“QUEM TEM IRMÃO, FORTALEÇA SEUS LAÇOS DE AMOR. IRMÃO É PARA SEMPRE!”
Seria bom se tivesse sido diferente. Nosso relacionamento poderia ter sido
de fraternidade.
Pensando bem, sempre fomos bem parecidos, mas nossos pais insistiam em
nos colocar como competidores dentro do lar. Eu estava em desvantagem, bastava
ser mulher, todas as condições me desfavoreciam e ele foi o filho aguardado, o
varão tão esperado por nosso pai.
À medida que íamos crescendo, ficava cada vez mais evidente a predileção
por Otávio e nossa rivalidade dentro de casa, disputando tudo, inclusive a
atenção de nossos genitores. Eu não suportei ser comparada, menosprezada,
diminuída diante de todos. Eles queriam cuidar da minha vida e fazer escolhas
por mim. Acreditavam que tinham conhecimento de onde estava minha felicidade e
escolheram marido. Eu não aceitei me casar com o pretendente deles e tive que
ouvir que nunca receberia a herança porque era mulher. Tudo estava destinado a
ser do meu irmão. Aquilo foi um choque pra mim. No fundo eu sentia muita
inveja.
Tentei esconder, mas eu tinha ciúmes, sempre tentei representar o mesmo
que ele, mas me viam como um estorvo e alguém que podia causar problemas ou
humilhações sociais.
Depois daquilo eu fui embora. Com medo de fracassar, com medo de
precisar retornar pedindo abrigo, mas ainda assim, com meu orgulho ferido, saí.
Busquei independência e reconhecimento fora dali, onde eu era alguém que vivia
à sombra de Otávio.
Anos se passaram, meus pais nunca me procuraram, mas um dia, recebi o
telefonema de meu irmão. Ele dava más notícias, afirmando que meu pai tinha
falecido e que mamãe estava muito doente, ele precisava de mim porque não sabia
mais suportar tantas provações sem apoio de ninguém.
Eu voltei, no fundo, sempre esperei que alguém me procurasse. Eu só
precisava de um motivo para regressar.
Eu me envolvi com meu irmão de uma maneira inacreditável. Ele precisava
de mim e eu dele. Conversamos e pedimos desculpas. Só ele me compreendia
porque, cada um de nós, sentiu de um jeito, mas nós conhecíamos nossos pais.
Somente nós dois tínhamos conhecimento do que era viver naquele lar de disputas
e predileções, onde cada um tinha que ser o melhor de alguma forma.
Ele dizia que os filhos não têm que saber quais são os prediletos para
os pais. Se isso existe, deve ficar oculto, pelo bem da família. Os pais não
devem estimular a competitividade, a agressão, os ciúmes. Devem estimular a
concórdia e a união para que os filhos possam se apoiar sempre.
Quando nossos pais envelheceram precisaram de nós e nós precisamos um do
outro, mas por causa da maneira que nos separaram, pouco a pouco, eu fiquei
sozinho cuidando deles e você se sentindo rejeitada. Ambos sofremos a ausência
um do outro — disse ele.
Na senilidade dos pais, os filhos podem se amparar. Os irmãos sabem como
foi receber os cuidados dos pais, apenas eles podem reconhecer o que se passava
entre as paredes do lar, por isso, é fundamental que os pais estimulem a boa
convivência entre os irmãos.
Estes seres que conviveram no mesmo lar, devem se apoiar também quando
os pais faltarem. Devem saber que poderão contar, sempre, uns com os outros.
Entre eles prossegue o laço de união que os gerou. É o prosseguimento do amor
dos pais.
Eu precisei ouvir tudo isso do meu irmão para desejar voltar no tempo e
me arrepender por ter cedido ao meu orgulho quando decidi abandonar o nosso lar
e renunciar meus laços de família.
Quem tem irmão, fortaleça seus laços de amor. Irmão é para sempre!
IRENE
28/05/2023
---Paula Alves—
“COMPREENDO QUE TIVEMOS A OPORTUNIDADE DE CONVIVER
NA MESMA CASA E APRENDERMOS A NOS AMAR”
Eu vi a maneira que meu pai olhou para ele, o primogênito. Eu nunca
achei engraçado a forma como ele se expressava, olhando para aquele filho que
debochava dele pelas costas.
Meu irmão sempre foi um fanfarrão, alguém que se aproveitava da
influência familiar para ter contatos e fazer boas transações sociais. Eu via a
vida que ele levava e não aprovava. O que ele faria com o nosso patrimônio?
Mas, meu pai não ligava para os outros filhos. Ele podia ter tido,
apenas um. A revolta foi tomando conta de mim. Meus irmãos nunca perceberam a
ameaça que o primeiro filho representava. Eu precisava fazer alguma coisa.
Aos poucos, a ira foi tomando conta de mim e eu arquitetei um plano de
vingança que jamais poderei me livrar. Eu tramei a morte do meu próprio irmão.
Fiz tudo muito bem planejado, eu o envenenei. Nunca perceberam porque eu não
gritava, não demonstrava qualquer tipo de inveja ou rivalidade. Fiz tudo e
ainda estive comovido diante do caixão.
No fundo, estava satisfeito com a partida dele, o meu rival. Mas, vi a
mãe em frangalhos. Meu pai pareceu adoecer naquele dia. Nunca mais foi o mesmo,
parece ter perdido a alegria de viver.
Com a morte de meu irmão e a doença do meu pai, eu tive que tomar todas
as decisões e notei o quanto era despreparado para a tarefa. Meus
arrependimentos começaram dali em diante. A falência chegou poucos anos depois.
Com isso, o agravamento do estado de saúde de meu pai, o seu desencarne de
tanta tristeza.
Eu precisava trabalhar, assim como os outros irmãos, mas não sabíamos
pegar no batente. Nossa vida foi decaindo e fomos parar na sarjeta. Tudo
castigo em decorrência da falta de amor e piedade fraternal.
Tudo foi uma ruina. Eu padeci em vida e depois da vida. Sofri horrores
para padecer o sofrimento que provoquei ao irmão de sangue. Hoje compreendo que
tivemos a oportunidade de conviver na mesma casa e aprendermos a nos amar.
Deixando para trás os desentendimentos, as trapaças e crimes do passado. Mas,
eu não pude superar e o exterminei. Acabei com a nossa família.
Eu me arrependo tanto que recebi a permissão de retornar como seu irmão
novamente. Eu espero não fraquejar. Colocar em prática a amizade e união que
deve envolver os irmãos. Que Deus possa nos amparar.
JONATAS
28/05/2023
--- Paula Alves-----
“ESTAR ATENTOS DIANTE DAS NECESSIDADES DAQUELES QUE
VIVEM SOB O MESMO TETO PORQUE A MAIORIA DE NÓS SABE AJUDAR FORA DE CASA”
Foi como um punhal atravessando o meu peito. Eu fiz tudo por ele. Tive
esperança de que meu irmão largaria aquela vida de vício.
Em cada momento, todas às vezes, que eu sabia que ele estava jogado na
rua ou estava em perigo, era doloroso e angustiante.
Eu fazia, inicialmente, por nossos pais, para que eles não se
desgastassem na procura daquele ser que tanto amavam. Seria muito desesperador
ver um filho inconsciente ou profundamente modificado por causa das drogas,
então, eu tentava resolver tudo sozinha como quem cuida de um filho, mas ele
era meu irmão.
Muitos se espantavam dizendo que eu não devia desperdiçar minha vida
correndo atrás dele, um drogado, mas eu o amava. Para mim, era o meu irmãozinho
mais novo. Eu ainda me lembrava das suas travessuras, dos momentos em que
brincávamos unidos e felizes. Eu queria tanto que ele se superasse e fosse
feliz.
Mas, meu irmão estava doente, muito envolvido com as drogas. Eu estava
perdendo as esperanças. Sabe quando você parece não ter mais forças? Eu orava,
pedia para Deus me sustentar para que eu não desistisse dele, mas eu não
aguentava mais.
Será que a pessoa não percebe nossos esforços? Será que não percebe a
nossa dor? Aquele ente tão querido precisa ser tão egoísta que não enxerga as
necessidades alheias?
Mas, eu estava ali e Deus me sustentou tanto que enviou uma alma boa que
indicou uma internação. Naquela época, era tão cara, mas eu recebi a
assistência de um doador anônimo e consegui internar meu irmão. Ele disse que
não ia me perdoar por estar mantendo-o numa prisão, no ato, ele não conseguiu
perceber minhas intenções, achou que era um castigo estar ali. Mas, o tempo
passou, ele melhorou e se transformou.
Acho que eu não reconheci meu irmão, assim que o vi. Ele estava
modificado. Estava em paz sem os efeitos da droga. Ele conseguiu se recuperar e
melhorou seu estado de vida. Conseguiu emprego e formou família. Eu nem sabia
que meu irmão era tão incrível.
Um dia, depois de muitos anos, nós já estávamos numa idade avançada com
nossos filhos e netos, ele me agradeceu. Disse que não sabia o que teria sido
dele sem aquele tratamento. Informou que teve uma vida muito feliz e era grato
por eu ter sido uma irmã que nunca desistiu dele. Meu irmão reforçou a ideia de
que nós precisamos fazer mais uns pelos outros. Estar atentos diante das
necessidades daqueles que vivem sob o mesmo teto porque a maioria de nós sabe
ajudar fora de casa, é bondoso para os colegas de trabalho e conhecidos,
enquanto os familiares vivem esquecidos ou são maltratados.
Eu gostei de saber que fui uma boa irmã, mas na realidade, naquela
época, eu só fiz o que sabia ser uma obrigação da minha parte. Eu não podia
deixar que ele se perdesse de nós, simplesmente porque ele era o meu irmão.
BETÂNIA
28/05/2023
---Paula Alves--
“SE NÓS SOUBÉSSEMOS APRECIAR O QUE CADA PESSOA TEM
DE BOM...”
Sempre foi muito mais que irmã. Ela foi uma amiga, confidente,
apoiadora. Eu jamais vou esquecer.
Eu não pude acreditar, chegando aqui, que se tratava da mesma criatura
que me causou tantos problemas em vidas passadas. Como Deus é maravilhoso e
permite que nos reencontremos no mesmo lar para formarmos laços de afinidade e
desenvolvermos o amor.
A Iara foi minha irmã mais velha e sempre foi próxima de todos os
irmãos. Ela não foi cordial, apenas comigo. Eu creio que ela viveu para a
família. Abdicou de se casar e ter filhos para ficar sempre ao nosso lado, se
dedicando aos nossos pais, sendo nossa conselheira.
Minha irmã soube que eu não queria me casar com o homem que pediu minha
mão. Eu queria estudar e ser alguém importante, não estava nos meus planos
formar família, mas meu pai incentivou dizendo que ele cuidaria bem de mim.
Minha irmã buscou conhecer a família do meu futuro marido e quando descobriu
que o pai dele era um homem ríspido com a esposa, falou com nosso pai e
esclareceu que eu podia não ser tão bem tratada. Ela sempre tinha algo
convincente, sábio e humano para dizer. Era ela quem colocava juízo nas cabeças
de todos nós.
Depois de algum tempo, eu me apaixonei e desejei me casar, ela me apoiou,
me ajudou em tudo, esteve ao meu lado nos cuidados com meus filhos e netos,
sempre comigo.
Acho que ela foi a mulher mais preciosa que já esteve em meu caminho,
por incrível que possa parecer, até mais que nossa mãe.
O fato é que, eu sempre senti que ela podia ter sido mais feliz e eu me
senti responsável por ela não ter tido família porque parecia que sempre
tomamos o seu tempo. Existem pessoas que fazem sacrifícios sem perceber, esta
foi minha irmã.
Ela aproveitou todo tempo que tivemos juntos, todos na família
consideraram sua liderança, senso de justiça e apoio. Ela foi fundamental no
nosso desenvolvimento porque não permitiu que nenhum de nós se perdesse nas
ilusões do mundo.
Se nós soubéssemos apreciar o que cada pessoa tem de bom... Aceitar suas
limitações e aprender com suas qualidades... O lar seria uma escola muito mais
produtiva. Eu aprendi muito com minha irmã. Espero ter outras ocasiões em que
possa realmente demonstrar todo o bem querer que nutri por ela. Gratidão.
LUZIA
28/05/2023
“O AMOR DE MÃE É
ALGO EXTRAORDINÁRIO, MAS DEVE SER DOSADO PARA NÃO BLOQUEAR O DESENVOLVIMENTO DO
FILHO”
Eu me sentia sufocado com aquela
maneira de amar. Me esquivava, tentava fugir. A nossa casa era uma prisão.
Desde pequeno, foi como se ela
tentasse deixar bem claro o quanto o mundo era perigoso demais. O quanto eu era
indefeso e insensato. Ela sempre tomou todas as decisões.
Eu fui muito ridicularizado. Recebi
todo tipo de apelido por viver na “barra da saia da mamãe”. Eu sentia medo
longe dela.
Passei a me constranger demais longe
dela. Acredito que, sem querer, minha mãe me transformou num covarde diante da
sociedade. Eu não podia nada sem ela.
Fraco de caráter, dependia da mãe
para tudo. No início, aquilo não me incomodava, mas o tempo passou e eu tive
necessidades sociais. Desejei formar família, conhecer pessoas e minha mãe
brigava, esbravejava dizendo que eu não sabia reconhecer as pessoas, seria
enganado e abusado.
Eu sempre ouvi minha mãe, acreditei
nela como a pessoa, a única pessoa que me amava e desejava o meu bem. Isso me
impediu de ter relacionamentos, amigos ou namoradas.
Senti um grande vazio, solidão,
tristeza. Um dia, estava no metrô, me encaminhava de volta ao lar quando um
senhor, parecendo ler meus pensamentos, perguntou por que eu permitia que as
pessoas decidissem a minha vida. Eu estranhei, ele falou que eu parecia muito
com ele na juventude. Nós conversamos por longo tempo, contei minha vida, ele
contou a sua. Eu me senti aliviado com aquele desabafo diante de um estranho.
Comecei a refletir diante do que ele
me falou. Eu precisava “romper o cordão umbilical”. Precisava perceber que
minha mãe e eu tínhamos caminhos distintos. Apesar, de todo amor que nos unia,
éramos indivíduos.
Eu precisava encontrar meu caminho,
independente da minha mãe. Também precisava deixar minha mãe livre para viver a
vida dela. Na verdade, nós estávamos nos aprisionando.
O amor deve ser livre, amor de doação
e entrega, nunca de posse, de angústia ou medo.
Foi difícil encontrar o caminho,
independente da mãe, mas eu consegui encontrar. Aos poucos, fui saindo de casa,
conheci pessoas, fiz amigos, namorei. Sempre com impedimentos que minha mãe
colocava, cheia de chantagens emocionais e dramatizações, mas eu prossegui.
Depois de um tempo, me acostumei com
o jeito dela e fui levando com calma e paciência. Conheci uma boa mulher e me
casei. Ela não foi uma boa sogra, mas minha esposa soube respeitar o jeito
dela.
O amor de mãe é algo extraordinário,
mas deve ser dosado para não bloquear o desenvolvimento do filho. As mães devem
sempre questionar se estão permitindo que os filhos cresçam e progridam em seu
caminho. Se elas forneceram o suporte psíquico e emocional para que façam boas
escolhas. Se permitiram que desabrochem para a vida e para o convívio social. A
mãe deve saber o real objetivo de sua missão, entregar o filho à Deus melhorado
e, antes de tudo, reconhecer que seu filho é também seu irmão, mais um filho de
Deus.
FERNANDO
20/05/2023
----Paula Alves—
“ÀS VEZES, É MELHOR FICAR POR PERTO OUVINDO ACUSAÇÕES DO QUE DISTANTE E
REMOENDO MÁGOAS”
Eu não queria nada daquilo. Nunca
desejei aquelas possibilidades de sucesso.
Minha mãe foi frustrada em sua vida e
eu sempre ouvi que a culpa era minha porque ela engravidou e não pode realizar
seu sonho em ser médica.
Com isso, fui estimulado, desde
pequeno, a cursar medicina. Mas, meu negócio mesmo era com as artes. A pintura
me tocava as fibras íntimas. Eu fui um sonhador, idealista, pensador.
Daqueles que acreditam na liberdade
de expressão. Das raras pessoas que desejam viver o que sentem, sem a
preocupação com a ostentação e os direitos de casta. Foi difícil para mim,
perceber que ela me via como um espelho. Eu representava para ela, a maneira de
revelar para a sociedade que algo deu certo em sua vida.
Com o meu progresso e desempenho, ela
podia mostrar para todos que realizou um excelente trabalho como mãe e que tudo
teve sentido em sua vida, mas apenas, se eu fosse bem sucedido, ou seja,
médico, rico e bem casado.
Eu não queria ser um médico rico. Não
fazia o menor sentido para mim. Isso fez com que tivéssemos brigas terríveis e
eu me sentisse muito mal porque eu amava minha mãe. Teria feito isso por ela,
se não me sentisse tão infeliz.
Eu queria que ela tivesse percebido
que eu recusei aquela vida, mas não para afrontá-la e sim porque eu desejava
ser quem sou, do meu jeito, com a minha essência.
Por que nós temos que ser como as
pessoas desejam? Por que não podem nos aceitar como somos? Cada um de nós com
uma característica marcante, cada um com um intuito, uma voz, um dom. Eu queria
mostrar minha arte, viver da minha arte e ser feliz com ela. Eu não tinha dom
para doentes e nem para lidar com dinheiro. Quis uma vida simples e tranquila.
Minha mãe nunca aceitou quando eu sai
de casa. Ela nunca aceitou meu estilo de vida e disse que eu tinha morrido para
ela porque não fui capaz de honrá-la, mas até que ponto, os pais estão sempre
certos?
Eu vivi com um buraco no peito.
Qualquer um diria que eu nunca me importei com aquela separação, mas não houve
um dia sequer, um dia em que eu não me lembrasse dela. Mãe e pai são sempre muito
importantes e traumáticos. Fazem toda a diferença diante do nosso olhar para a
vida.
Eu me desliguei da minha mãe para
seguir os meus objetivos de vida, mas me arrependo porque sempre senti sua
falta. Às vezes, é melhor ficar por perto ouvindo acusações do que distante e
remoendo mágoas.
VINICIUS
20/05/2023
--Paula Alves---
“POR TRÁS DAS
OSTENTAÇÕES, CADA UM DE NÓS, TEVE A SUA CARÊNCIA JUSTIFICADA NA AUSÊNCIA DE
NOSSOS GENITORES”
Fria! Ela não parecia ter sentimentos
por nós.
Sempre ouvi falar do amor de mãe, mas
será que todas elas têm este amor?
Eu me questiono diante do que minha
mãe expressava por nós. Ela era linda, rica, bem cuidada, bem amparada por
nosso pai que fazia tudo por ela.
Lembro de sempre vê-la penteada e
maquiada, jamais com roupas amarrotadas ou desenxabida. Ela foi um exemplo da
mulher social, com boa postura e requinte.
Tínhamos babás, ela nunca suportou
choro ou correria pela casa. Não se sujou com gorfos de bebês, nem trocou
fraldas, tinha funcionárias para isso. Minha mãe nem sabia o que os bebês
comiam, nunca deu banhos ou arrumou os cabelos das meninas.
Distante, calada, parecia estar
cumprindo um dever em procriar. Precisava dar continuidade à linhagem do esposo
e mais nada. Fomos três irmãos órfãos porque nossos pais não nos queriam por
perto.
Sempre limpos e arrumados, mal
podíamos andar pela casa. Foi uma triste vida de menino rico. Sem afeto ou
risos. Eu morria de medo dela. Sempre sorridente para as visitas, mas de
sobrancelhas cerradas para nós, melancólica.
Eu acho que ela não queria ser mãe.
Não queria aquela responsabilidade. Cresci, fui estudar num colégio interno e
me senti ainda mais indesejado.
A companhia de minhas irmãs era um
bálsamo. Abençoada oportunidade tivemos de ter uns aos outros porque, apenas
nós, sabíamos o que se passava em nossa família. Por trás das ostentações, cada
um de nós, teve a sua carência justificada na ausência de nossos genitores.
Quando estávamos juntos, éramos muito
unidos. Isso foi bom! Nos afeiçoamos e compartilhamos nossa tristeza por sermos
indesejados.
Voltamos para casa formados. Ela
gostou de nos apresentar à sociedade, buscar cônjuges, nos encaminhar a bons
empregos, como se fizesse parte da sua incumbência difícil. Ela fez tudo o que
pode.
Cada um tomou sua decisão, sem
permitir que eles dominassem nossas vidas. Um pouco de revolta, outro pouco de
afronta, queríamos revidar, mostrar que estávamos crescidos para permitir que
decidissem por nós.
Saímos dali determinados a nunca mais
voltar, mas o sangue fala mais alto. Sempre estávamos por perto. Mas, nunca
tivemos aquele amor. Foi tudo por obrigação e isso foi triste, uma perda de
tempo. Eu só tenho a lamentar.
VICTOR
20/05/2023
--Paula Alves—
“QUE POSSAMOS
VALORIZAR TODA FORMA DE APRENDIZAGEM E COLOCAR EM PRÁTICA DE MANEIRA POSITIVA,
APESAR DE NOSSAS DORES ÍNTIMAS”
Eu pensei que fosse coisa da minha
cabeça. Levei anos me afligindo, imaginando que estava com algum problema
psíquico por imaginar que minha mãe estivesse disputando comigo.
Meu pai chegou a insinuar e quase foi
agredido por ela. Numa ocasião em que estávamos nos aprontando para uma festa
familiar, ela disse que não permitia ser velha perto de mim. Ela ficou muito
irritada quando as pessoas começaram a dizer o quanto eu estava bonita e mais
alta do que ela. Falaram com gracejos dizendo que a fase da formosura havia
passado para ela.
Minha mãe se transformou numa
madrasta e papai disse que as mulheres estavam sempre competindo, não importava
que fossem mãe e filha. Mas, eu não queria competir com minha mãe, eu queria
que fossemos amigas e confidentes, eu queria o apoio dela naquela fase de
mudanças e decisões.
Minha mãe estava muito nervosa, dizia
que era mudança de fase, o que chamam hoje de mudança hormonal. Ela falava que
estava com questões pessoais mal resolvidas, se achando feia e gorda, enquanto
eu, exibia o melhor de mim, toda suavidade da juventude, a leveza dos primeiros
anos como mulher. Ela se comparava comigo, apesar de sua maturidade e
experiência.
Aos poucos, ela se recusou em sair
comigo. Não queria mais que eu estivesse nas festas, argumentava dizendo que eu
precisava estudar e não seria bom chegar tarde. Mas, meu pai dizia que ela
tinha ciúmes e inveja de mim.
Eu entendia, nunca liguei, mas a
coisa se complicou quando meu pai permitiu que eu namorasse em casa. Ela se
insinuou para o rapaz e foi muito constrangedor. Eu surpreendi minha mãe se
insinuando para o meu namorado. Naquele dia, todo o respeito que eu ainda tinha
por ela, desapareceu. Desejei estar num pesadelo e ter uma mãe amorosa ao meu
lado.
Todos querem uma mãe. Alguém que seja
compreensiva e amiga, leal e delicada para perceber quando precisamos
conversar, tirar dúvidas, seguir por um caminho de confiança. Eu não tive esta
mãe. Talvez, porque não tenha sido boa filha em outras existências, eu a atraí
porque não existem erros na Lei, não existem castigos sem razão de ser. Eu
entendo, mas naquela época, foi o meu martírio.
Muito tempo passou, eu me casei e
tive uma filha. Em cada momento, eu me lembrei de minha mãe. Do nosso
relacionamento e desentendimentos. Eu formulei para a nossa relação algo
diferente em razão do que vivenciei com ela.
A história que construí com minha
filha foi bem diferente. Fomos amigas leais, confidentes, inseparáveis. Eu
gostei muito de poder viver um amor tão grandioso e gratificante usando como
base o relacionamento tóxico que tive com minha mãe. Eu aprendi muito.
Tudo o que acontece em nossa vida é
favorável pra o nosso crescimento. Que possamos valorizar toda forma de
aprendizagem e colocar em prática de maneira positiva, apesar de nossas dores
íntimas.
MICHELE
20/05/2023
---Paula Alves--
POR QUE COMETEMOS TANTOS ERROS?
Naquela época, era apenas, mais um momento de uma vida agitada. Nem parecia especial, mas quando me separei de todos, eu a desejei.
Desejei retornar no tempo onde éramos felizes e estávamos unidos.
Eu consegui me lembrar dos menores detalhes, das palavras e olhares, eu retornei e revivi. Senti saudades de todos e desejei que estivessem comigo e que eu tivesse sido uma pessoa bem melhor.
Por que cometemos tantos erros? Por que permitimos que as pessoas se afastem de nós?
Não foram eles, fui eu. Sempre controladora, impulsiva, eu queria moldá-los. Fiz de tudo para que os meus desejos fossem respeitados e para que minhas vontades fossem supridas. Eu fui egoísta, não percebi que eles eram diferentes de mim, haviam crescido e também tinham perspectivas. Eu os sufoquei.
Primeiro, foi meu esposo que encontrou em outra mulher a atenção que eu não dava, depois foram meus filhos. Eles tinham mais alegria fora de casa, eu era insuportável — diziam.
Chorei sozinha. Eu não compreendia que não me fiz amar. Eu não permiti que as pessoas encontrassem a paz ao meu lado, eu não pude permitir que eles me vissem como uma mãe amorosa e dedicada. Chorei e não gostei da solidão, da casa que ficou ainda maior e fria. Eu estava muito infeliz vendo as fotos de um tempo em que eu era importante para eles.
Todos me solicitavam, pediam por mim, eles me amaram?
Eu não servia mais como mulher, esposa e mãe. Não sabia qual era a identidade que me definia porque eu não via sentido em ficar sozinha, sem viver com eles a vida não tinha sentido. Chorei.
A tristeza fez parte de mim, por chantagem emocional parei de comer e abandonei os cuidados diários. Eu tinha esperanças de comovê-los e de que viessem me procurar, estivessem comigo, mas eu realmente adoeci e eles não me procuraram.
Até que o corpo ficou em frangalhos e padeci. Quando o desencarne chegou, me dei conta das lamentações e de quantos existem como eu. Pessoas tolas que não encontram o sentido da vida e se escoram em algo ou alguém. Dedicam suas vidas a tudo o que é perecível e acabam sem nada. Eu estive errada o tempo todo.
Nunca me dediquei ao desenvolvimento de mim mesma. Eu não evoluí. Não me encaminhei no progresso, nem fui útil. Eles me deixaram, me descartaram e eu me vi vazia e abandonada, tentando me agarrar às cenas do passado, mas foram momentos que ficaram para trás e eu tenho que objetivar o presente saudável com enriquecimento pessoal.
ESTELA
07/05/2023
---Paula Alves—
“A PIOR ESCOLA DA VIDA É O DESGOSTO”
Aqueles animais me irritavam porque nunca foi a vida que sonhei.
Eu queria ter estudado, me tornado médico, ter tido perspectivas de desenvolvimento e prosperidade, mas aquela família miserável só me permitiu tratar dos cavalos.
Sem estudo e boas condições financeiras, o que sobrou foi ser peão.
A pior escola da vida é o desgosto. Fazer tudo por obrigação, contrariado, é terrível. Não tem razão para sorrir ou ser bem-humorado, grato. É só indignação! Eu tinha que descontar meu desagrado em alguém e sobrava para os animais.
Demorei para conseguir me colocar no lugar deles e entender a covardia.
Existem muitos como eu. Pessoas recalcadas e maldosas, egoístas e covardes que descontam sua revolta em seres indefesos como animais, crianças ou idosos. Acham que podem ser cruéis porque são imbatíveis, nunca serão pegos, mas existe uma multidão de testemunhas observando todos os atos criminosos. Sempre tem alguém olhando.
A espiritualidade sabe o momento oportuno de fazer o culpado se curvar pedindo perdão, tentando a todo custo ressarcir seus atos delituosos.
Por menor que seja a infração à Lei, nunca ficará sem a corrigenda necessária. É, desta forma, que todos se emendam e que as pessoas mudam, por isso, não devemos pensar que os maus serão mais para sempre porque a Justiça Divina colocará, no céu ou na Terra, situações de sofrimento e dor que tocarão suas fibras mais intimas, sentirá na pele a dor e o constrangimento que tenha causado e, assim, se modificará, não pela indulgência, mas pelo padecimento moral recíproco.
Por isso, naquela manhã, após ter maltratado tanto os cavalos, eu recebi minha punição. Naquela época, eu não pude perceber um Espírito trevoso que me perseguia, eu não vi quando ele instigou o cavalo a me dar o coice exatamente naquele local.
Eu caí e bati as costas na escada, fiquei paraplégico. Decorreu daí minha punição, precisei de diversos cuidados, sofri o abandono e a discriminação.
Eu fui humilhado e maltratado. Consegui passar por fases tão terríveis que me fizeram refletir sobre o sentido da vida e da necessidade de passar por tudo aquilo. Eu me vi como realmente sou e não gostei do que vi.
Em vida, não tive argumentos para uma modificação franca, mas deste lado, recebo o socorro almejado. Já estou dando os primeiros passos e estou me tornando mais educado e grato pela assistência que tenho recebido.
Falta muito para me transformar numa pessoa do bem, mas não desejo nunca mais produzir o mal.
SALUSTIANO
07/05/2023
--Paula Alves—
“EU ME TORNEI UMA PESSOA MELHOR QUANDO ME RECONHECI COMO MÃE”
Eu queria progredir, ter uma casa boa, fazer boas viagens, ver o mundo.
Eu sempre trabalhei tanto, por que não podia ter uma vida confortável?
Falei para o meu esposo que ele precisava se esforçar, ter um cargo melhor para alcançarmos boa posição social. Eu também me esforcei e estávamos conseguindo até que eu engravidei.
Aquela barriga me fazia passar tão mal, eu fiquei irada com a situação que anulava meus objetivos de vida. Nunca pensei em ter filhos. Eu não tinha vocação para maternidade. Pensei seriamente, por que Deus tinha feito isso comigo, concedendo filhos para uma mulher como eu: fria e calculista.
Eu só pensava em mim e nas minhas necessidades, não tinha amor para doar à criança que seria concebida.
Até pensei em tirar, mas seria cruel demais. Pensei em entregar para adoção, mas meu esposo fazia planos, estava encantado. Os familiares já escolhiam os nomes, me paparicavam, a criança já fazia parte da família.
Eu me desesperei. O que seria de mim quando a criança nascesse? O que eu faria? Ora, todos sabem que no final, o filho é da mãe. Tudo sobra para a mulher, todas as responsabilidades e trabalho exaustivo.
Meu esposo percebeu e tentou apaziguar a situação se comprometendo em ajudar e encontrou uma babá que ficaria com o bebê para que eu voltasse ao trabalho o mais rápido possível.
Eu sabia que não seria fácil, mas continuei trabalhando e tentando me acalmar diante da problemática.
Quando chegou o dia, parecia que eu tinha nascido para parir, simplesmente dilatei. O parto foi rápido, sem grandes sofrimentos. Mas, quando ele chorou, dentro de mim tudo mudou. Parecia que estava despertando algo adormecido há muito tempo.
Ele me foi entregue e eu o cheirei, me lembro perfeitamente da sensação mais maravilhosa que tive. Como se aquele ser me completasse e fornecesse o bem estar que procurei em toda parte.
Eu me tornei uma pessoa melhor quando me reconheci como mãe. Os pensamentos corriam ligeiros e eu me dei conta da importância que fiz de todas as coisas e do quanto fui imatura, ridícula. Compreendi o que estava vinculado à verdadeira felicidade e que eu nunca encontraria o amor em viagens ou bens materiais, mas eu descobri o amor com o meu bebê nos braços.
Eu pedi perdão a Deus mil vezes e o agradeci por ter se lembrado de mim. Por Ele ser o Pai mais amoroso que ensina os filhos com momentos tão enriquecedores.
Desbloqueei meus sentimentos com meu filho e tive outras três crianças. Sabendo de todas as limitações e impedimentos financeiros, compreendendo que não teríamos tudo para sermos felizes, ainda assim, eu os desejei e tive comigo cheia de gratidão.
A família é o bem mais precioso.
ESTER
07/05/2023
-----Paula Alves---
“TODA MINORIA SOFRE POR DISCRIMINAÇÃO, MAS AS PESSOAS DEVEM LUTAR POR SEUS OBJETIVOS”
Eu não queria mais ser cuidada e ficar parada vendo a vida passar.
Depois de todos aqueles anos recebendo o auxílio da minha mãe, eu precisava me mover na vida.
Nasci com limitações físicas importantes, fui cadeirante, sem qualquer expectativa de caminhar. Tive a sorte de ter uma família bondosa que cuidou bem de mim, mas na adolescência, o desejo de ser útil me fez sair em busca da realização de sonhos.
Desejei estudar em escolas e me tornar advogada. Quis estar a favor da Lei diante dos injustiçados.
Fui muito ridicularizada e menosprezada. Toda minoria sofre por discriminação, mas as pessoas devem lutar por seus objetivos.
Em toda parte, encontramos pessoas boas, seres que nos encorajam e abençoam a nossa existência. Tive bons amigos e a vida se tornou colorida. Fui muito feliz pela oportunidade de sair de casa e buscar o meu espaço.
Acredito que não tenha nada mais desagradável do que reconhecermos que podíamos estar fazendo coisas proveitosas e não estarmos fazendo nada por medo ou vergonha de quem somos.
Eu não podia ser diferente. Eu não podia andar, mas meu raciocínio era lógico e integral, eu tinha potencial e me esforcei para conquistar o desenvolvimento intelectual que me permitisse atuar. Consegui!
Tudo dá trabalho. Carece dedicação, perseverança e empenho, mas foi muito gratificante concluir.
Receber aquele canudo foi a realização da minha vida porque foi como vencer a mim mesma.
Vencer minhas limitações e me posicionar diante das pessoas como alguém útil e capaz. Esta vida foi muito produtiva para mim. Gratidão!
IVONE
07/05/2023
--Paula Alves--
“OS ANIMAIS TAMBÉM ESTÃO EM JORNADA EVOLUTIVA E PRECISAM CONVIVER COM OS
HUMANOS PARA AVANÇAREM E MUDAREM DE REINO”
Eu cuidava dela com
todo o meu amor. Compreendo que tenha pessoas que não entendam o sentimento que
eu nutria por Pepita, mas dentro de mim existia afinidade e carinho, respeito e
amizade.
Ela estava comigo
há muitos anos e já apresentava fraqueza decorrente da idade avançada. Eu me
preparava para dias dolorosos e consultei a veterinária. Ela disse que minha
cadelinha precisava de exames para sabermos o que ela tinha, mas parecia uma
doença complexa. Quando recebi o resultado do exame me apavorei. A médica
informou que não havia muito a fazer, ela devia ser sacrificada.
Eu chorei muito,
não queria fazer isso com a Pepita. Eu pensava que todos nós temos o dia certo
para nascer e para morrer. Nossa vida está nas mãos de Deus, independente se
somos humanos ou animais. Eu devia escolher o que seria feito da vida dela, eu
não era Deus.
Conversei com meus
familiares. Alguns eram a favor do sacrifício, justificando que aliviaria o
sofrimento dela e que eu não teria que gastar com os tratamentos inúteis. Mas,
eles estavam enganados. Ela não reclamava com dor, não gemia, não tinha mudado
sua rotina, brincava e fazia gracejos. Se eu tivesse que gastar tudo o que eu
tinha para tê-la ao meu lado por mais uns anos, teria feito todo o possível com
alegria.
Outros, diziam que
eu devia viver com ela todo o tempo que fosse permitido. Dar todo o carinho que
eu tivesse, curtir a convivência dela.
Foi o que fiz.
Entendi todos os motivos que a veterinária me deu para consumar o sacrifício,
mas preferi viver com ela até o final e foi inesquecível. Eu recebi muito afeto
daquela cadelinha.
Chegando deste
lado, fui informada que aquele contato foi imprescindível para nossa evolução.
Eu não sabia o que era nutrir sentimentos sinceros. Vim de uma vida onde fui molestada,
humilhada e agredida por meus familiares. Eu sofri do abandono e insultos no
lar. Perdi a confiança nas pessoas e não queria me relacionar amorosa, nem
familiarmente. Eu não quis me casar ou ter filhos. O contato com os animais me
tornou uma mulher mais alegre e delicada. Eu consegui desbloquear meus
sentimentos mais íntimos através da Pepita e dos outros animais que moravam
conosco.
Para a Pepita
também foi importante porque os animais também estão em jornada evolutiva e
precisam conviver com os humanos para avançarem e mudarem de reino. A Pepita
conseguiu ascender tanto que conseguiu fazer a transição para o reino hominal.
Eu achei incrível. Não tinha imaginado que acontecia desta maneira e que eu
pudesse contribuir com a forma que vivíamos. Em meu lar éramos como verdadeiros
irmãos.
Eu sabia que podia
confiar neles e que receberia o afeto necessário para suportar as adversidades
da vida. Eles me bastavam. Eu conversava com eles e sentia que se expressavam.
Eu conseguia compreende-los. Mas, não podia falar abertamente com ninguém
porque as pessoas podiam achar que eu estava ensandecida (risos).
Nós precisamos ser
indulgentes com nossos irmãos – animais. Cuidados e atenção são indispensáveis
para a evolução recíproca.
JANAINA
01/05/2023
--Paula Alves--
“NINGUÉM TEM ESTE TEMPO, MAS ELES ESCOLHERAM VIVER ASSIM, NA OCIOSIDADE,
INÉRCIA E INUTILIDADE”
Não importa o
tempo, o que importa é o rendimento, o aproveitamento do tempo.
Eu ouvi quando
disseram que foi curta minha passagem na Terra. Eles se sensibilizaram e
acharam que eu devia ter tido uma vida longa como a maior parte dos meus
familiares. Choraram e se questionaram dos motivos que eu tinha para me
arriscar naquela carreira.
Eu não penso assim,
não vejo por este lado. Todos nós recebemos uma oportunidade valiosa, da
reencarnação. Todos têm um tempo definido pela espiritualidade e devem fazer
bom aproveitamento deste tempo. Utilizar cada dia para progredir e realizar o
que foi proposto. Algumas pessoas não se dão conta disso e perdem muito tempo
com bobagens e leviandades. Se questionam, reclamam, ficam inertes, vendo a
vida passar. É como se elas tivessem todo tempo do mundo.
Ninguém tem este
tempo, mas eles escolheram viver assim, na ociosidade, inércia e inutilidade.
Outras pessoas, sentem no íntimo do ser, uma necessidade estranha de que devem
realizar, se mover, ajudar, trabalhar ativamente porque não têm o tempo nas
mãos. Eu sempre agi assim. Fui intensa e agitada. Fazia várias coisas ao mesmo
tempo e logo alcancei a patente esperada para realizar o trabalho dos meus
sonhos.
Cada dia era
preenchido com gratidão. Eu estava muito feliz em poder servir e trabalhei
ativamente. Quase não dormia, preenchia todos os minutos. Eu conheci muita
gente, muitos lugares, me dediquei em nome da nação e senti muitas coisas
diferentes nos locais onde trabalhei. Eu me desenvolvi muito.
Foram 35 anos. Para
muitos, pode até parecer que vivi pouco, mas da maneira que vivi foi tão
intenso... Eu consegui realizar tudo o que estava nos meus planos
reencarnatórios e muito mais. Aprendi bastante e voltei feliz.
As pessoas fazem
análise da vida do outro partindo da análise da própria vida. Estão sempre
equivocados. A morte para mim foi uma mudança de plano, nada mais que isso. Eu
sinto saudades dos familiares, mas eu já estava distante deles por causa da
minha carreira. Eu já estava habituada a me mudar com frequência e me adequar
aos locais onde estava inserida.
Cheguei no plano
espiritual e precisei de assistência como a maioria dos Espíritos. Necessitei
reparar o perispírito e a consciência mental, mas logo, me inseri nos trabalhos
e me sentir útil novamente trouxe contentamento e esperança. Hoje sei que as
pessoas que gostam de trabalhar e são úteis, encontrarão espaço de atuação na
Terra ou no céu porque muito a se fazer. São muitos os necessitados e poucos
trabalhadores que compreendem a dever que deve ser cumprido.
Não importa o tempo
de serviço, mas que tenha sido bem executado.
CAMILA
01/05/2023
--Paula Alves--
“QUAL SERIA O VALOR DOS NOSSOS BENS DIANTE DO VALOR DA PRÓPRIA VIDA?”
Eu estava feliz em
poder construir aquelas paredes. Eu já havia construído muitas casas e nenhuma
foi para minha família, mas esta... Nesta casa nós seriamos felizes.
Prometi para Maria
uma casa simples, mas confortável. Eu disse que um dia, a gente não ia mais
ficar preocupado com o aluguel. Falei que ela não ia trabalhar a vida toda
fazendo faxina. Um dia, a gente ia ficar tranquilo, ter um teto era a paz que a
gente pedia para Deus.
Então, eu levantei
aquelas paredes com muito orgulho sabendo que a nossa paz estava chegando.
Mas, veio a chuva e
eu fiquei com medo. Todo mundo estava comentando da chuva e que aquele local
não era muito bom, mas foi o que meu dinheiro pode pagar. Eu estava terminando
de levantar a parede e o céu começou a ficar escuro. Eu pensei em muita coisa,
lembrei da minha infância e das dificuldades da minha família que nunca teve
casa própria. Eu comecei a pensar se valia a pena se arriscar em perder a vida
para ter uma casa.
Qual seria o valor
dos nossos bens diante do valor da própria vida? Por que tem muita gente que
aponta, mas a maioria nunca passou necessidade e nem dormiu na rua. Não teve
que pedir abrigo com criança no colo. Daí eles falam de tudo: por que foi que
arrumou criança? Ofendem chamando de miserável, nem sabem que é gente que
trabalha de sol a sol.
Eu sei que toda
vida é prova, agora eu sei. A gente tem muita coisa para aprender, rico ou
pobre, mas naquela hora eu só estava levantando a parede e vi a intensidade da
chuva. Parei tudo e vi a água ganhar força e invadir a comunidade. Pra quê
colocar a Maria para sofrer naquele lugar? Fiquei pensando na minha mulher
vendo a água entrar na casa. Era capaz dela morrer pra não sair do seu
cantinho. Eu sabia da Maria...
Larguei lá as
paredes pela metade. Larguei tudo e fui embora na chuva, no meio da água que
encheu a comunidade. Pensei tanto e cheguei em casa dizendo para ela o que me
deu na cabeça, já esperava ouvir uns xingos e ela me abraçou.
Falou que tudo na
vida que era importante para ela era eu e as crianças, mais nada. Ela não tinha
nada a perder, só a gente. Minha esposa falou que o pobre aprende a trabalhar
desde pequeno. Pobre digno é assim. Aprende a brincar na lavoura, logo tá com a
enxada na mão, catando milho e algodão. Pobre que levanta na escuridão e de pé
no chão começa a labuta. Ela estava acostumada a trabalhar, não ligava, mas
queria a família consigo.
Faria tudo pelo bem
da família. Maria me deu tanto incentivo que logo conseguimos comprar outro
terreno, muito melhor, num local mais tranquilo, de fácil acesso que não tinha
perigo de inundar.
Acho que a gente
tem que saber valorizar o que tem. Existem coisas que o dinheiro nunca vai
poder comprar, uma delas é nossa paz. Viver em paz, dormir em paz, comer em
paz, estar em paz de consciência e de atos. Isso é o mais importante.
JOSÉ
EUCLIDES
01/05/2023
--Paula Alves--
“PRECISAM OBSERVAR A COLETIVIDADE NECESSITADA E TRABALHAR PARA O BEM
GERAL”
Eu pude apreciar a
vida. Apreciar o céu e o mar. Viajar pelo mundo e apreciar as cores e sabores,
os tons e as línguas, as culturas e as religiões diversas.
Nasci numa família
onde pude me tornar filósofo e contemplar o mundo para desenvolver minhas
habilidades intelectuais. Foi fantástico!
Bendita
oportunidade de estar em lugares tão especiais e me entregar ao contato com a
natureza e espiritualidade. Eu soube apreciar, soube ser grato e mais nada.
Me concentrei tanto
na observação, na sensação que esqueci da ação. Teria sido uma vida maravilhosa
se não tivesse sido inútil. Tudo o que aprendi ficou restrito ao conhecimento
de mim mesmo. Tudo o que desenvolvi não me permitiu observar as pessoas na vida
real que tinham.
Bem perto de mim,
perdi pessoas importantes porque nunca percebi suas necessidades afetivas.
Quando falei com elas, demonstrei tanto conhecimento, num linguajar rico, vasto
e vazio, sem emoção. Sem percepção da dor alheia e das necessidades alheias. O
meu amigo só precisava encontrar alguém que fosse solidário a sua dor e que
ouvisse seus desabafos. Mas, eu estava deslumbrado com tudo o que vi e conheci
no mundo, eu queria falar das minhas descobertas, tão inútil e egoísta.
Levou muito tempo
para que eu pudesse me lembrar dele e me sentir responsável. A verdade é que no
mundo existem muitos assim. Pessoas, inclusive, que estão em posição de
liderança e devem ter olhos para ver e ouvidos para ouvir. Precisam se colocar
de lado, neutralizar suas próprias necessidades e satisfações para se entregar
aos cuidados alheios. Precisam observar a coletividade necessitada e trabalhar
para o bem geral.
Nem sempre o que
nós desejamos leva ao bem estar do próximo. Mas, todos nós estamos inseridos
neste contexto para sermos úteis para os outros. O objetivo da existência é
encontrar serventia. Se colocar numa posição onde você é imprescindível para os
outros. Onde a sua posição e os seus atos valem mais do que as suas palavras.
Onde você preenche o vazio, estanca lágrimas e move através do bem.
Por isso, que nosso
exemplo é Jesus. Porque só ele soube demonstrar com os atos o que diziam suas
palavras. Só ele soube dar demonstração realmente sincera de tudo o que
solicitava aos seus seguidores.
Toda pessoa
disposta a propagar o bem que não se move através do Evangelho pode esconder
suas reais intenções.
Utilizar o tempo e
a reencarnação, apenas na contemplação é perder tempo e oportunidade de
desenvolvimento. Devemos apreciar com ação, orar com ação, viver com
necessidade de trabalho e ação.
CLEBER
01/05/2023
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