Cartas de Julho (16)

 



“São poucas as pessoas que dão esperança e incentivam a vida útil e séria, raríssimo ouvir alguém estimular alguém, elogiar, empurrar no caminho do bem, muito raro”

 

Eu sei que isso acontece aos montes. Eu ficava tão obstinado em fazê-lo cair que, nem mesmo, pude prestar a atenção em mim.

Um homem que procurei por tanto tempo, ódio que não tinha fim. Eu estava empenhado em acabar com a vida dele, todos os meus esforços conspiravam para isso.

Soube desde o princípio, o quanto ele era ambicioso, malvado e orgulhoso, afinal as pessoas não se transformam de um dia para o outro.

Sabe qual é a melhor maneira de aniquilar alguém? Buscando seus fracassos morais. Todos têm deficiências morais, o problema é que a maioria das pessoas se vê como ser perfeito, super dotado, capacitado para as maiores proezas.

É fácil incentivar nos deslizes quando você conhece esta pessoa de outras vidas e reconhece nela os fracassos morais, você sabe dos pontos fracos, só vai estimulando a cometer imprudências, tão fácil.

O ruim é que eu devia ter usado o meu tempo a meu favor e não contra ele. Foi aí que eu perdi o meu tempo. Eu estava tão empenhado em agir contra ele que esqueci das minhas necessidades evolutivas. Eu nutri tanto ódio que me esqueci o quanto tenho minhas próprias limitações e necessidades.

Eu fiz tudo o que tinha de fazer, eu vi a queda do meu inimigo. Há quem diga que eu não tive nada a ver com a ruina dele porque eu o influenciei, mas as más intenções sempre estiveram ali, dentro dele, porém, eu não gostei de ver o mal que ajudei a produzir.

Ele tinha família, foi preso, deixou os filhos sem pai, com a esposa fazendo das tripas coração para sustentar os filhos. Eles não mereciam sofrer daquela maneira.

Eu entendi porque aquele trabalhador, tempos atrás, disse que todos nós escolhemos o lado que vamos servir: lado do bem ou do mal.

Cada um de nós tem um jeito de se fazer ouvir. Nós podemos auxiliar as pessoas a se elevarem ou destruirmos ainda mais. Não digo apenas os Espíritos, mas os homens, os encarnados também fazem isso. É quando você diz coisas feias para menosprezar alguém, ao invés de incentivar a pessoa a ser honesto e trabalhador. Quando você planta a discórdia na casa dos outros, convida alguém para beber e deixar a família, quando você inventiva o roubo, a vida fácil ou a destruição.

São poucas as pessoas que dão esperança e incentivam a vida útil e séria, raríssimo ouvir alguém estimular alguém, elogiar, empurrar no caminho do bem, muito raro.

Mas, eu vi aqui. Muitos se esforçam para produzir fluidos balsâmicos, muitos se esforçam para alegrarem os outros, para transmitirem ânimo.

As pessoas precisam de ânimo!

Eu fui o perseguidor de alguém e só perdi meu tempo, desisto.

Eu sei que, se ele quisesse, poderia ter repelido minha presença, mas o cara sempre foi muito pior do que eu. Só que aquela família precisava de um homem decente, eu poderia ter inspirado a fazer coisas boas. 

Frederico

24/07/2021


----------------------Paula Alves------------------

 

“Existem muitos que ainda não compreenderam que, para falar para um grupo, precisa ter objetivo de coletividade, progresso e amor"

Eu vi o caos. Pessoas arruinadas, distorções de realidade como se estivessem naquele hospital psiquiátrico, mas eram transeuntes do centro da cidade.

Pessoas de todos os tipos: secretárias, magnatas, comerciantes, socialites com boa aparência.

Pessoas de várias categorias e classes sociais, pessoas esclarecidas e estudadas que jamais seriam internadas porque demonstravam sensatez, mas eu vi.

Vi sua mente entorpecida e pequenas ramificações de insetos que brotavam do cérebro, davam a entender que precisavam de tratamento urgente para bloquear aquela parasitose.

Eu fiquei deprimida porque percebi o quanto precisam de ajuda. Os sintomas não são evidentes numa primeira análise pelos encarnados. Eles se queixam de tudo, menos da verdadeira enfermidade. Alguns falam de enxaqueca, neuroses leves, labirintites, síndromes emocionais e vivem com alguns medicamentos que tomam por conta própria.

Eu vi o quanto estão desvairados, alucinados e julgam sem conjecturar. Estas mesmas pessoas ocupam lugares de destaque na sociedade, comandam, orientam e ensinam várias outras pessoas, ou seja, cegos condutores de cegos.

São loucos que conduzem pessoas de todas as idades, crianças, jovens e adultos integrantes de núcleos trabalhistas, corrompem a sociedade e agem como vírus.

Pessoas que deveriam ser tratadas e proliferam erros morais, chagas que deprimem e denigrem a sociedade.

Isso não deveria existir, mas compreendemos que muitos núcleos de desencarnados se comprazem com eles. São pessoas que, delicadamente, incentivam a discórdia, a discriminação e a violência. Pessoas que são narcisistas e têm na egolatria seu maior artifício do mal.

Seria sensato não estimular estas pessoas, pelo contrário, que cada um buscasse dentro de si, a análise do que lhe conduz na vida.

Existem muitos que ainda não compreenderam que, para falar para um grupo, precisa ter objetivo de coletividade, progresso e amor.

Enquanto, estas pessoas se basearem no bem pessoal, na promoção de si mesmo ou na satisfação do seu orgulho, estaremos apenas proliferando as doenças morais.

Doenças morais que se reproduzem com uma velocidade incrível. Infelizmente, os homens alimentam mais e mais estas doenças, enquanto, não reconhecem os verdadeiros obreiros de todos os matizes, aqueles que se baseiam no trabalho árduo, braçal ou intelectual, às custas de uma vida de esforços pela evolução.

Tirar as máscaras e admitir que as pessoas são ativas e laboriosas pelos esforços naturais, independente da casta, da raça ou da classe social de que são provenientes, além disso, reconhecermos as pessoas que precisam de cuidados e fazer por elas, tudo o que estiver ao alcance, para sua recuperação em termos de moralização e espiritualidade.

 

SINEL (assistência psicológica)

24/07/2021

------------------Paula Alves---------------

 

Alguns pais fortalecem os filhos, empoderam. Estimulam tanto com o “Você pode!” e se esquecem de falar “Olhe para ele”


Naquele instante, eu me lembrei de coisas triviais. Do quanto os encontros familiares eram importantes para mim, eu adorava festas.

Quando eu era criança, adorava os aniversários, contava os meses para chegar o meu. Aos poucos, a gente vai crescendo e deixando de valorizar as alegrias infantis, o que realmente importa.

Eu não tinha mais tempo para as festas, eu precisava trabalhar. Sabia que a minha família exigia tempo, atenção, eu não podia perder tempo com aniversários ou com comemorações inúteis.

Sempre dizia a mamãe que isso não pagava as contas, mas minha mãe não queria casa luxuosa, ela queria o convívio comigo.

 

Tudo muda depois de um tempo, eu entendo porque o Pai nos deixa padecer. Apenas o sofrimento muda a concepção que a gente tem da própria vida.

Quando eles deram a sentença, eu achei injusto. Por um momento, até acreditei que eu fosse inocente. Fiz tanto esforço para mentir que achei que eu merecia sair dali, mas sair, não me tornaria alguém melhor, pelo contrário, seria a comprovação de que o mau pode ter o que deseja. É a constatação de que a impunidade corre solta por aí.

De vez em quando, alguém tem que receber a justiça dos homens para a gente saber que alguém está cuidando de tudo nesta terra. Eu recebi: punição corretíssima, fui preso e entendi que precisava cumprir minha pena.

Não importa o que fiz, foi leviano, desumano e cruel, por dinheiro, para me beneficiar e não fui coagido por ninguém, eu mereci tudo o que passei, porém, o que vem ao caso aqui é mencionar o que mudou...

Nas grandes festas, quando eu me negava a participar, sempre tinha muitos amigos e inúmeros familiares porque nossas festas eram incríveis. Casa cheia, festa que virava o dia e a noite, muita comida e bebida, todos me conheciam enquanto eu estava por cima, cheio da grana e de inúmeras possibilidades, mas quando eu fui preso, só havia uma pessoa: minha mãe.

Ela nunca faltou!

Minha mãe esteve presente em todos os momentos de martírio e dor, quando eu fui preso, quando fui acusado, condenado. Em minhas aflições, ela esteve em pensamento, em prece. Ela passava por todos os tormentos da revista e levava as comidas preferidas e o Evangelho.

Minha mãe se culpou pelo resto da vida dizendo que ela poderia ter reconhecido em mim, um ser covarde, preguiçoso e maldoso, corrupto, cruel, mas ela estava cega pelo amor que sentia.

Mamãe disse várias vezes que estava sofrendo muito mais do que eu pela culpa de ter sido negligente comigo, ela deveria ter eliminado minhas más tendências para não me ver preso, não saber que eu fui cruel com alguém acabava com ela. Afinal, existia uma mãe perto dali que sofria a perda de um filho por causa dela.

Eu não entendia, achei que ela era dura demais consigo mesma porque eu fiz minhas escolhas, mas entendi quando a encontrei aqui.

Ela falou que nunca me ensinou o quanto nós temos que respeitar as outras pessoas, respeitar o sentimento e o direito das outras pessoas.

Eu sempre achei que podia ter tudo e ser tudo o que quisesse, mas ela disse que isso dependeria dos direitos das outras pessoas serem assegurados.

Realmente, eu não havia pensado nisso.

Alguns pais fortalecem os filhos, empoderam. Estimulam tanto com o “Você pode!” e se esquecem de falar “Olhe para ele”.

Nós não podemos viver sozinhos e devemos respeitar os limites de convivência, mesmo que para isso, tenhamos que abrir mão daquilo que desejamos. Agora eu entendi.

JAIR

24/07/2021


-------------------Paula Alves------------

 

“Todos iguais, formidável! Não tem ninguém que consegue driblar a Lei. Ninguém que esteja isento de suas responsabilidades e escolhas de vida”

 

A gente sempre cai na real deste lado. Eu sei que cada um de nós tem o dia certo para retornar, seria de qualquer forma, o meu lance final, mas foi com sofrimento e dor.

Eu vi que o fim se aproximava por imprudência da minha parte e eu não vou conseguir exprimir o quanto me senti fracassada, ou melhor, arrependida por meus atos errôneos.

Naquela ocasião, eu achei que fosse exagero da mídia, achei que não tinha nada o que temer porque sempre tive uma saúde perfeita, muita vitalidade e disposição de sobra.

Eu não queria perder a oportunidade de comemorar com meus amigos. Eu não queria cancelar o espetáculo que criei para aquela data especial.

Mas, os documentários alertavam dos muitos mortos, inúmeros contaminados e eu achava que era doença de classe média, não poderia me causar temor.

É muita pretensão achar que o mal não chega neste ou naquele, né?!

Sabe que eu achei muito bacana? Saber da igualdade que se estabelece entre todos nós. Na doença, nas tragédias coletivas, na morte... Todos nós valemos o mesmo. Nada nos separa, nem a cor da pele, nem os títulos, nossos entes queridos não conseguem nos segurar na carne, o dinheiro não paga a cura, não adianta implorar por socorro, nem gritar desejando atendimento preferencial por posses. Achei excelente!   

O sofrimento é grande sim, mas momentâneo. Foi rápido, eu quase nem me lembro. Senti uma moleza, sabe aquele gripão que te derruba na cama? Então, pior por causa da falta de ar. Não tive ânimo nem para comer, nada. Daí foram três dias, acabou.

Eu estava até pensando que meus pais conseguiriam me salvar por causa dos excelentes contatos que tinham, dos hospitais de ponta, dos recursos sofisticados, mas o corpo não tinha como aguentar, não deu tempo.

Também ninguém entendia nada, foi um caos! Nesta, acabou para mim.

Mas, entendam, eu nem sofri. Cheguei deste lado, atordoada, claro. Depois de entender o que aconteceu, me revoltei, normal. Levou meses para entender a necessidade de voltar e compreender que o tempo havia expirado. Seria de qualquer forma, eu só agravei pelo livre arbítrio, fui egoísta não pensei na coletividade, mereci sofrer a culpa e o remorso, ainda mais, quando soube que minha avó também adoeceu, mas ela ficou bem graças a Deus. Já pensou carregar a culpa de contaminar minha avó? Já foi demais.

Fica a importância de colaborar pelo bem comum, de ser mais responsável, de viver cada dia com paixão e agradecimento, de ser útil enquanto pode e saber que todos nós somos iguais para Deus e para a espiritualidade. Isso achei fantástico.

Todos iguais, formidável! Não tem ninguém que consegue driblar a Lei. Ninguém que esteja isento de suas responsabilidades e escolhas de vida. Não existe ninguém que conseguirá receber mais do que faça jus, tudo perfeito na Lei.

Eu gostei de saber de tudo isso e hoje já modifiquei muitos pensamentos e necessidades, então, não sofra por mim. Estamos bem.

LIRIA 

24/07/2021

 

 

 

        

 





“SEMPRE TIVE MEUS PASSOS FIRMES, DISCERNIMENTO E FÉ”

 

 

       Eu fui feliz! Chegando aqui pude perceber o quanto as situações da vida me beneficiaram.

       Quisera que eu tivesse tido lucidez para expressar minha alegria e gratidão por tudo e todos, enquanto estive encarnada. Quisera que eu pudesse ter vivido diferente.

       A gente só compreende a grandeza dos dias quando perdemos a oportunidade de estarmos diante daqueles a quem tanto amamos.

      

      Foi uma vidinha simples, cheia de altos e baixos, com dificuldades, mas com honra e dignidade. Vida normal com moradia e trabalho, com marido, filhos e netos. Vida boa com amigos e familiares, muita coisa para fazer, momentos para festejar, muitas oportunidades de elevação.

       Eu não passei por momentos terríveis, humilhantes, eu não precisei provar nada pra ninguém. Eu vivi com eles, os meus amados, eu tive tudo o que alguém poderia querer. Eu fui amada, tive afeto e respeito.

        Nenhuma doença me acometeu deixando acamada, sempre tive meus passos firmes, discernimento e fé.

        Conheci a palavra e o Mestre, estive cercada de luz e ainda pude me dedicar aos menos favorecidos por intenção própria porque eu queria ser útil.

        Sim, eu vi o padecimento dos outros, eu soube do sofrimento deles, da injustiça social e do abandono. Eu compreendi o quanto o preconceito e a falta de respeito formam um buraco dentro do peito, arruína, fere e maltrata toda a sociedade. Eu desejei a mudança.

        

        ACREDITO QUE A FALTA DE OPORTUNIDADES, OS ESTILHAÇOS MORAIS, AS CORRUPÇÕES E A MISÉRIA SOCIAL DEPRIMEM UMA NAÇÃO E IMPEDEM QUE SEJAMOS FELIZES.

         Eu senti doer em mim, por cada um que morreu de frio, por cada bala perdida, por cada negro que desapareceu, pelos menores que tiveram seus corpos corrompidos para extração de órgãos, eu padeci e senti desfalecer pela impunidade e injustiça humanas.

         Senti como se fossemos desvalidos de atenção e não pudéssemos propor mudanças favoráveis para todos.

  Mas, eu fui feliz. Eu enxerguei, eu compreendi.

A felicidade é relativa sim, pois não podemos ser inteiramente felizes com a infelicidade dos outros. Por diversas vezes, eu não pude sorrir, eu senti medo, angústia e solidão porque queria que fosse diferente para eles.

         E a Terra parecia prisão, pois pude ver o quanto os gritos ecoavam, dentro de mim pedindo solução, mas nada mudou, depois de tantos anos, centenas de anos e ainda é assim.

         Depois de tanta dor, de tantos soluços, eu já nem sei mais onde esteve a minha capacidade de ser feliz em meio a multidão.

         Então, eu poderia ter sido mais grata a todos aqueles que estiveram comigo e me permitiram sentir a felicidade relativa, eu nunca falei o quanto tornaram meus dias calmos, tranquilos e me deram esperança de viver num mundo melhor.

         As pessoas trazem felicidade para a vida da gente.

SUELI 

17/07/2021

 

-----------------------Paula Alves----------------

         

“POR QUE SERÁ QUE REPRODUZIMOS OS ERROS DOS NOSSOS PAIS?”

 

Ela nos educou assim...

       Ela ensinou que para nós, apenas o melhor. Minha mãe dizia que não podíamos nos misturar com qualquer pessoa, pois as pessoas medíocres podiam corromper nossa educação.

       Ela desejava que aproveitássemos ao máximo tudo o que ela tinha para ensinar, então, falava que uma pessoa é observada da porta. Quando adentramos um local, nos observam a vestimenta, a postura, a maneira de se expressar, falava que “a primeira impressão é a que fica”.

       Ela falava que no mundo existe uma disputa pelo poder e, infelizmente, nós somos o que aparentamos ser. O que vestimos, a casa onde vivemos e os nossos amigos dizem muito sobre nós.

       

         Ouvi isso minha vida toda, ela viveu muito e sempre cuidou da minha vida e dos meus irmãos. Ela falava que “quem anda com porcos, farelo come”, “diz com quem andas e eu te direi quem és”.

         Isso fez com que ela me apresentasse o esposo e os amigos que estiveram ao meu lado durante toda a minha vida.

         Eu não culpo minha mãe porque, em determinada fase da minha vida, eu me sujeitei a viver como ela me ordenava. Eu poderia ter mudado minha vida, mas me acomodei.

        

         Eu sempre mantive as aparências e me surpreendi fazendo absurdas tolices para manter o prestígio e posição social. Eu defendi nossos interesses fazendo transações perversas e nunca estive satisfeita com nada porque precisava ter mais e mais.

          Eu não acredito que esta seja a maneira mais correta de educar as crianças e de exigir dos jovens. A pessoa cria uma lacuna intransponível dentro de si. Angustiante notar o quanto você deve se esforçar para ser aquilo que não é. Ter o que agrada aos outros, viver ao lado de pessoas vazias que não acrescentam nada em sua vida, que não te permitem sentir nada.

         Tudo poderia ter sido bem diferente se eu tivesse tido forças para discutir com ela sobre os assuntos que me envolviam. Eu poderia ter sido útil, eu poderia ter sido feliz.

          O pior foi ter passado a mesma conduta de vida para os meus filhos.

          Por que será que reproduzimos os erros dos nossos pais?

          Sabendo que ela errou comigo e meus irmãos, ainda assim, eu impregnei meus filhos de todas as bobagens ligadas à materialidade. Este foi o meu maior erro.

         A GENTE SÓ DESPERTA DESTE LADO?

         POR QUÊ?

LEONORA

17/07/2021

 

         -----------------------Paula Alves--------------

 

        

“AQUELE QUE QUER AMAR, CONSEGUE DOAR O SEU AMOR”

 

         Eu me sentia despreparada, mas ele queria tanto um filho. As minhas cunhadas tinham filhos, todos eram tão felizes e meus pais, meus sogros, pediam netinhos vindos de nós.

        Eu não tinha como admitir que não era o melhor momento para mim.

        A mulher tem que se sentir madura para a maternidade.

       

        É terrível fazer alguma coisa só para agradar alguém. Eu amava meu esposo e meus familiares, eu não queria que eles pensassem coisas erradas ao meu respeito. Não queria que eles achassem que eu não gostava de crianças ou não queria ter filhos, mas era tudo complicado na minha mente.

        Uma coisa é você amar o seu sobrinho e ver o quanto ele é lindo e gracioso no colo da mãe dele porque se a criança chora ou sente fome, a mãe supre as necessidades dela, porém se a criança é sua, você é responsável por ela, pela integridade moral, física e emocional desta criança, depende de você!

        Era tudo isso que eu pensava. Tudo isso me impedia de desejar ser mãe naquele momento, mas meu esposo pedia tanto e queria que eu vibrasse como ele, cheia de ansiedade para que meu ventre pudesse crescer.

       

         Quando dei por mim, estava grávida e um medo enorme crescia, eu me sentia incapaz, desesperada, perdida.

         Conversava com outras grávidas que diziam da felicidade e do amor que crescia dentro delas com o minúsculo corpinho em formação. Eu não sentia nada de bom, isso fazia com que eu me indignasse contra mim mesma, como se eu fosse estranha, confusa, distorcida.

         Por que uma mulher não ama seu filhinho? Por que uma mulher não se sente feliz com este momento? 

         Então, eu comecei a chorar escondido, depressão? Vontade de não sair, não queria que ninguém me desse os parabéns. Não precisavam falar da barriga, nem passar a mão que me irritava. Eu não tinha estrutura para passar por um parto e cuidados integrais de um recém-nascido. Eu não estava pronta para ser mãe e me senti um fiasco.

Por que eu não fui sincera com ele? Por quê?

         

         Os meses passaram difíceis, mas ele nasceu. Eu nunca tive um olhar maternal, nenhum sentimento aflorou de repente, nada aconteceu para modificar tudo o que eu sentia.

         Os meses que se seguiram foram péssimos porque eu tinha a obrigação de cuidar de um bebê a quem eu não tinha o menor devotamento. Me sentia cansada, sobrecarregada e até explorada. Eu não sei se alguém percebeu, ninguém nunca disse nada, mas me ofereciam ajuda o tempo todo e eu deixava meu bebê com as avós para descansar.

         Meu filho cresceu com uma educação rígida, eu não aceitava correria, gargalhadas ou brincadeiras descabidas em casa, o fato é que ele me irritava profundamente.

         A verdade é que eu cumpri com o meu papel por obrigação das convenções sociais e nunca confessei o quanto tudo aquilo era rejeitado por mim.

        

         Quando, muitos anos depois, meu filho me colocou num asilo, nem por um minuto, questionei. Eu me senti livre para ser eu mesma, sem a necessidade de dizer ou fazer coisas diante dele.

         Ele sempre percebeu que eu o criei, eu dediquei a ele tudo o que era estritamente necessário, mas nunca dei o amor de uma verdadeira mãe.

         Se eu me arrependo? Cada um dá aquilo que tem. Eu não tinha mais nada para dar. Seca! Esta fui eu.

         Acho que, para ter um filho, a pessoa tem que ser honesta consigo mesma. Nenhuma criança merece se sentir desprezada no ambiente doméstico. Mas, nós podemos nos esforçar mais. Eu poderia ter me colocado no lugar dele e ter sido menos egoísta. Eu só pensei em mim. No meu sono, cansaço, divertimento, só em mim.

         Aquele que quer amar, consegue doar o seu amor. Então, pensando bem, eu me arrependo sim.

MICHELE

17/07/2021

 

------------------------------------------Paula Alves---------------------------

 

“ACHO QUE CADA PESSOA TEM O SEU MOMENTO DE COMPREENDER O QUANTO É CRUEL COM OS OUTROS”

 

          No meio dos cinco, eu queria atenção. Sempre me questionei por que ela me detestava. Ela era tudo para mim e eu a admirava na infância.

Mamãe era professora e eu queria lecionar por causa dela. Além das aulas normais, ela costumava dar aulas de reforço para todos nós, dizia que teríamos mais oportunidades do que ela teve, se fossemos mais esforçados.

         Ela ensinava a todos com delicadeza e amor, mas comigo... Eu sempre tinha o auxílio da palmatória. Chorava e ela falava que eu era preguiçoso, relaxado.

Por mais que me esforçasse, eu nunca superava as expectativas. Ela fazia questão de me humilhar diante dos irmãos e as comparações acabavam comigo.

          Eu poderia relatar o que fizemos nas encarnações passadas, das inúmeras vezes em que nos ofendemos e teríamos longas horas para observar quem começou primeiro, porém o interessante, é que eu estava disposto a zerar tudo e me dedicar ao amor filial. Eu queria a reconciliação, eu queria que ela tivesse orgulho de mim.

        

          Compreendi na adolescência que eu nunca seria um filho querido e preferi ficar distante de todos para não sofrer com tanta rejeição. Ela tinha se esforçado tanto para me desacreditar, me menosprezar diante dos irmãos que eu aprendi muitas lições importantes.

         Arrumei um bom emprego, estudei muito, me tornei advogado porque, aos poucos, eu desejava não ter nada que se assemelhasse ao comportamento dela perto de mim.

         Isso incluiu todas as mulheres que passaram na minha vida. Foi muito complicado aceitar que eu não queria contato com elas porque me lembravam daquela mãe repressora e hostil.

         Eu só tive relacionamentos homossexuais. Será que tem alguma coisa a ver?

         Mas, quem tem família não pode anular este fato, simplesmente se distanciando dos seus. Sempre aparece um motivo para te procurarem, uma situação inesperada onde todos devem se reunir e o passado retorna infalível, destruidor, te lembrando do quanto você é fraco, fragilizado e se recorda de tudo o que te danificou na alma.

         Eu me reuni com eles no funeral do meu pai e eles perceberam que eu era diferente dos demais. Ela não aceitou, cobrou satisfações e eu tive a oportunidade de dizer umas verdades.

         A pessoa dura não aceita as verdades que você diz. Ela ouviu, ergueu as sobrancelhas e proferiu palavras que feriram como um punhal, ela não parecia ouvir o que eu dizia, nem por um minuto, se conscientizou da sua falha, do quanto eu senti falta dela, do que eu precisava, de uma mãe. Eu sinto muito por ter perdido aquela oportunidade, muito mesmo.

     

          Acho que cada pessoa tem o seu momento de compreender o quanto é cruel com os outros. As pessoas podem mudar, mas nem sempre, na mesma vida, é preciso muitas outras para depurar e soltar a couraça da rigidez moral.

          Eu tenho medo de falharmos novamente. Sei que não posso me elevar sem eliminar este desentendimento. Eu preciso de um novo contato.

          SE EU PUDESSE DAR UM CONSELHO AOS QUE ESTÃO LENDO ESTA CARTA, EU DIRIA PARA APROVEITAREM TODAS AS LIGAÇÕES QUE TEM COM AS PESSOAS QUE LHES CERCAM. INDEPENDENTE DAS RELAÇÕES SOCIAIS, PAI E FILHO, CÔNJUGES, IRMÃOS, AMIGOS, COLEGAS DE TRABALHO... ABRA O SEU CORAÇÃO, RESPIRE FUNDO, RECONHEÇA OS SEUS SENTIMENTOS POR ESTA PESSOA E SE PERMITA AMAR, SE O AMOR AINDA NÃO É POSSÍVEL, FAÇA O NECESSÁRIO PARA NUTRIR ALGUMA ADMIRAÇÃO OU RESPEITO POR ALGO QUE ELA REALIZE, ISSO VAI FAZER FLORESCER ALGUM SENTIMENTO POSITIVO, ENOBRECEDOR ENTRE VOCÊS E, UM DIA, QUEM SABE, VOCÊS PODERÃO ESTAR UNIDOS PELO MAIS PURO AMOR. É O QUE EU ESPERO.

ERINALDO    

17/07/2021   

 

  -------------------------------Paula Alves-----------------------



“SEMPRE VALE A PENA, MUDAR TUDO PARA SER UMA PESSOA DO BEM”

 

Eu juro que tentei. Eu sempre soube que existia um ser terrível dentro de mim, mas estava disposta a tentar ressarcir todos a quem prejudiquei.

Eu compreendi o quanto estive errada e desejei sinceramente que as pessoas pudessem me perdoar e que, após isso, eu pudesse viver em paz com minha consciência.

O mais importante é ter paz e o único remédio é fazer o bem aos semelhantes.

Por incrível que pareça, quando me determinei a remediar os fatos negativos que cometi, em toda parte, encontrei pessoas que me incentivavam a produzir o mal, seria esta minha prova?

 

Será que, após reconhecer toda a maldade que eu havia feito, eu tinha que conviver com o mal, sem me entregar a ele?

Como são inconvenientes pessoas e Espíritos que incentivam a reprodução do mal...

Eu tentei por diversas vezes e me revesti de uma bondade que jamais imaginei existisse em mim, mas eles diziam que isso não levava a nada, a lugar nenhum, diziam que eu era tola e me fazia de tola para ser espezinhada por uma gente hipócrita que se aproveitava dos meus bons sentimentos. Jogo de poder e abuso de poder, as pessoas me exploravam nos nobres sentimentos, mas eu não queria me deixar corromper por elas, não de novo.

Então, me fiz forte, sabia que era a única forma de uma transformação eficaz acontecer dentro de mim, pois eu não poderia conviver com as lembranças em que fui leviana.

Por que as pessoas não podem permitir que outra pessoa mude e se reconstrua? Se eu fosse a mesma de sempre, encontraria uma vida facilitada, mas tudo se tornou difícil e doloroso. Eu compreendi que era necessário para minha depuração, então, fui vivendo, me fazendo de cega e surda, me comprometendo apenas com minha consciência que tinha despertado para as verdades da vida.

Encontrei tantos dispostos a brigar, por toda parte, seres que queriam discutir e me tirar do sério, mas eu dei a outra face e saí mansa e pacífica. Entendi perfeitamente o que o Mestre aconselhou. Eu o ouvia e isso era o que me fazia suportar todas as ofensas.

No fundo, eu sabia o quanto era necessário injúrias para me calar diante de tudo o que fiz. Eu era culpada e precisava suportar.

Não é fácil, tudo o que queremos é sermos aceitos, parecermos pessoas que triunfaram na sociedade e estarmos rodeados por pessoas que nos apoiam e nos estimam, mas eu não podia mais usar máscaras, nem comprar a atenção e a generosidade de todos, aquilo acabou quando eu me decidi em assumir uma postura séria, irrepreensível.

 

Entenda: tudo muda quando você muda. Pode ser que a sua mudança te traga sofrimento num primeiro momento, mas é necessária para que você realmente se eleve como uma pessoa de bem.

 

Todos nós, uma hora ou outra, devemos fazer este reajuste de consciência e avaliar as nossas necessidades morais, eu precisava me despir diante de mim mesma e ser real, mas perdi muito, perdi aqueles que se diziam meus amigos, perdi familiares, perdi bens para pagar minhas dívidas e perdi o medo de ser sincera, isso foi legal. Com suas inúmeras perdas, também virão os ganhos, enormes e lucrativos, moral e espiritualmente, eu ganhei virtudes, ganhei amigos realmente sinceros e ganhei uma vida nova, cheia de possibilidades, eu me orgulhei da pessoa que eu conquistei, mérito meu, por meu esforço e boa vontade.

Sempre vale a pena, mudar tudo para ser uma pessoa do bem. Quando alguém te incentivar a cometer deslizes, não dê ouvidos. Simplesmente reconheça que muitas pessoas ainda vivem na cegueira dos falsos valores, da ilusão da matéria e só sabem viver assim, é difícil para elas também estarem ligadas a pessoas que mudam o rumo das suas vidas, é de se estranhar, mas você pode vir a ser o exemplo para estas pessoas. Sempre no caminho do Mestre. CATARINA

10/07/2021

 

---------------------------Paula Alves--------------------

 

“NÓS PRECISAMOS NOS ENXERGAR NA PELE DO OUTRO”

 

Que horror aquela cara feia. Me recebeu e nem mesmo se dignou a me olhar nos olhos. Tenho certeza de que ele não guardou o meu nome.

Coisa terrível é você buscar um profissional que te ajude em seu problema e ele, te observa com indignação e critica todas as suas ações, te humilhando escrachadamente.

Eu me senti revoltada, indignada, mas não tinha o que fazer, eu precisava dele. Pode ser com qualquer um: um fumante que procura um pneumologista com problemas respiratórios, uma mulher que tem obesidade vai até o gastro, alguém que tem distúrbios emocionais e procura um psiquiatra, enfim...

Você pode pensar de qualquer forma, a verdade é que eu precisava de ajuda daquele profissional e ele debochou de mim. Nem por um segundo a pessoa que deseja aliviar o mal físico e/ou mental. Nem por um minuto a pessoa que deseja curar e promover o conforto.

Eu vi muitos assim, por toda parte, a negligência e o abuso de poder. A secretária que se compraz em dizer que não pode encaixar porque você chegou com cinco minutos de atraso, quando o normal é você esperar duas horas para ser atendido, será que se eu tivesse chegado no horário tinha sido atendida?

Ou então, aquela situação do caixa do supermercado que não permite que você leve as compras faltando dez centavos, mas você pode ficar sem os dez centavos de troco. Coisas assim, rotineiras que nos afetam profundamente porque é nestas horas que notamos o quanto as pessoas são individualistas e gostam de mostrar que estão no controle disso ou daquilo, mesmo que para isso tenham que fazer outras pessoas sofrerem.

 

Eu realmente precisava dele e ele nunca se perguntou o porquê estar sofrendo com tantas dores, achou mais fácil me prescrever medicações e mandar para casa. Passados dois meses, eu estava com um problema tão grave que não tive como me submeter a tratamentos médicos. Claro que eu me revoltei.

Outra coisa chata: quando você demonstra sua indignação e dizem: “se acalma, não é assim...”

Entendi que todos que justificam um mal comportamento é porque nunca foram indulgentes com o problema alheio e querem, no mínimo, encerrar a conversa.

Sim, eu estava muito ofendida, desencarnei por causa disso.

Eu tenho compreendido a necessidade do meu desencarne, também entendi o motivo desta prova e deste reajuste, mas ainda assim, não acho que seja possível desculparmos todas as pessoas que ferem propositadamente, uma coisa não tem nada a ver com a outra.

Entenda: eu ia desencarnar de qualquer forma, mas ele poderia ter me prestado o socorro que eu necessitava. Eu poderia ter sido bem assistida, teria modificado tudo, toda a situação se eu tivesse sido bem tratada.

 

Todos nós somos assim, sei da colheita dele, mediante a infração da Lei, não só comigo, foram muitos pacientes. Até porque quem está acostumado a tratar paciente, sendo uma estrela - precisando ser bajulado, “O Doutor” – falha bastante por causa do seu egocentrismo.

Eu não me senti bem sabendo da colheita dele e de todos os outros, eu acho que eles tinham que despertar a tempo de fazer algo diferente, parece tão injusto, mas eu entendi. A justiça está ligada aos dois lados.

Quando a gente pisa na bola tem sempre alguém que vai fazer a vez do justiceiro, é mais ou menos assim.

De qualquer forma, eu queria que as pessoas pudessem fazer uma justa avaliação da forma como atuam em suas tarefas. Será que estão sendo humildes, responsáveis, fraternais, sinceros consigo mesmos e com os outros?

Até porque se todos nós pudéssemos ser valorosos nos setores de trabalho todos se beneficiariam. Independente se é um trabalho remunerado ou não, se é feito dentro ou fora do lar. Nós precisamos nos enxergar na pele do outro. Sofrer a dor do outro. Enxergar a vida pelos olhos dos outros e tentar compreender porque ele pensa de tal maneira, só assim, poderemos beneficiá-lo adequadamente, independente de suas provações. VERÔNICA

10/07/2021

 

----------------------Paula Alves-----------------

 

“UMA MULHER DE VERDADE NÃO PRECISA SE EXIBIR COM UM CORPO PERFEITO PORQUE A VERDADEIRA PERFEIÇÃO ERA A DA ALMA”

 

Eu fiquei perto por algum tempo e já estava me irritando a mania que ela tinha de comer. Comia com tanto prazer, satisfeita...

Como podia ser assim? Será que ela não se preocupava com as formas do corpo? Será que ela não sabia o quanto é importante ter auto estima e sair elegante para conseguir tudo o que quer?

Eu não podia permitir que aquela mulher se martirizasse daquela maneira e me dispus a ajudar, só isso.

 

Eu dizia que ela devia se cuidar, pois o marido não ia querer uma mulher gorda. Falei que aquela comida toda podia fazê-la sofrer e que ela devia se preocupar com a sua saúde. Verdade que ela só me ouviu quando eu falei da saúde.

Achei estranho que aquela criatura não tinha muita vaidade, mulher esquisita!

Não estava nem aí. Arrumava o cabelo de qualquer jeito e ia trabalhar, sem maquiagem, sem nada para chamar a atenção, mulher estranha!

Mas, quando eu falei de saúde, ela me ouviu e ficou preocupada. Foi fácil ver as imagens mentais, ela lembrou de alguns familiares que sofreram por causa de problemas gastrointestinais, eu fiquei um pouco compadecida e peguei por este lado.

Daí percebi que ela sentia dor de estômago toda vez que eu chegava perto, doía tanto que ela passava mal, foi complicado...

Mas, eu não podia parar, queria tanto que ela ficasse bonita, modificada. Eu me esforcei e insisti que ela reduzisse a alimentação e ela me entendeu, foi diminuindo e eu ainda queria mais. Aquele corpo podia ser mais esbelto, mais delicado, para quê tanta gordura abdominal?

 

Aqueles 78 quilos poderiam ser reduzidos para uns 65? Seria pedir muito? O único jeito era fazer como eu, só colocar o dedinho na garganta. Qual é o mistério?

Mas, foi bem difícil quando ela ouviu. Pensou tão forte em tudo o que deseja fazer na vida, me deu a maior lição de moral. Disse que uma mulher de verdade não precisa se exibir com um corpo perfeito porque a verdadeira perfeição que ela ambicionava era a da alma. Nossa! Eu nem precisava disso, só queria ajudar.

Daí ela falou que sabia por que eu queria que ela virasse bulímica, ela esfregou na minha cara que eu fiz isso durante a minha vida.

Olha para mim, você acha que eu preciso disso? Preciso ficar do lado de uma mulher louca como estas? Logo eu que conquistei as passarelas do mundo todo com o meu corpo, com a minha postura, minha elegância...

Livros e mais livros, isso sim é loucura. Eu não entendo o que uma mulher destas quer da vida, não consigo entender.

Mas, serviu para chegar aqui. Verdade que fui bem tratada. Enquanto eu conversava com ela, reconheci de imediato a minha irmã se aproximando para me trazer para cá. Eu nem sabia que era possível o nosso encontro.

 

Ainda acho que ela tinha que se arrumar um pouquinho mais, porém já me explicaram que cada um tem seus objetivos e ela nunca se importou em chamar a atenção desta maneira. Mulher estranha!

O mais esquisito de tudo foi ela ter conseguido suportar a minha influenciação, nenhuma delas conseguiu. Acho que ela deve ter um objetivo bem melhor para se agarrar mesmo. Eu vi quando ela leu a Parábola do Semeador e confesso que achei muito linda, até entendi porque ela tem tantos livros, a mente dela voa solta, eu vi tanta coisa bonita, ela lê para controlar a influência e funciona, a gente segue pelo caminho que ela determina e sempre encontra com os emissários de Jesus, então, vale a pena. LENIZE

10/07/2021

 

-----------------------------Paula Alves----------------------

 

“TEM GENTE QUE PARTICIPA DO PROGRESSO DE UM GRUPO E É USADO PELOS PROPÓSITOS NOBRES DE DEUS”

 

 

Podia ter sido antes, se eu não tivesse descoberto em cima da hora como devia levar minha vida. Mudou tudo...

Eu sabia que tinha que avançar por causa deles, parece que eu despertei. Eu via que era difícil na minha casa, faltava tudo e tinha muitas crianças. Eu achava que era impossível ter uma vida melhor e eu culpava todo mundo, o sistema, a cor da minha pele, falava que tinha discriminação de todo tipo, era fácil para mim justificar a falta de oportunidades.

Na verdade, eu fui criado assim, a educação que eu tive me ensinou que nós somos excluídos da sociedade, gente que ninguém quer ver, miseráveis que morrem como miseráveis, ciclo de vida que nunca muda.

Eu estava acomodado nesta situação e já me permitia ensinar aos meus filhos esta ladainha que nos colocava como desfavorecidos e escorraçados, marginalizados.

 

Mas, eu via minha esposa se esforçar tanto, falando que nossos filhos podiam ser o que quisessem, pois Deus não faz distinção entre Seus filhos, eles tinham as mesmas chances de todas as outras crianças. Ela tinha esperança e falava com alegria, incentivando os nossos filhos. Eu ouvi e me senti envergonhado por castrar os sonhos dos nossos filhos.

Eu pensei como teria sido se eu também pensasse daquela maneira, será que eu teria me esforçado um pouco mais?

Será que eu teria tentado estudar?

Eu teria me esforçado para arrumar um trabalho melhor?

Eu pensei nas possibilidades que algumas pessoas constroem para si mesmas como aquela senhora do supermercado que conseguiu a casa própria depois de pagar por anos as prestações, ela conseguiu. Ou aquele rapaz que morava na favela e conseguiu entrar na faculdade, negro, ouviu tantos desaforos, mas se fez ouvir com o diploma na mão, anos depois, conseguiu.

Será que a gente pode ter tudo o que desejar? Com esforço e dedicação?

Daí eu fiz um trato com Deus. Eu falei com ele que ia incentivar meus meninos a se tornarem o que quisessem, pessoas do bem, gente boa, trabalhador, coisa e tal.

Eu nem sabia que tinha uma doença crescendo dentro de mim, nossa! O que não é o poder da palavra?

 

Eu proclamei o bem, com tanta intensidade que a doença estabilizou, eu nunca soube, só quando cheguei aqui, eu retardei em vinte anos, isso porque meus objetivos mudaram e meu plano também foi alterado, eu agora era incentivador dos meus filhos, nem sabia que isso existia. Tem gente que participa do progresso de um grupo e é usado pelos propósitos nobres de Deus.

Eu falava tão bem dos planos do Senhor que consegui um emprego melhor, depois consegui a minha casa.

Veja bem: não foi barganha não. Eu nunca tive como ambição ter coisas materiais, tem gente que vai parar na igreja porque quer vitória na parte financeira, como se Deus servisse como o Pai que abre a carteira.

Não é assim: o que eu mais lucrei foi na minha fé e na reforma íntima, eu me transformei numa pessoa melhor quando me esforcei para ser um bom pai. Minha esposa me abriu os olhos para o Deus Pai. Quando eu vim para cá, quando a doença disparou dentro de mim, eu estava profundamente modificado, em paz, grato por todos aqueles anos.

Meus filhos conseguiram. Nenhum deles ficou milionário, foi um ser com evidência na sociedade, nada disso, mas eles fizeram tudo o que desejaram. Eles ajudaram muita gente com trabalhos sociais maravilhosos, tiveram suas famílias íntegras e foram muito bondosos e tementes a Deus.

Então, eu entendi o quanto eu fui importante no progresso de um grupo de pessoas a quem muito amei. Deus foi um Pai condescendente e amoroso comigo.

Quisera que todos pudessem despertar para o amor de Deus e para as necessidades de cumprirmos com o plano que Ele tem para cada um de nós. EZEQUIEL

10/07/2021

                   -----------------Paula Alves----------------



“POR QUE SERÁ QUE A GENTE PRECISA PASSAR VERGONHA, LEVAR UM SACODE PARA ACORDAR PARA A VIDA?”

Eu ouvia passos pela casa e tentava me distrair para não enlouquecer. Desejei não estar só, desde a separação a minha vida parecia não ter solução.

Aquele casamento era tudo o que eu tinha de felicidade e, de repente, ele disse que não me amava mais.

Como pode alguém te amar e depois de algum tempo, deixar de amar? Eu acho que ele nunca me amou. A verdade é que as pessoas confundem sentimentos e ele percebeu que eu não era boa o bastante.

Eu sofri muito com a partida do Kevin. Eu o amava do fundo do coração e fiz de tudo para que tivéssemos uma vida em comum, sólida e feliz, mas não foi o suficiente.

Eu creio que a partida dele me deixou muito insegura, por vezes, nós colocamos a nossa felicidade nas mãos das outras pessoas e isso não é muito saudável. Eu aprendi com o sofrimento da perda que precisava me sentir bem comigo mesma, foi duro.

Nos dias que se seguiram, eu ouvi vozes e passos pela casa, tinha medo de ficar sozinha, medo de estar ficando louca e procurei minha mãe. Mas, ela sempre me culpou por todos os tropeços na vida. Minha mãe adorava o genro e disse que ele se cansou de mim, de minha ingenuidade e fragilidade. Ela disse que homem algum conseguiria ficar bem ao meu lado porque eu era muito sensível e isso cansa qualquer um. Daí, fui embora, achando que o problema era realmente meu.

As vozes me atormentavam, eu não queria dormir, de medo. Então, passei a me drogar, achei que as drogas me deixariam mais forte e foi muito pior do que antes porque despertaram lembranças que me magoavam tanto, faziam com que eu me ferisse e lamentasse não ser como tantas pessoas que eu achava normais.

O fato é que eu sempre permiti que as pessoas fizessem de mim o que queriam. Minha mãe e o Kevin. Eles colocaram na minha cabeça que eu era fraca, frágil, sensível demais para me posicionar bem na vida.

Precisou passar tão mal, ser socorrida por uma vizinha para ouvir de um médico que eu me mataria para chamar a atenção.

Aí, eu acordei. Por que será que a gente precisa passar vergonha, levar um sacode para acordar para a vida? 

Saber se posicionar na vida, independente de estar com alguém ou não, independente de concordar com as pessoas ou não. Eu só queria viver minha vida e foi isso o que eu fiz.

Ser feliz é viver em paz!

OLGA

04/07/2021

 

------------------------------------------------Paula Alves------------------------------

 

“VIOLÊNCIA NÃO ENSINA NADA, SÓ PUNE, CONSTRANGE E HUMILHA, FERE TANTO QUE CAUSA REVOLTA E DESGOSTO”


Eu só queria pintar. As cores e as formas me elevavam na vida. Era como se eu fizesse uma viagem incrível e tudo ficasse sempre bem.

Eu tinha nove anos quando peguei as tintas do papai e colori a parede. Minha mãe percebeu e ficou furiosa. Ela fez uma cara de quem ia me matar e eu não tive a menor atitude, apenas me encolhi, então, ela falou que eu teria uma lição para nunca mais esquecer. Ela pegou o cinto do papai e me bateu tanto que quase tirou sangue. Mas, eu não me movi, preferi ficar bem quieto para que ela percebesse que eu não tinha muito o que fazer, eu só era uma criança.

Meus pais diziam que eu tinha problemas cognitivos, mas me tratavam com muita rigidez, nunca recebi afagos ou delicadezas no lar, pelo contrário, eles diziam que eu não podia ser mimado porque me tornaria uma pessoa fraca e eu já tinha problemas.

Eu acho que meus problemas eram piores no lar, a educação que recebi foi muito castradora, repressiva, eu tinha medo deles. Medo de falar, de dançar e nunca mais pintei. Aprendi bem a lição que a mãe ensinou, nunca pintar.

Acho que não é a melhor forma de ensinar crianças, violência não ensina nada, só pune, constrange e humilha, fere tanto que causa revolta e desgosto.

Tem pai que se orgulha do bom filho e diz que foram as surras que recebeu na infância, duvido! De certo, já era uma boa pessoa e conseguiu cuidar bem daquele pai cruel, mas não foram as surras que colocou no bom caminho, não mesmo.

Eu tive problemas cognitivos, mas senti falta de afeto, eu compreendia muita coisa e nunca tive diálogo porque eles não tinham paciência comigo. Isso é o que faz falta. Criança precisa de atenção, apoio, carinho, precisa de respeito.

Os pais podiam ouvir mais a criança para conhecê-la, saber com quem estão lidando e parar de ficar imaginando as coisas. Acho que meu filho isso ou aquilo...

Assim, não funciona mesmo.

Sei que a vida foi sempre assim. Eu podia ter tido melhores oportunidades se eles tivessem acreditado mais em mim, porém compreendo que eles sentiam vergonha, principalmente dos outros familiares que tinham filhos normais e gostavam de se exibir com eles.

 

Meus pais só faltavam me esconder, eles não participavam das reuniões familiares porque tinham constrangimento por minha causa.

Eu entendo, os pais otimizam os filhos. Eles imaginam o que os filhos serão e se recebem algo diferente, se frustram.

MAS, ELES NÃO DEVIAM SER GRATOS PELO FILHO QUE DEUS MANDOU?

Eu queria que eles tivessem demonstrado o seu amor, mas nem mesmo, no instante da minha morte, mostraram algum tipo de sentimento. Eu ouvi quando ele falou:

- Foi melhor assim, agora poderemos retomar nossas vidas. Este menino dava muito trabalho.

Meu pai falou sério e a mãe só concordou com a cabeça, sem choro, sem comoção. Se livraram das minhas coisas e fizeram do meu quarto, um escritório.

Eu sofri, sempre sofri com a ausência deles e me pergunto: “Por que é que a gente se importa com as pessoas, mesmo sabendo que elas não se preocupam conosco?”

Eu queria ter sido importante na vida deles.

LEONARDO

04/07/2021


--------------------------------Paula Alves---------------------

 

“VÍCIO É COISA TRISTE QUE ARRUÍNA A ALMA, MAS O AMOR DESTRÓI TUDO O QUE HÁ DE RUIM NESTE MUNDO”

 

Eles ficavam horrorizados em me ver chegando atordoado, desgrenhado, fedido, as roupas em farrapos. Meus pais ficavam estarrecidos.

 Eu batia a porta e me jogava na cama, dormia por horas e acordava sentindo vontade da droga.

Foi difícil ver minha mãe chorar. Ela tentou conversar, tentou falar do seu amor e pediu tantas vezes para que eu me libertasse do vício, mas só sabe quem viveu o drama.

Eu prometia parar, tomava banho e comia, abraçava minha mãe e jurava tomar jeito, mas no mesmo dia, eu caia na droga.

Foi até que um dia, meu pai passou mal após uma discussão comigo, minha mãe ficou muito decepcionada e disse que eu podia ir embora, se tudo o que faziam por mim naquela casa, não servia para nada.

Eu só podia contar com eles, o amor dos meus pais era importante, mas eu não conseguia parar, então, pedi ajuda, eu precisava me afastar dali, precisava de tratamento que me impedisse a usar.

Foi duro demais, a impressão que eu tenho é que comecei a cheirar tão novo, eu me droguei muito cedo.

 

Meus pais me internaram e eu achei que ia morrer naquele dia, me irritei, quebrei tudo no quarto, precisei de restrição, era como uma camisa de força, foi barra pesada.

Mas, funcionou. Passados os meses, lá estava eu, completamente restaurado. Voltei para casa e abracei meus velhos que choraram de alegria.

Claro que me tentaram de novo, meus colegas do vício me chamaram para curtir um barato, mas eu resisti por causa dos velhos e da Kátia, a namorada que encontrei.

Arrumei emprego, casei com a Kátia e tivemos três filhos.

Vou te falar, vício é coisa triste que arruína a alma, mas o amor destrói tudo o que há de ruim neste mundo. É difícil, mas é possível se libertar das amarras do vício com apoio e tratamento sério.

Você que enfrenta uma situação semelhante, não desista. Deus sempre coloca o amparo que a gente necessita para se tornar vitorioso e se elevar.

RICARDO

04/07/2021

 

--------------------------Paula Alves-----------------

 

“APRENDI COM A VIDA QUE A RECLAMAÇÃO SÓ PIORA O PROBLEMA. QUANTO MAIS VOCÊ RECLAMA, MAIS A VIDA FICA DIFÍCIL”

 

 

Era um dinheiro tão pouco que eu pensei que a gente ia passar fome. Dava para ver que era exploração, mas não tinha outra fonte de renda, o jeito era encarar o trabalho árduo.

Eu era costureira iniciante. Casei com o amor da minha vida, tinha dois molequinhos e meu marido morreu atropelado.

Nossa! Calvário é perder o marido com as crianças pequenas, não morava perto da minha família e não tinha com quem contar.

Eu achei que não conseguiria superar as dificuldades, mas precisava criar aquelas crianças. Então, quando eu soube do trabalho de arrematadeira, não pensei duas vezes. Tinha que fazer muitas peças para ganhar um troquinho. Tudo difícil, pagar aluguel, comprar comida e roupas para os meninos.

Trabalhava noite e dia, nem vi meus filhos crescendo, dois anjos.

Doía o corpo todo e com aquele frio, trabalhando de madrugada para inteirar o dinheiro da casa. É impressionante como Deus ampara e coloca forças no corpo, parece até que fornece a quantia certa para pagar as contas.

Nunca faltou, um pouco de feijão, farinha, um cobertor e coragem. Eu fui vivendo, agradecendo cada dia, pela saúde que a gente tinha e pelo trabalho que não faltava.

Aprendi com a vida que a reclamação só piora o problema. Quanto mais você reclama, mais a vida fica difícil.

Eu agradecia, tentava ver sempre o auxílio de Deus. Eu via nas pequenas coisas as mãos do Pai me ajudando e segui em frente.

Depois de dez anos, foi que arrumei um bom emprego e ganhei bem melhor. Consegui comprar uma casa e os meus filhos se tornaram rapazes estudiosos.

Eu nunca me esqueci do esposo que morreu atropelado e muitos anos depois, já velha, encontrei com ele deste lado. Como Deus é maravilhoso!

Meu marido estava do mesmo jeitinho. Ele falou que via a gente de longe, ele orava por nós, enviava bons pensamentos para me inspirar, para eu não perder a coragem e deu tudo certo.

Quando é que eu ia imaginar que ele estava tão perto de nós?

A gente fala que acredita em Deus, mas no fundo morre de medo da vida. Se a gente acreditasse de verdade, não se afligia com a dificuldade. Só seguia em frente.

MARIA DO SOCORRO  

04/07/2021 

               

                      


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