Cartas de Fevereiro (16)

     

               “O AMOR COMEÇA NA FAMÍLIA”

 Quando a vi parecia que a vida estava sorrindo para mim e todas as oportunidades de felicidade me abriam as portas. Eu podia ser feliz com ela ao meu lado.

Mas, havia muitos empecilhos. O primeiro deles, dizia respeito a nossa diferença de idade. Eu era vinte anos mais velho. Naquela época, eu era, apenas um homem maduro. Um homem de 45 anos com uma imensa bagagem no campo emocional e de relacionamentos. Eu já tinha sido casado e não podia ser pai. Sabia da dificuldade que envolvia os casamentos, quando duas pessoas criadas de formas diferentes se envolvem e dizem entender sua maneira de agir e sentir, de acordo com seu passado ou antepassados, mas no momento em que os desentendimentos acontecem, a indulgência pula a janela.

Eu já tinha a escola da vida e sabia que as coisas não são fáceis, mas eu podia tentar, afinal eu não podia ser punido com a solidão, apenas porque nós não demos certo, eu e minha primeira esposa.

Falei com Gabriela. Ela também gostou de mim e começamos a namorar, mas os pais da moça desaprovaram a nossa união dizendo que ela não havia pensado no seu futuro de esposa e mãe. Os pais dela diziam que era coisa de jovem, simplesmente se envolver sem raciocinar diante dos acontecimentos futuros, sem formalizar planos.

Ela merecia a oportunidade de se envolver com alguém que estava iniciando a vida, como ela. Um alguém que pudesse conceder a oportunidade grandiosa de constituir um lar completo. Eu a estava atrapalhando.

Eu tentei ser maduro o suficiente para compreender o que diziam como pais. Tentei me esquivar do raciocínio que me levava a crer que eles estavam fazendo discriminação com meu estado civil anterior e pelo fato de eu ser estéril.

A moça merecia ser livre para encontrar alguém melhor, muito melhor do que eu. Ela precisava investir em alguém que desejava e pudesse formar família completa. Pensei diante dos meus anseios e das razões que me levavam a estar com ela, eu a desejava.

Mas, isso, por si só, não era um motivo nobre para que eu a fizesse desviar dos planos de ser mãe. Eu pensei no futuro, nas nossas modificações naturais, na decadência dos corpos onde a ação da gravidade impera e desmorona. Nós envelhecemos e, apesar dos esforços para nos mantermos jovens, nossos corpos não resistem indefinidamente.

Nós envelhecemos e os planos mudam, as ambições mudam e a forma de enxergar a vida também. Como seria quando eu estivesse com 60 anos? Nós sempre teríamos 20 anos de diferença. A paixão vai embora junto com o desejo, mas existem coisas que permanecem, apesar da ruina do corpo físico e dos degastes naturais. Existem sentimentos que se desenvolvem e progridem nos fornecendo a elevação necessária para a satisfação tão sonhada.

Eu a libertei. Os pais dela estavam certos. No mundo, existem muitas justificativas para fazermos tudo o que desejamos. Muitos, falam dos preconceitos e discriminações, mas a verdade é que existem situações ligadas, apenas a satisfação dos nossos prazeres mais íntimos, independente se isso vai beneficiar ou prejudicar as outras pessoas, o que vale é a minha satisfação pessoal.

Eu não precisava aprisionar aquela mulher, ludibria-la com um sentimento que, de fato, não existiu. As pessoas são substituíveis. Eu precisava raciocinar meus sentimentos. Não foi amor.

Eu tentei amar, muitas vezes, eu estive disposto, mas acho que perdi muito tempo me envolvendo com o corpo, com a satisfação do prazer e me esqueci de algo duradouro e enobrecedor. Nunca tive alguém que pudesse me ensinar o que é isso, este amor que une na doença, na pobreza e até na morte.

O amor começa na família. Deve ser o sentimento que une duas pessoas para formar um núcleo de elevação. Mas, quando o objetivo é carnal, financeiro, ambicioso de qualquer natureza, não vai te conduzir ao sublime. É castelo de areia!

CAIO

25/02/23

 

---Paula Alves---

“EU NUNCA ME ESFORCEI PARA ENRIQUECER OS CONHECIMENTOS E A ELEVAÇÃO MORAL”

Eu estava insatisfeita com meu corpo após o parto. Olhava no espelho e perdia a identificação de antes, de quando eu me sentia bonita e graciosa.

Eu sentia vergonha e tentava colocar roupas para esconder minhas imperfeições, mas parecia que as pessoas notavam e eram cada vez mais indelicadas, me fazendo sentir uma indignação e revolta que judiavam. Eu precisava me sentir bonita e confiante.

Por isso, investi na cirurgia plástica, era o único recurso para ter o corpo que eu desejava. Assim, eu tinha a certeza de ter novamente a auto estima elevada. Contratei o especialista e estava muito animada. Sim, eu fui vaidosa, mas nunca imaginei que a vaidade tinha um preço tão alto.

Na verdade, enquanto estava encarnada, eu nunca me achei vaidosa porque sempre foi comum, no meu convívio social, ouvir as outras mulheres dizendo as necessidades de mudanças físicas. Todas querem ter três ou quatro quilos a menos. Nenhuma delas, estava satisfeita com seu corpo. Tentavam disfarçar isso ou aquilo, mudar o cabelo, esticar, pintar, esconder fios brancos. Bronzeamento artificial, preenchimento de rugas, lipo. Tudo muito normal. Por que eu não podia pensar nisso? Numa época onde era banal.

Para mim, muito normal e aceitável. Ele nunca mencionou que eu corria risco de morte, nunca. Eu estava tão feliz. Já fazia planos de viajar para o nordeste para colocar meu biquini favorito.

Foi um desastre! Abandonar minha família e deixar uma criança pequena na orfandade. Completamente desequilibrada, sentindo o corpo aberto, em frangalhos, assim eu cruzei as fronteiras, desesperada. Sem saber da minha condição de Espírito.

Aos poucos, quando o socorro se aproxima, quando o arrependimento toma conta, nós vamos despertando e tendo pensamentos mais coerentes, por causa da emissão fluídica. Eu podia ter tido uma vida feliz.

Um corpo tão saudável, bonita do meu jeito. Cheia de possibilidades de ascensão, necessitando realizar a missão maternal para me desenvolver e eu só pensei no corpo perfeito. Qual é o corpo perfeito? Aqui não existe perfeição. Nenhum ser da Terra terá este aspecto de perfeição. Quanta tolice!

Envelhecer com dignidade, ter gratidão por tudo o que o corpo, entregue pela Providência divina, pode te oferecer. Eu não percebi o quanto eu era rica das graças de Deus.

Nossos pensamentos são muito mesquinhos. Nós extrapolamos na maneira de sermos mesquinhos e ridiculamente infantis. Valorizando coisas que se perdem com o tempo, deixando de lado o que é indispensável. Eu nunca valorizei a vida saudável. A manutenção orgânica, o equilíbrio mental, os sentimentos puros e divinais. Eu nunca me esforcei para enriquecer os conhecimentos e a elevação moral. Eu nem pensava nisso.

Ficou faltando tanta coisa. Será que, se eu tivesse tido este tipo de conhecimento, teria sido muito diferente? Acho que as pessoas que sabem da imortalidade e necessidade evolutiva observam o corpo de maneira diferente.

JÚLIA

25/02/23

 

--Paula Alves—

 

“QUEM É SERVO DE DEUS OU DE JESUS, NÃO SE CANSA DA OBRA DO SENHOR”

 

Estava muito sofrido. Eu disse que ia ajudar e estava gostando de estar entre eles.

Sempre quis participar de um grupo onde as pessoas se amparam e têm interesses de ajudar a coletividade. Quando vi aquele monte de gente se esforçando para ajudar as crianças, sabia que ali seria um lugar para aprender bastante.

Eu saia do trabalho e corria para lá. Eu era o primeiro a chegar, adiantava os afazeres e era o último a sair, cantarolando, agradecendo a Deus pela oportunidade de poder servir.

Minha mãe falava em “fogo de palha”. Dizia que eu não ficaria por muito tempo porque eu não tinha descoberto a razão de servir. Fazia para estar entre amigos. Não era este o objetivo.

Mas, eu achava que mãe estava enganada. Ela não sabia do meu empenho. Alguns meses se passaram. Eu estava muito cansado. Parecia que, quanto mais eu fazia, mais solicitavam de mim. Aquilo foi me irritando porque as pessoas são ingratas e abusadas. Elas querem achar alguém para ser escravo e não amigo, companheiro de causa.

Falei para a mãe que não estava aguentando mais. Eu estava me sentindo explorado e nunca fui valorizado nos auxílios que prestei, pelo contrário, ainda mais cobrado e até insultado. Eu não merecia passar por isso, num trabalho voluntário.

Mãe não perdeu a oportunidade de me educar. Ela disse que eu estava servindo errado. Eu podia estar servindo as crianças carentes, deste modo, eu nunca iria me cansar e nem esperaria nada em troca porque carente precisa de ajuda e não tem como pagar a obra. Eu também poderia estar servindo a Deus e, seria ainda melhor porque servindo a Deus eu seria imensamente agradecido pela oportunidade de estar em Sua obra, fazendo o que fosse da Sua vontade, eu olharia para o trabalho com honra porque o Senhor é Deus.

Mas, ao contrário disso, eu estava servindo aos homens, para buscar admiração e recompensa, assim nada nunca seria suficiente e nem me daria a satisfação que eu procurava. Mãe ainda lembrou que Jesus disse para não ter dois senhores: Deus e Mamon.

“Não se pode servir os dois, filho!” – falou ela docemente.

“Quem é servo de Deus ou de Jesus, não se cansa da obra do Senhor. Trabalha com ânimo e alegria procurando executar sempre da melhor forma possível, com esmero e retidão. Cheio de dignidade não permite que corrompam o seu cumprimento de dever. Nunca vai se preocupar com a paga porque este servo confia no seu Senhor, sabe que ele está sendo cuidado com carinho, nada lhe faltará.”

Mãe falou tudo isso e silenciou. Eu entendi que faltava muita compreensão para mim. Eu desisti da obra naquela ocasião, mas sabia que precisava me comprometer com um trabalho sério para agradar a Deus. Após alguns anos, estudando e tentando entender o que Ele queria de mim, retornei modificado, me sentindo agradecido em poder servir e fiquei na seara por mais de trinta anos ininterruptos.

Para servir é preciso ter compreensão. Saber quem é o seu Senhor!

 

FLÁVIO

25/02/23

 

---Paula Alves—

 

“A MANEIRA COMO ESTIMULAMOS O CONTATO FÍSICO E EMOCIONAL PODE PRODUZIR GRANDES MALES NA SOCIEDADE”

Fim de discussão! Para mim, estava tudo resolvido, ele se afastaria da minha filha, mas eu não contava que ele era mesmo um vilão. Ele pegou um canivete e me feriu gravemente.

Ela estava com medo do sujeito. Já fazia alguns meses que minha filha dizia que ele era perigoso e eu duvidei. Só tomei um posicionamento porque minha esposa interferiu. Eu nunca imaginei que ele pudesse tentar algo que comprometesse sua integridade. Mas, ele não era mesmo de confiança.

Eu fui muito relapso, mereci o que aconteceu. Podia ter sido com ela e eu estaria me sentindo muito pior. Depois disso, ele foi preso e a vida dela ficou melhor. Eles se mudaram e ela pode encontrar um bom homem.

Mas, acho que nós confiamos muito nas pessoas. Eu e minha esposa éramos sociáveis e recebíamos todos em casa, estávamos sempre em festa, comemorando. Mania de achar que as tragédias não podem acontecer na nossa casa.

Eu deixava minhas filhas namorarem. Achava que elas tinham que fazer escolhas e não adiantava eu proibir. Mas, no fundo, eu fui um molenga. Eu fui omisso no meu dever de pai. Pai tem que ter autoridade e fornecer proteção para o núcleo familiar. Não permitir que nada mine o lar. Não permitir que nada e ninguém faça mal aos familiares ou interfira na nossa união.

Nunca soube que um pai tem tanto dever no lar. Na verdade, eu achava que o papel da mãe era mais importante diante dos filhos porque a mãe deve educar e ensinar os bons modos, aqui vocês falam, moralidade.

Achava que a mãe deve encaminhar os filhos, controlar, alertar e ensinar um monte de coisas, enquanto os pais devem colocar o sustento dentro de casa e estar presente. Achei que bastava estar ali, dar comida e um pouco de carinho. Só de não deixar faltar nada, já era um bom pai.

Mas, estou aprendendo que vai muito além disso. Coisa que eu não tinha como ensinar porque também não aprendi. Será que tem pai sabendo disso?

Se eu, como homem, sabendo de tudo o que envolve a mente dos homens, tivesse tido um pouco mais de maturidade e preocupação com minhas filhas, poderia ter ensinado um pouco mais de esperteza, para ficarem de olho nas conversas e malícias dos homens, para não serem enganadas ou abusadas por eles.

Ao invés disso, eu abria a porta da casa todo amistoso, parecia que estava oferecendo as meninas. Com os rapazes era ainda pior porque eu incentivava o namoro irresponsável e sem compromisso, me esquecendo de que aquelas moças eram filhas de alguém, podiam ser minhas filhas. Acho que paguei por todo o mal que alastrei em outros lares.

Incentivando o namoro que não se preocupa com sentimentos. Abusando de meninas apaixonadas. Eu precisava ter dito que não podem brincar com o sentimento de ninguém. Não pode ferir o sentimento e se envolver sem saber se vai produzir o envolvimento que enlouquece.

Os mais velhos deveriam tomar muito cuidado na maneira de conduzir os jovens. A maneira como estimulamos o contato físico e emocional pode produzir grandes males na sociedade. Tudo necessita de controle emocional e sabedoria na hora de ensinar. Cuidado com todas as palavras que proferimos.

 

ZÉ DIAS 

25/02/23

                                                                 ---Paula Alves--



“EU ENTENDI QUE NÃO DEVEMOS JULGAR AS PESSOAS BASEADOS NOS ERROS ALHEIOS PORQUE TÊM O MESMO SEXO, PROFISSÃO, COR, NACIONALIDADE OU RELIGIÃO”

 

Cheguei a ouvir os soluços dela. Eu sabia o quanto minha mãe sofria com as investidas do meu pai.

Ela não tinha o que querer e eu sentia que aquela vida era um martírio pra ela.

Quem me perguntasse o que eu achava do casamento iria ouvir que é um compromisso viável, apenas para o homem. Só a mulher perde!

Eu não via futuro algum e me assombrava com a ideia de um homem me tocando, invadindo minha privacidade.

Porém, lá em casa, todos éramos submissos às vontades dele. Meu pai, simplesmente achou o marido, nunca me perguntou se eu queria ou aceitava, marcou encontro com a família, marcou o casório e pronto!

Minha revolta foi muito grande, pensei em fugir, mas não quis me separar dos outros e da mãe. Se ela conseguia aguentar, eu também tinha que ser forte.

 

Mas, nós não podemos avaliar nossa vida pelas vidas dos outros. Antônio foi esposo bondoso e cordial que respeitou meu tempo e meu querer.

Eu nunca imaginei que um homem pudesse ser tão compreensivo e educado, bem diferente do meu pai. Foi no meu momento. Ele esperou, conquistou a minha simpatia, minha amizade e quando brotou a admiração, aprovei o contato físico.

Eu pensei que não pudesse ser feliz. Pensei que todos os homens fossem tipo animal, parecidos com meu pai, mas meu esposo foi tudo para mim, amigo, companheiro, pai dos meus filhos amados, foi meu irmão em Cristo.

Eu entendi que não devemos julgar as pessoas baseados nos erros alheios porque têm o mesmo sexo, profissão, cor, nacionalidade ou religião.

Cada um deve ser analisado por suas próprias obras.

Deus coloca a mulher diante do homem e une como casal. Cada casal tem de reparar erros do passado, entre si. Nós não devemos julgar, nem condenar, sermos indulgentes e seguir nosso caminho com imensa dedicação ao núcleo familiar.

 

MARA

19/02/23

 

--Paula Alves--

 

“IMPRESSIONANTE COMO AS PESSOAS GOSTAM DE INSULTAR EM PÚBLICO, CRITICAM, FALAM ALTO, DEBOCHAM”

 

Trabalhei naquela recepção por mais de 10 anos.

Eu me sentia feliz de ter emprego que podia pagar minhas contas, colocar alimentos na mesa e dar dignidade para minha família, mas tinha dias que eu me esforçava muito para sair da cama.

Eu acho que tive medo do ambiente de trabalho. Uma sensação de sufocamento, desespero, como se eu não pudesse suportar as cobranças que me faziam.

De um lado eram os doutores que cobravam todo tipo de coisa e como chefes exigiam uma postura irrepreensível, de outro lado, estavam os pacientes que gostavam de exigir e insultar, tratando também com autoridade.

A gente não tinha muito valor. Impressionante como as pessoas gostam de insultar em público, criticam, falam alto, debocham e quando você faz algo de bom, ainda dizem:

— Não fez mais do que a obrigação.

Ninguém nunca me perguntou se eu estava bem ou desejou bom dia com sinceridade.

Me senti muito infeliz por diversas vezes e não quis ir trabalhar. Cheguei a observar a senhora que trabalhava na limpeza, toda feliz e cantarolando, falei:

— Parece que a senhora trabalha com tanta alegria.

Ela respondeu que era mais fácil lidar com as vassouras. Eu compreendi. Desejo me reestruturar, ter ânimo e vitalidade para reencarnar e me dedicar ao trabalho com mais interesse e entusiasmo independente da função. Não me deixar abater pelo mau humor ou mania de superioridade daqueles que cruzarem o meu caminho.

 

VALENTINA

19/02/23

 

---Paula Alves—

 

“NÓS TEMOS O DIREITO DE SERMOS AMADAS DE VERDADE”

 

Eu disse que ela precisava arrumar um emprego, ela precisava ser útil e se sentir satisfeita com suas iniciativas. Mas, ela não queria ver o mundo lá fora.

Minha irmã se entregou ao desânimo quando descobriu a traição do marido. Chegou a se sentir culpada, afirmando que estava diferente depois dos partos e de ter ficado envelhecida.

Eu não conseguia ouvir o que ela dizia, me irritava ver o quanto ela facilitava a vida dele e se menosprezava.

Eu a amava e sempre achei que todas as mulheres devem se valorizar. Elas podem ter tudo o que quiserem e merecem ser bem tratadas no lar, pelo esposo, filhos e demais parentes.

Mas, eu dizia que a valorização começa em nós mesmas. Cada mulher deve se reconhecer e se esforçar para identificar seus pontos positivos. Valorizar-se e não permitir afrontas físicas ou verbais, maus tratos físicos ou morais, no ambiente familiar ou social.

A postura da mulher diante de si mesma, deixa bem claro, a forma como ela exige ser tratada por todos.

Eu dizia: “Respeite-se para ser respeitada”, ame-se para ser amada”.

Mas, ela estava bloqueada, com os pensamentos atordoados ou paralisados por tudo o que ele dizia. Eu não consegui despertá-la. Ela falou que eu não podia influenciá-la porque eu era feminista.

 

Minha irmã não sabia que o feminismo legítimo não busca a discórdia com o sexo masculino, e sim a valorização da mulher através da igualdade de direitos e não de funções.

O feminismo busca o auxílio mútuo entre os sexos, mulheres e homens se apoiando, se fortalecendo, se completando em todos os núcleos sociais: familiar, trabalhista e social.

Eu creio que a educação no lar é o melhor caminho para termos uma sociedade mais humanitária com igualdade e fraternidade, mas para isso, o diálogo é fundamental, sem machismo ou patriarcalismo.

Deixando as necessidades pessoais, cheias de egoísmo e luxúria, concentrando forças nas necessidades alheias, desenvolvendo apoio, indulgência e afeição.

Após muito dialogar, Helena confessou que conversou com o esposo e aceitou recebe-lo em casa novamente, dando nova oportunidade ao marido.

Eles reataram e ela soube de outras traições, as coisas nunca mudaram. Minha irmã passou por crises depressivas cada vez piores, perdeu de vez sua alegria de viver e desencarnou.

Nós temos o direito de sermos amadas de verdade.

 

IVONETE

19/02/23

 

--Paula Alves—

 

“UM É DIFERENTE DO OUTRO, MAS ISSO NOS PERMITE APRENDER MAIS COM ELES E NOS DESENVOLVERMOS PARA AUXILIARMOS EM SUA EVOLUÇÃO”

 

Ela sempre foi muito inteligente e amorosa.

Bárbara sabia ser corajosa e atenciosa. Bem diferente dos irmãos que, apenas se preocupavam com seus interesses financeiros.

Eu vi a preocupação nos olhos dela quando eu adoeci. Enquanto os rapazes já faziam as contas do quanto iriam herdar.

Os pais sabem, os pais conhecem seus filhos. Uns, podem até fazer vistas grossas, tentando esconder da própria consciência as criaturas sórdidas que colocaram no mundo, mas no fundo conhecem os filhos como a palma da mão.

Eu senti a necessidade de colocar no testamento minha vontade porque minha filha era mais capacitada para cuidar dos nossos recursos financeiros. Eu sabia que aqueles imprevidentes iam dilapidar tudo o que conquistei com tanto esforço.

Após meu desencarne, Bárbara ficou arrasada. Não fez escândalo, nem se descontrolou, mas ela sofreu minha ausência, sentiu muitas saudades.

Eles riam dizendo que eu vivi muito e precisava descansar. Estavam fazendo planos, desejando se desfazer dos bens para aproveitar as regalias quando o advogado nomeou minha filha como a herdeira majoritária. Nada podia ser feito sem sua autorização.

Daí iniciaram uma briga judicial muito cansativa, porém inútil para desfazer o que fora de minha vontade.

A verdade é que me perguntei durante muito tempo como pude falhar tanto com eles que se tornaram ingratos, egoístas e insolentes. Demorei para compreender que não dependia, apenas de mim.

 

Como pais recebemos os Espíritos que Deus achou prudente fazer parte de nossa família. Uns, são simpáticos e tornam a família mais feliz, outros são desafetos que trazem desentendimentos e dor. Existem ainda os estranhos que podem favorecer o ambiente com troca enriquecedora de conhecimentos e hábitos.

De qualquer forma, são indivíduos. Um é diferente do outro, mas isso nos permite aprender mais com eles e nos desenvolvermos para auxiliarmos em sua evolução. Eu aprendi com tudo isso e sei que fiz o meu melhor fornecendo responsabilidades para quem estava devidamente capacitado para dirigi-los na minha ausência.

 

DEODORO    

19/02/23

                                                                  -- Paula Alves--


“SE TODOS SE COMPROMETESSEM COM O MELHORAMENTO INDIVIDUAL, SERIA MAIS FÁCIL A ASCENSÃO DA COLETIVIDADE”

 

Perde-se tempo com assuntos que não interessam quando tem tantos assuntos importantes para tratarmos.

As pessoas, apesar de tanto avanço científico e tecnológico, ainda não perceberam a real necessidade da elevação moral e espiritual como fonte de felicidade na Terra.

Existem assuntos que são tabus e precisam ser devidamente esclarecidos e orientados para que todos saibam a melhor forma de se posicionarem diante uns dos outros e do próprio Deus.

Diante da forma como as crianças e idosos são tratados, mulheres são insultadas, o corpo físico é agredido com drogas lícitas e ilícitas, pensamentos levianos e condicionamentos errôneos e descabidos. A maneira como o homem trata a Divindade num esquema doentio do “toma lá da cá”. A sexualidade diante das cirurgias e drogas farmacológicas perde a sua identificação com o indivíduo que não caminha para se reerguer, mas para a satisfação plena dos seus instintos.

Violência, mentiras, pragas, tragédias invadem as vidas e fazem com que o ser humano sinta a solidão daquele que só admira a espiritualidade quando não sabe mais o que fazer.

As pessoas se veem perdidas, angustiadas e doentes. Doentes do corpo e da alma.

Tudo parte do princípio. Qual é o objetivo disso tudo?

Nós estamos aqui para progredirmos. No céu ou na Terra, as pessoas têm muito a fazer em favor do seu enobrecimento. Para isso, é fundamento o reconhecimento de si mesmo. A conscientização de quem você é. Sabendo quais são seus flagelos morais e potenciais elevados. Defeitos e qualidades que te definem como verdadeiramente é.

 

Os sentimentos que devem ser raciocinados.

A partir daí, você pode descobrir os motivos do seu sofrimento e quais serão seus objetivos e trabalhos árduos para melhorar. Se todos se comprometessem com o melhoramento individual, seria mais fácil a ascensão da coletividade. Mas, a maioria das pessoas, fascinadas por si mesmas, preferem um jeito fácil de sentirem a paz interior. Uma forma qualquer de barganhar com a espiritualidade para facilitar as vidas. Sem que precise ter comprometimento ou mudança drástica. Sem que precise se distanciar dos vícios que lhe ofertam tanto prazer.

A mudança real está associada com concessões e renúncias. Abdicar daquilo que você acha que é divertido ou prazeroso, não é para qualquer um. Por isso, as pessoas abandonam a reforma íntima.

Há adeptos, mas quando o enobrecimento cobra a mudança de conduta e a doação sincera ao trabalho caritativo, a maioria abandona o ensejo de elevação moral porque exige tempo e sacrifícios que ele não tem para dar.

É verdade! Cada qual só oferta aquilo que tem. Por isso, a frase: “muitos são os chamados, mas poucos os escolhidos”.

Todos são convocados e percebem as necessidades para que tenhamos um mundo melhor, mas as pessoas ainda estão muito envolvidas com o mal que se concentra em seus corações e não perseveram no intuito de beneficiar o próximo.

O mal é a vocação para o bem em benefício próprio, disso decorre orgulho, egoísmo, vaidade e insensatez.

Todos desejam cuidar de si mesmo e viver bem, prosperar, ter saúde e felicidades, mesmo que, para isso, precisem atropelar uns e outros, fazer de escravos, espancar ou permitir que passem fome.

O importante é o meu bem estar e não o alheio. Quando as pessoas estiverem decididas a observar o outro como a si mesmas, não permitirão que o mal se desenvolva diante de si porque ela exterminou o mal de dentro do seu coração. Assim, vai propagar o bem que é a colaboração com a Lei de Deus a favor de todos, mesmo que isso leve a renúncia completa de si mesmo.

Nós precisamos dialogar mais.

 

EVANDRO

05/02/23


----Paula Alves---

 

“MULHER RESPEITADA É MULHER AMADA E FELIZ!”

 

Elas precisavam ter fé em si mesmas.

Tive quatro filhas e decidi que iria dar o exemplo da mulher de fé, trabalhadora e amorosa. Eu só queria que minhas meninas se transformassem em mulheres de bem.

Eu via o quanto era difícil que elas encontrassem bons casamentos no local onde estávamos inseridas, mas eu sempre dizia que “elas precisavam ser boas moças para atraírem bons rapazes, existe gente boa em toda parte, Deus vai abençoar”.

Depois tinha a questão do emprego, bons cargos para mulheres. Sempre foi difícil se inserir no mercado de trabalho, ainda mais sem diploma, então, incentivei o estudo, cursos e até o diploma universitário. Se era mais difícil para nós, então precisavam trabalhar arduamente.

Elas podiam ser o que quisessem, mas precisava ter garra e entusiasmo, uma dose de perseverança e gentileza. Nunca perder a essência feminina, a doçura e a tolerância próprias dos dons femininos.

Elas precisavam amar o gênero. Amar o corpo que permitia a maternidade e toda a sensibilidade que nos conecta com o Alto.

Elas são lindas! Minhas meninas me observavam com tanta atenção. Elas se aproximavam e faziam pequenos carinhos como se dissessem que me entendiam e que se esforçariam para me deixarem feliz.

 

Duas delas se interessaram muito pelos estudos e se formaram, foram independentes. Conquistaram cargos públicos promissores e faziam trabalhos voluntários no auxílio a mulheres com dificuldades.

Por que as mulheres não se amparam mais? Por que tanta competitividade? O apoio, a consideração, a igualdade entre mulheres são de fundamental importância nesta sociedade. Minhas filhas nunca se esqueceram disso.

As outras duas não quiseram se dedicar à carreira e preferiram ter uma grande família. Elas me deram muitos netinhos lindos.

Durante muitas décadas, vivi como a matriarca daquela família e foi excelente o convívio com todos eles. Fui tratada com o maior respeito e amor. Todos me procuravam para desabafar ou solicitar um conselho, isso me deixava muito contente. Poder ajudar meus familiares com minha experiência de vida foi grandioso. Eles escutavam, analisavam meus pontos de vista e dialogavam de forma que eu também me beneficiava daquele contato. Membros da família devem ajudar em todos os aspectos da evolução moral, física e intelectual dos seus entes queridos.

Consegui aproveitar ao máximo esta encarnação como mulher. Chance de reconciliação, melhoria intima e progresso junto com os meus. A mulher enobrecida no lar permite que seus familiares progridam e favoreçam a sociedade ao seu redor. Mulher que cuida, aconselha, educa, ama os seus e todos que a rodeiam.

Mulher respeitada é mulher amada e feliz!

 

MARIA CONCEIÇÃO

05/02/23


----Paula Alves---

 

“AQUELE QUE PODE FAZER ALGUMA COISA PELOS DEMAIS E RESOLVE NÃO FAZER ABSOLUTAMENTE NADA SÓ PORQUE É CÔMODO E CONFORTÁVEL, ESTE É COMO UMA ÁRVORE SECA”

 

Aquele torpor não saia da minha cabeça. Meu esposo disse que o mais indicado seria procurar o neurologista, mas após me consultar, ele deduziu que eu não tinha problema algum. Mesmo assim, iria medicar para que eu pudesse me controlar melhor.

Eu fiquei assustada porque já estava difícil para me controlar e iria tomar medicações. Eu precisava tentar outra coisa, algo que me deixasse em paz e pudesse realizar minhas ocupações.

Então, uma amiga convidou para visitar um orfanato. Disse que lá desempenhava trabalhos voluntários e há anos sentia um bem estar tão grandioso que não tinha mais problemas de saúde.

Eu não compreendi, mas decidi acompanha-la. Diante das necessidades de tantas crianças, já naquele dia, comecei a ajudar em pequenas tarefas do refeitório. Havia tanto a ser feito que o dia passou rápido. Tão rápido que eu mal tive tempo de pensar em mim e no meu mal estar. Quando cheguei em casa, profundamente cansada, dormi um sono único e quando despertei estava renovada. Foi como se tivesse me fortalecido em outro mundo.

 

Eu quis compreender o que ocorreu e chamei minha amiga para retornarmos. Ela ficou tão feliz! Ajudei por dois meses, conheci muitas crianças encantadoras e nunca mais me senti mal.

Era tanto trabalho, havia tanto a ser feito que eu não podia negar a oportunidade de ser útil. Me comprometi em retornar, levei meu esposo que se encantou. Fomos servidores neste local por mais de trinta anos.

Eu cheguei a adotar três crianças que foram pessoas excelentes conosco. Nós tínhamos nossos filhos carnais, mas os outros três foram os que mais cuidaram de nós na nossa velhice. Eles diziam que tinham muita gratidão pela maneira que foram cuidados por nós em suas infâncias. Eu amei meus cinco filhos com especial carinho e atenção. Foi a melhor coisa que fiz, me entregar de corpo e alma para ajudar aquelas crianças.

Refleti durante muitos anos no quão importante é nossa tarefa com as outras pessoas. Acredito que todos nós temos a obrigação de fazermos um pouco além da conta. Fazer pelos menos favorecidos, pelos doentes, idosos, crianças, marginalizados. Nós temos a obrigação de ajudar. Obrigação imposta pela própria consciência de quem sabe que ganha demais da espiritualidade e pode se doar.

Aquele que pode fazer alguma coisa pelos demais e resolve não fazer absolutamente nada só porque é cômodo e confortável, este é como uma árvore seca, da mesma maneira que Jesus demonstrou aos discípulos. “Que ninguém jamais coma fruto de ti”.

 

Não sabemos de onde vêm as dores, angústias e inquietações, mas certamente vem do fundo da alma improdutiva que não sabe o que fazer de seus fluidos benéficos. É como se jorrasse energia potencializadora que, não sendo bem utilizada, faz enferrujar, anestesia e consome a energia vital. Toda essência divina que poderia estar sendo produtiva e multiplicadora, sendo mal utilizada, bloqueia os canais de energia e faz adoecer.

Deixe fluir. Fluir a energia, a essência, o amor que existe dentro de você. Fale coisas boas, propague o bem, realize o que você tem de melhor. Você pode se desenvolver e ser feliz!

 

 MIRASSOL

05/02/23


-------Paula Alves—

 

NÓS NUNCA SABEMOS EM QUAL MOMENTO DA VIDA PRECISAREMOS SER AMPARADOS PELOS FAMILIARES OU AMIGOS”

 

Eu não estava interessada em compromisso sério ou estudos prolongados, trabalho que tira final de semana só para ganhar muita grana.

Eu queria viver minha vida em paz. Sem encargos desnecessários ou indagações, por isso, sai da casa dos meus pais. Fui morar sozinha com dezesseis anos. Sai das rédeas daquela criação patriarcal, machista, fora da minha realidade.

Minha mãe quase pirou. Ela falou que eu tinha que dar um jeito na minha vida. Eu tinha que fazer escolhas porque o tempo ia passar e ela não estaria viva para sempre, mas eu não queria ser intimidade nem pela morte. Eu não queria opressões.

Todos eles se casaram, meus irmãos faziam tudo o que meus pais desejavam. Tiveram filhos e netos. Eu vivia a minha vida de ser livre. Não queria contato com ninguém que me desse trabalho extra, marido e filho estava fora de cogitação, mas eu tinha satisfação em muitas outras coisas. Tinha muitos amigos, saiamos, viajávamos e eu era muito feliz.

Mas, em determinado tempo, as pessoas foram adoecendo, se afastando, tomando outros rumos, se envolvendo com outras pessoas e eu, fiquei da mesma maneira.

Eu também envelheci e o trabalho no supermercado foi ficando árduo demais para mim. Notei que sem ambições, eu não tinha construído patrimônio. Eu não tinha casa própria, nem tinha recursos se algo acontecesse.

Sempre pensei que não era materialista, mas no fundo, eu era irresponsável. Gostei de viver o momento na curtição sem me preocupar com nada, nem com ninguém. Meus pais e irmãos mais velhos morreram. Aqueles que ficaram já estavam envelhecidos e doentes, assim como eu.

Mas, eu não tive responsabilidades com ninguém e também não era responsabilidade de ninguém. Eu não tinha para quem ligar, nem para quem pedir ajuda para fazer um exame. A casa estava um caos, sem condições de trabalhar, fui demitida e quando os recursos acabaram fui morar na rua.

Eu nunca tinha parado para pensar nas razões daqueles que são moradores de rua. Onde estão seus familiares? Eu tive família, mas nunca tive consideração com ninguém.

Eu tomei do meu próprio veneno. Achei que podia viver livre e nunca tentei ter pessoas ao meu lado. Acabei sozinha, doente, na rua da amargura.

Nós precisamos uns dos outros. Por isso, devemos ser mais indulgentes e solidários. Nós nunca sabemos em qual momento da vida precisaremos ser amparados pelos familiares ou amigos, mas todos nós precisamos de ajuda, consolo, carinho.

Deus fez tudo perfeito porque, assim, as pessoas desarmam-se dos seus preconceitos e orgulho bobo para olhar nos olhos e agradecer. Eu fiz tudo errado, mas aprendi sentindo na pele a vontade de ter alguém.

 

BIANCA  

05/02/23

 --Paula Alves--

 


“O IMPORTANTE É RACIOCINAR E MOVIMENTAR O QUE EXISTE DE MELHOR EM VOCÊ”

 

Naquele instante, eu precisava decidir o rumo que tomaria minha vida. Eu queria roubar, coloquei diante de mim mesmo, a necessidade de roubar aquele carro para que pudesse chegar em casa com alguma provisão.

Mas, o dono do veículo apareceu e me surpreendeu. Eu o ameacei com o revólver e tremia com a ação que pudesse aniquilar sua existência. Na verdade, eu nunca imaginei que chegaria naquele ponto, naquela ruina.

Será que algumas pessoas desejam fazer o mal? Propositalmente prejudicar alguém, ver sofrer e se felicitar com isso? Não foi o meu caso.

Eu só queria chegar em casa com alguma provisão. Eu queria ter uma vida mais fácil, sair da condição de insignificância em que todos da minha família estavam enraizados há centenas de anos. A pobreza reduz o homem a atos primitivos.

Mas, não queria ter uma vida boa às custas do sofrimento de quem quer que fosse.

 

Eu olhei para ele e me passaram muitas situações envolvendo seus entes queridos e expectativas de vida. Ele tinha pessoas que o esperavam em casa, ele era amado por alguém, uma mãe sofreria por ele. Ele podia ser meu filho e eu choraria muito se soubesse que alguém tirou a sua vida por causa de um carro.

Eu não podia matar alguém, mas quando ele percebeu que eu não tinha coragem, instintivamente, ele se encheu de fúria e me bateu, tanto, mas tanto que quase não consegui me erguer do chão.

Ele disse que não ia me denunciar porque bastava a vergonha de ser um ladrão pé de chinelo e covarde. Ele riu e foi embora.

Quer dizer que nós sempre atraímos nossos semelhantes. Eu fui tão leviano. Precisava me esforçar muito com estudo e trabalho sério para sair da sombra dos meus antepassados, para atingir um nível sócio econômico melhor que eles, porém, fui imprudente e preguiçoso. Eu achei que podia ter coisas boas de mãos beijadas, sem ter nascido em berço de ouro. Como?

 

Eu consegui atrair uma pessoa ainda pior do que eu. Um alguém que gostava de fazer justiça com as próprias mãos que poderia ter me matado com minha própria arma.

Nós nunca podemos imaginar qual será a pessoa que atrairemos pelo caminho da vida.

Temos que ter cuidado com nossos pensamentos e hábitos, cuidar para não desencadear a Lei que cobra os reajustes das ações erradas.

Eu sofri e me conscientizei que o importante para o pobre é o trabalho árduo, sem queixas. Só agradecer por mais um dia de labuta, quando você sai de casa na escuridão e retorna na escuridão para trazer o pão suado. Eu trabalhei muito e quando consegui entrar na minha casa me alegrei demais.

Eu consegui modificar um pouco a condição sócio econômica da minha linhagem porque sai do aluguel e consegui fazer um curso técnico, depois colaborei para que meus filhos estudassem um pouco mais do que eu.

Alguém tem que romper o círculo vicioso e perceber que, se as coisas não estão satisfatórias, é porque todos sempre fizeram do mesmo jeito, tem que haver conscientização e modificação de caráter, estrutura e desempenho de atividades nobres.

 

Eu pensei muito depois daquela lamentável ação de quase roubo e agressão que sofri. É, por isso, que diante de um momento ruim podem surgir oportunidades enriquecedoras para nossa evolução. O importante é raciocinar e movimentar o que existe de melhor em você.


GUSTAVO

11/02/23

 

---Paula Alves---

 

“CADA SER VIVO MERECE NOSSO RESPEITO E ATENÇÃO”

 

A árvore atrapalhava minha vida. Eu queria construir mais um cômodo em minha casa, mas aquela árvore tomava muito espaço.

Eu estava sempre falando para o meu esposo cortar a árvore que não tinha serventia para nós, mas ele dizia que não podia fazer mal para os seres vivos. Falava que Deus não se agrada destas coisas. Nós tínhamos que saber viver com o essencial, eu não precisava de mais um quarto em casa. A árvore frutificava, dava até para doar para os vizinhos. Frutas doces que serviam até para compota. Os pássaros se abrigavam em dias de sol ou chuva, a sombra refrescava nossas cabeças. Ele tinha justificativas variadas para defender a posição da árvore e eu achava que ele era um velho preguiçoso que não sabia como me irritar.

 

Fiquei tão nervosa que esperei só ele colocar os pés para fora de casa e paguei um menino para cortar a árvore.

Eu não pensava como ele e não me impressionava com as questões da natureza ou com a ira de Deus.

Então, quando ele chegou em casa e viu a situação do nosso quintal, chorou. Disse que eu não tinha o direito de acabar com a vida daquela árvore centenária, cheia de seiva e luz. Meu marido confessou que sonhou com o avô dele, pedindo para cuidar da árvore. Ele chorou e disse que em respeito aquela vida que eu destruí, nunca seria construído o quarto que eu tanto desejava.

Eu me enfureci, parti para cima dele e nunca entendi o motivo de tanto disparate por causa de uma árvore, mas um dia, eu também tive que partir.

Quando cheguei deste lado, precisei presenciar os instantes do meu sepultamento e para o meu espanto, meu esposo havia contratado um local com uma grande árvore. Foi uma exigência que a minha lápide ficasse bem debaixo dela, na sombra.

Eu não acreditei e me perguntei: “Onde será que este homem quer chegar com isso”. Então, um bondoso senhor que me assistia pediu que eu observasse a árvore.

Eu fixei meus olhos espirituais nela e qual foi meu espanto quando percebi por todo o seu tronco, a energia correndo cheia de vitalidade como se fosse um perfeito sistema circulatório? Parece que vi muitos serezinhos se aninhando nas folhas e se nutrindo daquela seiva que escorria por todos os galhos. Ela tinha vida e se comunicava com todo o ambiente.

Tudo ali irradiava energia e fazia parte da Criação, era Deus se comunicando comigo. Deus tinha sua essência naquela árvore.

 

Eu chorei porque estava entendendo o quanto fui seca, sem olhos para enxergar a riqueza da natureza, o esplendor das graças de Deus que se expressam conosco de forma incessante.

Eu nunca ouvi meu esposo que já tinha conhecimento, mesmo que inconsciente.

Cada ser vivo merece nosso respeito e atenção. Tirar a vida de uma árvore ou menor animalzinho, traz consequências que podem ser danosas e inevitáveis. Nós temos que respeitar toda fonte de vida.

 

NICE

11/02/2023

 

--Paula Alves--

 

“DEUS É MUITO SÁBIO QUANDO PERMITE QUE RETORNEMOS NOS MESMOS NÚCLEOS COM AS REENCARNAÇÕES”

Ela me dava nos nervos. Por que tinha que ser responsabilidade minha?

Nós nunca nos entendemos. Passei grande parte da minha infância achando que fosse adotada. Eu percebia nitidamente a distinção que ela fazia dos filhos. Tinha seus prediletos, enquanto os outros só serviam para puxar enxada.

Por que eu tinha que ficar com a pior parte? Eu merecia ser castigada?

Todos ali sabiam o quanto eu fazia para não estar presente e não ficar com ela. Minha mãe não disfarçava sua aversão por mim.

Mas, no momento da dor, ela lembrou da minha existência. Depois de tantas surras e coices, depois de me expulsar porque eu engravidei antes do casamento, ela ficou doente e precisou de mim.

Eu me recusei a cuidar dela e ela ordenou. Falou que eu devia cuidar dela, tinha obrigação como filha, mas os outros filhos não tinham obrigação?

Minha mãe argumentou que os outros tinham muitos afazeres, trabalhando fora de casa, estudando. Eu precisava assumir os cuidados dela.

Eu fiz tudo como tinha de ser e ela foi cruel, impiedosa. Nós não tivemos a chance de nos reajustarmos naquela ocasião, mas de repente, ela estava curada e eu voltei para minha rotina longe dela.

Pensei que nunca mais seria necessário passar por toda aquela tortura. Os anos se passaram, a mãe ficou velha e doente, precisou de alguém para cuidar integralmente, inclusive dando banho e comida na boca. Ela novamente pensou em mim, mas eu também estava velha e doente.

Decidi que não iria me envolver, encontrei uma mulher que poderia cuidar dela, mas minha consciência me cobrava atitude. Como eu podia deixar minha mãe com uma estranha, se eu mesma podia cuidar dela? Por que eu abriria mão de uma nova oportunidade para nos entendermos?

Eu tinha medo de não conseguir me controlar diante dela e me lembrar de tudo o que vivemos, mas precisava cumprir com o meu dever. Cuidei dela por cinco anos.

Os primeiros meses foram terríveis, eu quase desisti. Depois percebi que nós duas estávamos mudadas. O tempo, a velhice, os diversos momentos e decepções da vida nos melhoraram e éramos senhoras diferentes. Eu tinha mais paciência com ela, ela tinha arrependimentos para comigo.

Nós nos lembramos de muitos momentos da minha infância e ela falou com comoção, se desculpando de atos falhos. Eu senti o arrependimento dela e o quanto estava grata pelo que eu estava fazendo, cuidando, ouvindo, dando atenção, afeto.

Nós precisamos viver aquele momento para perdoarmos questões mal resolvidas do passado e de outras vidas. Perceber que nada era como antes porque nos modificamos.

Por isso, digo que as pessoas precisam de contato. Deus é muito sábio quando permite que retornemos nos mesmos núcleos com as reencarnações. Assim, podemos estar próximos daqueles que ferimos ou ofendemos e ressarcir dívidas, promovendo a paz e a fraternidade.

 

LÚCIA

11/02/23

 

--Paula Alves--

 

“AS PESSOAS NÃO PENSAM NO FUTURO E NO QUE PODE ACONTECER. SÃO TÃO IMPRUDENTES E LEVIANAS”

 

Ele não mudava. Chorei tanto, implorei para que ele respeitasse a mim e a nossa família, para que parasse de se relacionar com mulheres fora do casamento, mas ele nunca me deu ouvidos.

Foram muitas décadas, tendo que refletir se valia a pena aceitar uma nova traição e dar prosseguimento àquele casamento onde só ele tirava proveito da situação.

Ele dizia que me amava e que nenhuma delas nunca tomaria meu lugar de esposa, mas eu cheguei a pensar que o lugar de amante rendia mais que o meu. Elas tinham tudo dele: carinho, presentes e atenção, enquanto eu, tinha as responsabilidades com os filhos e as dívidas.

Por eles, eu prossegui. Se eu fosse sozinha, seria mais fácil jogar tudo para o alto e ir embora, mas com seis crianças ficou complicado e eu toquei minha vida recebendo as migalhas do que ele tinha para me oferecer.

Depois de alguns anos, confesso que me acostumei e até preferia porque não queria contato físico. Fiquei sossegada com minhas obrigações de mãe e dona do lar.

Mas, foi na velhice que compreendi o que meu marido tanto mencionou. Ele precisou de mim, diante da ausência dos nossos filhos, das perdas de familiares, dificuldades financeiras e doenças que surgiam com a idade avançada. Eu estava sempre ao seu lado.

Elas se foram à medida que ele foi envelhecendo. Elas pararam de ligar na minha casa, quando ele foi apresentando os sinais de Parkinson. Ele foi ficando cada vez mais debilitado e as mulheres que gostavam dos presentes e festas nunca mais apareceram, meu marido foi todo meu na enfermidade.

A vida é engraçada! As pessoas não pensam no futuro e no que pode acontecer. São tão imprudentes e levianas. Ele olhou para mim no momento final e pediu perdão. Eu não tinha mais o que perdoar. Quando você vê durante mais de dez anos, a pessoa sofrendo com dores e dificuldades de todos os tipos, você fica apiedada. Eu pedi que Deus reduzisse seus infortúnios e tentava, de todas as formas, aliviar seu calvário.

Eu me recordava do que havia vivido com ele, mas nunca me satisfiz com seu resgate. Eu tentei minimizá-lo.

Eu cumpri o que havia prometido para ele, apesar de não ter recebido da mesma forma, acredito que foi uma vida plena de aprendizado. Eu superei.

 

LAZINHA     

11/02/23    

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