deixaram marcas para todo o sempre. A partir do meu arrependimento sincero, eu jamais desejaria produzir o mal novamente.
É bastante doloroso quando saímos do torpor e nos percebemos como um ser cruel e criminoso. Eu nunca mais quero passar por isso. Sei que ainda tenho muito para evoluir, mas graças a Deus desta vez, voltei sem nenhum crime praticado. Consegui me controlar e ainda desenvolvi habilidades importantes para minha evolução. Estou muito feliz. WAGNER
08/02/20


--------------------------Paula Alves----------------------

Foto cedida por Magno Herrera Fotografias


“EU NÃO HAVIA ME DADO CONTA DO QUANTO MEUS MOVIMENTOS ERAM IMPORTANTES PARA MIM”

Eu sentia o gosto amargo na boca, tantos medicamentos que me davam náuseas, porém, o pior mesmo, era a mente entorpecida. Difícil concretizar um pensamento simples. Muito complicado me lembrar dos nomes das pessoas, identificar as situações e participar com eles dos momentos solenes. Eu virei uma inerte. Ninguém pode imaginar que, em determinado momento da vida vai se tornar uma pessoa neutra que não faz diferença na vida de ninguém.
Hoje eu consigo entender bem isso porque você só faz diferença quando você acrescenta. Ninguém valoriza um ser que não ajuda em nada. Eu dei trabalho, exigi tempo, disposição, tarefas árduas e muito desgastantes. Meus familiares foram obrigados a aprender tarefas que detestavam realizar para que eu não comprometesse ainda mais meu organismo.
Eu não havia me dado conta do quanto meus movimentos eram importantes para mim. Acho que só damos o devido valor quando não estamos de posse deles. Movimentos demasiadamente simplórios, atividades da vida diária como um banho, higiene íntima ou se alimentar quando se está com fome, eu senti falta de tudo.
Notei a indignação, senti a mudança no timbre da voz quando viam que eu estava suja de fezes, ninguém queria se sujar, mas eu precisava de ajuda.
 Eles executavam para mim, mas normalmente era com cara feia, com queixas e eu, se pudesse, sumiria de lá, se eu pudesse teria posto um fim. É muito ruim depender da ajuda e não ter condições de imaginar sua vida sendo diferente, sendo melhor.
Pensar na morte se tornou uma coisa boa para mim. Eu tinha o conhecimento da imortalidade da alma, eu tinha crença na eternidade espiritual e, por isso, poderia imaginar que um dia seria liberta. Meu corpo havia se tornado um cárcere e ver meus familiares com tantos pesares por minha causa, doía.
Quando a morte chegou não parecia o fim. Eles sofreram sim, mas foi um sofrimento diferente com certo alivio, com contentamento. Eles diziam que eu estaria melhor com Deus. Diziam que eu iria descansar, me livrar de tanto sofrimento e dor, mas estavam justificando seu alívio. Não foi doloroso, foi libertador. Para mim foi um recomeço. Nada de descanso!
Eu me recuperei rápido, tamanha necessidade de ver tudo, de conhecer coisas novas, lindas. Eu queria descobrir no mundo espiritual e eu fui tão bem tratada. Uma jornada maravilhosa que se revelou para mim. Eu sou grata por tudo. Grata pela forma como meus familiares conduziram nossa libertação e também pelas oportunidades que tive de resgatar questões mal resolvidas do passado.
JOSIANE
01/02/20

--------------------Paula Alves--------------

“A ÚNICA FORMA DE DESTRUIR A DOENÇA DA MENTE É NUTRIR OS BONS SENTIMENTOS”

Eu senti que estavam muito envolvidos com seus mundos particulares. Eu notei que o egoísmo propiciava uma nova forma de pensar onde as pessoas se identificavam com seus objetos de desejo e suas aflições. Foi como ver todas as amarguras difundidas na sociedade e as pessoas caminhando cadavéricas rumo ao desfiladeiro.
Por onde eu fosse, me deparava com alguém ansiando por um desabafo. Todos desejando expor a sua verdade e desejosos de racionalizarem um amor próprio que tivesse justificativa. Mas, como todos poderiam estar certos? Como Deus poderia fornecer tudo o que desejam se o pedido de uns leva à desgraça de outros?
Eu caminhei e vi drogados que não pensavam em sobreviver, mas em dar o último suspiro colado ao objeto de sua vicissitude. Eu vi prostitutas bem vestidas, vendendo o corpo em troca de mansões, tentando separar famílias para satisfazer a vaidade. Vi assassinos cruéis sendo defendidos por membros da sociedade. Pais que matam filhos e filhos que matam pais. Inversões de valores numa sociedade fria e estagnada onde o jovem pode escolher com o que vai entrar em delírio sexual sem se comprometer com objetivo criado por Deus. Mudança de sexo, fome, guerra e doenças de todos os tipos.
Numa situação desenfreada onde as pessoas não têm mais iniciativa e nem podem falar abertamente com medo do julgamento porque todos podem ser taxados disto ou daquilo.  O que vale é ter? Pra quê?
Daí, me dei conta de que já tinha cruzado a linha tênue do abismo. Eu morri e nem me dei conta. Era o inferno? Uma paisagem tão avassaladora, tão deprimente, tão semelhante à paisagem das grandes cidades, tão frio e sórdido.
Eu confundi. Achei que estava mergulhado no mundo dos vivos e já tinha sido arremessado para o mundo dos mortos.
É igualzinho. Tudo igual, por isso, a confusão. Como ter juízo neste mundo louco? Como ser normal, são?
A única forma de destruir a doença da mente é nutrir os bons sentimentos. Estar ativo no bem comum. Ciente do que realmente importa que é se dirigir ao progresso como pessoa de bem, empenhada em seguir pelo caminho do Senhor. AUGUSTO CÉSAR
01/02/20

------------------------Paula Alves-------------------

“A VIDA ME MOSTROU A DUROS GOLPES O QUANTO É IMPORTANTE A VALORIZAÇÃO DA MORALIDADE”

Tão pitoresco. O local me deslumbrou, fantástico, maravilhoso. Eu viajei com ele e me apaixonei pelo mundo que poderia descobrir. Não existe amar, mas pode existir conforto e bem estar – eu disse à minha mãe.
Eu pensei que fosse suficiente para viver bem para sempre. Richard me pediu em casamento e prometeu que sempre seriamos felizes. Eu achei que era uma mulher de muita sorte, afinal eu não tinha estudos, não tinha posses, mas era bela.
Eu o conheci num congresso, eu recepcionava os médicos e ele se encantou comigo. Depois do casamento, ele me prometeu o mundo, viajamos para o exterior. Eu estava numa terra distante, numa casa lindíssima e desejava mordomias, regalias, felicidade sem esforço, mas a vida não é bem assim.
Eu me deparei com um marido autoritário, frio, machista e muito violento. Na primeira festa que fomos eu me arrumei da forma que estava acostumada e levei uma bofetada. Daí para frente era sempre assim quando ele se sentia ofendido ou contrariado. Eu ensaiei voltar para casa no Brasil, mas me lembrava da casa paupérrima e dos comentários que os familiares fariam. Tentei suportar, ser uma esposa mais tranquila e submissa, mas sempre tinha um porém, eu fui me cansando.
A vida me mostrou a duros golpes o quanto é importante a valorização da moralidade. Os bens materiais não trazem a paz almejada. Eu tinha joias, casa, carro, festas, todo luxo e não tinha amor, esperança, paz ou momentos de felicidade.
Eu me lembrei de uma amiga que sempre reclamava do marido que ganhava pouco, mas eles se amavam tanto, tinham uma parceria que causava inveja.
Eu tinha exemplos em casa e com minhas amigas. Me achei tão esperta e a vida me ensinou que devemos nos esforçar para alcançar um patrimônio que ninguém pode tirar de você. As verdadeiras aquisições são as intelectuais, morais e espirituais que nos enobrecem e fazem evoluir mais e mais.
O fim da minha história? Eu voltei para o Brasil, me separei dele, retornei para a casa dos meus pais. Tive empregos simples com renda bem inferior ao que estava acostumada, recebi um dinheiro que me rendeu uma casa. Anos depois, conheci um homem muito íntegro e amoroso.
Nós sempre podemos recomeçar. Deus não quer o nosso sofrimento, Ele quer o nosso progresso.
EDIJANE
01/02/20


-----------------------Paula Alves------------------

“SÃO TANTOS QUE ESCLARECEM. HOJE EM DIA, A VERDADE É DITA AOS MONTES”

Eu estava cavando um poço. Vida de miserável que não tem fim. A chuva chegou tão violenta, o rio subiu e levou tudo. Eu tentei me agarrar e fui levado com brutalidade. Quando despertei, estava machucado, atordoado e quis retornar para minha casa, mas me vi perdido. Parece que a gente não quer lembrar, quer esconder de você mesmo que acabou.
É melhor conviver com a dúvida do que ter a certeza de que perdeu a chance de fazer alguma coisa útil, de fazer dar certo, a oportunidade que você recebeu.
No meu caso, eu não fiz o mal, mas também não fiz o bem. Vi tanta coisa, poderia ter ajudado tanta gente. As pessoas estavam o tempo todo me colocando em situações onde eu poderia ter demonstrado que havia me modificado e ter auxiliado, mas não. Eu não servi para nada.
Chegar deste lado e se deparar com o estacionamento é terrível. Você aguarda para ser convocado e não executa nada, vê a vida passar. Deixa os dias correndo à toa, sem colocar a mão na massa.
As pessoas podem dizer que não têm como saber porque tudo se apaga com o reencarne. Nós esquecemos os planos e seguimos na cegueira. Nós ficamos envolvidos com a sedução, paixões, vícios, cobiça e vinganças que vão e voltam, mas por que nos deixamos levar pelo mal, se existem informações?
São tantos que esclarecem. Hoje em dia, a verdade é dita aos montes. Quem nunca ouviu falar em reencarnação? Quem nunca ouviu falar em oportunidade de reajuste e em saldo devedor? As pessoas têm dúvidas e basta alguns segundos para ter acesso ao mundo todo.
Eu também tive meios de saber e recusei o conhecimento. Foi como se o meu guardião lançasse mão de todas as possibilidades e utilizasse todos os recursos permitidos. Eu fui levado à igreja por amigos, tinha livros, filmes, pessoas comentando no metrô e até novela que falava de Espíritos. Por que eu não retomei o meu caminho?
Me sinto frustrado. Indo para a porta do bar, bebendo de cair, arruinando meu corpo, minha máquina, deixando passar várias fases boas de valorização do ser. Eu poderia ter me elevado. Sempre foi meu plano voltar radiante, mas eu não consegui. Que pena!
ULÍSSES
01/02/20  



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