Minha paixão por aquela mulher era algo doentio. Eu não me conformava em saber que ela estava bem sem mim. Com sua família, marido, cheia de felicidade.
Cada notícia de conquista,
cada momento de alegria me feria como um punhal. Eu não podia dormir tranquilo
sabendo que ela não pensava mais em mim e que tudo o que vivenciamos para ela
não passou de um romance passageiro, sem grande importância.
Eu nutri tanta inveja,
ódio e ressentimento por aquela família que parecia ter tudo, equilíbrio,
harmonia e amor. Eu odiava aqueles sorrisos e aquela vida perfeita.
Só de imaginar o que
viviam, me doía e meus pensamentos eram cada vez piores. Por mais que eu
quisesse me envolver com meus familiares e me entregar a situações agradáveis
com eles, eu pensava nela. Eu não podia ser feliz sabendo que eles estavam bem.
Então, eu comecei a me sentir mal, frustrado e irritadiço, era a inveja tomando conta do meu ser. A inveja colocando ao meu lado uma legião de Espíritos mal intencionados. Espíritos que atrai inconscientemente, através da vibração que nos aproximava. Consenso contratual que me aliou ao grupo para que minha ex tivesse sua vida arruinada.
A força dos meus
pensamentos era tão grande que, de longe, ela começou a se sentir mal. Cansaço
e apatia, desânimo, inquietação. Aos poucos, ela começou a se imaginar
portadora de inúmeras doenças decorrentes do que sentia, mas não havia nada.
Depois de algum tempo, tendo por companhia a equipe que estava ligada a mim,
seus familiares também começaram a ter sensações desagradáveis. As crianças
foram as primeiras a ter pequenos problemas de saúde.
Eu não tinha como
saber, pois não tinha contato com eles. Mas, estranho! Eu me sentia feliz,
enquanto ela passava por problemas familiares e de saúde.
Minha ex amava muito
sua família, nos momentos mais difíceis, ela recorria a Deus. Orava com tanto
fervor, exaltava a Jesus e clamava por dias mais felizes. Ela se entregava nos
braços do Senhor e dizia: “Seja feita a vossa vontade”.
Aquela fé unida ao
desejo sincero de ter seus filhos fortalecidos, fez com que muitos dos
Espíritos se afastassem, eles não podiam permanecer num lar onde reinava o amor
e a resignação diante dos desígnios de Deus.
Foi assim que eles
sempre superaram minhas investidas inconscientes e desajustadas de provocar o
mal, mas eu só soube quando cheguei aqui.
Passei minha vida toda
preocupado com o que se passava na vida dela. Deixei de vivenciar momentos
lindos no meu núcleo familiar, sempre irritado e doido, invejoso demais para
amar quem estava ao meu lado. Desta forma, eu passei a ter problemas mentais,
pensamentos em desajuste unidos ao grupo infernal me trouxe pesadelos e
desordens que me levaram a necessitar de ansiolíticos e sedativos.
Quem ora e faz o bem sempre tem auxílio dos Bons, mas eu... Estava unido aos maus, desencarnei e fui subjugado. Tratado como escravo.
O melhor seria que cada
um se ocupasse de cuidar da própria vida e tivesse a sensatez para achar o
bem-estar na sua casa, dentro da sua família. Por mais que eu tentasse derrotar
a família dela, jamais teria conseguido porque onde reina o amor a Deus, a fé e
a abnegação pelos familiares, só existe a luz.
SALUSTIANO
29/05/2022
----Paula Alves----
"ESTE É O OBJETIVO DA HUMIDADE"
Eu não me preocupava
com estas questões morais. Nunca me falaram que era obrigação minha modificar a
consciência deles, impregnar de atos nobres e deveres morais.
Eu nem sabia que a
educação dos meus filhos dependia da maneira como eu observava o mundo.
Imagina!
Na minha época, se
criança tivesse direito a ser alimentada e tivesse direito ao estudo, recebesse
um pouco de afeto e atenção, estaria sendo muito bem tratada.
Nunca parei para pensar
no que refletiam, até porque, eu achava que eles não entendiam nada, nem dava
confiança. Eu não costumava ouvir o que tinham a dizer. Eu era a adulta no lar,
ordenava e exigia que cumprissem as minhas ordens.
Eles cresceram, quatro filhos que queriam uma vida melhor. Aos poucos, eles falavam, por mais que eu os mandasse calar, eles falavam e cobravam. Desejavam melhores condições de vida, reclamavam da posição social, do preconceito, da crueldade nos serviços que executavam tão jovens.
Eu ouvia e não sabia o
que dizer. Cresciam tão rapidamente, quando me dei conta, eram adultos e
revoltados. Eu não tinha mais como consertar. Eu não tinha como dizer que as
coisas podiam ser melhores, eu não tinha como me desculpar pela vida miserável
que tiveram.
A verdade é que eu os
fiz engolir aquela vida e não respeitei suas vontades, interesses e
necessidades. Como se cria um animal, com comida e água, colocando para
desempenhar tarefas sem perguntar do cansaço ou da dor, eu criei meus filhos
sem afeto.
O exemplo de uma
roceira, sem diálogo ou afeição, meus filhos pareciam uns sem coração. Pessoas
amargas, duras demais com si mesmas e com todos ao seu redor.
Foi triste perceber que
eu falhei. Quando nós temos filhos, podemos aproveitar para analisar nossas
condutas na vida. Os pais devem se transformar em seres melhorados para serem
exemplos. É preciso conhecer o filho e reconhecer nele as leviandades que
precisam ser anuladas, mas sem conversa não dá. Quando você sabe o que se passa
na cabeça do filho, você pode compreender o que ele sente e do que necessita
para ser uma pessoa melhor e isso é obrigação de pai e mãe, mas eu não sabia.
Todos os erros
decorrentes da omissão são de responsabilidade dos pais levianos.
Criar não é só jogar no
mundo. Parir qualquer uma pode, mas realizar o melhoramento do ser, já é outra
coisa.
O melhoramento do ser
depende do seu melhoramento, da sua decisão de auxiliar esta criatura a ser
melhor a cada dia para que ele se insira no mundo de forma satisfatória, para
que um dia, possa formar seu núcleo social e ser útil para a coletividade,
implica em analisar, reconhecer e entregar ferramentas para a reforma
individual.
Muito complexo para
mim, naquela época. Eu vi, enquanto envelheciam, o porquê de seus sofrimentos,
tudo ligado ao egoísmo, orgulho, ao mal que produziam na sociedade para uns e
outros, eu nunca ensinei.
Eu me arrependi. Achei
que o tempo seria melhor empregado se eu trabalhasse de sol a sol. Achei que a
vida era só isso e não tinha objetivo diferente de comer e dormir. Mas, temos
um objetivo sim. Objetivo de evoluir, melhorar em cada vida, em cada
oportunidade. Isso é tudo o que importa.
QUE CADA UM POSSA RETORNAR AO LOCAL DE ORIGEM, OU SEJA, À
ESPIRITUALIDADE, MUITO MELHOR DO QUE QUANDO CHEGOU.
Este é o objetivo da
Humidade.
ILDA
29/05/2022
--------Paula Alves---
“PRECISAMOS FAZER REINAR A PAZ DENTRO DOS NOSSOS LARES”
Eu analisei tudo, mas
aquela criatura não tinha jeito. Eu tentei amar. Nunca quis admitir que aquele
moleque era o meu oposto em tudo. Eu não quis compreender os motivos que me
faziam detestá-lo.
Meu filho como todos os
outros, mas ele era diferente e meus sentimentos eram diferentes. Eu entendi
que todos os dedos são diferentes, mas eu amava todos os outros filhos e
desejava que ele se afastasse de mim. Nunca tive coragem de dizer a ninguém,
mas minha esposa percebeu.
Meu filho também
percebeu. As pessoas sentem o que emanamos a elas. Quando você cuida de uma
planta, animal ou de uma criança, eles sentem o que você oferta. Eles podem se
desenvolver sadios, belos e cheios de graça, mas também podem definhar por
falta de atenção e afeto.
Eu não nutria por ele o
mesmo amor. Ele sentia minha repulsa e de forma inconsciente passou a me
irritar. Eu respirava fundo para tentar não criticar, mas foi impossível na
adolescência quando tivemos brigas terríveis. Eu o expulsei e ficamos longe por
três anos.
Por mais que minha
esposa me pedisse, eu não queria vê-lo. Cheguei aqui e entendi que se tratava
de um desafeto do passado. Parece lógico e muito natural que, em determinado
momento, não quiséssemos mais o contato um do outro, mas não foi isso o que
acordamos antes do nosso regresso.
Eu pedi a ele. Eu
praticamente implorei que ele retornasse no meu lar e aceitasse meu apoio
paternal. Disse que devolveria todas as oportunidades que tirei em outros
tempos. Tudo seria dele em nome do perdão que eu precisava para seguir em paz.
Mas, estando na carne,
eu não poderia saber do nosso passado e permiti que os sentimentos de animosidade
me ferissem o orgulho. Eu não queria vê-lo. Deus é tão misericordioso e permite
que os elos de consanguinidade nos façam refletir. A consciência te cobra de
virar as costas para um filho e você volta atrás.
Nós podemos nos
arrepender por um filho e podemos voltar atrás das decisões precipitadas pela
paz da família. Foi assim que eu pedi para vê-lo e pedi que me desculpasse os
rompantes. Me esforcei para ver nele um rapaz decente e trabalhador. Assumi uma
posição pacífica e reconheci virtudes que ele sempre teve, mas eu estava cego
pelos erros do passado.
Nós precisamos deixar
de lado os sentimentos de animosidade para evoluirmos com nossos desafetos.
Precisamos fazer reinar a paz dentro dos nossos lares.
EMÍLIO
29/05/2022
-----Paula Alves----
“QUAL É O PAI QUE NÃO DARIA A VIDA PARA O PRÓPRIO FILHO?”
Eu entrei no fogo para
salvá-lo.
Não pensei duas vezes,
daria minha vida para que ele tivesse o direito de viver. Fiquei todo queimado,
marcas que carreguei por toda aquela vida, mas meu filho não teve nenhum
ferimento sério.
Enquanto estava
hospitalizado pensei o que teria sido de mim e de minha esposa se o Cauã
tivesse morrido naquele incêndio. Eu não poderia olhar nos olhos dela e nem me
ver no espelho.
“Que eu sofra! Que eu
me restabeleça, mas ele não. Ele não merece sofrer nunca mais” – eu pensava.
Foi difícil, mas eu
consegui superar e isso fez de nós os melhores amigos naquela existência. Meu
filho me olhava como para um herói. O maior respeito, a maior franqueza de
todos. Ele não cansava de dizer o quanto eu era forte e grande. Cresceu assim
meu filho, me admirando, apesar das minhas marcas, das cicatrizes de queimado.
O fato é que eu recebi a oportunidade de reparar na dor, numa ocasião extremamente desagradável pude provar o quanto eu estava arrependido e que pagaria com a minha vida para permitir que ele tivesse a chance que eu neguei.
Em outra vida, eu ateei
fogo em sua moradia para ficar com suas terras. Eu me vinguei dele e cometi um
delito gravíssimo. Pude reparar em outra existência, salvei meu adversário que
se tornou um filho amado.
Sem o erro, eu não
precisaria da reparação. Mas, sem a necessidade de reparar, eu não teria
aprendido a amar. Amor incondicional que não espera a menor retribuição. Qual é
o pai que não daria a vida para o próprio filho?
O maior presente de um
pai é ver nos olhos do seu filho a admiração e o respeito. Eu recebi muito mais
do que merecia e fortaleci os laços de uma amizade sincera que perpetuou para
além do meu túmulo. Sou muito grato e muito feliz pela reconciliação que
imperou entre nós.
NELSON
29/05/2022
---Paula Alves---
“DEUS AMA QUANDO SEU FILHO É ÚTIL PARA OS DEMAIS”
O pai sempre dizia: “se é difícil com estudo,
imagina sem ele...”
Meu pai mal sabia escrever o próprio nome e me
incentivou a estudar. Papai falava que o saber é porta da evolução,
conhecimento é riqueza que ninguém pode tirar de nós.
Meu pai não teve estudo, mas tinha sabedoria.
Nunca teve preconceito por eu ser mulher.
Imagina! Muitos diziam que as mulheres não precisavam saber ler porque isso só
servia para arrumar namoro.
Quando é que eles podiam imaginar que hoje a
mulherada está em todos os setores de desenvolvimento humano, em cargos de
liderança atendendo as necessidades sociais?
Eu amava ver a forma como meu pai me incentivava com seus olhos brilhantes, falando que: “apenas nós podemos impedir nosso progresso quando temos medo do esforço, medo do trabalho e dos desafios que a vida entrega pra gente”.
Entendi, desde cedo, que aquela família
estaria sempre me incentivando e dependia de mim os progressos que seriam
alcançados.
Meu pai não me deixou herança material. Casa,
carro, cargos importantes, nada disso, mas ele me entregou o maior dos
tesouros: o conhecimento, além disso, ele me motivou a conquistar tudo o que
sempre desejei.
Foi, por isso, que consegui me formar como
pesquisadora e pude trabalhar, a vida toda, naquilo que era minha razão de
viver. Meu vício era o conhecimento, as descobertas...
Eu não me cansava de pesquisar, aprender,
divulgar aquilo que era fonte de pesquisa. O mais interessante quando você
obtém uma resposta é poder compartilhar esta descoberta com as outras pessoas.
Eu achava que tudo aquilo só interessava a mim
e ao grupo onde eu estava atuando, mas pude perceber que pertencemos a grupos
de identidade. Todos nós estamos ligados a grupos de afinidade onde todos vão
gostar das mesmas coisas e quando podemos atuar nestes grupos é muito
enriquecedor.
O grupo dos pesquisadores é incrível! Naquela época, através de correspondências fazíamos uma série de descobertas científicas e era angustiante ficar aguardando as respostas. Fico imaginando como é interessante viver nesta época tão sofisticada onde vocês podem se comunicar em tempo real com as pessoas ao redor de todo mundo.
Não permitam que sua intelectualidade fique
adormecida por padrões antiquados, vícios que impregnam o ser ou desmotivações
de todos os tipos, provenientes de pessoas que desacreditam, apenas para
frustrar por pura inveja.
Espero que todos aqueles que têm fome de saber
possam soltar suas vozes e proclamem dos telhados suas descobertas, suas
análises, não tenham medo de questionarem, averiguarem e com a maior humildade
peçam ajuda uns aos outros.
A humildade é a maior virtude do estudioso
porque, com ela, a pessoa confessa suas deficiências, se esforça, aprende com
aquele que sabe mais e se desenvolve pouco a pouco. A mente é tão brilhante
que, quanto mais aprende, mais curiosa fica, mais pesquisa, assimila e quando
se percebe, desenvolveu-se, mas com a humildade terá sempre a chance de voltar
e renovar-se, aprofundar-se e tudo isso pra quê?
Deus muito amoroso permite que alguns filhos
tenham muito conhecimento e humildade para trabalhar em prol dos seus irmãos.
São aqueles seres maravilhosos que descobrem vacinas, fazem invenções que
facilitam o dia a dia, promovem o bem estar, realizam saneamento das regiões em
que tantos sofrem. Eles se desenvolvem no intuito da melhoria da coletividade.
Isso Deus ama!
Deus ama quando seu filho é útil para os
demais. Este conhecimento todo sendo usado para o bem faz com que todos
cresçam.
Aprendi com meu pai a importância do
conhecimento. Me identifiquei com muitas pessoas e participei de grupos de
identificação pessoal a cuidar da melhoria da Terra. Isso me fez muito bem.
Todos nós podemos colaborar para o bem estar
social.
MARIA HELENA
21/05/2022
-----Paula Alves----
“VOCÊ SEMPRE SERÁ RESPONSÁVEL PELOS ERROS QUE
COMETEREM, FRUTO DA SUA NEGLIGÊNCIA”
Eu podia alegar que foi em legítima defesa.
Foi!
Eu não tinha como saber que ele estava
desarmado. Eu tinha arma dentro de casa porque sempre fui paranóico. Não podia
imaginar que alguém pudesse fazer mal para um dos meus entes queridos. Sempre
achei que nossa casa fosse a nossa fortaleza, mas eu estava errado.
Quando eu disparei aquele tiro... Foi mais por
medo e necessidade de defesa do que na intenção de feri-lo. Eu me apavorei.
Quando você vê alguém invadindo a sua casa, mil pensamentos te cercam e você
tem que decidir em fração de segundos qual direção tomar, eu escolhi o pior
caminho.
Ele morreu e quando me aproximei para ver o
rosto dele, me surpreendi, ele era amigo do meu filho.
Eu nunca imaginei que aquele jovem que estava
sempre em nossa casa podia, de alguma forma, nos desejar mal. Fiquei me
questionando o que estava acontecendo e quando meu filho apareceu diante
daquele horror, ele chorou de forma convulsiva, pedindo perdão para o amigo e
para mim.
Eu descobri que foi tudo uma armação. Meu
próprio filho pediu que o amigo fingisse um assalto para conseguir dinheiro
porque ele sabia do cofre. Será que foi por uso de drogas? Ou será que foi por
puro levianismo?
Até que ponto eu desconhecia aquele jovem que tinha o meu sangue, que eu amava tanto? Onde eu tinha errado? Chorei. Eu conhecia a família do rapaz... A verdade é que eu me arrependeria de qualquer jeito, por qualquer pessoa, mas o que teria acontecido se eu não tivesse atirado? A vítima seria eu?
A gente nunca acha que pode acontecer na nossa
casa. A desgraça é sempre na casa dos outros. Mas, é claro que houve uma falha.
Falha moral!
Quando é que você pode afirmar categoricamente
que ofertou aos seus familiares a moralização que faz deles pessoas de bem,
realmente de bem? Honrados, respeitosos, leais, honestos, íntegros e sinceros?
Você pode confiar neles de olhos fechados? Entregando sua vida nas mãos deles? Dizer que jamais te trairiam? Jamais te abandonariam numa necessidade ou na velhice?
Quanto vale este amor? Será que, se você
mudasse e se tornasse um alguém que os envergonhasse, ainda assim seria o
melhor pai ou o melhor esposo?
Há quem diga que nós somos reconhecidos pelos
outros à medida que beneficiamos estas pessoas de alguma forma, consequentemente,
é bom não esperar muito de ninguém porque as pessoas não são de confiança.
Eu me decepcionei muito com meu filho e o
culpei por muitos anos por causa do meu crime.
Vivi amargurado sabendo que tudo aquilo só
aconteceu porque meu filho tramou contra os pais e, sabe Deus o que poderia ter
acontecido se eu não fosse o agressor. Mas, abriu um buraco no meu peito aquela
cena onde o rapaz morria diante de mim.
É muito pior quando somos nós a produzir o mal. Acredito que os pais tenham que ficar sempre muito atentos, atenção redobrada porque tudo pode acontecer dentro da sua casa que é o vizinho de alguém.
Sempre vigiando as suas ações porque você é o
exemplo para alguém. Sempre vigiando as ações de quem está sob a sua tutela.
Você sempre será responsável pelos erros que cometerem, fruto da sua
negligência.
ANDRÉ
21/05/2022
------Paula Alves----
“A RECONCILIAÇÃO DEVE SER FEITA DO FUNDO DO CORAÇÃO, COM HONRA”
Limpeza! Aquilo estava cheio de bactérias.
Deus me livre sentar naquele sofá. Eu não suportava ir à casa do meu filho.
Ele podia ter escolhido uma esposa melhor. Eu
ficava me perguntando o que ele viu naquela mulher porca.
Ela era aparecida, barulhenta, me irritava.
Dizia que trabalhava tanto e chegava em casa cansada, mas eu sabia que ela era
preguiçosa e fazia o meu filho de escravo.
Ele era muito tolo, fazia todas as vontades
dela e nem sei o motivo, mas eu não queria participar daquele absurdo.
Via como as outras noras se comportavam.
Chegava a sentir inveja das minhas amigas. Elas eram tão educadas, pareciam
filhas das suas sogras, cuidavam bem dos esposos, delicadas, estavam sempre no
lar fazendo o que era da vontade dos maridos, mas eu tinha que aturar aquele
absurdo.
Meu filho falava que a minha boca era muito grande. Ele estava sempre me contrariando. Disse que a esposa era o seu esteio, seu alicerce. Dizia que ela tinha incentivado o estudo dele. Falou que ele perdeu o emprego e nunca faltou nada em sua casa porque ela trabalhou pelos dois. Então, meu filho era grato à esposa pelo tempo de dificuldade que viveram sem precisar da ajuda de ninguém...
Eu não soube de nada disso. Claro que eu teria
ajudado se ele me pedisse, aquela mulher gostava mesmo de bater perna e a casa
jogada. Que horror!
Mas, um dia meu filho passou mal, muito mal.
Precisou ser internado às pressas, quando cheguei ao hospital, lá estava ela
chorando. Eu não me intimidei, era a minha oportunidade de jogar na cara dela
tudo o que ela fazia, isso estava matando meu menino. Mas, ela não quis me
ouvir, disse que já imaginava o que eu diria e não era hora de fazer drama
porque o meu filho precisava de tratamento, ele estava mal.
Ela perguntou se, pelo menos, naquele momento
ela podia ser da família e não uma sogra que competia com ela o tempo todo.
Que mulherzinha arrogante. Me chamou de
egoísta. Disse que o ódio que eu sentia dela era muito maior que o amor que eu
sentia pelo meu filho. Nunca percebi o quanto sofreram e o quanto eles
precisaram de mim, tantas vezes.
Eu fiquei só ouvindo. Nunca imaginei o que ela
sentia. Que precisava de mim, mas por quê?
Ela falou que, enquanto as pessoas perdem tempo vendo, apenas o pior dos outros, perdem a oportunidade de serem úteis e de fazer boas parcerias, envolvendo o amor e a amizade.
Aquilo foi um tapa com luva de pelica! Eu sai
de perto para não agredi-la.
No fim, meu filho reagiu bem após um
transplante e, novamente, ela teve que trabalhar em dois empregos para
sustentar a casa e as crianças, comprar medicamentos, pagar o plano de saúde,
enquanto ele se restabelecia. Eu me ofereci para ajudar e ela aceitou.
Precisei ficar com eles por alguns meses para
conhecer a vida que eles tinham. Eu via a hora que ela chegava, o quanto estava
cansada. Soube do salário e do esforço, vi a dedicação como esposa e mãe, o
carinho e os cuidados, o quanto era simples, sem vaidade nenhuma para deixar os
filhos bem amparados.
Eu me senti muito mal. Como eu era
maledicente, maldosa, egoísta. Tudo o que eu fazia naquela casa, o dia todo,
não era nem a metade do que ela aguentava na rua. Trabalho pesado pra trazer o
sustento para que o marido pudesse se reerguer.
Eu precisava me redimir e agradecer aquela mulher de fibra tudo o que ela fazia pelo meu filho. Que vergonha!
Era preferível que eu tivesse me calado porque
minha consciência cobrava um pedido de desculpas. Era como dizer que jamais
teríamos uma oportunidade de reconciliação sincera se eu não fosse humilde e me
curvasse em nome do perdão porque quem deseja se reconciliar não deve agir de
qualquer maneira.
A reconciliação deve ser feita do fundo do
coração, com honra. Com as palavras certas, deixando claro qual é o motivo do
pedido de desculpas, a pessoa que foi agredida verbal ou fisicamente, deve
saber que você se arrependeu, que você conseguiu rever seus conceitos e iniciou
a conversão sincera para nunca mais pisar na bola, senão, não vai resolver.
Entre meias palavras, não vai para frente.
Você é tão orgulhoso que prefere o: “vamos
colocar uma pedra em cima do que aconteceu”?
“Vamos virar a página e recomeçar” – sem
modificação? Não vai rolar.
Precisa de transformação da sua parte e o
agredido tem que concordar com os seus termos. É sinal de humildade falar com a
pessoa.
Ela estava esperando aquela conversa, aquele
pedido de desculpas. Que eu dissesse o quanto me arrependi porque eu não a
conhecia e a julguei por tantos anos.
Eu fiz isso e tudo mudou. Foi tão bom. Eu
precisava me reconciliar para viver em paz com ela.
TAÍS
21/05/2022
----Paula Alves----
“AS ILUSÕES E FACILIDADES DA MATÉRIA, OS
PRAZERES DO MUNDO, PODEM DESTRUIR COM QUALQUER FAMÍLIA”
Não se muda da água para o vinho. São pequenos
pontos de modificação que ocorrem com o passar dos anos. Assim, a pessoa se
transforma de verdade.
Eu casei com aquele homem acreditando que
podia muda-lo. É o grande erro que cometemos: achar que podemos mudar o outro.
E não importa quem seja este outro: sua mãe,
seu irmão, marido, filho, o gato...
Mudar alguém não é o caminho porque o caminho
é individual e só podemos mudar a nós mesmos.
Eu perdi meu tempo precioso. Tinha muita coisa
boa naquele homem, mas era mulherengo... Eu estava sempre me enroscando com
alguma vizinha, brigava, xingava, me humilhava...
Falava que elas não prestavam, elas iam atrás
dele que era muito bonito e ele não resistia, coitado! Tá...
Demorei para perceber o quanto o cara era
safado. Ele amava namorar com muitas mulheres. Não era porque ele era bonitão,
era porque não tinha vergonha na cara mesmo, nunca me respeitou.
Em outras nações até dá para entender, mas aqui?
Eu fiquei com ele por anos, vivendo esta
situação constrangedora até que uma delas jogou na minha cara.
— Ele que vem atrás de mim, bem.
Aí dei com os burros n’água. Ele procurava as
mulheres. Eu precisava me decidir.
Ou, eu me separava dele e aceitava que ele não
ia mudar só porque eu desejava. Ou, eu continuava casada com ele e aceitava
aquelas traições porque ele não ia mudar.
Pensei muito porque eu não queria deixar meus
filhos sem pai. Eu não queria ficar só. Existe muita coisa que envolve a separação,
mas após conversar com ele, percebi que ele não estava interessado em mudança e
eu tinha que mudar por nós dois.
É horrível perceber que você vai ter que mudar
de rumo porque a pessoa não pretende fazer concessões ou sacrifícios por sua
causa.
Eu queria te dizer que me separei, mudei para andar de cabeça erguida. Você pode pensar o que quiser, mas eu preferi continuar casada e fingi que não vi as, muitas vezes, que ele chegou tarde com manchas de batom.
Eu mudei, me calei e nunca mais fui atrás das
amantes dele. Doeu em mim, cada vez que ele chegou mais tarde. Eu sempre chorei
esperando que ele voltasse para o lar. Mas, eu fingi e depois de um tempo sem
desejar que ele me tocasse porque eu estava com nojo dele, nós não tínhamos
mais nada.
Era só um alguém para que eu não ficasse só.
Minha filha até me recriminou, falou que
aquilo era o cúmulo da humilhação. Ela nunca se sujeitaria a ter uma relação de
aparências, relação de machismo e derrota feminina.
Que vergonha! Nem por um minuto, ela pode
entender o meu lado.
Nem eu mesma sei doutor. Eu me perdi e não
consigo compreender minhas razões, mas enquanto ele envelhecia, enquanto as
mulheres se distanciavam dele, só sobrou eu para aturar aquele velho malandro.
Ele foi um bom companheiro na velhice e, um
dia, me confessou: “se meu corpo não me cobrasse tantas sensações, seria mais
fácil perceber que sempre te amei.”
Ou seja, as ilusões e facilidades da matéria,
os prazeres do mundo, podem destruir com qualquer família.
IZILDA
21/05/2022
Eu falei porque estava cansada e sem
paciência. Não é todo dia que a gente consegue ser gentil.
Eu achei que ela precisava ouvir umas verdades
e procurei ser bem sincera para que ela não precisasse ouvir de outra pessoa.
Sempre achei que uma verdade vale mais do que
qualquer mentirinha. Não adianta tapar o sol com a peneira e evitar que as
pessoas sofram, sendo que as verdades têm muito a nos ensinar.
Por isso, eu fui clara e direta. Pra quê fazer
de conta que nada aconteceu? Fui direta e a menina arregalou bem aqueles olhos
como jabuticabas, não posso esquecer.
Falei que aquela senhora só havia admitido a
moça para trabalhar em sua casa porque tinha uma dívida de honra com a mãe dela
porque ninguém queria saber de uma negrinha trabalhando em sua casa.
A mocinha chorou diante de mim e eu só pensei
que as pessoas gostam de se fazer de vítimas. Naquele momento, eu não tinha o
menor discernimento para entender que as palavras podem ferir mais que uma
surra.
A menina foi embora, a nossa senhora, a dona
da casa onde eu trabalhava como governanta, ainda me perguntou por que Isaura
estava saindo tão cabisbaixa. Eu falei que ela era muito melindrosa porque não
se podia dizer nada contrariando a menina de vidro que ela chorava.
Eu tinha um coração muito duro. Soubemos
depois de dois dias que a jovem Isaura não queria sair da cama e quando se
levantou tomou muitos comprimidos e morreu.
Nossa! Eu fiquei chocada... O que será que se
passava na mente daquela menina para que ela fizesse uma atrocidade dessas?
Nem por um minuto eu podia supor que a causa
daquela morte foram minhas duras palavras. Acontece que, cada um tem o direito
de sentir o que há no coração. É muito fácil dizer que as pessoas são
melindrosas, frágeis demais, quando não se vive a vida delas.
Isaura havia crescido com o racismo. Só ela podia dizer os sonhos pelos quais abriu mão por causa dos olhares e críticas, no meio da zombaria e agressão de todos os tipos. Ninguém pode imaginar o que é a vida alheia, por isso, devíamos nos respeitar.
Mas, eu não sabia disso e só criticava.
Existem palavras que são punhais, melhor seria
se pudéssemos calar a língua ferina. Melhor seria que o maldoso pudesse ocultar
seus pensamentos e palavras. Eu não podia imaginar que não se tratava da
verdade, mas de maledicência.
Não era falta de escrúpulos me calar porque
aquela verdade nunca foi a verdadeira verdade, mas a minha verdade,
a minha opinião. Opinião bem enganosa, já que eu julgava com o olhar da
discriminação.
O correto seria que as pessoas pudessem
silenciar sempre que suas palavras não fossem ternas, fraternas e amorosas. Se
não for uma palavra de incentivo e esperança, se não for para enobrecer e
elevar, se não for para iluminar e esclarecer... Calem-se todos aqueles
que acham que têm o poder da verdade.
Eu levei minha vida tranquilamente depois do
que houve com Isaura. Depois de algum tempo, nem mesmo, me lembrei dela. Mas, a
Lei do Retorno pode até tardar, porém nunca falha.
Aos setenta e cinco anos, cheia de mim,
convencida de que eu sabia de tudo, tinha resposta para tudo, havia visto de
tudo e podia julgar ou condenar, destratar, priorizar, aconselhar do meu jeito,
sem a menor delicadeza, ainda mais agora que eu estava anciã. Quanta petulância
a de achar que tem todo o conhecimento do mundo, sabe mais que todos, mais do
que de sua própria vida.
Aos setenta e cinco anos, eu tive um derrame e
perdi a fala, tive muitas limitações motoras e precisei de cuidados de
terceiros. Não tinham como saber o quanto eu compreendia, eu não falava...
Eu ouvi tantos absurdos! Riam de mim se
lembrando da pessoa autoritária que fui, da pessoa sabida que eu fui. Assim,
passei o final da minha vida ouvindo sem poder dizer nada, sem poder rebater,
eu só ouvia todos me dizerem que eu podia conseguir se me esforçasse, era pura
preguiça, eu não queria viver e preferia receber comida na boca...
As verdades dos outros são como o fel.
Eu tomei do meu próprio remédio para entender o quanto é duro receber diante de nós palavras mal ditas. Palavras que ferem sem o menor constrangimento
Aprendi a lição e acredito que o mais adequado
é ter empatia, indulgência e amor ao próximo. Não criticar, aceitar a vida dos
outros como são.
Se você pode ajudar, ótimo; senão, não
atrapalhe a vida de ninguém.
Se você pode auxiliar, ótimo; senão, cuide
apenas da sua vidinha.
Mas, não desestimule, não jogue água fria.
Seremos responsabilizados pelas crueldades que
fizermos os outros sofrerem decorrentes das palavras malsãs.
JOSEBETE
14/05/2022
-----Paula Alves-----
“QUEM QUESTIONA OS MOTIVOS QUE TEMOS EM SERVIR
É PORQUE, REALMENTE, NÃO SABE NADA DO SENHOR”
Eu era feliz com aquela vida simples.
Trabalhava o dia todo como mecânico, corria para casa e depois de um banho
rápido, levava a família para realizar o trabalho de pregação.
Eu não sonhei com isso, mas quando me dei
conta, já estava servindo à Jesus.
Eu tinha ânimo, tinha bons sentimentos, eu
amava a Palavra e me sentia honrado em ser servo, muito honrado.
Mas, certa vez, apareceu um cliente de boa
posição e me perguntou por que eu me sujeitava em trabalhar naquele local tão
modesto, naquele bairro tão humilde, se eu era competente e podia escolher uma
vida melhor.
Eu disse a ele que aquela vida me bastava, mas
o inimigo sabia muito bem onde colocar sua mão e ele me questionou de forma
astuta, mexeu com minha ambição.
Falou que eu podia ter uma condição melhor e
oferecer à família uma vida com mais tranquilidade. Eu mudei de bairro, saí do
subúrbio e trabalhei tanto que não tinha mais tempo de servir na pregação.
Minha família me questionou, disse que eu
estava me desviando do propósito da elevação, mas eu disse que precisávamos
progredir.
Então, minha esposa perguntou por que eu
seguia o Mestre, por que eu pregava o seu Evangelho. Eu fiquei pensativo
naquela noite, não respondi minha esposa porque havia me desviado tanto do
Senhor que não sabia mais a resposta.
Eu me envergonhei. Relembrei minha trajetória
e descobri no íntimo do ser que sempre houve um Bom Pastor a me conduzir na
vida, em todos os momentos de felicidade ou tristeza. Este Pastor nunca me
pediu nada e foi, por isso, que eu desejei servi-lo, em agradecimento por tudo
o que sempre recebi.
Eu chorei porque notei que virei as costas para o meu Mestre e Senhor. Fiquei tão constrangido, tão arrependido.
Retornei para minha esposa, tão sabia, tão
sensata e respondi, dei minha conclusão, eu virei as costas para a minha
espiritualidade e busquei os prazeres do mundo por pura inveja, cheio de
ambição.
Voltei para o subúrbio e após pedir perdão ao
Bom Pastor, como a ovelha desgarrada, passei a trabalhar pela divulgação do seu
Evangelho de Luz.
Cada servo tem seu motivo muito pessoal para ser útil e não faltar no trabalho, para não se atrasar, para ser responsável e diligente, para ser submisso e corajoso diante de tudo o que ocorre em sua vida.
Cada servo tem seus motivos para atuar. Aquele
que sente no fundo da alma a serenidade e a paz, aquele que descobriu o Reino
em si, independente dos sofrimentos deste mundo, não perde uma oportunidade de
poder servir.
Existem muitos servos e o Senhor soberano
conhece o menor deles. Quando um servo trabalha por interesses escusos, quando
é arrogante e ganancioso, o seu Senhor saberá tratá-lo da maneira que ele
requisita, terá do mundo aquilo que deseja, mas somente no mundo estarão suas
recompensas.
Porém, aquele servo que se entrega de todo coração e cumpre bem sua missão, ele obterá um jubilo no céu, fruto de suas labutas incansáveis, fruto de toda esperança e fé.
Eu quase pus tudo a perder. Ouvi tantas
pessoas questionarem por que eu não podia me divertir. Por que eu me entregava
àquela vida de labor sem as alegrias que motivam a caminhava.
Quem questiona os motivos que temos em servir
é porque, realmente, não sabe nada do Senhor. Se conhecessem o nosso Senhor e
Mestre, certamente, desejariam servi-lo também.
JÚLIO CÉSAR
14/05/2022
------Paula Alves----
“PERMITAM QUE OS DIVULGADORES DO EVANGELHO
POSSAM ATUAR”
Desejei ouvir aquelas palavras, mas ela estava
tão distante de mim.
Daquele leito eu ouvia um sussurro, mas
compreendi que se tratava do Evangelho. Nunca vi ninguém falar de Jesus daquela
maneira. Parecia que a mulher brilhava, ela irradiava luz, mas eu também podia
estar delirando por causa de tanta medicação?
A verdade é que naquela noite, as dores
estavam tão fraquinhas que eu dormi muito bem.
Sonhei um sonho lindo com minha mãe, eu fiquei
confortável.
No outro dia, as enfermeiras disseram que a
pregadora viria. Elas perguntavam quem gostaria de ouvir a Palavra.
Eu fiquei pensando por que alguém sai da sua
casa e se mete num hospital gelado para ler o Evangelho para um estranho
doente. Eu fiquei confuso porque antes do câncer, eu nunca quis saber de
hospitais. Eu nunca faria aquilo.
A vida é muito boa para perder tempo com o
problema alheio. Até parece que eu ia usar meu tempo precioso para acalmar
doente que não conheço, pra dar ânimo para aqueles que já estavam entregues à
morte. Ficar ouvindo lamentações com tanta vida do lado de fora do hospital...
O que motiva alguém assim? Pra mim, ela era
louca. Coitada! Alguma solteirona que não tem com o que se ocupar e fica lendo
o Evangelho para doentes. A vida dela devia ser pior do que a nossa, então, ver
a desgraça alheia podia trazer algum tipo de contentamento. Foi a minha
conclusão.
Mas, a verdade é que ela me intrigou e eu quis
conhecê-la melhor. Já dizia Paulo que o cristão passa a ser visto com
curiosidade pelos demais. Eu precisava saber os motivos dela, então, disse que
queria a visita do Evangelho.
Eu estava ansioso e quando Lúcia entrou,
fiquei hipnotizado com suas palavras porque eu não conhecia Jesus. Foi tudo tão
maravilhoso! Tão cheio de luz.
Aquelas palavras me penetraram a alma e eu
chorei. Queria me entregar àquela salvação, sim, eu era um pecador. Vi
claramente muitos motivos que eu tinha para padecer, eu tinha muitas chagas
morais. Mas, eu tinha tantos questionamentos, tantos que Lúcia deixou aquele
livro sagrado comigo e eu li todos os dias, os sessenta dias que tive de
encarnado.
Eu digo que aquele Evangelho foi o meu passe
para estar aqui doutor. Eu li tanto, eu me preenchi tanto com o amor de Jesus
que consegui mudar a visão que tinha de muitas coisas. Eu pensei em perdão, eu
me esforcei para perdoar. Eu desejei ver meus filhos e me entender com eles, eu
quis ser uma pessoa melhor.
Permitam que os divulgadores do Evangelho
possam atuar. Ninguém consegue compreender suas necessidades, isso é do coração
de cada um, mas uma coisa é certa, é Deus que coloca cada um deles no nosso
caminho para que possam nos inspirar na transformação.
ZILDO
14/05/2022
----Paula Alves----
“QUEM TIVER BOCA PARA FALAR, QUE FALE
INSPIRADO POR JESUS”
Quem fala com o coração leva a melhor palavra.
Tudo depende da intenção. Todos os bons
corações sabem abençoar, motivar, cativar...
Quando a pessoa se doa com intensidade, faz o
seu melhor e Deus impulsiona com o auxílio dos Bons Espíritos que inspiram e
conduzem no caminho do bem.
Eu não tinha estudo. Eu sabia ler pouquinho,
mas tinha vontade de mudar o mundo. Queria que soubessem respeitar, doar,
trabalhar com seriedade, curar. Eu queria que as pessoas compreendessem que a
guerra só produz o caos, a discriminação gera revolta e dor, o abandono
desmoraliza, enfim, eu queria que o mundo se iluminasse, mas como poderia ser
isso?
A transformação só podia acontecer com o
Messias crucificado porque foi ele que nos deixou a diretriz segura da
redenção, mas poucos o ouviram e o seguiram.
Eu precisava fazer alguma coisa, precisava
tentar para o bem da minha família, para o bem de todos.
Comecei no lar e pedi para que os filhos
letrados me ajudassem com as palavras difíceis. Eu pesquisei, eu estudei e
parti. Busquei ajuda na igreja, mas eles riram de mim, também fui rejeitado.
Quem é o melhor de todos? Qual seria o melhor
orador? Eles me disseram que eu não podia ser recebido ali para a pregação
porque eu não era doutor, eu não tinha base teológica, eu mal sabia ler, como
poderia me erguer diante de todos. Eles me pediram disciplina e respeito diante
da Assembleia.
Me lembrei dos fariseus, me lembrei dos escribas. Como o Mestre sofreu...
Mas, eu era apenas um semianalfabeto que amava
Jesus e desejava as mudanças no mundo. Abaixei minha cabeça e conversei com o
Pai Nosso. Eu queria tanto falar algumas palavras, mas não havia espaço para
mim, um Zé Ninguém.
Quem é o melhor de todos? — eu pensei. “Quem
quiser ser o melhor, seja o servo” — senti aquelas palavras ecoando em mim.
Eu não tinha interesse de qualquer natureza,
só queria servir, eu era o servo e serviria em nome de Jesus.
Foi por isso que comecei a pregar na praça. No
início chamavam “louco”, mas depois muitos pararam para me ouvir e eu fiquei
feliz. Me senti tocado pelo próprio Jesus porque ele só podia estar conosco
naquele momento de luz.
Jesus que falava nos montes e nas praças, sob
as árvores, em todo lugar, ele falava de Deus Pai, das verdades eternas, da
vida eterna. Ele foi e sempre será o Meu Senhor.
Quem tiver boca para falar, que fale inspirado
por Jesus.
Independe de diploma, independe de títulos,
depende de ter sido preenchido por Jesus e ter se tornado nova criatura, numa
conversão sincera de seguidor do Mestre Jesus. Depende do amor.
ROBÉRIO
14/05/2022
------Paula ALves-----
“SÓ MINHA MÃE ME ENTENDIA”
Ela foi a única que
nunca me desamparou.
A mãe que ama seu filho
com toda a devoção faz o filho se sentir acolhido e amparado. Eu sofri muito
quando minha mãe me deixou. Foi como se o mundo tivesse se partido ao meio.
Como se eu nunca mais fosse encontrar alguém a quem pudesse me apoiar.
Levou muito tempo para
que eu pudesse compreender que nós sempre estaríamos ligadas e eu jamais fosse
me desprender dela em nome daquele amor que sentimos.
Eu sofri a vida toda a
rejeição social por conta da minha obesidade. Meu tamanho assustava as pessoas,
mas elas eram cruéis, faziam piadas que me constrangiam.
Eu preferia ficar em casa, me escondendo das críticas e ridicularizações, só minha mãe me entendia.
Nós procuramos
tratamentos, mas os médicos afirmaram que meus problemas hormonais não
permitiam perder peso, eu devia me conformar. A dieta era rigorosíssima, eu
sentia fome e tinha crises emocionais, depressão, vontade de morrer. Mas, mamãe
me consolava, dizia que as pessoas são muito diferentes, deviam respeitar as
diferenças.
Eu sentia que ela
queria me proteger, o lar era o melhor lugar para nós, mas eu não podia me
esconder do mundo, ela me via sofrendo e sofria também.
Eu falava que só
precisava dela e não queria mais ninguém porque as pessoas nunca foram cordiais
comigo.
Levou muito tempo para
que eu pudesse compreender que usava minha mãe como um apoio, um alguém que
precisava me conduzir na vida para não me sentir completamente sozinha. Acredito
que ela já havia se dado conta do quanto eu era infeliz e impotente. Eu
dependia dela emocionalmente e ela estava preocupada, por isso, me fez sair de
casa para buscar emprego.
Ela falava que não
estaria sempre comigo, por mais que gostasse de saber o quanto o amor dela era
fundamental para mim, ela sabia que aquele relacionamento era prejudicial. Ela insistiu
para eu sair e buscar emprego, falava de aceitação e que as pessoas tinham que
me respeitar como um membro da sociedade. Eu tinha que ter a cabeça erguida
porque não era criminosa.
Aos prantos, eu aceitei
a tarefa, rezando para não conseguir o emprego e, desta forma, pudesse retornar
para o meu lar e ficar ali, enclausurada para sempre com minha mãe amada.
Para o meu temor ser
ainda pior, recebi uma oportunidade de emprego e fui admitida. Minha mãe ficou
super feliz, agradeceu a Deus e pediu que eu fosse simpática, atenciosa para
fazer amigos, eu precisava ter contatos sociais, ela queria que eu conhecesse
pessoas, fizesse amigos e tivesse um namorado, mas como, eu?
Fiz tudo o que ela
pediu, chorando quando chegava em casa, era muito difícil de me relacionar, mas
o tempo passou, eu me acostumei, eles se acostumaram comigo e cansaram de rir,
me conheceram e fiz muitas amizades, sorri, brinquei e me apaixonei por um
homem bom e idealizador.
Depois de algum tempo,
eu estava tão mudada, até meu corpo ficou mais magro porque eu estava me sentindo
feliz, em paz. Mamãe também estava livre, ela se sentia bem por saber que eu
não era mais tão dependente dela, eu me movia no mundo e tinha afetos no mundo.
Mas, cada um tem seu
espaço marcado em nosso coração. Ninguém poderia preencher o espaço que era
dela. Quando minha mãe partiu, deixando tudo pronto e preparado. Ela me
conduziu de uma forma exemplar, transformou minha vida, me ensinou a viver e a
me relacionar, mas nunca poderia me ensinar a não sentir a dor da perda e o
vazio que ela deixou em minha vida.
A ausência de quem se
ama é algo difícil de mencionar. Sofri demais, mas aos poucos, a dor se
transformou em saudade e lembranças muito meigas. Eu nunca me esqueci de minha
educadora, consoladora, a melhor amiga. Mamãe fez tudo por mim e eu me lembrava
dela todas as manhãs, todas as noites, mas sem dor, com saudade.
O amor de mãe ensina
tudo de bom e faz o ser humano melhor, mais confiante, pacífico e corajoso para
viver sua vida com dignidade.
Após muitos anos, pude
perceber o quanto minha vida foi repleta de ensinamentos, superações e
felicidades. Pronta para partir, eu me lembrei dela rezando para que pudéssemos
nos reencontrar.
O reencontro nos fez
sorrir novamente. Como foi bom sentir o seu abraço. Todos aqueles que se amam,
apenas ficam momentaneamente separados, mas podem se reunir em outros planos de
vida. Graças a Deus.
ISADORA
08/05/2022
----Paula Alves---
“EU QUERO SENTIR O AMOR
MATERNAL”
Eu confesso que, quando
engravidei, só pensei em sofrimento.
Aquele homem foi
carrasco para mim e ter um filho dele, era o martírio. Depois de tantas surras
e abusos sexuais, a gravidez me deixava incapaz de seguir minha vida, de fugir
dele. Eu me decepcionei muito, mas o homem mudou.
Meu marido carrasco
começou a me tratar de um jeito tão diferente que eu fiquei mais assustada, ele
devia estar tramando alguma coisa. Quase educado, fala mansa, sem tapas ou
violência, até cordial, eu quase morri de medo.
Os meses se passaram,
eu estava profundamente debilitada, emagreci muito, vomitei demais. Quando o
parto chegou, em casa, sem estrutura nenhuma, com aquela parteira tão grosseira
que só faltava me bater para arrancar a criança de dentro de mim, achei que
fosse o fim, mas Deus tinha reservado mais colheita para mim.
Ela pegou a criança e disse que ia limpar. Na hora eu só quis respirar, ouvi o choro e as conversas do lado de fora do quarto. Eu ouvi o cavalo e a mulher dizendo que o filho morreu, mas como se eu ouvi o choro da criança?
Eu senti meu sangue subir,
agarrei no pescoço dela e fiz ela dizer com todas as letras o que aquele
maldito tinha feito com a criança que saiu das minhas entranhas.
Mas, ela confirmou que
ele ia vender. O quê? Vender meu filho?
Eu bati tanto naquela
mulher, como ela poderia ser conivente com um absurdo daqueles? Fazer o parto e
permitir que aquele desalmado vendesse a própria criança? Nosso filho que eu
nem mesmo vi o rosto...
Me vesti e peguei o outro
cavalo, segui no rastro dele, desesperada. Eu nem chorei, eu só pensava em
cometer um delito para ter meu filho de volta.
Naquele momento, eu
pensei em tanta coisa. Eu estava sendo punida porque não me importei com o
filho que estava em mim? Era castigo não ter me cuidado adequadamente durante
toda a gravidez? Quantas vezes eu pensei em morrer, sem me preocupar com a
criança que ficaria sem mãe?
Só podia ser castigo,
mas eu pedi a Ele que pudesse ver meu filho, pelo menos uma vez.
Alcancei, alcancei o
miserável fazendo acordo com outro homem, voei no pescoço dele e peguei a criança
como uma fera qualquer. Impressionante a fúria de uma mãe por seu filho.
Mas, aquele homem bem
vestido, de boa fala, educadamente falou que desejava minha criança como seu
filho. Ele explicou que sua esposa não podia ser mãe e era muito amorosa, eles
tinham uma situação confortável e meu bebê seria muito bem criado, teria tudo o
que nós, naquele fim de mundo, não poderíamos oferecer. Eu vi a carinha dele,
lindo, muito diferente de nós, jagunços.
Eu pensei em tudo o que
ele sofreria comigo, provavelmente sendo espancado pelo pai, sentindo fome, sem
estudo, trabalhando por um pouco de sustento. Perguntei para onde iriam. Ele
disse que iriam para a cidade grande e eu o entreguei, rogando a Deus que ele
tivesse mais sorte do que eu.
Entenda que aquele gesto
foi a maior prova de amor que eu poderia ter dado àquele menino. Abdicar de tê-lo
comigo para que ele pudesse ter boas oportunidades de sobrevivência, só amando.
Ele o levou e eu
desfaleci. Meu agressor me levou para aquela casa que parecia um túmulo. Eu não
queria mais viver. Desejei a morte e fui me arruinando pouco a pouco, até que um
dia pereci completamente, desencarnei.
No ato, eu sofri e fui
arrastada pelos cabelos por um ser tão feio quanto meu marido, ele dizia que eu
era uma suicida e sofreria para sempre.
Eu já estava entregue à
morte e ao terror, então, não me precipitei, mas senti medo quando vi a luz.
Daí eu ouvi que seria levada pelo mérito de mãe.
Só fechei os olhos e
dormi.
Faz tempo que estou
aqui. Depois dos tratamentos pude compreender muitas coisas e sei que as mães têm
amparo. Eu só consegui ser resgatada pelo que fiz com meu filho, mas eu me
arrependi todos os dias por ter deixado que o tirassem de mim.
Às vezes, acho que
seria melhor termos sofrido juntos, pelo menos, eu poderia ter dado meu amor
pra ele. Mas, demorei para entender que tudo estava traçado, ele tinha que ser
daquela família e eu tinha que ter ficado viva para seguir minha vida com
aquele marido cruel.
Eu nunca fui boa mãe. Em
outros tempos, fui eu quem sequestrei para manter meu casamento. Fui eu que
fingi gravidez com ele para que pudesse continuar a ter mordomias e vida boa,
sendo mãe de um filho que não era meu. A Lei sempre nos encontra e se aplica
para todos. Eu tinha pendências com a Lei Divina.
Paguei, mas minha
consciência ainda me cobra. Eu quero muito ter uma nova chance. Eu quero sentir
o amor maternal. Preciso compreender o que sentem as boas mães, as abnegadas,
aquelas que dão a vida para que os filhos cresçam no seu convívio.
Eu quero ser uma mãe
amorosa.
IRENE
08/05/2022
-----Paula Alves----
“DEUS SEMPRE AMPARA AS
MÃES”
Muita pobreza, muita
dor, mas sempre estivemos juntos e isso me bastou.
Tive seis filhos e nem
sempre tive condições de alimentar a todos. Fiz diversos trabalhos, quase não
dormi, mas o que me impulsionava na vida eram meus filhos.
Houve situações em que
o mais fácil estava ligado a delitos. Eu sempre soube, uma mãe sente quando o
seu filho está perto de aprontar, cometer erros. Nunca permiti que fossem
levianos.
Eu sentia no fundo do
peito que iria me arrepender amargamente se eles se desviassem do caminho reto.
Apesar de toda miséria, eles tinham que ser pessoas decentes. Eu dei o meu
exemplo e conversava, lia o Evangelho.
Tinha aqueles que reclamavam da comida e da cama fria, mas eu os acolhia no peito e dizia que Deus estava olhando por nós, as coisas seriam melhores se honrássemos a Deus.
Eles tiveram paciência,
cresceram e se tornaram homens de bem. Foi dificultosa nossa vida. Tinha dia
que eu não sabia o que dizer, eles vinham dialogar comigo, explicar como eram
tratados e as dificuldades que enfrentavam, queriam conselho de mãe, mas eu era
analfabeta, gente que trabalha com calos nas mãos, ficava sem palavras, mas
sentia que devia dizer para ser honesto e bom. Foi assim que eu os eduquei.
Aprendi com a vida dos
meus filhos, com a evolução deles que as coisas nem sempre são fáceis no mundo.
Nós enfrentamos muitas batalhas e temos medo de faltar alguma coisa, faltar
compreensão e disposição, faltar discernimento e chão, mas Deus sempre ampara
as mães.
A Virgem Maria ampara
as mães, afinal quem sofreu mais do que ela? Viu seu filho ser humilhado, mal
tratado, condenado e não pode defender, não podia fazer nada e sofreu junto com
o filho, coração estraçalhado de ver um crime ser cometido com aquele ser que
ela tanto amava.
Eu lembrava de Maria
quando não sabia o dizer a eles. Acho que o pior pesadelo de uma mãe é quando o
filho dá para o que não presta. Ver o filho marginalizado, filho que mata,
filho que rouba ou faz alguma maldade é muito pior do que ver o filho passando
fome, sabe?
Vou dizer que a alegria
de uma mãe é ver que o filho está em paz. É saber que o filho está tranquilo em
casa com a sua família. Mas, quando você vê que o filho seguiu pelo mau caminho
é ter certeza do seu fracasso e isso é como um punhal no peito de uma mãe.
Maria padeceu por Jesus
na cruz e no martírio, mas ela sabia que não tinha ninguém melhor do que ele no
mundo inteiro. Perder um filho sabendo que será glorificado é uma coisa, mas ver
o filho se perder em vida, se arruinar por vontade própria, é a dor de uma pobre
mãe.
Meus filhos eram pobres,
mas trabalhadores, souberam ser caridosos e aproveitaram bem o tempo que
tivemos juntos.
Amar o tanto que eu
amei e partir vendo o quanto souberam me ouvir, se modificaram para melhor, é a
grande graça de uma mãe. Satisfação do dever que foi bem cumprido.
MARIA HELENA
08/05/2022
---Paula Alves---
“NÃO TEM NADA NO MUNDO
QUE FAÇA VOCÊ EVOLUIR MAIS DO QUE SER MÃE”
Não foi possível tê-los
do meu ventre.
Fiz tratamentos e
terapias para conseguir prosseguir, apesar da minha indignação.
Casada e bem casada,
vida estável, jovem e seca.
Eu fui a figueira seca,
órgãos reprodutores atrofiados, inúteis e muita vontade de amar uma criança que
me castigou a alma.
Em determinado momento,
cheguei a pedir que meu esposo se divorciasse para formar uma família com uma
mulher normal, alguém que pudesse fazê-lo inteiramente feliz, mas por algum
motivo, ele não quis.
Eu levei anos para
compreender que o amor que eu tinha podia ser distribuído para filhos que não saíram
de mim.
Quem quer amar, ama.
Se você realmente tem
amor em seu coração, deve ofertá-lo para todos que passarem por você.
Eu tive aquela
intuição. Aquilo me soou estranho, mas me ofereci. Fui fazer visitas em
orfanatos e doar um pouco do meu tempo às crianças que foram abandonadas por
pais que tiveram seus motivos para não criá-las.
Preferi não pensar nos
motivos que os levaram a fazer tais escolhas.
Quando entrei naquele
lugar, eu achei tudo tão triste. Achei as crianças magrinhas, judiadas,
debilitadas. Me doeu ver a forma como ficavam, tão carentes. Logo, chegou uma
moça muito alegre, brincava com todas e demonstrava estar familiarizada com
aquela situação.
Ela disse que adorava
aquele lugar, ela tinha sido cuidada ali por muito tempo. Ela foi órfã, mas foi
adotada por pais muito amorosos e se sentia na obrigação de doar afeto para os
outros órfãos.
Ela disse que tudo depende da forma como você vê. Depende dos seus olhos. Eu vejo um bom lugar para se viver, mas se você conhece um lugar melhor pode apresentar para eles.
Então, eu passei a ler
pra eles, contava muitas histórias e parábolas de Jesus, eles amavam. Eu achava
que estava doando afeto, mas era eu quem estava recebendo afeto. Eu estava me
transformando.
Até então, eu não
estava pronta para ser mãe, mas depois de uns anos, me apaixonei por uma
criança e pedi a adoção. Minha filha veio para nossa família com seis anos. Eu
a encontrei no meio de muitas crianças, carente e sentindo falta do amor de uma
família.
Foi um presente de
Deus.
Não tem como você saber
como seria se tivesse um filho. As pessoas se acomodam. Tem muita gente que
prefere não ter filho, podendo ter, para manter a sua liberdade, seus
comodismos, suas diversões, mas não tem nada no mundo que se compare com a
ligação que podemos ter com uma criança.
Não tem nada no mundo
que faça você evoluir mais do que ser mãe porque ser mãe é se doar inteiramente
por outro ser, sem desejar nada em troca, nem mesmo, agradecimento. Só o que
importa é o sorriso e a felicidade do outro.
Abnegação, sacrifício e
devotamento você só consegue como mãe. Ter um corpo fértil para isso e abdicar,
é perder a oportunidade de sentir e se desenvolver a partir deste amor
incondicional. O amor maior que podemos sentir neste mundo.
Demorou muito para que
eu soubesse o motivo de ser figueira seca: em outras vidas, fiz tantos abortos
que inutilizei meu aparelho reprodutor perispiritual. Eu abusei do meu livre arbítrio
e fiz muitos Espíritos sofrerem, eles se feriram nos corpos físicos, mas também
no anseio de reencarnar em minha família. Meu esposo participou de tudo comigo,
por isso, tínhamos que estar ligados.
Quando eu doei amor no orfanato,
pouco a pouco, fui desbloqueando as amarras mentais que me prendiam ao crime
que foi cometido e eu me permiti viver um amor maternal sincero. Tudo fruto da
punição que eu mesma nutri por tantas décadas, provenientes de erros do
passado.
Todos nós podemos ser
mais felizes quando aprendemos a amar.
MIRIAN
08/05/2022
“TODO TRABALHO TEM SEU
VALOR SE A GENTE DESEMPENHA COM CARÁTER E EMPENHO”
Eu só queria uma oportunidade. Eu precisava trabalhar para ajudar minha mãe que estava doente.
Pedi aqui e ali, perguntei, mas eles não me davam emprego porque
diziam que eu não tinha experiência, mas como, se eu era tão jovem, naquela
época.
Todo mundo tem que ter uma primeira chance para começar.
Experiência se adquire com a mão na massa, mas todos queriam anos de atuação e
eu precisando colocar comida na mesa.
Ouvi tanta coisa: “Esse neguinho não vai dar para o trabalho de
pesquisa, ele pode até render com trabalhos braçais, mas intelectuais não.
Outros diziam: “Esse moleque não dá nem para o cheiro... Você
acha que ele tem estrutura para o serviço pesado?”
Ainda tinha quem dizia: “Você o conhece? Hoje em dia é um perigo
dar emprego para quem não se conhece. Vamos contratar, apenas por indicação.”
Nessa, fui ficando desempregado.
Ser desempregado, estar desempregado é a ruina social. É não ter
perspectiva de progresso ou de felicidade. É não ver futuro e não ter paz.
Todos precisam de uma oportunidade para se sentir gente decente na sociedade.
Aquele que tem emprego que sinta gratidão e sorria ao
desempenhar sua atividade porque o trabalho é glória.
Não é apenas porque você vai ficar tranquilo sabendo que vai
colocar o pão de cada dia em casa, mas porque você sente que as pessoas te
olham diferente, como se você fosse mais honrado.
Eu precisava trabalhar para mim e para a minha família, então,
não podia desistir. Eu precisava ajudar a mãe e meus irmãos menores. Sabe
aquela sensação de dever, de obrigação familiar? Era isso o que eu sentia.
Nunca fui vagabundo, mas as pessoas te olham com a roupa simples, o sapato
surrado e acham que você não vale nada. Quanta pretensão a de poder julgar a
vida dos outros...
Eu me sentia mal, claro. É terrível quando você chega cheio de
esperança, se esforça para pedir e recebe um NÃO que te coloca para baixo. É
como se você não merecesse a dignidade que os outros têm.
Eu fui em frente, levantei a cabeça, orei. Pedi com tanta força
que senti Deus me abençoando. Parece até que eu ouvi: “Vai menino, desta vez,
você consegue. Foi só pra te ver insistindo, resignado e corajoso. Vai dar tudo
certo.”
Aí coloquei um sorriso no rosto e tentei ser o mais educado
possível. Cheguei no restaurante e me coloquei a disposição de servir. A dona
Celina sorriu, falou que nunca viu um jovem tão educadinho.
Ela estava precisando de ajudante, eu cheguei na hora certa.
Fiquei tão feliz, tão feliz. Eu nem sei explicar a sensação de contentamento.
A verdade é que aprendi muito naquele primeiro emprego. Nunca
esqueci minha empregadora que foi tão atenciosa, sempre. Uma senhora exemplar
como contratante.
Educada, correta, digna e muito atenciosa com todos. Não
importava a posição, se era funcionário ou cliente, ela era justa e educada.
Foi um presente de Deus poder ajudar a minha mãe com tanta
dignidade, eu andava na rua com a cabeça bem erguida, satisfeito, com orgulho
de trabalhar o dia todo servindo, limpando, tirando o lixo, fazendo o que tinha
de ser feito.
Todo trabalho tem seu valor se a gente desempenha com caráter e
empenho.
Depois disso, vieram outros que também me ensinaram nobres
valores. Quem tem olhos de ver e ouvidos de ouvir, aprende muito por onde
passa, sempre servindo com humildade.
Nunca fui chefe, sempre subalterno e nunca tive medo do trabalho
pesado. Foi com muita honra que ensinei meus filhos e netos. Todos eles se
criaram como pessoas decentes e muito trabalhadoras.
Por isso, que o trabalho é Lei Natural.
OSÍRIS
01/05/2022
-----Paula Alves----
“O OBJETIVO DO
TRABALHO NÃO É O GANHO MATERIAL, MAS A EVOLUÇÃO DO SER.”
Foi um trabalho muito árduo. Houve momentos em que achei que não
fosse dar conta. Tive muitos filhos. Precisava acordar bem cedo para fazer
todas as tarefas do lar e ajudar meu marido no ganha pão. Não é fácil criar dez
filhos.
A gente ainda ouve umas bobagens: “Por que teve tanto filho?
Agora fica aí sem ter como sentar... Tá vendo boba, eu te avisei para evitar
tanto filho. Deus me livre ter família grande para virar escrava do lar.”
Por que será que as pessoas acham que podem imaginar como é
nossa vida? Seria tão fácil se colocar no lugar do outro para compreender que
eu amava minha família e nunca abdicaria de nenhum de meus filhos?
Mas, eu não me importava. Nunca me exigiram nada, meus filhos ou
meu esposo. Sempre atenciosos e disciplinados, sempre amorosos.
Eu que sempre fui dedicada, gostava de casa limpa, tudo em
ordem, queria que estivessem bem alimentados e asseados.
Eu queria desempenhar bem aquele papel de mãe e esposa. Rainha
daquele lar, bem cuidado e confortável.
Mas, eu trabalhava todos os dias, sem ter hora para acabar.
Arruinei minha saúde sim. As articulações gritavam, eu descansava um pouco e
corria para fazer outra tarefa.
Aos poucos, eles foram se desenvolvendo e me ajudaram,
proporcionaram uma velhice bem confortável, muito feliz.
Valeu a pena trabalhar em nome do bem estar da minha família
porque todos progrediram como pessoas de bem e sempre nos honraram com
palavras, gestos e sentimentos.
Cuidar
da casa nunca me rendeu um centavo, mas era trabalho porque eu fazia ser útil
para todos.
Eu ouvi muitas vezes minha vizinha irritar-se com os familiares
porque ela não tinha ajuda e ninguém nunca agradeceu tudo o que ela fazia, mas
ela fazia tudo reclamando, com a cara feia. Fazia por obrigação e não por gosto
de cuidar dos seus.
Acho que a gente tem que agradecer quando tem uma casa para
limpar, um alimento para preparar para os familiares, roupas para lavar e
pessoas queridas para servir.
Eu gostava muito de trabalhar em prol dos meus amados
familiares. Ainda executei tarefas para aumentar nossa renda e agradecia as
mulheres que me levavam serviço.
Acho que toda vez que você agradece do fundo do coração, o
serviço prospera na sua vida. Tudo depende da vibração de agradecimento que
você emana. É uma sinceridade que não provem das palavras, mas dos seus nobres
sentimentos.
Ama a oportunidade de trabalhar em nome da sua família.
CLEONICE
01/05/2022
-------Paula Alves----
“O OBJETIVO DO TRABALHO NÃO É O GANHO
MATERIAL, MAS A EVOLUÇÃO DO SER”
Eu odiava aquele serviço. Acordava de mau
humor sabendo que teria que enfrentar mais um dia naquele local.
Meu pai me viu tão desanimada e disse que eu
devia procurar outro emprego para ter satisfação em desempenhar meu trabalho,
mas eu afirmei que aquele emprego me rendia um bom salário.
Meu pai sempre foi um homem sábio, falou que
eu não devia me mover por dinheiro, mas sim por satisfação íntima. Ele
acrescentou que, quando você faz o que gosta sempre tem fôlego pra trabalhar
mais uma hora. Você se sente tão bem quando faz o que gosta que transmite
energia boa para todos. É bom para você, é bom para o mundo, disse ele.
Mas, eu não entendia o que aquilo queria dizer
porque eu sempre fui muito ambiciosa e o dinheiro era mais importante que o bem
estar.
Insisti, fui mandada embora. As pessoas eram
hostis comigo, levou muito tempo para que eu pudesse admitir que eu era a
chata, insuportável, mandona e arrogante com todos. Eu sempre fui a certa e a
que tinha razão.
Fui demitida e quando tentei arrumar outro
emprego, dei com a cara na porta várias vezes, tantas que fiquei anos desempregada.
Eu não aguentava mais ficar ociosa, sem rumo,
sem projetos ou ambições. Eu tinha um dinheiro guardado, não passei privações,
mas compreendi que o que me faltava era ocupação, era me sentir útil e
necessária.
Foi um horror não ter para onde ir, não ter
coisa alguma para fazer.
A ociosidade é a derrota do ser. Eu me vi com
sensações de frustração e solidão, desta forma, quando conversei com o pai pude
entender o que ele dizia sobre o trabalho. Trabalho é benção, mas tratamos como
se fosse uma punição.
Me esforcei, mudei minha forma de enxergar a
vida, a minha vida e quando consegui um novo emprego tratei de agir diferente,
foi maravilhoso.
Agir com gratidão no ambiente de trabalho
permite renovação, desenvolvimento ativo e parceria com todos aqueles que nos
cercam, empregadores, colegas, clientes, todos.
Eu aprendi que o objetivo do trabalho não é o
ganho material, mas a evolução do ser.
PATRÍCIA
01/05/2022
----Paula Alves----
“QUANTOS DE NÓS VIVEM SUAS VIDAS MESQUINHAS
COMO EU?”
Eu não ajudava porque eu não tinha tempo.
Minha mãe falava que todos devem colaborar na seara do Mestre e realizar o
trabalho para Jesus é agradecer tudo o que nós recebemos dele.
Mas, eu achava aquilo um tanto exagerado.
Trabalhar para Jesus? Mas, eu tinha minhas contas para pagar, criança para
educar e marido que queria atenção. Como eu podia estar ativa para Jesus?
Quem é mulher sabe que a gente não tem muito
tempo para nada. Todo mundo cobrando isso ou aquilo e ainda tinha que trabalhar
fora. Acabou o dia, exausta e minha mãe me cobrando o trabalho para Jesus.
Aí não aguentei, falei para ela que Jesus não
ia pagar minhas contas ou me ajudar em minha casa cuidando da família.
— Desconjuro! O que é isso? Falta de respeito
total minha filha. Um dia, você vai entender que a espiritualidade nos
beneficia em tudo. Todas as condições de saúde que te permitem agir o dia todo.
Todas as oportunidades de trabalhos que ofertam a renda mensal. A casa, o carro
que foram adquiridos com tanto esforço... Tudo foi permitido pela
espiritualidade e você não tem tempo para doar à Jesus? Ele não pede nada, meu
amor. Nós damos o que temos, mas infelizmente você não tem nada para doar
porque ainda não percebeu o quanto recebeu. Não percebeu que é apenas
depositária dos bens perecíveis e ilusórios. Nada disso te pertence. O que é
real ainda não brilhou diante de ti, que pena filha.
Eu fiquei indignada. Minha mãe era fanática.
Não sabia o que estava dizendo.
Mas, algum tempo depois, eu passei por
problemas graves envolvendo um dos meus filhos. Doença que não parecia ter
cura, nem solução. Eu não sabia o que fazer e vi minha mãe orando tanto, ela
pedia de joelhos e eu resolvi tentar. Do fundo do coração falei que serviria o
Mestre se ele melhorasse.
Depois eu soube que não devia barganhar com a
espiritualidade, mas naquele momento foi só o que eu soube fazer. Quando ele se
recuperou, contei pra mãe o que fiz e disse que serviria o Mestre levando
alimentos para aqueles que viviam nas ruas.
Minha mãe se alegrou comigo, não sem antes
mencionar que eu não precisava ter chegado a Jesus pela dor porque todos podem
servir por gratidão a tudo o que recebem diariamente.
O fato é que depois que fiz os primeiros
trabalhos já me senti diferente. A renovação é tão grande. A sensação daquele
que serve por agradecimento e vê as necessidades dos irmãos carentes é
chocante.
Quantos de nós vivem suas vidas mesquinhas
como eu? Quantos não reparam em tudo o que há para ser feito? Vivem por
viver...
A obra é imensa. Jesus precisa de todos. O Pai
precisa de todos nesta renovação do mundo que precisa acontecer, mas muitos
estão sonolentos e distanciados dos propósitos da espiritualidade.
Eu dava motivos para não trabalhar na seara e
tinha medo de faltar recursos se eu usasse meu tempo como serva de Deus, porém,
disse o Mestre que “todo aquele que trabalha merece ser alimentado”.
Jamais faltaram recursos porque eu trabalhava
ajudando aqueles que precisavam de nós, pelo contrário, sobrava energia, força
de vontade, ânimo e felicidade. Eu adquiri uma alegria de viver que estava
adormecida em mim. Compreendi que este era o meu objetivo na vida. Ser serva
ativa e encontrar Jesus naquela servidão.
O TRABALHO VOLUNTÁRIO
NÃO TE DÁ RIQUEZAS MATERIAIS, MAS FORNECE ELEVAÇÃO, ILUMINAÇÃO INTERIOR, PAZ E
FORTALEZA MORAL.
JOSIMARI - 01/05/2022
Paula sei que o telefone toca de la , mais gostaria de receber mensagem de entes queridos. Angela
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