“Páscoa é vida. Vida com Jesus!”
A comunhão que temos com o mestre não pode ser platônica.
Temos que nos envolver com ele, fazer planos com Jesus e termos uma vida
ativa com o Senhor de imensa bondade.
Na Páscoa, nós fortalecemos nosso relacionamento com Jesus, firmamos
nossa intenção de segui-lo e realizar os atos de pacificação, solidariedade e
fraternidade que são da vontade do Pai.
Só estaremos envolvidos com ele se tivermos identificação com o Mestre.
Se todos os propósitos edificantes de Jesus fizerem parte de nossos próprios
ideais.
Será que nós já nos condoemos pelo padecimento de nossos irmãos e nos
esforçamos para beneficiá-los? Faço o meu melhor para espalhar a esperança e o
bem, o otimismo e o bom ânimo?
Eu perdoo, alimento, esclareço e enxugo o pranto?
Aqueço, fortaleço e amparo?
A exemplo de Jesus seguiremos traçando um caminho de progresso para a
Humanidade, sem queixas, sem preguiça ou esmorecimento. Seguiremos com fé,
certos de que a espiritualidade nos incentiva e impulsiona, apesar de nossas
árduas trajetórias podemos fazer algo a mais em prol do nosso semelhante, uns
pelos outros.
Mais uma Páscoa! Mais um ano, sendo verdadeiros cristãos a caminharmos
com Jesus. Enriquecendo nossas vidas com seus ensinamentos, consolidamos esta
união e reiteramos nosso compromisso.
Páscoa é a certeza plena da imortalidade da alma porque Ele vive para
sempre. Estará sempre que for solicitado por corações genuínos de bondade.
Estará quando duas almas fraternas solicitarem sua presença amorosa. Ele
sempre viverá em nós.
Que Jesus se faça presente em sua vida, hoje e para sempre. Entregue nas
mãos do Nazareno todas as aflições e angústias, se restabeleça e prossiga
espalhando amor.
Páscoa é vida. Vida com Jesus!
Luís Felipe
Psicografado por Paula Alves
“Nossas irmãs
precisam de apoio e demonstrações sinceras de trabalho árduo”
Eu queria saber por que tanto menosprezo. Eu não tinha mais tempo para
provar que eu tinha potencial e que estava me dedicando ao máximo.
A vida podia ter sido muito mais simples, se tivessem me deixado
trabalhar em paz. Mas, quem é que tem uma vida fácil.
Ser mulher já é um desafio neste mundo. Eu sabia que a minha missão era
árdua e eu sabia que estaria rodeada por homens machistas e por mulheres
machistas, numa sociedade que se propõe seguir rótulos e títulos, mas eu
acreditei que poderia ser alguém que luta e se desenvolve, cria e beneficia
aqueles que não tinham, nem mesmo, a chance de tentar.
Mas, eu estava errada porque nada mudou e eu sinto que fracassei porque
me deixei levar por eles e abandonei minhas convicções, cansada de brigar e
provar que meus estudos poderiam ser utilizados para beneficiar as pessoas.
Quando eles disseram que eu devia arrumar um marido que cuidasse de mim,
me esquivei. Quando minha mãe disse que eu não tinha chance porque era uma
mulher, eu me zanguei tanto e cheguei a pensar que seria mais fácil ter nascido
um homem, mas compreendi que precisamos sentir na pele as adversidades do sexo
feminino para lutarmos pela igualdade.
Esta necessidade nasce dos pequenos olhares de indiferença, dos risinhos
hipócritas daqueles que desacreditam porque acham que o sexo determinou que
você não conseguirá alcançar seus objetivos. Eles nem mesmo sabiam falar, usar
fórmulas simples, cheios de complexos e amarguras, tão necessitados de uma
mulher que pudesse preencher o seu vazio ou seu complexo de inferioridade.
Pobres criaturas atrasadas que não conseguiam enxergar que nunca tinham
abandonado as “tetas” de suas mães, amarrados aos cordões umbilicais, sempre os
bebês que precisavam ser amparados.
Eu briguei, gritei, sai às ruas com megafones, esbravejando pela Lei da
Igualdade que pudesse assegurar melhores condições de vida nesta sociedade
desviada, mas foi um momento na minha eternidade.
Cheguei aqui, frustrada. Conhecendo minha bagagem e minhas necessidades
evolutivas. Analisei minha vida e sofri o arrependimento daquele que se
permitiu fracassar em decorrência do seu orgulho.
Eu não precisava discutir com eles, eu tinha que ter trabalhado cada vez
mais. Nossas irmãs precisam de apoio e demonstrações sinceras de trabalho
árduo. É pelo exemplo real que podemos modificar a sociedade e fortalecer o
“sexo frágil”. Concedendo às mulheres o empoderamento necessário para que se
desenvolvam cada vez mais e se orgulhem do que são.
Mulher bem resolvida e decidida a seguir em frente pelo bem de si mesmo
e dos seres confiados aos seus cuidados. Mulher que se alinha aos demais
membros da sociedade para o progresso de todos.
Não perde tempo defendendo teses ou reconhecendo quem sabe mais, quem é
o mais poderoso ou inteligente. Mulher que trabalha e busca se aliar aos homens
num objetivo comum que é a fraternidade e a pacificação.
Somos eternos, independente do nosso sexo, devemos nos amparar no bem
comum rumo ao progresso geral. Guida
***
“Homens e mulheres vivendo em paz, reconhecendo seu
devido valor e necessidades”
Minha situação nunca foi boa ou confortável. Meu pai não cansava de
mencionar que uma filha era algo inútil que dava trabalho e dor de cabeça. Ele
dizia que precisava arrumar marido o quanto antes para não emprenhar e ficar na
casa dos pais dando despesa.
A impressão que eu tinha é que ele tinha vergonha de nós. Minha mãe
sempre foi muito submissa, parecia até que ela morava de favor na casa dele.
Ela se desculpava por tudo e morria de medo de contrariá-lo, então, ela nunca
ficava do nosso lado e, por conta disso, as filhas se sujeitavam a casar com qualquer
homem que o pai levasse para casa. Ele estava se desfazendo das filhas para não
ter mais trabalho.
Ele gostava dos filhos homens, também não contava como primogênita a
primeira filha, nem contava, o primeiro era o filho, o homem. Eles eram bem
tratados, podiam até estudar. Ele dava dinheiro e ensinava várias coisas,
apresentava na cidade com muito orgulho. Era como receber um prêmio ter nascido
homem.
Eu ficava enojada daquele circo, daquela situação, dos risinhos do meu
pai que só sabia nos ofender. Ele usava minha mãe e todas as mulheres eram
tratadas como objeto.
Eu bem que percebia como ele olhava para as mulheres que iam até nossa
casa, primas, vizinhas, nossas amigas ou amigas de nossa mãe, ele tinha um
olhar devorador, era horrível. Eu nem queria receber ninguém em nossa casa para
não passar raiva e vergonha. Meu pai era um homem de pouco valor moral e não
tentava esconder.
Eu não queria me casar, meu pai não me ensinou nada de bom vindo de
homens. Por mim, eu teria ido embora, para bem longe, viver minha vida em paz,
mas eu ficava com dó das mulheres da minha família, minha mãe e irmãs
precisavam de mim. Nós tínhamos olhares e tentávamos nos apoiar nas
dificuldades da vida feminina.
Minhas irmãs já estavam casadas e tinham filhos sem parar, eu sempre ia
ajudar com o parto e o resguardo delas, cuidando dos bebês, mas também não era
legal porque meus cunhados chegaram a dar em cima de mim. Que nojo! Que
situação terrível!
Nunca deixei que minhas irmãs soubessem, eu fazia de tudo para me
afastar deles e ir embora o quanto antes.
Do nada, meu pai arrumou casamento para mim com um homem bem mais velho
que me tratava como mulher objeto, nenhum pouco carinhoso ou delicada. Três
anos depois, ele morreu numa emboscada e eu fiquei com dois filhinhos pequenos.
Esta foi a benção de Deus na minha vida.
Viúva com dois filhos. Eu amava meus filhos. Adorei ter ficado livre
daquele sujeito que me maltratava. Compreendi que eu precisava ensinar valores
aos meninos. Valores que os tornassem homens conscientes, eles deviam aprender
que as mulheres têm sentimentos e precisam ser bem tratadas.
Eu podia educar meus meninos em paz. Trabalhei, cuidei dos meus filhos,
nunca mais quis me envolver com homem. Me dediquei exclusivamente na educação
dos meninos e eles se tornaram homem incríveis.
Homens raros para aquela época machista. Minhas noras tiveram sorte de
encontra-los. Elas sempre foram boas para mim, eu as recebi como minhas filhas
e eu recebi de Deus a oportunidade de ter a família amorosa que eu tanto
sonhei.
Compreendi que, nem sempre, nós recebemos da vida aquilo que desejamos,
mas podemos nos esforçar para triunfar e alcançar o que almejamos.
Eu vivi muitos anos de paz e tranquilidade com aquela família amada.
Cercada por meus filhos, noras e netos. Conscientes de que todos nós devemos
nos apoiar para ultrapassar provas difíceis. Homens e mulheres vivendo em paz,
reconhecendo seu devido valor e necessidades.
***
É com amor e delicadeza que as mulheres conseguem
educar, informar, consolar e amparar todos que estão ao seu redor.
Controlei tudo no meu lar. Aquele marido não tinha condições de cuidar
de nossas finanças. Eu me casei com ele porque meu pai determinou, mas logo
deixei claro que eu não era mulher de colocar cabresto. Ele gostava de mim e
aceitou meu jeito de ser, então fui cuidando de tudo à minha maneira.
Ele era muito trabalhador, quando recebia o salário, colocava tudo na
minha mão e eu determinava o que seria feito. Foi, por isso, que logo
conseguimos comprar nosso terreno e construímos nossa casa. Ele falava que não
estava satisfeito com o trabalho, mas eu não permitia que ele fosse fraco,
então, incentivei a manter o cargo. Ele era manhoso e precisava de uma mulher
forte para controlar as coisas.
Eu estive de olho em tudo e em todos, conduzindo a situação, cuidando
dos mais velhos. Achava um absurdo a forma como meu pai falava com a mãe. Ele
já estava no fim da vida, dando ordens, acreditando que éramos escravas do lar,
falei umas verdades, por que ele tinha o direito de morrer achando que nossa
vida foi um mar de rosas?
Falei todas as verdades que estavam sufocadas na minha garganta. Ele não
tinha ideia do quanto éramos ressentidas e nos sentíamos perturbadas coma
maneira que fomos criadas. Eu falei tudo e disse que ele não desejaria nascer
mulher na nossa casa, sofrer o que sofremos.
Meu pai chorou de desgosto e pediu perdão para todas nós. Eu me arrependi
porque isso não mudou o mundo, só fez o meu pai chorar.
Meu esposo entrou em crise por causa da infelicidade no trabalho e
precisou fazer tratamento com psiquiatra, eu também me arrependi por causa
disso, ele não tinha estrutura psíquica para ser controlado por mim.
Repensando minha vida, eu creio que nós mulheres somos muito fortes para
suportarmos todas as injustiças sociais e ainda continuarmos de cabeça erguida.
Eu precisava ter sido mais delicada com todos. Assumi uma postura de ogro, um
ser que tem crosta para suportar todas as injúrias, mas eu devia ter sido ainda
mais feminina, esta foi a minha essência e eu devia ter me aproveitado dela.
É com amor e delicadeza que as mulheres conseguem educar, informar,
consolar e amparar todos que estão ao seu redor. Nunca na briga ou na
desvalorização do outro. Eu queria a valorização da mulher, mas acabei sendo
tão cruel quanto os homens da minha época.
Dorotéia
***
Homens e mulheres devem se respeitar e ter as
mesmas oportunidades na vida.
Mulheres vulgares! Todas elas eram vulgares e não tinham nada de bom a
oferecer, mas meus filhos se encantavam com elas e me faziam ter de suportar
aquela convivência ruim e medíocre.
Eu recebi quatro filhos homens e os amava mais do que a mim mesma. Via
por toda parte mulheres acomodadas que tentavam se apoiar em homens que eram
apaixonadas por elas. Mulheres que exploram e se acomodam, tremendamente
ociosas e aproveitadoras. Eu não queria isso para os meus filhos.
Hoje sei que nenhuma delas seria boa o suficiente. Uma a uma, elas se
aproximavam deles e eu fazia de tudo para acabar com o relacionamento porque
via sempre um defeito ou um motivo para que elas não fossem minha nora, as mães
dos meus netos.
Mas, eles me conheciam e escolheram aquelas que, para mim, foram as
piores porque me afrontavam e debochavam de mim.
Eu não podia dar razão a elas porque eu não confiava naquelas mulheres.
Um dos meus filhos disse que eu era machista. Imagina, uma mulher machista...
Então, fiquei pensando e achei que ele estava certo. Acho que eu fui
educada num mundo machista e era normal pensar daquela forma, mas eu bebi do
meu próprio veneno quando nasceu minha primeira neta. Quando olhei para ela foi
como reencontrar o amor da minha vida. A menina se tornou a luz dos meus dias e
daí comecei a pensar em diversos aspectos da vida que nunca me incomodaram. Ela
cresceu e me ensinou tanta coisa, radical, enérgica, contagiante, ela queria
estudar e conquistar tanto quantos os homens, ela desejava ser independente.
Eu a apoiei, os meus filhos ficaram risonhos e falavam: “a Glorinha pode
tudo, né mãe?”
Ela podia, ela tinha que ganhar o mundo. Ela era feminista, queria sair
às ruas, lutar por melhores condições de igualdade, votar, trabalhar, ter
diploma, queria ser juíza.
Minha neta foi meu maior exemplo de vida e de realidade feminina, linda,
educada, equilibrada e amorosa. Uma mulher com todos os atributos femininos que
só desejava as mesmas condições para se desenvolver intelectual e
profissionalmente.
Eu ouvi tudo o que ela disse de todas as situações machistas que
envolvia na sociedade, fatos que para mim eram tão banais, se acontecesse com
minhas noras ou qualquer outra mulher na face da Terra, menos com ela. Sendo
com ela, me chocava e deixava irritada.
Eu diria que a Glorinha me reeducou para a vida. Uma machista que foi
machista em várias vidas e conseguiu, através do amor, entender que homens e
mulheres devem se respeitar e ter as mesmas oportunidades na vida.
Regina
“Será que estamos agindo segundo a vontade de Deus?”
Elas me procuravam quando estavam correndo perigo. Eu nunca me esquivei, compreendi o pânico que lhes invadia o ser e fazia o chá de ervas antes que a barriga pudesse crescer, acabando com a reputação.
Eram mocinhas novas e ingênuas que se deixavam levar pela paixão ou
aquelas que eram arruinadas pela sordidez de um crápula que as tomava à força.
Em todos os casos, elas chegavam profundamente martirizadas, cheias de
arrependimento, tentando se livrar de um pesado fardo que podendo comprometer
sua integridade moral as levassem a serem banidas de suas casas e também da
sociedade.
Naquela época, as mulheres não eram tratadas como hoje. Tudo era motivo
para perseguições e humilhações deveras, era como receber uma sentença de morte
pelas circunstâncias penosas em que seriam obrigadas a conviver.
Eu só pensava nisso, ficava completamente penalizada pela forma como
chegavam à minha casa. Eu temia que o organismo frágil não resistisse ao poder
das ervas e, infelizmente, algumas delas não aguentavam. Mas, era tudo o que eu
podia fazer com a minha intelectualidade na época.
Foram muitos casos, quando me descobriram vinham rapidamente me
procurar. Eu era a neta de uma bondosa curandeira e sabia manipular as ervas.
Eu não podia imaginar que minha vontade de ajuda-las era totalmente
culpável diante da Lei de Deus. Nunca me dei conta de que eu estava
interrompendo os planos da espiritualidade de enviar seres ao plano físico.
Minha vida, passou a ser calvário, ali mesmo, naquela existência, contraí uma
doença que não me permitia refletir direito, parece que tudo conspirava para
que eu não me envolvesse.
Quantas vezes, nossa vontade de ajudar alguém, só faz prejudicar. Nosso
intuito pode ser bom, mas nós avaliamos as coisas e nosso ponto de vista é
errôneo. O que parecia um bem, é de fato o mal sendo causado por nossas
próprias mãos.
Será que estamos agindo segundo a vontade de Deus? Realmente estamos
influenciando positivamente nas vidas de nossos semelhantes?
Eu cometi delitos gravíssimos. Desencarnei, muito tempo passou na
espiritualidade até que eu tivesse compreensão do que fiz e pudesse receber
auxílio e tivesse permissão de reencarnar.
Nesta nova jornada, eu tive um marido integro e leal, possibilidade
promissora de ter uma família linda com ele, mas eu nunca consegui engravidar.
Eu tive o útero cheio de lesões, seco, estéril.
Não conseguia compreender porque, com tanta saúde, eu não podia ser mãe.
Isso me deixava inquieta e frustrada, profundamente revoltada com os planos de
Deus na minha vida. Eu blasfemei e ignorei Seus propósitos porque achei que Ele
estava sendo injusto comigo, afinal, eu achava que nunca havia feito mal a
ninguém.
Mas, tudo é perfeito na Lei. O Senhor permite que tenhamos consciência
das coisas e dos nossos delitos, sentindo na pele as necessidades evolutivas.
Eu não podia ter aquilo que seria o meu maior sonho. Tudo o que eu queria na
Terra era ser mãe e isso eu não podia ter.
Então, eu me envolvi com as crianças na igreja. Eu precisava senti-las
junto de mim, sentir os abraços e sorrisos, sentir o amor delas e isso me fez
feliz por muitas décadas.
Enquanto estive encarnada, não consegui ser grata a Deus e nem entendi a
necessidade daquele aprendizado, mas quando retornei para o mundo espiritual,
fui muito agradecida.
Minha pena foi branda, apesar de todo mal que cometi. Deus levou em
consideração minhas intenções de auxiliar, mas nem por isso, eu era digna que
carregar um bebê no meu ventre porque em outra existência não permiti que eles
se desenvolvessem em paz.
Hoje sei de tudo, já cumpri minha pena e pedi perdão mil vezes por todos
aqueles que comprometi com meus atos. Recebi a permissão de retornar e, desta
vez, poderei vivenciar o contentamento de procriar, sentir um ser crescendo em
meu ventre é tudo o que desejo, enquanto ser encarnado.
Estou tão feliz! Sei que serei uma boa mãe porque aguardo por esta
oportunidade há muitas vidas. Gratidão ao Pai pela forma como cuida de todos os
seus Filhos.
***
“A cura vem do amor”
Os homens podiam continuar com suas vidas inalteradas, sem preocupações,
ter planos de carreira e estabilidade, mesmo com família e filhos, mas às
mulheres cabia deixar tudo de lado para se dedicarem exclusivamente a criação
de seus filhos.
Era o abandono de si mesma para se dedicar a outros seres que podiam ser
ingratos na fase adulta. Esperar que tanta abnegação serviria para alguma
coisa, ao meu ver, era a total renúncia de si mesma, tolice, alienação,
romantismo exagerado que não cabia em mim.
Então, eu estava decidida a não ceder. Não tinha intenção alguma de me
entregar ao relacionamento familiar, ter crianças não estava nos meus planos.
Mas, eu namorava, saia, me divertia. Fui uma mulher independente desde jovem,
trabalhei, tive carreira e me permiti ter vida social saudável.
Porém, conheci um homem que me amou demais e dizia que acabaria com
aquela vida difícil de mulher independente. Ele queria se casar comigo, queria
me mudar, fazer com que eu me tornasse dona de casa, mãe.
Tanto fez que eu acabei engravidando. Eu não pensei duas vezes, terminei
com ele e encerrei a gravidez que estava, apenas no princípio.
Mas, foi um ledo engano acreditar que, por estar no princípio, não seria
considerado ato cruel por parte da Lei Divina. Eu infringi a Lei e vivi
atormentada deste então. Foi como se minha consciência soubesse perfeitamente o
momento em que me arruinei.
Nada mais foi como antes, eu não alcancei a paz e nem a alegria. Não
quis mais me envolver, vivi inquieta e repugnava a ideia de ter acometido
aquele ato terrível. À noite, tinha pesadelos como se alguém me cobrasse pela
oportunidade de não ter tido família.
Eu me atormentei e me entreguei aos vícios. Foi uma vida efêmera e sem
propósito.
Quando reencarnei, novamente como mulher. Eu tive outros planos, desejei
me envolver e me casar. Eu queria ser mãe, mas não consegui porque tive câncer
de colo de útero. Quando descobri a doença, não tinha muito a ser feito para
tratar o órgão, para proteger minha vida, ele foi sacrificado. A extração do
órgão reprodutor tirou minha possibilidade de gerar um filho, mas dentro de
mim, o desejo de ter um filho foi maior.
Eu busquei na adoção, o amor que poderia me salvar. A cura vem do amor.
Meu filho João trouxe todo amor e contentamento que eu poderia ter para
transformar minha vida num ato de abnegação e devotamento. Com ele, eu vivi os
dias mais floridos que uma mãe pode ter. O fato de ele não ter sido gerado no
meu corpo físico, não reduziu em nada o amor que eu senti, pelo contrário, eu
nutri uma gratidão indescritível porque ele permitiu que eu fosse sua mãe.
Eu o agradeci todos os dias com meus afagos e educação moralizadora,
tentando me esforçar para ser uma mãe virtuosa e amorosa pelos dias que Deus
nos permitisse viver aquela afeição.
Eu digo para todas as irmãs que não podem gerar seus filhos, adotem!
Sejam mães de qualquer jeito porque, apenas o amor pode nos libertar.
Graice
***
“Família é o bem mais precioso que se pode ter na
face da Terra”
Ele disse que tinha uma pequena possibilidade sem os tratamentos
estranhos que ele propôs e eu disse: “Será feita a vontade de Deus”.
A endometriose era bem extensa e o médico não acreditava no poder da
oração numa situação daquelas, mas sentia dentro de mim que seria mãe e falei
ao meu marido que conseguiríamos. Eu disse, inclusive, que sentia que as
crianças já estavam entre nós.
Eu arrumava a casa e dançava, preparava o quarto que seria dos nossos
filhos e via minha barriga crescendo. Minha mãe dizia que não era saudável
ficar imaginando tanto porque toda a equipe da saúde dizia que era impossível
ser mãe. Acho que ela pensou que eu estava ficando louca, mas era fé.
Eu não sei explicar, mas era uma fé forte e inexplicável de que eu seria
curada e teria meus filhos, então eu aguardei, calmamente esperei.
Até que um dia, senti algo estranho em mim, fui ao médico e ele
constatou que o meu útero estava alojando um pequenino ser. Foi como ser tocada
por um anjo, a certeza de que eu era amada pelo Senhor que aprovava minha
decisão de ter aquele filho do meu ventre, eu consegui.
Sei que aquela doença veio para testar a minha fé e para que eu tivesse
plena consciência de que minha família é o bem mais precioso que se pode ter na
face da Terra.
Depois do Gustavo, tivemos a Estela e fomos imensamente felizes. Eu
precisei, anos mais tarde fazer a retirada do meu útero, mas estava agradecida
ao órgão reprodutor pelos presentes que Deus havia entregado para nossa plena
felicidade.
Cheguei a ouvir uma vez se os filhos valem tudo isso. Digo, sem sombra
de dúvidas que valem muito mais do que isso. Eu teria feito qualquer sacrifício
por eles. Nem uma hora de sono mal dormido ou as tantas vezes que quase morri
de preocupação, os dias em que discutimos ou quando se casaram e demoraram para
nos visitarem, ainda assim, valeram cada segundo da minha vida.
Eles representaram o melhor de mim e todas as melhores experiências que
eu podia ter tido encarnada. Sem eles, meus dias teriam sido pouco iluminados e
nada teria sentido. Mudaria tudo e eu gostei de cada momento. Sou muito
agradecida ao Pai pela oportunidade que recebi.
Lolita
“ Tudo o que colhemos da vida tem razão de ser”
Acho que o primeiro ponto de preconceito se inicia em nós mesmos.
Quando procurei ajuda, ouvi os risinhos, os comentários, eles achavam
que eu era homossexual por causa do diagnóstico médico. Eu era casado e até minha
esposa começou a desconfiar de minha fidelidade por causa dos comentários
maledicentes.
Falavam que um homem casado também poderia ter tido flertes com rapazes
e isso justificaria minha doença colorretal. Foi câncer! Eu estava fadado à
morte. Naquela década, era sentença de morte, longe do que vocês têm nos dias
de hoje.
Tudo começa pela procura de tratamento, diagnóstico rápido e seguro,
tratamentos eficazes, daí pode-se obter a cura, mas no meu tempo... Era morte!
Eu já estava entregue a minha sorte, não queria sentir dor, mas senti.
Senti muita dor e a dor faz a gente perder a paciência e os bons modos, tira o
sossego, foi aí que eu comecei a revidar os insultos que recebia, nem
precisavam dizer, eu percebia os olhares maldosos e brigava, minha esposa
morria de vergonha.
Então, houve um dia que eu cobrei dela, aquele comportamento que se
espera de quem se ama. Será que até ela duvidava de mim, do meu amor e do
respeito que eu tinha por ela?
Mas, minha esposa tão descabeçada se perguntava por que eu estava sendo
punido daquela forma.
Eu, sabendo que nada tinha feito, fiquei tão indignado e dizia que ela
era uma ignorante. Era doença que chega e destrói com a gente, nem precisa ter
motivo, eu fui um azarado, mas tudo tinha razão de ser.
Em outras existências, eu fui um nobre e precisei me casar com uma
mulher muito rica a mando do meu pai, mas não me sentia seduzido por mulheres e
mantinha envolvimento com outros colegas à escondidas. Muitas vezes, eles não
queriam se envolver comigo, mas eu os obrigava devido minha alta posição
social.
Eu me comprometi com a Lei divina de diversas formas e, com isso, atrai
como sentença a doença que me puniu.
Eu entendi que tudo o que colhemos da vida tem razão de ser. Não existe
corrigenda que não tenha motivo sério e justo.
Considero que todos neste mundo sofrem e que seremos mais felizes quando
vivermos nossas vidas sem prejudicarmos ninguém, nem a nós mesmos, assim
estaremos afinizados com a Justiça divina que só quer a evolução de todas as
criaturas.
De qualquer forma, desejo que todos os doentes tenham um lugar mais
confortável para viver suas expiações. Que as pessoas saibam ser mais
condescendentes com seus semelhantes, mais indulgentes e parem de perseguir com
olhares maldosos e palavras ferinas aqueles que já estão em sofrimento físico,
espiritual, psíquico ou moral.
***Psicografado por Paula Alves***
“É assim, a Lei da vida, uns vão, outros vem e
todos se entrelaçam no meio do caminho”
Recebi o diagnóstico e não fiquei preocupada. O médico achou que eu não
havia compreendido as informações e repetiu a gravidade da situação. Não tinha
jeito, era terminal.
Eu sorri. Dentro de mim, houve uma certeza de que tudo estava
acontecendo pela vontade de Deus e eu já tinha entregado a minha vida para
Jesus.
Então, eu o agradeci quando ele se esforçou para me dizer que não podia
fazer mais nada por mim.
Será que ele achou que eu iria me revoltar?
Eu não podia fazer isso eu sempre soube que a vida é transitória e que
nós não temos o controle de nossas vidas. Eu sabia que, um dia, precisaria de
um motivo para voltar para a espiritualidade, mas não sabia explicar para o
médico minha crença, a minha realidade. Eu, apenas agradeci e fui para casa.
Refleti se havia algo importante para realizar, se tinha alguma coisa
pendente. Eu não queria me arrepender de alguma coisa inacabada. Estava tão
convicta de que tudo ocorre pela vontade do Senhor e me lembrei de Jesus no
momento da oração. Ele solicitou ao Pai que afastasse o cálice: “Pai, afasta de
mim este cálice, mas cumpra-se a tua vontade e não a minha”.
Eu precisava ter fé, mas acima da minha vontade, estava a vontade de
Deus e eu era grata por toda a minha vida, pelas pessoas formidáveis que
estavam comigo, por tantas alegrias e possibilidades de realizar coisas que
foram úteis para mim e para outras pessoas.
Eu estava em paz e pude aproveitar os momentos com meus amados
familiares e amigos. Vivi muita coisa boa.
A doença me deixou um pouco debilitada, mas não me roubou a alegria de
viver e nem tão pouco a esperança.
Quando nós sabemos que estamos doentes, perdemos tempo com a sensação de
desastre e frustração, ficamos atormentados e revoltados porque desejamos viver
muito mais, mas quem garante que isso não é uma grande oportunidade, se muitos
outros morrem sem saber o dia, vão de repente, sem ter tempo de finalizar
projetos, etapas e despedidas.
Eu não deixei nada inacabado. Comemorei com eles, orientei, fiz
recomendações e me lembrei de momentos importantes, assim como Jesus fez com
seus discípulos no Sermão do Cenáculo.
Eu aproveitei a ocasião para me entregar completamente a Deus e deixar
claro a todos o quanto a vida foi generosa comigo. Não quis que eles chorassem
porque meu tempo tinha se esgotado, bolei uma despedida linda e pude estar
presente porque pude me desprender pouco a pouco, sem revoltas ou
ressentimentos.
É assim, a Lei da vida, uns vão, outros vem e todos se entrelaçam no
meio do caminho. Tudo para que possamos progredir. Sou muito grata.
Alcinda
***
“Eu sei que o amor
cura e beneficia”
Ela trocou nossas posições.
No início, me senti constrangida, principalmente quando eu não consegui
realizar minha higiene. Eu nunca pensei que minha filha adolescente tivesse que
suportar o odor fétido e as obrigações do banho no leito e da troca de fraldas.
Mas, ela mostrou o quanto era uma menina forte e decidida. Cuidou de mim
com imenso amor e dedicação. Fez tudo com tanto devotamento que não me senti
humilhada, pelo contrário, eu só queria agradecer por tê-la ao meu lado.
Senti como se fosse muito merecimento da minha parte, sofrer sendo
sustentada por uma pessoa tão maravilhosa, de tão grande coração.
Ela fazia tudo por mim, preparava as refeições e limpava a casa, faltou
nas aulas, tudo para que eu tivesse bem-estar e me sentisse confortável.
Eu precisei passar pela cirurgia para tratar aquele câncer e quando
estava prestes a reclamar da vida, minha filha me assumiu e cuidou de mim como
mãe.
Aquela jovem me deu provas de abnegação e renúncia, amor intenso que não
vemos aos montes por aí, ela me amou. Consegui sentir em cada ato o quanto eu
era importante em sua vida e fiz de tudo para me restabelecer, afinal ela
merecia ter uma mãe ao seu lado. Então, eu roguei a Deus por mim e por ela.
Eu pedi com todo o meu amor que Ele pudesse me curar para que ela tivesse
o amparo da mãe e me esforcei com pensamentos de cura, com palavras e atos de
cura e gratidão.
Me cuidei tanto e tinha tanta fé na assistência divina que me curei
completamente.
Eu sei que o amor cura e beneficia. Eu sei que foi por ela e graças a ela
que pude viver mais trinta anos. Até que, um dia, a espiritualidade me chamou.
Eu estava tranquila porque minha filha estava casada e feliz com sua família.
Eu podia retornar que ela não ficaria só.
Eu aprendi muito naquela inversão de papéis, quando a filha passou a ser
mãe e me deu lição de moral e ética. Eu aprendi muito com ela, perseverança,
disciplina, dedicação e fé. Eu tive tudo e agradeço a Deus que não deixa nada
faltar.
Nós devemos apreciar tudo de bom que recebemos de Deus.
Tábata
***
“Cada um de nós, tem a sua trajetória e vida que independem das vidas
alheias”
Eu perdi o chão. Aquela mulher cuidava de tudo, de mim e de todos os
nossos familiares.
Quando eu soube do seu diagnóstico, pensei que morreria antes dela e
pensei se não seria melhor negócio Deus me levar antes porque, apesar de tentar
me fazer de forte, eu sempre fui dependente da minha esposa.
Eu sempre fui o provedor, independente financeiramente, mas no fundo, eu
não resolvia nada sem ela. Aquela mulher tinha as ideias, os argumentos, as
decisões. Era ela quem orientava e educava nossos filhos, ela sabia se entender
com nossas noras e recebi nossos netos.
Sem ela, não tinha encontros familiares e nem estrutura moral.
Eu tinha a certeza de que nossa família entraria em ruína quando Deus a
levasse, por isso, entrei em pânico e fiquei desesperado. Por mais que eu
tentasse esconder, ela percebeu e me deu uma chamada, me corrigiu e falou que,
naquele momento, ela precisava que eu fosse o chefe daquela família e desse suporte
para ela ser frágil.
Eu fiquei chocado e chorei sem nenhum constrangimento, eu a abracei e
chorei. Ela estava séria e disse: “Homem, se controle e se restabeleça. Você
precisa entender que, cada um de nós, tem a sua trajetória e vida que
independem das vidas alheias. Eu estou nas mãos do Senhor e farei o que for da
Sua vontade. Você e nossos filhos terão que aceitar se estiver no meu momento
de partir. Será uma nova vida e eu não quero que ninguém me atrapalhe para
cruzar a fronteira”.
Ela riu muito e falou que não fazia sentido ser atacada por maus
pensamentos e sentimentos de apego e egoísmo, nesta fase de desprendimento e
fé.
Ela era muito consciente das coisas, nem parecia uma pessoa normal.
Falava que tínhamos que ser livres até na hora da morte. Ela sentia que existia
um lugar muito melhor para se viver e nós aprenderíamos outras coisas quando
ela não estivesse mais entre nós.
Então, eu fiquei pensando que eu me acomodei diante de todos os cuidados
que recebi por parte da minha esposa. Eu estava me entregando à inércia. Já não
pensava por mim mesmo, eu era a sua sombra.
Foi uma mulher tão importante em minha vida que me ensinou até diante da
sua morte e vivi os instantes mais decisivos ao seu lado.
Ela partiu naquela fase, me ensinando a conduzir a família e a mim
mesmo, me ensinando a libertar aquele ser que eu tanto amei.
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