Cartas de Março (16)

 


“QUANDO A GENTE NÃO CONSEGUE SE CONTROLAR, O MELHOR A FAZER É DEIXAR AS PESSOAS EM PAZ”

 

Ela me irritava demais. Em minha casa era tudo tão difícil, mas ela insistia em sair por toda parte mostrando uma vida maravilhosa. Ostentava, fazia de tudo para mostrar que era mais que todo mundo, como me irritava.

Mas, o tempo passou e aquela adolescente vaidosa se casou com um homem mal humorado e repressor. Eu tinha a minha vida, vendia roupas de cama, de porta em porta, com muito orgulho de ter saúde para manter a minha sobrevivência.

Ela virou minha freguesa e quando percebi me tornei sua ouvinte. Ela confidenciava seus temores e horrores para mim. Eu tentava ser simpática, mas continuava detestando aquela maneira meiguinha de ser.

 Quando me dei conta estava fazendo um papel terrível. Eu aumentava os temores da pobre coitada. Sei lá, no fundo nem era por maldade, mas eu piorava a situação dela.

Tudo o que ela me dizia, eu aumentava deveras. Falava coisas horrorosas que ouvi dizer por aí, falava da situação crítica de outras mulheres, enfim, eu causava o pânico da coitada que já vivia com medo. Eu estava tão familiarizada em aumentar o caos que nem percebia o quanto produzia o mal por onde andava. Eu não podia imaginar que estava me responsabilizando pelas paranoias dela.

Foi assim, num belo dia, ela teve uma crise e precisou ser hospitalizada. Eu fiquei compadecida e resolvi visitá-la e, para o meu espanto, dei de cara com o esposo dela.

Pasmei! O cara não era nada daquilo que a esposa pintava e, muito menos, que eu aumentava com meu despeito e maldade.

Ele era delicado e atencioso, dificilmente poderia modificar-se tanto quando estavam no lar. Ouvi o médico dizendo que ela tinha uma síndrome que a fazia distorcer a realidade, temendo o marido e outras pessoas a sua volta, ela tinha mania de perseguição, ou seja, o marido era excelente com ela, tolera tudo, ajudava, ele a amava e cuidava dela. Mas, eu...

Eu era a culpada, em parte, de sua internação, pois eu nem sabia da vida deles e plantava coisas na cabeça da coitada, eu fazia reinar o medo e a indignação na casa deles.

 ue fiz e fiquei super constrangida. Quando me dei conta até parecia que estavam me apontando, dizendo o quanto eu era má.

A verdade é que nós temos compromisso com tudo o que sai de nós. Todos os pensamentos que emanamos, todas as palavras que proferimos são responsabilidade nossa. Portanto, tudo o que eu oferto aos outros é de minha inteira responsabilidade.

Todas às vezes que eu fui maldosa e incentivei o medo, o pânico, eu me tornei responsável pelos sentimentos negativos que fiz nascer naquelas pessoas, foram diversas. Eu fiz nascer em mim, pequenos pontos obscurecidos que denunciavam a pessoa maldosa que fui e preciso me limpar de tudo isso doutor.

 Acredito que a língua venenosa é um vício. Eu ainda tenho ímpetos de falar coisas ruins, incentivando o mal, mesmo estando aqui na colônia, por isso, estou aqui há tanto tempo me tratando.

Tenho esperanças de me tornar uma pessoa melhor para reencarnar com saúde mental e física. Eu preciso recomeçar, mas preciso de higiene.

A moça melhorou bastante, principalmente depois que eu me afastei dela. Quando a gente não consegue se controlar, o melhor a fazer é deixar as pessoas em paz.

OTACÍLIA

28/03/2021

 ----------------------Paula Alves--------------------

 

“EU PODERIA TER IMPULSIONADO, MOTIVADO, DADO CONFIANÇA, FÉ E CORAGEM, MAS EU FIZ O INVERSO”

 

Eu não botava fé no garoto. Ele era muito submisso à mãe dele. Eu sempre dizia para a Vanessa não fragilizar o moleque, pois ele era homem e como tal, tinha que ser forte e determinado, mas a minha esposa o criou cheio de mimos e carinhos, eu sabia que ele era mole, não tinha condições de assumir responsabilidades.

Tudo o que fiz foi ser sincero com ele. Eu nunca quis ver o sofrimento do menino, por isso, eu dizia logo: “Isso não é pra você Renato!”

Eu nunca me dei conta de estar jogando um balde de água fria no menino, nunca. Entenda que nunca foi por mal, eu não queria que ele perdesse tempo e se frustrasse, mas o que eu não imaginei é que tudo isso faz parte da vida e molda o caráter do ser humano.

 

Tudo é necessário para o crescimento do ser e quando a gente vê o filho crescendo e saindo para viver em sociedade, ele deve se envolver com todo tipo de gente, deve ter sido preparado no lar para que este envolvimento seja saudável e produtivo, mas ele pode ter frustração, indignação e passar por tudo o que seja negativo e, ainda assim, vai aprender com tudo isso, vai servir para sua evolução.

Eu demorei para perceber que falei tanto da Vanessa, mas eu era o superprotetor e não ela.

O pior de tudo foi privar meu filho do que estava escrito nos planos dele por achar que não estava preparado. Eu falava que ele não ia conseguir, que estava muito cedo, que era bobagem, que ele podia pensar em coisas mais tranquilas, mais fáceis e que tivessem mais a ver com ele e seu jeitinho de ser. Eu falava que ele não conseguiria porque o curso de medicina era muito concorrido e ele não servia para ser médico, ele não sabia estudar para aquela carreira e era preguiçoso.

 Eu o desviei, mas o pior foi plantar na mente dele tanta coisa derrotista. Ele era um menino feliz quando pensava em ser médico, ele tinha ambições. Uma a uma, eu fui destruindo as possibilidades dele. Eu poderia ter impulsionado, motivado, dado confiança, fé e coragem, mas eu fiz o inverso, eu o transformei num medroso derrotado, antes mesmo de tentar. Ele nunca tentou.

Depois de algum tempo, toda a vontade que ele tinha de estudar morreu. Ele se tornou mesmo um preguiçoso como eu dizia, o fracasso tomou conta dele e a depressão chegou com tudo.

Culpa minha. Acho que eu olhava para ele como me vendo num espelho e me projetei no garoto né?

Coitado do meu filho, coitado de mim, coitada da Vanessa que morria de preocupação. Ela tentava dizer que ele era capaz e que teria para sempre o apoio dela, mas o que o pai falou estava plasmado na consciência dele como raiz forte. Eu era o culpado pelo desânimo e frustração.

 Ele não tinha como crer em si mesmo, eu o derrotei com minhas palavras ferinas.

Mudei completamente o curso da vida dele com minhas palavras maldosas.

Aprendi que nós podemos mudar a vida de alguém com tudo o que dizemos. Da mesma maneira que podemos apoiar e incentivar, também podemos jogar alguém no fundo do poço com poucas palavras.

A gente tinha que ter caridade também para mencionar palavras. Sendo delicado com todos à nossa volta.

GUILHERME

28/03/2021

        -------------------Paula Alves------------

 “TODO MUNDO PRECISA DESABAFAR COM ALGUÉM, MAS COM ALGUÉM QUE TE OUVE DE VERDADE, COM CARIDADE, COM DELICADEZA, SEM JULGAR”

Foi uma derrocada. Eu era psicóloga sempre me envolvi com questões mentais e queria muito ajudar as pessoas a estarem satisfeitas consigo mesmas, sentirem leveza e bem estar, serem bem resolvidas, sem bloqueios ou traumas.

Eu estudei tanto e amei os meus estudos, mas com o passar do tempo, acho que eu embruteci. Fiquei tanto tempo envolvida com meus livros, minhas teses e não me dei conta de que a observação do ser humano e o contato com as pessoas é a melhor forma de aprender a cuidar deles.

Eu tentava cuidar dos meus pacientes, mas eles não pareciam muito satisfeitos, felizes, tratados. Era como se nenhum deles tivesse jeito, mas a culpa era minha.

A culpa era do meu olhar de rejeição, de quem ignora o outro, de quem não faz questão nenhuma, de quem não se importa, sabe?

Eu estava ali por estar, me acostumei com os problemas do mundo e achava tudo muito natural. Muito natural a forma como as pessoas estavam doentes e mal cuidadas. Eu cumpria o horário e saia para passar o tempo de forma banal, não fui indispensável na vida de ninguém.

 Eu ouvia, ouvia e quando precisava dar meu parecer, eu escandalizava, eu falava de forma automatizada que não tinha solução, não tinha saída. Eu argumentava com as pessoas sobre os erros de suas vidas, suas decepções fruto da própria ignorância deles, leviandade, enfim, culpa deles o sofrimento que estavam passando.

Tudo bem, nós atraímos mesmo o sofrimento para nossas vidas, hoje eu tenho certeza disso, mas tudo depende das palavras que usamos. Não é o que se fala, mas como se fala que faz a diferença na vida de alguém.

Daí eu estava tão cansada da minha vida, encontrei uma amiga de infância, mãe e esposa, totalmente diferente de mim, mas ela me chamou para um café e eu aceitei, enfim, precisava conversar um pouco.

Ela me ouviu com tanta delicadeza e simplicidade, foi o melhor café que eu tomei, eu me senti leve de poder me abrir com ela, que tinha uma doçura no olhar. Quando finalizei minha dissertação, ela simplesmente falou coisas que eu nunca imaginava ouvir. Ela me incentivou, disse que eu não precisava me cobrar tanto porque não existem pessoas perfeitas e nós estamos aqui para aprender a sermos pessoas melhores, um dia de cada vez.

Falou que eu conseguiria e amanhã, num novo dia, tudo seria muito melhor. Eu compreendi por que Deus a colocou no meu caminho.

 Eu a subestimei, uma dona de casa que entendia de psicologia muito mais do que eu. Ela foi a psicóloga que eu nunca fui com todos os meus cursos e teses. Ela me ouviu com o coração, colocou sentimento também para se expressar e me incentivar a prosseguir, para não fraquejar.

É assim que deve ser: as pessoas deviam sair muito melhores do que estavam quando chegavam perto de mim. Eu deveria proporcionar bem estar e saúde, equilíbrio emocional e motivação a todos os meus pacientes. A minha frustração era resultado da frustração deles. De todos eles!

Mas, graças a Deus deu tempo de corrigir.

Depois disso, eu precisava dela, daquele café e de um bom papo para manter minhas ideias no lugar e beneficiar meus pacientes.

Eu percebi que todo mundo precisa desabafar com alguém, mas com alguém que te ouve de verdade, com caridade, com delicadeza, sem julgar, dar sermão ou tentar te corrigir, mas alguém que te impulsiona e faz você retornar para o seu caminho do bem, por isso, tem pessoas que deixam a gente tão bem e tão feliz.

GRAZIELA

28/03/2021

 ------------------Paula Alves----------------

 

“DEVEMOS PRESTAR MUITA ATENÇÃO NO QUE PRODUZIMOS NAS PESSOAS”

 

Ela era franzina e doentinha. Eu morria de dó só de ver minha mãe passando noites acordada com a bebê nos braços. Era minha irmã mais nova, a Cléia.

Ela foi crescendo e eu nutrindo um amor imenso por ela, mas a Cléia não falava direito, precisou de óculos bem jovem, tinha problemas respiratórios frequentes e estava sendo apontada na escola, todos riam dela. Daí minha irmã andava curvada, com vergonha e timidez.

Eu não podia deixar que ela vivesse para sempre naquele calvário. Sentei com ela e disse que ela era linda e muito inteligente. Se tinha dificuldades, nós podíamos ultrapassar com a nossa amizade, eu a ajudei, incentivei e a Cléia foi desabrochando.

Anos se passaram, mamãe faleceu e eu fiquei como sua tutora. Amava minha irmã, tão doce. Com nossa amizade e sua delicadeza, ela se tornou uma jovem linda e confiante, nem parecia aquele patinho tão doentinho e apavorado.

Ela estudou e conseguiu ingressar numa importante universidade, quem diria minha pequena irmã se tornou juíza.

Ela falava com autoridade, todos a respeitavam. Eu acho que foi maravilhoso ver como ela não se intimidou por ser mulher, por ter problemas de saúde, por se sentir em minoria ou qualquer outra coisa que poderia amedrontá-la.

 Eu tinha muito orgulho de minha Cléia e, no dia em que ela revelou que se mudaria para outro país, eu chorei tanto, ela disse que não fosse por minha ajuda, ela nunca teria tido todas aquelas oportunidades.

Ela falou que eu sempre a motivei a continuar, eu sempre tirei as pedras do caminho porque disse que ela era capaz. Ser capaz é ter o céu como limite, é não temer nada nem ninguém. Ser capaz é tudo de bom e eu dei isso a ela.

Eu nem imaginava que ela me diria algo tão lindo, mas eu fiquei pensando que é verdade mesmo. Sempre que alguém me disse que eu não conseguiria, por inveja ou malícia, parece que a coisa, o meu objetivo se distanciava ainda mais de mim, era como se fosse muito mais difícil, até inalcançável.

Por isso, cada um de nós, deve pensar muito bem antes de falar alguma coisa. A gente tem a mania de achar que ninguém está ouvindo perfeitamente o que dizemos, mas sempre tem alguém que ouve e fica com aquilo na cabeça.

 Se você falou uma coisa boa, que maravilha! Isso pode impulsionar a pessoa, mas se você falou algo ruim, algo maldoso, se você causou o pânico, vai ficar instalado na mente de alguém e pode gerar até doenças físicas e/ ou mentais, sua inteira responsabilidade.

Devemos prestar muita atenção no que produzimos nas pessoas.

SIRLENE

28/03/2021

 

 





“ENTÃO, NÃO CHOREM MAIS...”

  Não chore por mim, hoje não, não mais. Depois de tudo o que vivi, não chore.

Eu tive a melhor vida, os melhores momentos que alguém poderia ter, então, fique com tudo o que foi bom.

Guarde os meus sorrisos, as minhas maiores gargalhadas, meu sentimento por você, indescritível, guarde tudo o que eu deixei, as lembranças dos dias incríveis e do quanto aprendemos juntos, guarde quem eu fui de verdade.

Eu fui real, eu vivi com vocês os meus maiores sonhos, numa vida tão simples e rica em ternura, eu fui feliz.

 Não chore por mim, não estrague tudo o que levo de tão maravilhoso como se o tempo e a distância pudessem apagar quem fomos juntos.

Não chore, não me torture com o seu sentimento tristonho e cheio de dor como se eu não tivesse aproveitado tanto tempo ao seu lado. Nós recebemos muito de Deus.

 Não chore mais e não me confunda porque eu preciso prosseguir, preciso encontrar forças para seguir em frente sabendo que vocês estão bem, conformados e continuando com o seu percurso longe de mim.

Não chore porque crê no nosso reencontro, eu estou viva, mas preciso encontrar um novo caminho, uma nova forma de vida, uma nova motivação.

Eu também sofri e chorei, mas a vida eterna não pode ser só dor, não pode ser só isso. Todos precisam continuar e eu não vou me queixar de nada porque tive a melhor vida que alguém poderia ter.

Então, não chorem mais...

Em nome de muitos que partiram não chorem. VALDETE, CÍCERA, MARIA OLÍVIA, IVONE, ESTEFANY, VIVIANE, AMÁLIA E MARIA CECÍLIA.

20/03/2021

 ---------------------------Paula Alves----------------

 

“NÓS SOMOS MUITO FATALISTAS E QUEIXOSOS, PORTANTO, NÃO CHORE MAIS”

 

 Não chore porque o constrangimento é grande. É difícil perceber que você deixou mal entendido. Eu não mereço os títulos que recebi, não fui bondoso, altruísta, fiel, leal, honrado, eu não fui, nem fiz por merecer tudo o que tive.

Em vida na terra, cada um, cria as máscaras que acham convenientes. Cada um vive a mentira que acha que lhe beneficiará. Todos podem ser aquilo que desejarem e existem pessoas que vivem muitos papéis ao mesmo tempo.

Eu pude manipular à vontade e obtive vantagens provenientes do meu comportamento social adequado diante das pessoas que importavam, mas não foi sincero.

 Você diria “duas caras”, na verdade, foram mil faces. Eu sempre soube o que as pessoas desejavam ouvir. É fácil saber o que as pessoas querem de você e podemos usar isso a nosso favor para ter o que queremos, eu fui assim, eu vivi assim.

 Então, não chore mais. Não pense que eu era tão santo que não merecia uma morte dessas, morte de total abandono e indignação.

Não! Não é assim. Se na vida nós conseguimos manipular, na morte cada um tem aquilo que merece. É da Lei do Retorno que cada um colha da própria plantação.

É que na vida da terra as pessoas analisam com o que veem, julgam com tudo o que sabem e nós podemos esconder os fatos que podem nos derrotar para sairmos sempre vitoriosos, porém, na espiritualidade nada fica escondido, nada.

Todas as lembranças voltam, nada fica escondido, nada.

Eu menti tanto sobre quem eu era que no final acabei esquecendo de muita crueldade que foi praticada. Eu menti para mim mesmo e me encantei com o velhinho que me tornei, até eu acreditei na farsa que encenei, até eu.

Mas, não chore assim, não chore porque eu não mereço suas lágrimas lamentosas, eu não mereço a sua dor. Tudo o que ocorreu me fez sofrer e o sofrimento foi remédio necessário para me colocar diante da pessoa que existe em mim, sem máscaras, sem impunidade, sem maquiagem. Eu, nu, horrendo, merecendo aquela morte sem ar, sem fôlego, sem ninguém.

Quantos eu deixei à mingua?

A quantos neguei o mínimo para a subsistência por causa do meu egoísmo, do meu jeito leviano de ser?

Eu tive o que mereci e acho até que foi pouco. O que é uma semana comparado com toda a eternidade, com todas as chances que eu tive e que terei?

Nós somos muito fatalistas e queixosos, portanto, não chore mais.

 Erga esta cabeça e seja sincera com você mesma, reconstrua a sua vida de uma forma diferente da minha, o que importa não é o que podemos carregar, mas tudo o que temos dentro de nós. É o que te preenche que conta. Eu tive o que mereci. CLAUDIO

20/03/2021

  

----------------------------Paula Alves-------------------

 

“NINGUÉM PERGUNTOU COMO FOI O MEU DIA. NINGUÉM NUNCA QUIS SABER”

 

 Não chore mais! – eu dizia para mim mesma.

Eu queria ter ânimo, esperança.

Eu estava submersa naquela casa, naquela solidão. Foi como chegar no fundo de um poço, era o fim, o marasmo.

Ele não me ouvia. Não importava os gritos, o quebrar das taças, nada. Nós naufragamos e eu não sabia quantas mulheres viviam o mesmo que eu.

Viver por viver, cada dia do mesmo jeito, sem ambições, sem motivação, nada.

Eu olhei para eles, foi como se o tempo corresse diferente para nós. A minha vida não tinha mais cor, nem movimento, eu criei raízes naquela casa, as rugas chegaram e ele tinha outro alguém, eu sabia, porque ele me ignorava, porque não sentia mais, não tentava.

Eu havia me tornado a serviçal do lar, alguém que trabalha para todos e não precisa ser paga. Alguém que tem um local para morar e cuida de todos, mas ninguém perguntou como foi o meu dia. Ninguém nunca quis saber.

 Seria porque eu não tinha nada para falar? Porque eu não saia e estava envolvida com a louça e a roupa suja?

Eu era a serviçal do lar e ninguém via o quanto eu estava triste e cansada. Eu desejei morrer. Eu confesso!

Eu pensei naqueles dias e naqueles tormentos. Eu pensei que se a doença chegasse, eles olhariam para mim, pelo menos, eles se preocupariam, no fim e na dor.

Eu pensei que pudesse ter um local melhor, poderia até reencontrar alguém, aqueles que um dia tiveram amor por mim. Todos têm alguém que, um dia, manifestou amor sincero, incondicional, todos. Eu me lembrei da minha mãe, a melhor amiga, a melhor conselheira e chorei tanto.

Sim, eu desejei morrer. Mas, eu quis que fosse uma morte com honra, uma morte oportuna que me tirasse daquele local onde nada nem ninguém precisava de mim, onde eu não era nada.

E eu disse: “NÃO CHORE MAIS” como se mais alguém dissesse isso pra mim.

Deus atendeu minhas preces. Não foi tão ruim assim. Foi um sopro, um sopro.

 De onde nós vemos, da forma que vemos, tão aflitiva e destruidora, é arrasador, condenatório, mas não, não é nada disso.

Foi como uma libertação, um fardo que eu desprezei para seguir um rumo muito melhor depois de muito trabalho. E quando eu me separei do corpo MALSÃO, eu respirei aliviada e a vi, linda, minha mãe querida cheia de amor, do mais profundo amor.

Você não faz ideia do que é morrer assim...

Foi como uma libertação.

SORAIA

20/03/2021

  

----------------------------Paula Alves----------------

 

“NÃO É A HUMANIDADE SENDO CASTIGADA, PUNIDA, MAS RETIFICADA, ORIENTADA, ALERTADA”

 

           Não existem enganos e nada fora do lugar. Só a evolução que toma o seu curso, que ensina e educa.

Deus é maravilhoso em seus propósitos, as pessoas que não compreendem seus planos e sua clareza de Pai.

Todos amparados, todos SORRIDOS, todos encaminhados para os locais apropriados ao refazimento ou para os locais adequados ao aprendizado oportuno.

É a separação que não deixa de ser feita, é o tempo da ceifa para todos, da retificação.

Se os homens fossem mais previdentes aproveitariam para discernir, para se reestruturarem, avançariam mais e mais.

Não é a Humanidade sendo castigada, punida, mas retificada, orientada, alertada.

Leve o tempo que levar, pois a eternidade é o limite. Não existem acasos, existe disciplina e melhoramento coletivo. O que existe é a Humanidade sendo envolvida em propósitos edificantes e PERSCRUTADORES.

Não maldigam a vontade de Deus, Seus desígnios e nem o trabalho árduo dos Espíritos sérios. Não se envolvam em leviandades quando existe tanto a ser feito.

Trabalho intenso para todos que desejam se elevar. Desde o mais pequenino ao ser mais poderoso da Terra, todos deveriam aproveitar o momento para produzir os imperecíveis tesouros.

Vemos a incumbência de cada um de vós. Nos lares que estavam desprovidos de tutores responsáveis, pais e mães que abandonaram os postos e delegaram tarefas para filhos sem direção.

Em cada posto de trabalho a negligência e a ociosidade, desde os que ensinam até os que produzem, todos querendo abandonar suas funções, ganhar o muito, executar o mínimo. Enganar, extorquir, se vangloriar.

Por toda parte matança, ódio, discriminação. Pessoas perdendo os escrúpulos, vendendo a própria alma por tostões, até quando?

Como se fosse um mundo sem Lei? Como se não houvesse hierarquia?

         BANALIZAÇÃO DA DIVINDADE...

 

Tudo tem reprimenda e a Humanidade deverá compreender, mesmo a duras penas, que tudo o que fazemos tem consequências diretas para nós e para os nossos semelhantes.

A Lei da Igualdade se faz visível. Quando a dor da perda e o medo da morte imperam todos são iguais. Não importa as cifras, nem a cor da pele. Não importa a idade, nem o nível intelectual. Todos são iguais.

 SE O HOMEM NÃO VALORIZAR A VIDA, O QUE ELE VALORIZARÁ?

 Qual é o seu bem mais precioso hoje?

De que vale a cor da sua pele e a sua classe social em meio a pandemia?

Todos nós perdemos quando alguém é cruel e desalmado. Todos nós perdemos quando ocorre o feminicídio ou quando os pais são abandonados. Todos nós sofremos pelos erros dos nossos irmãos e devemos nos comprometer com os erros desta sociedade.

PARAR DE FECHAR OS OLHOS PARA A NECESSIDADE DA EDUCAÇÃO, DA FORMAÇÃO DE CIDADÃOS ÉTICOS E CONSCIENTES DOS SEUS DEVERES.

Assim, limparemos a sociedade e teremos um mundo mais saudável para se viver.

IZRETGRUPO DE TRABALHADORES

20/03/2021

------------------Paula Alves----------------


“SERÁ QUE ESTES HOMENS RECEBERAM EDUCAÇÃO VALOROSA DE UMA MULHER EM CASA?”

 Eu vi e não falei nada por medo. Sempre soube que era perigoso minha irmã ficar andando com aqueles garotos, mas ela se sentia adulta e independente, nunca ouvia o que eu e nossos irmãos diziam, ela era a mais velha, “a experiente”.

Naquela tarde, eu a segui, queria saber aonde ela ia toda enfeitada. Eu sentia no fundo do peito que alguma coisa de ruim podia acontecer, mas não imaginava que seria tão ruim.

Ela estava se envolvendo com o filho da patroa da nossa mãe, ela achava que ele gostava dela, mas ele só queria se aproveitar. Ela se insinuou, mas não viu quando outros três garotos chegaram por trás. Ah! Foi horrível! E eu fiquei ali, encolhida, covarde, morrendo de medo que me vissem e viessem para cima de mim também. Meu Deus! Quanta covardia, quanta maldade! Ela chorava demais e pedia para parar, mas eles riam.

 Eu nunca me esqueci. Queria que aquilo tudo jamais acontecesse com uma mulher, mesmo que fosse mulher casada que já tivesse conhecido um homem. Mulher nenhuma merece uma violência daquelas.

Depois do ato consumado, eles foram embora e ela ficou ali jogada. Eu nem tive coragem de me revelar. Ela nunca soube do meu conhecimento daquela tragédia.

Minha irmã nunca mais foi a mesma e o pior é que ainda ficou grávida. Nossos pais quiseram saber o responsável pela gravidez, mas minha irmã não tinha como saber qual dos quatro era o pai da criança. Ela tentou se matar muitas vezes, até que a criança nasceu e ela ficou transtornada. Ela não conseguia amar o próprio filho.

Foi incrível como aquela crueldade mudou a vida dela, de todos nós. Eu nunca quis me relacionar com homem algum, fiquei sozinha a vida toda, ajudando a criar meu sobrinho que me tinha como mãe, eu era a doadora do afeto que a mãe dele não deu.

 Nós podemos falar de resgate e coisa e tal, mas Deus não coloca um filho na Terra para sofrer, a Lei de ação e reação existe, mas os homens têm livre arbítrio para escolherem se praticarão o mal ou o bem.

O fato é que as mulheres já progrediram em muitos aspectos, mas não consigo compreender por que os homens ainda as veem como inferiores. Inferiores sim porque usar alguém é ver como alguém que é inferior. Isso jamais deveria acontecer. A mulher deveria ser sempre bem tratada, delicadamente, com o maior respeito porque a mulher é a imagem da própria mãe.

Você pode dizer que minha irmã não se deu ao respeito, até entendo o comportamento dela não foi dos melhores, mas isso não justifica.

Será que estes homens receberam educação valorosa de uma mulher em casa? Será que receberam tudo o que deveriam receber da mãe deles?

Você vai me dizer que a mãe deles não tem culpa dos erros dos filhos? Concordo em parte porque as mesmas mulheres que são agredidas têm responsabilidade na educação de seus filhos, dos homens.

Se desde novinhos, eles fossem ensinados a tratarem as mulheres como a mais rara das flores, será que desejariam estuprar, espancar ou matar uma mulher?

Progredimos sim, em muitos aspectos, mas ainda temos um longo caminho até a total realização feminina na Terra.

Seremos realizadas quando, um dia, formos respeitadas integralmente, quando nem de longe, um homem nos maltratar, quando nos olharem nos olhos enquanto falamos, quando tivermos as mesmas condições de trabalho, salário e progresso material que os homens, quando dentro de casa formos valorizadas tanto quanto os homens, quando filhas mulheres forem ouvidas tanto quanto os filhos homens e quando as próprias mulheres amarem o seu sexo e suas possibilidades de evolução, quando umas apoiarem as outras sem inveja, rixa ou constrangimento, aí sim teremos avançado muito.

Eu desejo reencarnar como mulher mais uma vez. Em nome do desenvolvimento e evolução feminina na Terra.

ISA

13/03/2021

 

 

   ----------------------Paula Alves----------------

 

“DESVIARMOS O OLHAR DA MULHER É PERDER FORÇA NA CIVILIZAÇÃO DA HUMANIDADE”

 

Por que meu irmão podia e eu não? Porque eu nasci mulher?

Eu não queria aceitar que fomos tratados diferentes. Demorei para entender que cada filho é único para seus pais, até aí tudo bem.

Demorei para entender que homens têm perspectivas diferentes das mulheres porque estamos ligadas à maternidade ou porque nossos hormônios afloram comportamentos delicados e mais sensíveis, sim somos diferentes, mas eu queria ter as mesmas oportunidades que o meu irmão teve.

Enquanto ele estava sendo preparado para o direito, eu estava sendo preparada para o casamento, ainda por cima, com alguém que eu nem mesmo conhecia. Isso é não ter direito a nada. Eu parecia não viver naquela época e sofria muito por isso. Eu queria ler, queria trabalhar e divulgar minhas ideias, estas ideias e outras.

Eu tinha sonhos e ambições que estavam sendo reprimidos por causa do meu sexo. Eu não podia ser ouvida, nem vista ou sentida. Eu não era ninguém, apenas uma mulher fadada à casa, ao matrimônio e à reprodução.

 Eu esbravejei e meu pai me chamou de louca, disse que aquilo era muita afronta e que ele não permitiria uma louca em casa, falou que eu deveria me comportar como minha mãe e irmãs que já estavam bem casadas.

Minha mãe nunca abriu a boca para falar nada, minhas irmãs eram como ela e todas as outras da sociedade que toleravam todos os abusos dos machistas.

Os homens podiam tudo, casavam, tinham amantes, abusavam das serviçais. Por que a mulher tão severamente humilhada e abusada em todos os sentidos?

Eu sei que hoje as coisas mudaram. Sei que hoje as mulheres falam e são ouvidas. Sei também que hoje, elas se casam com o amor que escolhem, mudam de sexo se quiserem, elas são donas do próprio nariz, mas será que mudou tanto assim?

Eu não vejo muita felicidade por aí. Eu vejo que elas sofrem e sentem. Hoje elas se separam muito, muito. E muitas delas criam seus filhos sozinhas, trabalham, educam, correm o tempo todo e fazem o possível para ser independentes. Trabalham tanto, fazem três coisas ao mesmo tempo.

 As casadas amaram, se comprometeram em viver com alguém, mas nem sempre são ouvidas, parece que falta alguma coisa no lar, falta alguém. A impressão que eu tenho é que falta o feminismo legítimo. Falta a identidade da mulher que busca o ideal em muitas coisas e lugares, mas se esqueceu de procurar em si mesma.

As mulheres são as educadoras, elas ensinam o amor e a amar. São elas que instruem nos primeiros passos, elas ensinam o afeto e o comprometimento com Deus. É a mulher que une os integrantes da família e ensina o caráter social.

Desviarmos o olhar da mulher é perder força na civilização da Humanidade. Mulher que deveria se unir às suas irmãs, se empenhar na socialização dos seres. A conquista real da mulher é unir forças para a sua verdadeira valorização dentro e fora de casa.

Assim, atenderemos a todos os nossos objetivos: econômicos, trabalhistas, raciais, sexistas, enfim, conseguiremos avançar com o objetivo da igualdade alcançado para todos.

VITÓRIA

13/03/2021

 

 ------------------------Paula Alves-------------------

 

“AS PESSOAS BOAS ESTÃO ANDANDO POR AÍ E NÓS PODEMOS CRUZAR COM ELAS”

 

Eu enterrei aquela criança e jurei para mim mesma que nunca mais permitiria que um homem maltratasse um filho meu.

Ele o agredia de graça. O menino nem precisava fazer nada, lá vinha a surra. Você vai rever a passagem da minha vida e dizer que foi sem intenção, mas pra mim, bastou!

Eu tenho todo o histórico daquela vidinha, eu o acompanhei em todos os momentos – meu filho! Meu!

O pai sempre o maltratou, sempre o agrediu e tinha ciúmes do próprio filho nos primeiros meses de vida do garotinho.

 Depois da morte do garoto, eu nem quis olhar na cara dele e prometi para mim mesma que iria deixá-lo, mas naquela época...

Eu tinha meus motivos, mas a sociedade era machista e controladora, as mulheres também eram machistas. Se uma mulher deixasse o seu marido era tratada como lixo, como mulher leviana e as outras mulheres desprezavam, nem arrumava emprego ou moradia. Eu tinha medo, mas não podia viver sob o mesmo teto que ele. Então, eu falei que ia embora e pedi para dar minha parte da casa porque eu me casei com ele e nós adquirimos os bens juntos.

Ele riu de mim e falou que eu nunca tinha feito nada para conseguir o que ele tinha. Tudo foi conquistado com o suor do seu rosto, com os calos das mãos e eu ficava em casa o dia todo sem fazer nada. Nada!

 Eu não tinha para onde ir, mas peguei meia dúzia de roupas e saí. Fiz questão de bater a porta com bastante força, cuspi no chão. Que horror!

Eu me casei com aquele homem, fui galanteada, ele era um perfeito cavalheiro, como fui enganada...

Eu fui embora dali, tentei alcançar um lugar onde ninguém me conhecia e eu pudesse recomeçar. Depois de algum tempo, consegui emprego, morei numa pensão. Anos depois, me relacionei com um homem, depois de muito receio, acreditei que ele fosse diferente do meu marido.

Quando finalmente acreditei que eu seria feliz, meu marido me encontrou e quase quebrou o meu pescoço. Quando meu namorado me viu sendo agredida, ele me ajudou e cobrou satisfações. O meu marido disse que eu o abandonei e era uma vulgar. Meu namorado o mandou embora, eu pensei que nunca mais fosse ver o namorado, mas ele me levou em casa, cuidou dos meus ferimentos e ouviu minha história.

Depois de tudo, ele me abraçou e disse que faria de tudo para o meu desquite sair. Ele me apoiou. Anos depois, tudo se formalizou e ficamos juntos. Eu me surpreendi porque achei que todos os homens fossem iguais. Nós não podemos generalizar. Não podemos tirar um por todos os homens. Existem pessoas boas em toda parte e isso independe de sexo, posição social, raça ou credo. As pessoas boas estão andando por aí e nós podemos cruzar com elas.

Eu tive a sorte de refazer minha vida com um homem maravilhoso que me fez mudar totalmente a forma como eu enxergo todas as outras pessoas.

JUANITA

13/03/2021

 

 --------------------------Paula Alves-------------------

 

“AS MULHERES TÊM MUITAS HABILIDADES E DEVEM USAR TODAS ELAS PARA DESENVOLVER SEUS FAMILIARES”

 

Eu dizia para ela que ela seria tudo o que eu não pude ser. Sempre incentivei minha filha, fiz o possível para dar as oportunidades de estudo e trabalho que eu não tive.

Apesar de ter um marido bondoso que sempre foi carinhoso comigo, na minha época, as mulheres não podiam muitas coisas. Eu queria que ela fosse feliz, realizada, independente, mas parecia que a menina não via as vantagens de nascer naquele tempo.

As conquistas das mulheres eram belíssimas e eu falava com tanto entusiasmo que até parecia que era eu que tinha que seguir carreira, ir estudar.

 Minha filha ficava no quarto, no violão, disse que queria ser cantora e tinha umas danças estranhas que eu não aprovava.

Eu fiquei pensando que ela desmerecia as oportunidades que se apresentavam. Tão empacada, ociosa, cheia de preguiça. Aquilo me deixou num profundo desânimo. Enquanto, eu tinha um mundo encantado que esperava por nós, ela estava lá jogada no canto, fumando...

Eu orei tanto, pedi que Deus me desse esclarecimento para tudo aquilo e olhei os retratos de quando ela era bebezinha, tão linda!

Eu não podia sonhar o sonho dela. Eu tinha que ser mãe dela. Acho que, muitas vezes, nós mulheres nos deslumbramos com algumas possibilidades. A vida é o que é. Cada um deve jogar com o que tem. E eu tinha meu marido e minha filha para conduzir, mas não era para fazer deles meus bonecos. Ela era uma pessoa com planos definidos pelo Senhor.

 Eu não sabia quais eram os planos do Senhor para ela, mas precisava orientá-la, eu tinha que me aproximar dela sem pretensões, sem sonhos, sem os meus entusiasmos para ajudá-la.  

Eu me deparei com uma cantora de sucesso, iluminada e talentosa que não seguiu em nada os passos que eu queria, mas fez um belo trabalho social. Com o meu amor, sei que participei desta elaboração, mas não foi fácil, acho que quase a desviei do seu propósito.

O importante é mencionar que, muitas vezes, como mães podemos manipular a família e os integrantes desta família. Podemos sugerir coisas ao marido e aos filhos, podemos com jeitinho plantar ideias, fazer surgir inclinações e despertar interesses.

Mas, cuidado! Nós somos simples criaturas de Deus e, em diversas situações, não compreendemos os planos de Deus porque nos projetamos em nossos familiares. É como se estivéssemos dispostas a fazê-los viver a vida que nós sonhamos: eu queria ser bailarina, não consegui, então, minha filha será a maior bailarina que já existiu. Balela! Coitada da criança, queria ser professora.

 Aproveite a oportunidade que Deus te deu e faça muito bem o seu dever de ser mãe e esposa no lar. Analise seus familiares, estimule todos os pontos positivos, moralize com o Evangelho de Jesus, converse, faça surgir dúvidas, apoie, pesquisem juntos soluções apropriadas para todos, desperte o interesse pela coletividade, enfim, faça-os avançar.

As mulheres têm muitas habilidades e devem usar todas elas para desenvolver seus familiares.

KEILA

13/03/2021

 

      

 



-------------------------------------Paula Alves----------------------------------------


“EXISTEM MUITAS PESSOAS QUE SE SOBRESSAEM NA SOCIEDADE PELO NOME DE SEUS FAMILIARES”

 

Eu me sentia agredida e insultada. Era como se meus esforços não me levassem a lugar algum. Era complicado estar sempre estudando, me empenhando e não ter como competir com ela porque ela era a filha do chefe.

Eu me sentia revoltada em perceber o quanto a proteção existia bem perto de mim, privilégios de nascimento e casta sempre existiram, é verdade, mas quem gosta de passar por uma situação destas?

O trabalho era meu, a pesquisa era minha, mas quem exibia era ela, quem assinava era ela e eu tinha que achar agradável porque mantinha meu emprego, mas o suor era meu, o empenho era todo meu.

 

Eu chorei me sentindo menosprezada. Pensei em sair da empresa e buscar outra colocação, em outro lugar que pudesse me recompensar por meus próprios méritos, eu amava o meu trabalho, mas eu precisava daquele salário naquele momento, minha mãe estava doente, eu precisava enfrentar aquele desafio.

Sei que, de alguma forma, aquilo tudo estava me tornando uma pessoa melhor porque eu estava me colocando diante de um orgulho ferido, mas ver o outro se vangloriar do que te pertence não é nenhum pouco agradável.

Eu fiquei na empresa e tive uma boa surpresa. O projeto precisava ser divulgado, de repente, para uma grande empresa, todos se prepararam de forma súbita e a filha do chefe se desesperou porque não tinha tempo de analisar o que eu havia levado meses para terminar.

 

Durante a apresentação ela foi questionada sobre diversas coisas e como não soube responder, meu chefe me direcionou para realizar a apresentação. Eu sabia de tudo, fiz toda a planilha, sabia perfeitamente como argumentar com quem quer que fosse, me sai super bem e recebi muitos elogios.

Fiquei tão confiante que resolvi ir para outro local trabalhar em paz, fazendo o que eu amava, assumindo minhas limitações e vitórias pelos reais esforços.

Existem muitas pessoas que se sobressaem na sociedade pelo nome de seus familiares. Pessoas que são aceitas aqui e ali porque são filhos de fulano de tal, infelizmente o mundo continua sendo assim... As pessoas julgam e agradam quem tem mais poder ou dinheiro. Nem sempre filho de peixe, peixinho é, às vezes, o peixinho abusa do nome da família para se dar bem, chega a ser constrangedor.

O melhor mesmo era que as famílias criassem seus filhos para serem indivíduos promissores por si mesmos. É muito prazeroso quando você é reconhecido por seus próprios méritos, por seu esforço, por seu trabalho honesto e honroso, digno.

Eu fiquei muito satisfeita em trabalhar em outro local, rapidamente consegui emprego e isso me ensinou a educar meus filhos.

Quando se tem filhos, nós também desejamos facilitar as coisas para eles, mas eles devem ser impulsionados, não dar tudo de mão beijada porque assim parece não ter tanto valor.

DULCINÉIA

07/03/2021

 

-------------------Paula Alves------------

 

“EU ACREDITO QUE A ALEGRIA DE VIVER PROMOVE O BEM ESTAR E RENOVA AS NOSSAS CÉLULAS”

 

Eu tirei aquele colete e me senti um trapo. Eu nem sei como conseguia me movimentar. A coluna tortinha, parecia uma lagarta que se contorce para todos os lados procurando uma posição para se ajustar no mundo.

Eu não conseguia viver com tanta dor. A dor tira a paciência da pessoa.

Quando aquele médico dizia que eu iria melhorar, eu ficava com vontade de rir na cara dele, debochado... Dizer que eu iria melhorar, impossível, ele não podia entender que eu já era torta e curvada, não tinha mais jeito.

Eu já tinha me conformado e o pior era saber que, por causa da minha aparência, eu jamais teria o prazer de ser mãe, de ter uma família, um homem que me amasse de verdade. Como seria possível alguém me ver, além daquela curvatura terrível?

 

Então, eu me curvei mais ainda, parecia um tatu bola (há-há-há).

Triste perceber o quanto existem fatores que limitam a nossa perspectiva na vida.

Eu não tinha paciência com ninguém, mas teve um dia que eu fui à farmácia e insisti tanto para a menina me vender um remédio sem receita que perdi a paciência com ela e chamei a atenção do farmacêutico que me viu e disse para eu me acalmar. Eu ia xingar o homem, mas quando olhei para ele, silenciei.

Ele era pior do que eu, coitado. Manco, com muletas, sorriu e perguntou se eu precisava de ajuda. Eu nem sabia o que dizer, me constrangi daquela falta de educação porque afinal, a moça estava certa, eu queria infringir a lei e ela estava trabalhando, ele conversou comigo e com delicadeza me informou uma medicação que poderia ser vendida e era adequada para acalmar minha dor, também falou de vários procedimentos naturais que podiam me ajudar. Nesta brincadeira, nós ficamos amigos, encontramos muitas coisas interessantes para fazer juntos, uma delas foi namorar.

 

Depois de um ano indo ao cinema, teatro, tendo interesse pelas mesmas coisas, percebi o quanto minha dor havia reduzido, eu nem reclamava mais. Ele também estava melhor, até abandonou as muletas por uma bengalinha.

Eu amava aquele homem que tinha um olhar do bem para todas as coisas. Sabe aquela pessoa que é otimista de verdade e sempre tem uma palavra de incentivo para você? Então, eu me casei com ele e notei o quanto ele me fazia bem, muito mais do que os remédios.

Nós sempre tivemos nossas limitações, mas além delas, tivemos filhos lindos, saudáveis e fomos muito felizes.

Eu acredito que a alegria de viver promove o bem estar e renova as nossas células, regenerando e promovendo a cura, em muitos casos, então, vamos ser felizes com olhar de otimismo sempre.

VALÉRIA

07/03/2021

 

-----------------------Paula Alves--------------

 

“ÀS VEZES, É MELHOR ADMITIR QUE A GENTE NÃO MUDA NINGUÉM, MAS PODE MUDAR A SI MESMO”

 

Cinzeiro e bitucas de cigarro espalhadas por toda parte. Aquilo me irritava tanto...

Eu estava cansada de chegar em casa e ver minha mãe em cima daquela cama, chorando, bebendo, resmungando porque meu pai foi embora.

Na real, ele nunca foi boa gente. Ele batia nela e deixava faltar de tudo, por pouco não me violentou, meu pai, mas fazer o quê?

 

Ela era apaixonada por ele, sempre foi. Não adiantou saber os podres dele, nem que ele tinha outras mulheres e era marginal. Ela era apaixonada.

Eu via aquela situação e ficava pensando: o que leva uma mulher a cair nesta furada? Por qual motivo alguém se sujeita a isso, a tanta humilhação, maus tratos, insultos? Por quê?

Eu não sei, mas acho que foi por falta de amor próprio. Paixão é quando o sentimento é excessivo por alguma coisa ou por alguém e pode arruinar você porque você se deixa de lado por sua paixão, entende?

 

Quantas vezes, não vi meu pai acabar com ela e quando ele voltava bonzinho, manso, ela o recebia de volta e era um nojo, muita indignação ver a forma como ela o tratava, cheia de mimos e paparicos. Eu não aguentava ver aquilo.

Nestas horas, eu bem que queria ter um irmão para dividir aquela vida difícil porque só quem entende o que se passa com os pais são os irmãos.

Os irmãos deviam ser mais unidos, cúmplices porque ninguém vai entender melhor o que se passa entre os seus pais e o vínculo que segura vocês, do que os seus irmãos. Acho que acontece que, muitas vezes, falta refletir sobre as coisas.

As pessoas se deixam conduzir por condicionamentos, sabe, tudo no automático. Não pensam nos próprios atos e nem nos atos das outras pessoas e a vida se conduz de qualquer forma.

O ser humano é racional e pode refletir o quanto quiser, adaptar seus movimentos e suas ações às suas necessidades para se relacionar melhor no mundo em que vive, mas ele se move por instintos e se machuca, machuca os outros, faz aquela cara de coitado e sempre tem uma trouxa que acredita e recebe de volta.

 

Ah! Foi assim por muito tempo até que eu cansei e fui viver minha vida. Eu não abandonei minha mãe, mas não podia ficar sustentando as reviravoltas deles.

Às vezes, é melhor admitir que a gente não muda ninguém, mas pode mudar a si mesmo.

VERÔNICA

07/03/2021

 

------------------------Paula Alves--------------------

 

“TODOS DEVEM SE ESFORÇAR PARA ELIMINAR SUAS MÁS TENDÊNCIAS”

Ah doutor! Acho que eu me entreguei para minha neura...

Era tão difícil ficar me controlando para me ajustar à sociedade. Confesso que sempre senti raiva quando as pessoas debocharam de mim e o pior é aquela gente que esquece da própria vida para ficar te reparando. Ficavam me observando sem o menor constrangimento, credo! Não tiravam os olhos de mim, esperando um tique, um gemido, alguma coisa que fosse denunciar o quanto eu não devia estar ali.

Mas, nestas horas eu ficava sempre pensando que ninguém é normal. Todo mundo tem a sua mania de limpeza ou de sujeira, alguma coisinha que faz às escondidas, ridícula, absurda, coisas que não diriam para ninguém. De médico e louco...

É isso doutor. Eu fiquei até feliz quando minha mãe falou com aquele médico que achou muito prudente me internar, claro que a minha mãe estava tentando me esconder dos nossos familiares e amigos, coitada, não aguentava mais os comentários maliciosos. O médico encontrou a boa oportunidade de enclausurar mais um para o resto da sua vida e viver das mensalidades que meus pais pagavam na sua clínica.

 

Não foi confortável, nenhum pouco, aquilo nunca foi casa de ninguém, mas pelo menos, eu me vi diante dos meus semelhantes. Muitos como eu, loucos e desajustados do mundo. Pessoas diferentes dos certinhos que se escondem de todos, ali nós podíamos ter nossos tiques em paz.

A gente nem ligava uns para os outros, só era ruim o monte de remédios e a comida, dormir na hora que mandavam, não ter liberdade nenhuma é ruim, mas foi punição de outras vidas que eu saí ileso por crimes cometidos, achei que era espertinho, daí me dei mal nesta última existência, beleza!

Até que um dia, cismei de fazer uma arruaça e me joguei da janela, morri. Burro! Mas, pelo menos, pude sair à vontade.

Fui para rua e vi cada coisa doutor! Todas as coisas críticas que eles escondem, ficam à vista. Muito engraçado doutor! Muitas maluquices que andam com eles e a gente pode ver, fica tudo à mostra, eu ri de tudo porque eles riam de mim, os normais riam de mim sem saber que têm coisa estranha que entrega todos eles no mundo dos Espíritos.

Ao invés, de se acharem normais, bonitinhos, eles deviam se esforçar para se tratar tanto quanto nós. Todos devem se esforçar para eliminar suas más tendências.

ARNALDO 

07/03/2021    

 

     


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