Cartas de Abril (14)

“A MULHER MUDA QUANDO SE TORNA UMA MÃE AMOROSA”

 

           Eu queria ser mãe. Queria uma família por inteiro: mãe, pai e filhos, mas depois de anos, comecei a me desesperar.

           Eu não engravidei e suspeitei que tivesse sérios problemas de fertilidade. Conversei com meu esposo e fizemos exames, mas o médico disse que era possível engravidar com tratamentos.

           Fiz os tratamentos, mas ainda assim, não engravidava. Eu comecei a repensar minha vida, meu jeito de ser. Passei a analisar meus relacionamentos e a forma de encarar a vida.

           Percebi que existia muita coisa para corrigir. Eu repensei minhas necessidades evolutivas como a imaginar o motivo pelo qual eu não conseguia ser mãe e comecei a perceber que eu não tinha paciência com crianças.

 

           Era como se no fundo do meu ser eu as rejeitasse. Será que a vontade de ser mãe era só da boca para fora? Estive observando minhas amigas que tinham filhos e até o relacionamento que eu tinha com afilhados e sobrinhos. Elas me irritavam, eu fazia de tudo para me esquivar delas.

           Será que o desejo de ser mãe era sincero?

           Compreendi que a sociedade nos impõe muitas coisas e também uma postura irrepreensível. Uma mulher tem que gerar, ela tem que ser fértil para ser bem aceita. Tanto é que em nossas famílias as pessoas estavam sempre preocupadas se estávamos grávidos. Mas, se eu tivesse engravidado antes do casamento teria sido um grande problema, até mesmo, uma vergonha para os nossos familiares.

           Então, fui notando o quanto eu estava inclinada a ser o que eles queriam que eu fosse. Me perguntei se eu seria uma boa mãe quando a criança chegasse aos meus braços. O que eu tinha a oferecer?

Acho mesmo que as pessoas não se questionam sobre isso. O que eu tenho a oferecer a esta família? Eu estou preparada para ser mãe e para cuidar integralmente de outro ser, um ser frágil e indefeso que irá me solicitar cuidados e afetos. Qual é o tipo de sentimento que tenho a ofertar? Estou firme nos meus propósitos educacionais. Compreendo o que envolve a missão abnegada de ser mãe?

Isso tudo foi surgindo em minha mente, certamente inspirada pelo mentor espiritual que não sabia existir naquela época (risos).

A verdade é que eu me senti despreparada, imatura e não tinha desejos realmente convincentes para me tornar mãe, então, junto com o tratamento médico, comecei a investigar, pesquisar, li muito e dialoguei com minhas amigas e irmãs que tinham filhos. Eu fiz um trabalho de campo e me envolvi no mundo infantil. Eu precisava saber se seria de fato uma mãe responsável e amorosa que poderia ajudar no desenvolvimento de uma criança e não deixá-la desamparada ou negligenciada como tantos casos que podemos encontrar.

Não é raro de se ver, crianças que são paridas. Lançadas no mundo e se criam. Muitas criadas pelos próprios irmãos mais velhos, pelas avós, babás ou funcionárias de escolas. A mãe aparece na cena, mas não se envolve nos cuidados e afetos. Crianças que são lançadas no mundo e se deparam com pais irracionais, violentos ou ausentes.

           Eu não queria isso. Não queria tratar um cachorro como criança e uma criança como um animal. Eu queria suprir as necessidades da criança cheia de discernimento e amor. Eu queria me desenvolver no contato com a minha criança. Ter perspectivas enobrecedoras durante seu crescimento. Era isso o que eu queria.

          Enquanto eu olhava para elas, me envolvia em suas brincadeiras e ouvia o que tinham a dizer, percebi o quanto são mais espertas do que os adultos, mais meigas e delicadas, muito mais carinhosas e verdadeiras. Eu me perguntei: o que nós estamos fazendo com elas? Por que se transformam em adultos cruéis?

          Por que perdem a essência infantil e se tornam adultos endurecidos e obstinados no mal? Nós mesmos fazemos isso quando viramos as costas para eles. Quando ensinamos a correr atrás dos bens materiais a todo custo, mesmo que tenhamos que cometer pequenos delitos, sermos corruptos em toda parte. Eles observam todos os nossos atos e reproduzem quando chega a hora.

          Eu queria uma criança em minha vida. Queria alguém leal e delicado para aprendermos juntos as melhores coisas da vida. Para que eu pudesse ampliar meu amor e me nutrir do seu carinho. Para que eu pudesse pensar no ouro em primeiro lugar e sentir o que é ser mãe de verdade.

         Quando comecei a refletir sobre o amor de mãe e sobre o que eu podia oferecer, senti meu corpo estranho. Tudo estava diferente e fui ao médico. Eu estava grávida da Luciana. Fiquei tão feliz que agradeci a Deus pela oportunidade abençoada.

          Fiz daquela gravidez um grande aprendizado e pude me envolver com minha filha me transformando numa pessoa melhor. Depois disso, outros dois vieram: Vinicius e Diogo.  

          Todos foram presentes dos céus. Pessoas maravilhosas com os quais eu tinha muita afinidade. Foram fáceis de educar e de amar. Aprendemos muitas coisas juntos e nos desenvolvemos até aqui.

          Eu acredito que o amor de mãe nos dignifica. Por eles somos capazes de tudo. Capazes de modificações realmente sinceras e promissoras. Capazes de abdicar da paz, do conforto e comodidade. Podemos entregar a própria vida para salvar um filho, nos tornamos abnegadas e dispostas ao sacrifício, mudamos de vida e nos reestruturamos e esforçamos para modificar a sociedade. A mulher muda quando se torna uma mãe amorosa.

 

HELENA

28/04/2023

 

---Paula Alves--

 

 “SE DEUS TE OFERTA UM PRESENTE VOCÊ SE ACHA NO DIREITO DE RECUSAR OU DE RECLAMAR PORQUE NÃO ERA O QUE VOCÊ QUERIA?”

 

          Eu não pude ser mãe e isso me revoltou por muitos anos. Após um problema de saúde, eu tive que remover meus órgãos reprodutores, foi o fim para mim.

         Falavam sobre adoção, mas eu não queria. Não sei por que, nunca foi uma possibilidade. Eu vivia emburrada e me questionei por que eu não podia ter uma família completa.

          Então, fui chamada para trabalhar num berçário. Na hora, pensei em recusar, afinal seria difícil ouvir o choro e vê-los, sabendo que eu nunca teria um filho. Mas, eu precisava trabalhar e aquela vaga era ótima, então aceitei.

          Eu via os bebês e me emocionava. Eu queria aquele contato. Desejava tê-los em meus braços. As crianças são tão fáceis de amar. Comecei a perceber que uma criança não precisa ter o nosso sangue para ser amada. Repensei meus conceitos.

          Na mesma época, tivemos notícias de uma criança que seria abandonada pela mãe. Ela não queria mais um filho. A desalmada tinha seis crianças e se recusava a levar o bebê para casa, pois, segundo ela, não tinha condições de criar mais um.

             Eu fiquei indignada. Como pode ser a consciência humana. Uns querendo filhos, outros rejeitando. Não dá para entender o ser humano. Ela tinha tantos que estava se desfazendo de um filho. Eu não tinha nenhum e rejeitava um filho que não saíra do meu ventre. Tudo vergonhoso e medíocre. Será que as mulheres não tinham que nascer com instinto maternal. Uma habilidade espontânea de proteger e doar afeto?

 

           Pensei que nós duas tínhamos semelhanças. Nós duas nos sentíamos na posição de superioridade onde podíamos recusar um ser indefeso que depende de nós porque não tivemos a vida que desejamos.

           Se Deus te oferta um presente você se acha no direito de recusar ou de reclamar porque não era o que você queria? Repensei e conversei com a assistente social. Eu disse que desejava adotar aquela criança. Após uma série de atos legais, eu pude ficar com ele.

            Eu nem acreditei quando pude segurar em meus braços. A sensação inenarrável de estar com alguém que precisa de você, alguém que você vai ter ao seu lado para conduzir os passos e proteger, ensinar e amar.

            Eu estava assustada, pedia direcionamento a Deus, mas eu já o amava. As crianças são fáceis de amar. Toda criança é um ser em desenvolvimento que vai desabrochar mediante seus estímulos. Quanto mais você oferta amor e paz, quanto mais você ensina dentro da moralidade e do Evangelho, mais a criança se desenvolve e cresce como um ser ligado ao bem e à fraternidade.

Aquele menino cresceu sabendo que era um filho adotado. Soube o quanto eu o desejei e que eu o escolhi. Eu escolhi ser sua mãe. Eu fiz tudo pra que ele se tornasse um homem de bem e colhi bondade e carinho. Foi um rapaz excelente que nunca me deu trabalho e se tornou um homem que cuidou de nós na velhice com muita delicadeza. Não deixou faltar nada, nem pão, nem afeto, nem o Evangelho.

 

LURDES

28/04/2023

 

---Paula Alves---

 

“O TRABALHO DE MÃE É ÁRDUO. NÃO BASTA PARIR”

 

            A mesa estava posta, mas faltava alguém. Faltaria sempre e eu sempre ficaria me perguntando onde errei para faltar um filho à mesa.

           Eu me sentia culpada pela forma como tudo aconteceu. Antônio sempre foi diferente dos outros, mas eu achava que ele ia se emendar.

          O meu maior erro foi tratar todos igualmente. Foi negligenciar as mazelas morais do meu filho. Foi aceitar seus desvios de conduta e acreditar que eu, apenas precisava cumprir com minhas obrigações no lar que tudo se resolveria.

Os pais erram quando fazem de conta que não viram. Erram quando não se esforçam para reconhecer todas as leviandades morais dos seus filhos.

              Eu precisava ter reconhecido cada um como eram. Qual é o pai que não conhece o filho que tem em casa? Nós sabemos quem eles são, mas deixamos para lá. Ele foi terrível porque foi mau com outras pessoas e eu também me sinto responsável por elas, por tudo o que aconteceu.

             As mães são responsáveis por todos os criminosos, mentirosos, ofensores que existem na sociedade. Alguma coisa aconteceu. Ele não recebeu a educação que deveria receber. Deus coloca diante do filho a mãe ideal para conduzi-lo no caminho do bem. Aquela mãe conseguiria mudar a situação dos seus pensamentos se ela cumprisse sua missão adequadamente, mas ela fraquejou e o filho errou gravemente.

 

               Eu sabia disso depois do ocorrido. Eu fui responsável. Olhava para aquele lugar vazio e pensava que era melhor assim. Na espiritualidade, Deus era responsável por ele porque eu fui falha.

              O trabalho de mãe é árduo. Não basta parir. Começa antes de engravidar porque temos que nos preparar de forma consciente para sabermos educar. Na gravidez você já tem que cuidar da saúde do bebê e pensar como será durante toda a educação: moradia, escola e familiares.

Você tem apoio?

      Como será o convívio com os familiares?

Envolve vícios ou violência no lar?

Existe uma base financeira e afetiva?

 Depois do nascimento, começa o reconhecimento do ser.

Quem é esta criança?

Quais são suas características pessoais?

Seus valores e qualidades, seus defeitos e limitações?

Eu preciso ajudar no desenvolvimento do ser. Ao mesmo tempo, precisava ter ficado atenta diante de minhas próprias limitações morais e intelectuais.

Eu tinha que estruturar meu lar com o Evangelho. Tinha que ter ensinado sobre a fé e respeito pelo semelhante. Eu precisava muito ter ensinado o respeito pelo semelhante, respeito pela propriedade alheia. Valores morais e espirituais.

Eu falhei muito e meu filho errou, se comprometeu com a Lei, maltratou moças indefesas e desencarnou em sofrimento. Eu me sinto responsável e solicitei retorno para ser uma mãe melhor para ele. Eu preciso ressarcir minhas faltas. Espero ter discernimento para não falhar novamente.

 

LILIANA

28/04/2023


---Paula Alves---





 “A VERDADE É QUE NÓS SÓ FICAMOS ATENTOS ÀQUILO QUE NOS INTERESSA”

 

Eu faria qualquer coisa por aquele transplante.

É incrível como podemos mudar de opinião...

Tempos antes, de posse de minha saúde plena, eu nunca pensaria neste assunto. Coisa que não me dizia respeito. O que me interessava se concordava ou não com a doação de órgãos?

A verdade é que nós só ficamos atentos àquilo que nos interessa. Você pode falar que é egoísmo, mas é nestas horas do tudo ou nada que refletimos no que somos capazes de fazer pela vida.

A mesma vida que desdenhamos ou que desperdiçamos com questões banais da existência. A vida que faremos de tudo para manter ou preservar.

O mundo do salve-se quem puder nos leva a dizer e fazer coisas que nunca imaginávamos. Eu era capaz de tudo por um órgão que pudesse prolongar minha vida e para quê?

Quando eu definhei e me vi morrendo aos poucos, pude me questionar para que servia minha vida. Eu queria tanto viver, me esforcei tanto para conseguir um órgão entre os familiares e cheguei a oferecer dinheiro para os amigos mais próximos se fossem compatíveis comigo. Eu não tive o menor constrangimento.

Mas, depois de tudo aquilo, depois da revolta e do choro vergonhoso, eu me perguntei para que eu queria tanto viver.

E isso comecei a perguntar para todas as pessoas que me cruzaram o caminho e eu te pergunto agora.

 PARA QUE VOCÊ QUER TANTO VIVER?

 Isso vai passar na sua cabeça em algum momento. Quando você estiver sendo vítima ou sofrendo perseguição, estiver passando por intensas privações ou enfermidades terríveis, prestes a dar o seu último suspiro, você vai pensar por que queria viver.

Eu não tinha um argumento sublime, algo que fosse altruísta ou enobrecedor. Meu motivo era ridículo, ligado as satisfações e medo da morte. Eu morria de medo de morrer.

Sabe por que a gente tem medo de morrer? Porque não sabe o que te espera depois da morte do corpo.

Tem espertalhão de todo tipo que enche a boca para falar do que vai acontecer depois da morte, mas nas incertezas, ele morre de medo de adoecer e morrer. Crença de castelo de areia.

Ainda tem aquele que sabe que errou feio. Cheio de maldade, cheio de imprudências, ele sabe que depois da morte, só pode ter a punição. Este não quer morrer de jeito nenhum.

Eu não queria morrer, simplesmente porque acreditava que iria acabar e queria curtir mais minha vida de regalias e prazeres, só isso.

 Mas, nas idas e vindas das diversas internações, conheci gente boa que não queria morrer para não deixar criança desvalida, idosos sem cuidados apropriados, até animais abandonados. Pessoas que tinham trabalhos junto a outros que precisavam de apoio e atenção. Estes não queriam partir porque se sentiam inseguros quanto ao destino alheio. Nisso, confesso que bateu meu coração.

Foi muito importante o tempo em que estive doente porque aprendi muito com pessoas formidáveis. A enfermidade nos coloca diante de uma vida cheia de altos e baixos. São pessoas que sofrem e ainda encontram forças para ajudarem outras pessoas. Pessoas agradecidas por cada raio de sol, por cada momento de paz.

Eu aprendi muito com todos eles.

Claro que eu não consegui o transplante. A fila é muito grande, gigantesca. Quando você sabe como tudo funciona e compreende que é raro conseguir um órgão a tempo de tocar para a frente, vê uma vida se modificar.

Eu mudei muito meus pensamentos e maneira de enxergar a vida. Comtemplei as coisas com outra visão.

 

Sabia que, para eu ter uma oportunidade, 1375 pessoas tinham que morrer. Muitos órgãos tinham que ser transplantados para eu ter uma chance e olhe lá.

Eu fico pensando como seria se todos tivessem a consciência da doação. Como seria um mundo onde as pessoas vivem no coletivo. Onde um se interessa pelo sofrimento do outro ou, melhor dizendo, onde todos fazem o possível para aliviar os sofrimentos de cada um.

 

TONINHO

15/04/23

 

--Paula Alves—

 

ADULTOS DESPERTEM!

 

 Há tempos estamos salientando a importância de se propagar a palavra do Mestre.

Há tempos estamos incentivando a educação moralizadora nos lares. Estamos incentivando a educação amorosa e o contato integral entre pais e filhos, onde cada um tem seu papel definido no lar, onde pais têm presença nos lares para conhecerem as mentes dos seus filhos e possam trabalhar a melhoria individual baseada na reforma intima bem direcionada, explicando racionalmente a missão de cada tutor em relação ao direcionamento dos jovens.

Sem agressões físicas ou verbalizadas que possam constranger ou humilhar, criando bloqueios mentais que neutralizam desenvolvimentos morais, intelectuais e espirituais que são imprescindíveis.

Mas, infelizmente, este conteúdo é de interesse de número reduzido de pessoas porque os irmãos estão presos aos atrativos da matéria e se esquecem dos compromissos que foram tratados no plano espiritual.

Existe uma lacuna que precisa ser preenchida. Lacuna da falta de amor, esperança e fé. Isso fez um buraco que permitiu a invasão do mal, da crueldade que só pode disseminar a discórdia e o desespero.

 Mas, todos podem mudar a situação se estiverem empenhados na concórdia e fraternidade.

 ADULTOS DESPERTEM!

 Hoje nós temos necessidade imediata do vosso amadurecimento. Pais e responsáveis não podem negligenciar sua autoridade e responsabilidade diante dos fatos sociais terríveis. Não podem se permitir o abuso de sensações e prazeres em detrimento da violência desenfreada.

NÃO EXISTE SOLUÇÃO SEM O EVANGELHO!

 Todos podem orientar, mas nem sempre, conseguirão chegar aos corações.

Todos podem disciplinar, mas nem sempre, conseguirão expandir os raciocínios.

A espiritualidade pode fortalecer os lares, mas precisa de consentimento, precisa de convite para adentrar nas famílias e fazer a luz da paz brilhar.

Crianças e jovens estão abertos à educação e incentivo através do amor, mas precisam de amparo, atenção e lapidação moral. Precisam de pai, mãe, avós, tios e primos atentos, que os conheçam e saibam dialogar com eles.

A favor da mudança e por um mundo muito melhor, trabalhemos. A educação é trabalho das famílias!

 

JOSIEL (trabalhador da equipe de psicologia)

15/04/23

 

--Paula Alves--

 

“NÃO QUEREM LUXO, MAS CARINHO E AMOR”

“É ASSIM QUE EDUCA”

“DIÁLOGO, TRABALHO E ATENÇÃO”

 

 Coloquei todo mundo na carroça e segui ir para São Paulo. Eu tinha ideia que seria fácil arrumar emprego e mudar de vida. Eu não aguentava mais trabalhar naquela roça.

Minha esposa estava com medo. Falou que a cidade assustava, mas eu não dei ouvidos, mulher é muito dramática!

Segui com tudo aquilo de filhos e a mulher contrariada. Eu queria uma vida melhor.

Muitas vezes, pensei que era errado ser ganancioso. Eu queria além das minhas posses, não estava aceitando aquela vida. Será que estava sendo ingrato com Deus?

Mas, eu também achava que Deus apoiava nosso esforço e ele sabia que eu estava buscando uma vida melhor para a minha família porque a gente não pode ser acomodado.

 

Eu cheguei na cidade grande e procurei um lugar para ficar, procurei emprego e minha esposa logo arrumou casa para limpar. Naquela época era bom de arrumar trabalho, logo não faltou o que fazer.

Em alguns anos, eu já tinha comprado terreno e estava criando bem meus filhos. Teve muita gente elogiando, dizendo que o nosso trabalho digno rendia frutos, deus abençoava porque não éramos preguiçosos. Verdade!

Mas, sempre tem um para sair na preguiça. Tinha um filho que era danado para ficar nas minhas costas. Eu percebi o jeito dele. Eu tentava levar para carpir e ele arranjava qualquer desculpa, fingia doença, a esposa passava a mão na cabeça e eu percebi a esperteza dele.

Falei logo que ele tinha que ser bem treinado para não sair preguiçoso. A preguiça é como um vício, depois ele que sofreria.

 A gente tem que perceber quando o filho tem mau procedimento e ir encaminhando no correto, justo e bom. Eu falei com a esposa e ela entendeu. Disse que se a gente não corrigisse, ele que ia sofrer. Mais tarde, o menino não ia ter força moral para ter empenho, otimismo, esperança, ele não ia ter ânimo para procurar oportunidades e podia se tornar um pedinte ou um oportunista que é ainda pior.

Sabe aquela pessoa que só quer saber de se aproveitar das outras, sem se importar se está magoando, explorando ou abusando da boa vontade? Este é o oportunista. É um pilantra, um golpista que usa e abusa de tudo que outros têm a oferecer e nunca ajuda em nada, só suga física e moralmente.

Ele estava se aproveitando de mim como um oportunista e faria muito pior na fase adulta porque o defeito só piora sem educação.

 Eu não dei moleza! Levei para a enxada, debaixo do sol quente, deixei fazer calos e valorizar a sombra, a água fresca e o descanso.

Mostrei que o trabalho digno é presente de Deus porque permite conduzir a família com fartura na mesa e saúde. Falava o tempo todo e sempre estava ensinando a ser boa pessoa.

Eu tinha até medo de pensar que ele podia ficar adulto daquele jeito de desonra e ainda tratar mal da gente quando estivéssemos velhinhos. É sempre isso que acontece. Lá na frente os pais é que sofrem nas mãos destes filhos abusados.

Mas, eu peguei tanto no pé dele que o menino se tornou um homem de fino trato. Todo consciente na valorização da família, educado e muito amoroso. Nos tornamos bons amigos, confidentes. Não tinha nada que ele não perguntava para mim e me tratou com decência quando envelheci.

Tem gente que pensa que o filho não vai entender aquela bronca, a reprimenda e os nãos que a gente fala, mas a verdade é que criança e jovem, grita por atenção. Eles sentem-se valorizados quando sabem que estão sendo observados. Quando a gente faz de tudo por eles, sentem-se amados.

É fácil agradar. Não querem luxo, mas carinho e amor. É assim que educa. Diálogo, trabalho e atenção.

 

SIMÃO  

15/04/23          

 

--Paula Alves--

 

“SERÁ QUE AS PESSOAS CONSEGUEM DORMIR EM PAZ SABENDO QUE A OUTRA ESTÁ PASSANDO FOME COM OS FILHOS?”

 

Eu sabia que aquela batalha tinha razão de ser. Eu não acredito que as coisas acontecem na nossa vida sem propósito.

Atrai aquela patroa para minha vida e queria muito saber o motivo da mulher me tratar tão mal.

Bem de vida, estudada e ficava me devendo a faxina que servia para levar comida para mesa. Ela sabia da minha vida e do quanto eu precisava daquele dinheiro e, ainda assim, me fazia ficar humilhando na hora de cobrar.

 Se eu pudesse não voltaria mais, arrumaria outra patroa, mas as coisas ficaram tão difíceis naquele ano, eu não arrumava nada.

Sempre pensei que se eu fosse a patroa não permitiria que ela passasse por dificuldades, eu seria grata à minha auxiliar, mas eu precisava abaixar a cabeça e implorar pelo pagamento.

Será que ela não podia se colocar no meu lugar? Será que as pessoas conseguem dormir em paz sabendo que a outra está passando fome com os filhos?

Depois a vida fez com que eu arrumasse outra patroa que foi muito boa comigo. Ela até me registrou porque muita gente acha que é luxo carteira assinada e este era o meu sonho, ter décimo terceiro e os direitos assegurados.

Eu fiquei com ela por muitos anos e trabalhei com satisfação. Parecia até que minha antiga patroa havia me favorecido para eu saber ser grata e feliz no meu ambiente de trabalho para não reclamar, ao invés disso, trabalhar com prazer de servir.

Chegando deste lado, me mostraram como eu havia sido cruel na outra existência. Nem sequer, permitia que meus funcionários se alimentassem adequadamente, apesar de ter muita fartura em minha casa. Fui tal qual o rico, de “O rico e Lázaro”.

 Eu atraí para junto de mim, uma patroa que podia me devolver as ofensas que fiz outras pessoas passaram em outras existências, mas apesar disso, Deus Pai, nunca permitiu que nos faltasse o pão e, por tudo o que prendi, sou imensamente agradecida pelo Pai Celestial.

 MARGARETH    

15/04/23         




“EU CREIO QUE, UM DIA, PELA FORÇA DO EVANGELHO, AS PESSOAS SERÃO DIFERENTES E MUITO MELHORES”

Eu estava prestes a desistir. Cansado das revoltas do mundo e dos insultos que recebi por todo o caminho. Dá para perceber quando eles não querem ouvir.

Meu calvário não se assemelhava aos tormentos do Mestre. Nem de longe, dos martírios de Jesus e eu pensava: “Como eu tenho coragem de duvidar?”

Como eu podia me colocar como sofredor, se devia ser um privilégio me conduzir através da Sua Palavra? Mas, eu vacilava e sentia tormentos íntimos, questões pessoais que me distanciavam das pessoas. Como eu podia duvidar da Sua presença em minha vida?

Questionei meus profundos sentimentos e razões existenciais. Colocando-me a disposição de fazer o que fosse necessário para colocá-lo em contato com todos aqueles que desejassem paz de espírito.

No início, fui enxotado, ridicularizado e insultado. Ninguém queria me ouvir. Como se não precisassem de Jesus, mas eu não podia me curvar diante deles porque era emissário do Mestre, eu precisava levar o seu Evangelho e dizer que ele estava conosco para sempre.

“Eu venci o mundo” – disse o Nazareno. Eu desejava vencer meus medos e batalhas intimas e viver para segui-lo com fé e a certeza de que nasci para isso.

Compreendi que, conforme você se esforça para retirar a pedra que lacra o sepulcro, se convence de qual é o seu intuito na vida, você desperta para a realidade da obra do Senhor e consegue enxergar a luz como se renascesse.

Eu renasci para Jesus. Me coloquei como servo e falei de toda Sua obra com todo o meu respeito e fidelidade. Eu orei e orei. Mantive a postura cristã de fé e caridade, verdade e fraternidade durante todos os dias que se seguiram. Falando para todos aqueles que queriam me ouvir, sendo como pomba e serpente. Não carregando comigo nem bolsa, nem sandália porque o Senhor se encarregava de cuidar de mim como cuida dos lírios e das aves.

Entreguei minha vida para que fosse usado por Jesus e quando desencarnei dezenas de anos depois, despertei deste lado, profundamente agradecido com o esplendor de uma vida de luz, como a ressurreição do Mestre, como uma vida onde a morte não pode arrebatar porque todo aquele que nele crê, mesmo que esteja morto viverá e todo aquele que viver e crer, nunca morrerá.

Jesus é a ressurreição e a vida. Todo aquele que já aceitou o Mestre e permite que ele ressuscite dentro de si, é homem novo, com vida nova, vida reta e digna a exemplo do próprio Jesus.

Eu creio que, um dia, pela força do Evangelho, as pessoas serão diferentes e muito melhores. Boas e cheias de esperança. Com amor e paz. Mas, para que isso aconteça, o Evangelho precisa ser pregado e vivido. Quem não conhece Jesus, deve conhecer.

Quem conhece, deve apresentar Jesus, falar dele, exemplificar com sua própria vida para que, no futuro, as próximas gerações possam se beneficiar disso, extinguindo a menor porção do mal e fazendo reinar a justiça e a bem-aventurança.

 

SILVIO

08/04/2023

 

--Paula Alves---

“SERÁ QUE EU PUDE ACREDITAR QUE PASSARIA ILESO?”

  

Eu cobrei, me apropriei de forma indevida.

Expliquei de forma distorcida, filosofei.

Podia ter servido de forma séria e cheia de lógica. Se ele tentou explicar com exemplos do cotidiano e da natureza, se ele usou seus próprios atos, eu também podia ter ensinado com palavras simples para não gerar dúvidas.

Mas, minha intenção era me aproveitar dos fiéis. Eu fui ganancioso e nunca tive a verdadeira crença na espiritualidade, quem dirá em Jesus.

Este Filho de Deus que ficava tão distante de mim... Um alguém que eu não sabia que existia, estava preso num Evangelho que nunca tocou minha alma e nem modificou meus interesses. Eu me aproveitei da boa-fé, eu extorqui.

 Naquela época, acreditei que fosse a melhor maneira de me erguer na vida, adquirindo benefícios e vantagens, lucros e a certeza de uma boa posição na sociedade. Eles confiaram em mim em nome de Jesus.

Trabalhei tanto com a pregação, nem sei dizer quando foi que comecei a pregar em meu nome. Quando foi que eu comecei a colocar o mundo diante do meu parecer e mostrar aos fiéis a minha versão dos fatos. Eles me seguiram. Lobo conduzindo as ovelhas do Senhor.

 Será que eu pude acreditar que passaria ileso?

Por muito tempo as injustiças que cometi ficaram silenciosas e eu vivi bem, confortável e sem constrangimento, mas a Justiça Divina sempre nos alcança e eu tive momentos terríveis enquanto encarnado, mas eles pioraram muito depois que transpus os portões da carne.

Deste lado, não se brinca com a Palavra de Deus. Aqui todos sabem notar de longe aqueles que são servos verdadeiros, dignos do discipulado e aqueles que merecem reconhecer a voz do Senhor com o temor de Moisés.

Sofri por tanto tempo que pude me lembrar de cada injustiça, de cada palavra dita de forma incorreta, de cada momento que foi perdido com anedotas e risos descabidos, com eventuais festas e arrecadações que nunca chegaram às mesas dos famintos. Eu pude pagar cada centil.

 No meio do choro e ranger de dentes, solicitei auxílio profundamente arrependido, de posse das lembranças desgraçadas e recebi o alívio dos males quando me transportaram para cá.

Eu preciso retornar e trabalhar novamente como servo do Evangelho, servo de Jesus. Mas, preciso de honra. Eu solicitei desencarnar ainda pequenino, como cordeiro, sendo imolado para suportar injustiças e, desta forma, abrandar meu coração através dos martírios. Eu preciso de purificação e preciso estar de cabeça erguida para trabalhar ativamente com o Evangelho.

Neste momento, estou me reorganizando mentalmente para que possa suportar.

Aquele que tem uma missão tão sublime que possa honrá-la. Que possa ser servo atuante, compenetrado e respeitoso de cada pequenina palavra que tenha passado pelos lábios de Jesus. Que possa curar os enfermos, purificar os leprosos, expulsar os demônios e ressuscitar os mortos com fé e coragem.

Pelo dever de servir com virtude.

 

SÓCRATES

08/04/2023

 

----Paula Alves---

 

 “AQUELE QUE TIVER OUVIDOS DE OUVIR, QUE OUÇA”

 

Eu vomitava tudo o que ingeria. As pequenas colheradas que mamãe me servia não paravam no estômago doente.

Eu me queixei tanto. Orava e me lastimava como se Deus devesse algo, tivesse que ser mais condescendente, tivesse misericórdia de mim. Como se faltasse amor ou piedade.

Eu queria uma vida melhor. Queria oportunidades, alegria e queria me alimentar sem dor ou desconforto. Mas, não tinha solução.

Foi uma época difícil para o câncer. Ele chegava abrupto e destruidor. Não tinha muito a fazer. Os familiares já estavam se despedindo e me lembro bem das formalidades e choros.

Não há nada pior do que ser enterrado em vida. Do que não ter esperança.

Eu lastimava como se, com isso, pudesse ter outra chance. Como uma criança birrenta que bate os pés no chão cheia de revolta e recebe o que deseja, mas eu não podia receber.

 Se eu soubesse...

Eu via aquela vida como minha única alternativa. Nunca pude imaginar que somos eternos. Eu não compreendia os ensinamentos de Jesus. Não tinha como saber que todos nós perdemos o corpo doente e prosseguimos. Será que eu podia ter vivido com mais resignação?

Quando o fim se aproximou, quase morri de medo. A incerteza e a angústia de acabar, de ser aniquilada pela morte, me deixaram perplexa. Eu chorava tanto, magoei minha mãe porque não estava em seu alcance me salvar.

Ela deve ter sofrido demais. Como será que as mães conseguem superar a morte de seus filhos? Eu, bem que me lembrei de Maria vendo seu filho na cruz. As mães deviam ser todas iguais, o mesmo amor e devoção na hora da vida e da morte.

 Minha mãe sofreu muito mais do que eu.

Quando passei pelo momento da incerteza, vi mamãe chorando agarrada àquele corpo gélido, inerte. De coração dilacerado, ela não podia perceber que eu estava liberta e comovida.

Fui grata a tudo o que recebi daquela mulher maravilhosa. Eu a abracei e ela sentiu uma dor profunda no peito. Não poderia me esquecer de tudo o que recebi dela.

Aqui, me lembrei de tantas coisas. Retomei as lembranças que foram apagadas e voltei a ser quem eu era com mais alguma bagagem. Lúcida e esclarecida consegui compreender o quanto o veneno de outras épocas agrediu o meu estômago perispiritual. Precisei retornar, mas o corpo físico adquiriu as lesões que o corpo espiritual apresentava decorrente das imprudências antigas.

É tudo perfeito na Lei. Ninguém pode cometer a menor leviandade. Todo mal deve ser eliminado de nós.

Todo o tempo que passei reclamando retardou meu progresso, eu podia ter assimilado muito mais e ter progredido com o sofrimento necessário. Se eu soubesse que foi como uma fração de segundos diante de toda a imortalidade...

Eu agradeço por todo esclarecimento que estou recebendo. Aquele que tiver ouvidos de ouvir, que ouça.

 

MEIRE

08/04/2023

 

----Paula Alves---

 

“ABRAM OS EVANGELHOS NOS LARES E ENCAMINHEM SEUS FILHOS AO SENHOR”

 

 Vida simples em contato com o solo. A melhor vida é aquela que parece que nada tem a acrescentar.

Mãe, esposa, lavradora. A casa foi tão simples, de terra batida, colheita que ia direto para o prato.

Criançada correndo de pé no chão. Eu cantava todas as noites para dormirem, todos juntos no mesmo quarto, quatorze irmãos.

Meus filhos amados. Pouca leitura e a enxada nas mãos.

Mas, a gente sabia as histórias dos antigos. A gente contava sempre antes de dormir, lampião e a espiga de milho. Uns falavam mais que outros e iam ensinando a ter fé e respeito.

Respeitava a natureza, o rio e os homens. Tinha que ter respeito também pelo que não podia enxergar, respeito pelas almas e pelo destino.

Ter respeito pelos desígnios de Deus nas nossas vidas. Se esforçar para ouvir Deus dentro de nós para fazer as escolhas corretas. Orar para ouvir a voz de Deus.

Foi assim que eu ensinei meus meninos. Sem leitura, com as mãos ásperas, cabelos crespos, palavras rudes, mas muito respeito pela espiritualidade.

 Cristã, serva do Senhor dentro do meu lar. Eu distribuí as palavras para aqueles quatorze e fiz com que eles distribuíssem para outros tantos, seus cônjuges, filhos e netos. Eu propaguei a fé.

Se cada mãe e pai tivessem em mente a responsabilidade diante do Senhor, saberiam pregar em seus lares, propagando as palavras do Evangelho. Todos sabem falar de tantas coisas e podiam se esforçarem para ensinar sobre o Senhor.

 Sem ele, a perdição, o mal e a ruina. Todos sabem o motivo das atrocidades no mundo e sabem qual é o caminho para chegarem a Deus. Mas, enquanto estiverem propensos aos prazeres do mundo e às iniquidades, encontrarão crimes e frieza, seres que espalham as calamidades.

Mudança já! Por um mundo melhor! Pais e mães peguem a responsabilidade para si. Abram os Evangelhos nos lares e encaminhem seus filhos ao Senhor.

É a única forma de reformar o mundo.

 SULA

08/04/2023


--Paula Alves---



“QUEM JÁ SE ENVOLVEU COM JESUS DEVE ESPALHAR SUA BOA NOVA”

 Quando falamos que são inúmeros carentes, muitos podem se lembrar dos famintos, dos sedentos, dos nus, dos enfermos que precisam de assistência médica e hospitalar, os carentes de afeto e atenção por parte dos familiares, os abandonados ou esquecidos.

Mas, eu me refiro, neste momento, aos carentes de Evangelho.

Pessoas que aparentam sensatez, raciocínio lógico, posição econômica e social com conforto e tranquilidade, mas que possuem vazio na alma.

Existem inúmeros que vagam pela vida. São pessoas que se movem automaticamente como máquinas, sem afetuosidade legítima. Eles sabem que falta algo primordial. Reconhecem que estão num mundo caótico e se desesperam com as inquietações e tragédias sem esperança de um futuro promissor.

São aqueles que se entregam as frivolidades do mundo material porque não existem mais nada para contemplar. Não existe vida diferente desta para viver.

São os mais carentes de todos, os carentes de Evangelho.

Jesus deixou seu Evangelho de luz com seu toque pessoal, com seus exemplos edificantes com toda a gloriosa identificação de como devemos proceder uns com os outros. Como devíamos ser fraternais e generosos, humildes e condescendentes. Jesus nos ofertou o direcionamento para a Casa do Pai e nos mostrou um Pai tão próximo que não existem equívocos ou medos porque Ele está sempre de braços abertos para nos acolher e amparar nas situações difíceis da vida, mesmo que ainda não possamos contemplá-Lo.

Quem reconhece o Evangelho e já absorveu o conhecimento que Jesus nos entregou, caminha com segurança, independente das situações de adversidade, mas o carente vacila e é só.

A solidão do carente faz enlouquecer, desequilibrar, arruinar a própria vida e a dos outros. Acreditar que tudo é posse e viver o tudo ou nada para que possa sentir alguma coisa.

Aquele que já se envolveu com as palavras do Evangelho devia tratar com mais seriedade a condição do carente porque são inúmeros. Matar a fome do conhecimento espiritual, esclarecer, revelar um mundo de luz, é incentivar a bondade, o amor e a gratidão. É permitir que as pessoas renasçam na vida que receberão como pessoas melhores e que se envolvam com Deus renovando seus propósitos diários no bem e na coletividade.

Quem já se envolveu com Jesus deve espalhar sua Boa Nova. É dever de todo cristão permitir que a luz surja no mundo e que o mal desapareça. Estejamos engajados a propagar a luz do Evangelho edificando os homens, facilitando seu desenvolvimento, cooperando com a evolução e libertando as pessoas do mal que está enraizado em seus corações.

Apenas, através dos exemplos nobres do Bom Pastor poderemos alcançar a Deus e sentirmos a paz que traz calmaria à nossa alma.

 

ERASMO GURGEL

 02/04/2023

 

--Paula Alves—

 

“TODAS AS VEZES QUE ACONSELHAMOS PELO EVANGELHO,    QUANDO   ALERTAMOS, INCENTIVAMOS E CONSOLAMOS, SOMOS OS PRIMEIROS A SERMOS ILUMINADOS”

 

Eu me constrangia em falar, mas sempre fiquei tentada. Eu sentia uma força estranha que me impulsionava tanto que eu me sentia desconfortável. Mas, por vergonha ou temor do ridículo, silenciava.

Mas, ouvi dentro de mim, quando uma voz disse claramente: “Fale as palavras do seu coração, sem medo!”

As palavras do meu coração eram as palavras do Mestre. As palavras simples das passagens do Evangelho, do jeito que eu me lembrava, com a forma que eu podia mencionar. Palavras simples de uma quase matuta que pouco estudou e não tinha nada a oferecer. Mas, o nada com Deus é tudo o que você pode acrescentar. E eu falei.

 Falei nos locais onde estava inserida. Eu falei nas casas onde trabalhei como passadeira. Para aquelas mulheres finas que não podiam lavar a louça. As mulheres que eram destratadas e diminuídas, eu falei de Madalena, eu falei de Jesus e do contato que ele tinha com as mulheres.

Eu caminhava de volta para casa e via alguém perto da ponte com lágrimas nos olhos e falei da conversão de Saulo. Eu falei que todos podem se transformar e que os maiores pecados no mundo são absolvidos por Deus se a pessoa tem o arrependimento no coração.

Vi um doente e disse que ele tinha que ter que fé porque para Jesus não existe impossível. Ele curou leprosos, coxos, paralíticos e expulsou demônios. Jesus pode tudo e nós podemos melhorar com o amparo Mestre.

Eu falei das parábolas e dos tormentos de Jesus. Falei dos sermões e da crucificação. Falei de Jesus Luz, vivo e eterno. Pedi para que abrissem as portas da casa para a Luz entrar e remover as trevas, encorajar e nos fortalecer. Eu falei.

Sei que muitos não se curaram. Muitos continuaram sofrendo e se sujeitando as humilhações. Muitos não creram e fraquejaram na fé. Mas, eu preguei amparada por Jesus.

Fui serva durante todo o tempo em que estive encarnada. Muitos diriam que eu fui, apenas uma mulher pobre que levava a vida falando do Evangelho. Mas, o Evangelho me salvou.

 

Todas as vezes que aconselhamos pelo Evangelho, quando alertamos, incentivamos e consolamos, somos os primeiros a sermos iluminados. Eu sei que muitos se modificaram e resplandeceram muito mais do que eu como o trabalhador da última hora e isso me deixa feliz porque a semente germinou, cresceu e frutificou.

Compreendo que as ilusões do mundo, cegam as pessoas que não conseguem despertar para a real necessidade que temos, enquanto estamos encarnados, mas para sairmos das correntes do mal, apenas se tivermos ânimo e esclarecimento.

Eu falei para muitos que não quiseram me ouvir, não tive a minha vida facilitada, encontrei obstáculos, mas tomei minha cruz e caminhei entregue a renovação. Ciente do que me esperaria no futuro, após uma jornada de trabalho árduo e me superei.

Tive abrandamento das dificuldades na hora do desencarne e fui bem assistida deste lado. Todos os rostos que vi mudando de plano, foram os rostos daqueles que ofertei o alimento espiritual. As palavras que direcionei, de alguma forma, fizeram a diferença, agiram dentro deles e eu vi o quanto fui útil porque não me neguei a trabalhar de forma ativa.

QUEM TEM O DOM DA PALAVRA, PREGUE COM EMPENHO E FÉ.

 NÃO SE RECUSEM A DIVULGAR AS PALAVRAS DE JESUS.

 Ofertem o melhor que tiver dentro de vocês, satisfeitos e alegres. Não tenham dúvidas de que tudo será colocado em suas mãos para que a obra possa ser terminada. Mas, trabalhem com o objetivo de servir a Deus, sem buscar nenhum tipo de reconhecimento ou posição de destaque.

 

ANGELINA

 02/04/2023

  

-----Paula Alves---

 

“DEUS FEZ DE UM MOMENTO TERRÍVEL, UM TEMPO DE RENOVAÇÃO PARA TODOS NÓS”

 

 Foi como um impulso do mal, necessidade de ferimento por conta da culpa que carreguei no fundo da alma. Eu não me lembrava do passado, mas me sentia infeliz o tempo todo.

Se alguém tivesse mencionado que estava ligado a existências pretéritas, eu certamente não acreditaria.

Mas, a inquietação não me permitia pregar os olhos e, sem dormir, minhas alucinações foram frequentes, facilitando o desequilíbrio orgânico, eu estava um farrapo. Não tinha fome, nem paciência e discutia com todos.

Minha esposa foi embora e levou as crianças. Meus pais tentaram me ajudar, mas eu não permitia que as pessoas se aproximassem de mim. Foi o caos. Eu quis morrer porque não existia nada mais que pudesse dar uma guinada em minha vida e eu não tinha mais forças.

Senti quando uma energia me envolveu e eu adormeci. Senti meu corpo leve e vi alguém brilhando no meu quarto. Ela falou que eu ainda tinha coisas importantes para realizar com minha família e precisava me fortalecer. Eu tive a sensação que ela era familiar e quis abraça-la. Ela me confortou e eu chorei como criança, desejei não acordar nunca mais, mas despertei. Sim, era minha avó que vinha em sonho me conscientizar dos deveres familiares.

Enfim, naquele momento, eu compreendi que não podia me queixar para sempre das sensações desagradáveis que eu tinha porque, eventualmente, as pessoas podiam precisar de mim. Me ergui e de forma impulsiva fui à casa de minha mãe. Eu estava trajado e penteado, como se aguardasse por alguma notícia.

Depois de algumas horas, recebi o telefonema dizendo que minha esposa estava hospitalizada, as crianças precisavam de mim. Ela tinha tido um acidente e eu precisava ser esposo para ela e pai daquelas crianças.

A vida nos ensina que, muitas vezes, as pessoas à nossa volta precisarão de apoio e nós precisamos fornecer tudo o que necessitam. Eu perdi muito tempo vendo o meu lado, minhas tristezas e necessidades. Egoísta, não pude perceber o quanto ela estava sozinha, cuidando da nossa família sem apoio ou proteção, mas Deus fez de um momento terrível, um tempo de renovação para todos nós.

Eu agradeci a possibilidade que minha esposa teve de ser curada. Agradeci quando a lucidez tomou conta de mim. Depois disso, agradeci por tudo. Por cada momento de vida, pelo trabalho abençoado e pelo pão de cada dia. Eu só pensava em cumprir com os meus deveres e agradecer.

 

ISMAEL

 02/04/2023

 


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