“QUANDO A GENTE NÃO CONSEGUE SE CONTROLAR, O MELHOR A FAZER É DEIXAR AS
PESSOAS EM PAZ”
Ela me irritava demais. Em minha casa
era tudo tão difícil, mas ela insistia em sair por toda parte mostrando uma
vida maravilhosa. Ostentava, fazia de tudo para mostrar que era mais que todo
mundo, como me irritava.
Mas, o tempo passou e aquela
adolescente vaidosa se casou com um homem mal humorado e repressor. Eu tinha a
minha vida, vendia roupas de cama, de porta em porta, com muito orgulho de ter
saúde para manter a minha sobrevivência.
Ela virou minha freguesa e quando
percebi me tornei sua ouvinte. Ela confidenciava seus temores e horrores para
mim. Eu tentava ser simpática, mas continuava detestando aquela maneira
meiguinha de ser.
Quando me dei conta estava fazendo um papel terrível. Eu aumentava os temores da pobre coitada. Sei lá, no fundo nem era por maldade, mas eu piorava a situação dela.
Tudo o que ela me dizia, eu aumentava
deveras. Falava coisas horrorosas que ouvi dizer por aí, falava da situação
crítica de outras mulheres, enfim, eu causava o pânico da coitada que já vivia
com medo. Eu estava tão familiarizada em aumentar o caos que nem percebia o
quanto produzia o mal por onde andava. Eu não podia imaginar que estava me
responsabilizando pelas paranoias dela.
Foi assim, num belo dia, ela teve uma
crise e precisou ser hospitalizada. Eu fiquei compadecida e resolvi visitá-la
e, para o meu espanto, dei de cara com o esposo dela.
Pasmei! O cara não era nada daquilo
que a esposa pintava e, muito menos, que eu aumentava com meu despeito e
maldade.
Ele era delicado e atencioso,
dificilmente poderia modificar-se tanto quando estavam no lar. Ouvi o médico
dizendo que ela tinha uma síndrome que a fazia distorcer a realidade, temendo o
marido e outras pessoas a sua volta, ela tinha mania de perseguição, ou seja, o
marido era excelente com ela, tolera tudo, ajudava, ele a amava e cuidava dela.
Mas, eu...
Eu era a culpada, em parte, de sua
internação, pois eu nem sabia da vida deles e plantava coisas na cabeça da
coitada, eu fazia reinar o medo e a indignação na casa deles.
ue fiz e fiquei super constrangida. Quando me dei conta até parecia que estavam me apontando, dizendo o quanto eu era má.
A verdade é que nós temos compromisso com tudo o que sai de nós. Todos
os pensamentos que emanamos, todas as palavras que proferimos são responsabilidade
nossa. Portanto, tudo o que eu oferto aos outros é de minha inteira
responsabilidade.
Todas às vezes que eu fui maldosa e
incentivei o medo, o pânico, eu me tornei responsável pelos sentimentos
negativos que fiz nascer naquelas pessoas, foram diversas. Eu fiz nascer em
mim, pequenos pontos obscurecidos que denunciavam a pessoa maldosa que fui e preciso
me limpar de tudo isso doutor.
Acredito que a língua venenosa é um vício. Eu ainda tenho ímpetos de falar coisas ruins, incentivando o mal, mesmo estando aqui na colônia, por isso, estou aqui há tanto tempo me tratando.
Tenho esperanças de me tornar uma
pessoa melhor para reencarnar com saúde mental e física. Eu preciso recomeçar,
mas preciso de higiene.
A moça melhorou bastante,
principalmente depois que eu me afastei dela. Quando a gente não consegue se
controlar, o melhor a fazer é deixar as pessoas em paz.
OTACÍLIA
28/03/2021
----------------------Paula Alves--------------------
“EU PODERIA TER IMPULSIONADO, MOTIVADO, DADO CONFIANÇA, FÉ E CORAGEM,
MAS EU FIZ O INVERSO”
Eu não botava fé no garoto. Ele era
muito submisso à mãe dele. Eu sempre dizia para a Vanessa não fragilizar o
moleque, pois ele era homem e como tal, tinha que ser forte e determinado, mas
a minha esposa o criou cheio de mimos e carinhos, eu sabia que ele era mole,
não tinha condições de assumir responsabilidades.
Tudo o que fiz foi ser sincero com
ele. Eu nunca quis ver o sofrimento do menino, por isso, eu dizia logo: “Isso
não é pra você Renato!”
Eu nunca me dei conta de estar jogando
um balde de água fria no menino, nunca. Entenda que nunca foi por mal, eu não
queria que ele perdesse tempo e se frustrasse, mas o que eu não imaginei é que
tudo isso faz parte da vida e molda o caráter do ser humano.
Tudo é necessário para o crescimento
do ser e quando a gente vê o filho crescendo e saindo para viver em sociedade,
ele deve se envolver com todo tipo de gente, deve ter sido preparado no lar
para que este envolvimento seja saudável e produtivo, mas ele pode ter
frustração, indignação e passar por tudo o que seja negativo e, ainda assim,
vai aprender com tudo isso, vai servir para sua evolução.
Eu demorei para perceber que falei
tanto da Vanessa, mas eu era o superprotetor e não ela.
O pior de tudo foi privar meu filho
do que estava escrito nos planos dele por achar que não estava preparado. Eu
falava que ele não ia conseguir, que estava muito cedo, que era bobagem, que
ele podia pensar em coisas mais tranquilas, mais fáceis e que tivessem mais a
ver com ele e seu jeitinho de ser. Eu falava que ele não conseguiria porque o
curso de medicina era muito concorrido e ele não servia para ser médico, ele
não sabia estudar para aquela carreira e era preguiçoso.
Eu o desviei, mas o pior foi plantar na mente dele tanta coisa derrotista. Ele era um menino feliz quando pensava em ser médico, ele tinha ambições. Uma a uma, eu fui destruindo as possibilidades dele. Eu poderia ter impulsionado, motivado, dado confiança, fé e coragem, mas eu fiz o inverso, eu o transformei num medroso derrotado, antes mesmo de tentar. Ele nunca tentou.
Depois de algum tempo, toda a vontade
que ele tinha de estudar morreu. Ele se tornou mesmo um preguiçoso como eu
dizia, o fracasso tomou conta dele e a depressão chegou com tudo.
Culpa minha. Acho que eu olhava para
ele como me vendo num espelho e me projetei no garoto né?
Coitado do meu filho, coitado de mim, coitada da Vanessa que morria de
preocupação. Ela tentava dizer que ele era capaz e que teria para sempre o
apoio dela, mas o que o pai falou estava plasmado na consciência dele como raiz
forte. Eu era o culpado pelo desânimo e frustração.
Ele não tinha como crer em si mesmo, eu o derrotei com minhas palavras ferinas.
Mudei completamente o curso da vida
dele com minhas palavras maldosas.
Aprendi que nós podemos mudar a vida
de alguém com tudo o que dizemos. Da mesma maneira que podemos apoiar e
incentivar, também podemos jogar alguém no fundo do poço com poucas palavras.
A gente tinha que ter caridade também para mencionar palavras. Sendo delicado
com todos à nossa volta.
GUILHERME
28/03/2021
-------------------Paula Alves------------
Foi uma derrocada. Eu era psicóloga
sempre me envolvi com questões mentais e queria muito ajudar as pessoas a
estarem satisfeitas consigo mesmas, sentirem leveza e bem estar, serem bem
resolvidas, sem bloqueios ou traumas.
Eu estudei tanto e amei os meus
estudos, mas com o passar do tempo, acho que eu embruteci. Fiquei tanto tempo
envolvida com meus livros, minhas teses e não me dei conta de que a observação
do ser humano e o contato com as pessoas é a melhor forma de aprender a cuidar
deles.
Eu tentava cuidar dos meus pacientes,
mas eles não pareciam muito satisfeitos, felizes, tratados. Era como se nenhum
deles tivesse jeito, mas a culpa era minha.
A culpa era do meu olhar de rejeição,
de quem ignora o outro, de quem não faz questão nenhuma, de quem não se
importa, sabe?
Eu estava ali por estar, me acostumei
com os problemas do mundo e achava tudo muito natural. Muito natural a forma
como as pessoas estavam doentes e mal cuidadas. Eu cumpria o horário e saia para
passar o tempo de forma banal, não fui indispensável na vida de ninguém.
Eu ouvia, ouvia e quando precisava dar meu parecer, eu escandalizava, eu falava de forma automatizada que não tinha solução, não tinha saída. Eu argumentava com as pessoas sobre os erros de suas vidas, suas decepções fruto da própria ignorância deles, leviandade, enfim, culpa deles o sofrimento que estavam passando.
Tudo bem, nós atraímos mesmo o
sofrimento para nossas vidas, hoje eu tenho certeza disso, mas tudo depende das
palavras que usamos. Não é o que se fala, mas como se fala que faz a diferença
na vida de alguém.
Daí eu estava tão cansada da minha
vida, encontrei uma amiga de infância, mãe e esposa, totalmente diferente de
mim, mas ela me chamou para um café e eu aceitei, enfim, precisava conversar um
pouco.
Ela me ouviu com tanta delicadeza e
simplicidade, foi o melhor café que eu tomei, eu me senti leve de poder me
abrir com ela, que tinha uma doçura no olhar. Quando finalizei minha
dissertação, ela simplesmente falou coisas que eu nunca imaginava ouvir. Ela me
incentivou, disse que eu não precisava me cobrar tanto porque não existem
pessoas perfeitas e nós estamos aqui para aprender a sermos pessoas melhores,
um dia de cada vez.
Falou que eu conseguiria e amanhã,
num novo dia, tudo seria muito melhor. Eu compreendi por que Deus a colocou no
meu caminho.
Eu a subestimei, uma dona de casa que entendia de psicologia muito mais do que eu. Ela foi a psicóloga que eu nunca fui com todos os meus cursos e teses. Ela me ouviu com o coração, colocou sentimento também para se expressar e me incentivar a prosseguir, para não fraquejar.
É assim que deve ser: as pessoas
deviam sair muito melhores do que estavam quando chegavam perto de mim. Eu
deveria proporcionar bem estar e saúde, equilíbrio emocional e motivação a
todos os meus pacientes. A minha frustração era resultado da frustração deles.
De todos eles!
Mas, graças a Deus deu tempo de
corrigir.
Depois disso, eu precisava dela,
daquele café e de um bom papo para manter minhas ideias no lugar e beneficiar
meus pacientes.
Eu percebi que todo mundo precisa
desabafar com alguém, mas com alguém que te ouve de verdade, com caridade, com
delicadeza, sem julgar, dar sermão ou tentar te corrigir, mas alguém que te
impulsiona e faz você retornar para o seu caminho do bem, por isso, tem pessoas
que deixam a gente tão bem e tão feliz.
GRAZIELA
28/03/2021
------------------Paula Alves----------------
“DEVEMOS PRESTAR MUITA ATENÇÃO NO QUE PRODUZIMOS NAS PESSOAS”
Ela era franzina e doentinha. Eu
morria de dó só de ver minha mãe passando noites acordada com a bebê nos
braços. Era minha irmã mais nova, a Cléia.
Ela foi crescendo e eu nutrindo um amor imenso por ela, mas a Cléia não
falava direito, precisou de óculos bem jovem, tinha problemas respiratórios
frequentes e estava sendo apontada na escola, todos riam dela. Daí minha irmã
andava curvada, com vergonha e timidez.
Eu não podia deixar que ela vivesse
para sempre naquele calvário. Sentei com ela e disse que ela era linda e muito
inteligente. Se tinha dificuldades, nós podíamos ultrapassar com a nossa
amizade, eu a ajudei, incentivei e a Cléia foi desabrochando.
Anos se passaram, mamãe faleceu e eu
fiquei como sua tutora. Amava minha irmã, tão doce. Com nossa amizade e sua
delicadeza, ela se tornou uma jovem linda e confiante, nem parecia aquele
patinho tão doentinho e apavorado.
Ela estudou e conseguiu ingressar numa
importante universidade, quem diria minha pequena irmã se tornou juíza.
Ela falava com autoridade, todos a
respeitavam. Eu acho que foi maravilhoso ver como ela não se intimidou por ser
mulher, por ter problemas de saúde, por se sentir em minoria ou qualquer outra
coisa que poderia amedrontá-la.
Eu tinha muito orgulho de minha Cléia e, no dia em que ela revelou que se mudaria para outro país, eu chorei tanto, ela disse que não fosse por minha ajuda, ela nunca teria tido todas aquelas oportunidades.
Ela falou que eu sempre a motivei a
continuar, eu sempre tirei as pedras do caminho porque disse que ela era capaz.
Ser capaz é ter o céu como limite, é não temer nada nem ninguém. Ser capaz é
tudo de bom e eu dei isso a ela.
Eu nem imaginava que ela me diria
algo tão lindo, mas eu fiquei pensando que é verdade mesmo. Sempre que alguém
me disse que eu não conseguiria, por inveja ou malícia, parece que a coisa, o
meu objetivo se distanciava ainda mais de mim, era como se fosse muito mais
difícil, até inalcançável.
Por isso, cada um de nós, deve pensar
muito bem antes de falar alguma coisa. A gente tem a mania de achar que ninguém
está ouvindo perfeitamente o que dizemos, mas sempre tem alguém que ouve e fica
com aquilo na cabeça.
Se você falou uma coisa boa, que maravilha! Isso pode impulsionar a pessoa, mas se você falou algo ruim, algo maldoso, se você causou o pânico, vai ficar instalado na mente de alguém e pode gerar até doenças físicas e/ ou mentais, sua inteira responsabilidade.
Devemos prestar muita atenção no que
produzimos nas pessoas.
SIRLENE
28/03/2021
“ENTÃO, NÃO CHOREM MAIS...”
Não chore por mim, hoje não, não mais. Depois de tudo o que vivi, não chore.
Eu tive a melhor vida, os melhores momentos
que alguém poderia ter, então, fique com tudo o que foi bom.
Guarde os meus sorrisos, as minhas
maiores gargalhadas, meu sentimento por você, indescritível, guarde tudo o que
eu deixei, as lembranças dos dias incríveis e do quanto aprendemos juntos,
guarde quem eu fui de verdade.
Eu fui real, eu vivi com vocês os
meus maiores sonhos, numa vida tão simples e rica em ternura, eu fui feliz.
Não chore por mim, não estrague tudo o que levo de tão maravilhoso como se o tempo e a distância pudessem apagar quem fomos juntos.
Não chore, não me torture com o seu
sentimento tristonho e cheio de dor como se eu não tivesse aproveitado tanto
tempo ao seu lado. Nós recebemos muito de Deus.
Não chore mais e não me confunda porque eu preciso prosseguir, preciso encontrar forças para seguir em frente sabendo que vocês estão bem, conformados e continuando com o seu percurso longe de mim.
Não chore porque crê no nosso
reencontro, eu estou viva, mas preciso encontrar um novo caminho, uma nova
forma de vida, uma nova motivação.
Eu também sofri e chorei, mas a vida
eterna não pode ser só dor, não pode ser só isso. Todos precisam continuar e eu
não vou me queixar de nada porque tive a melhor vida que alguém poderia ter.
Então, não chorem mais...
Em nome de muitos que partiram não
chorem. VALDETE,
CÍCERA, MARIA OLÍVIA, IVONE, ESTEFANY, VIVIANE, AMÁLIA E MARIA CECÍLIA.
20/03/2021
---------------------------Paula Alves----------------
“NÓS SOMOS MUITO FATALISTAS E QUEIXOSOS, PORTANTO, NÃO CHORE MAIS”
Não chore porque o constrangimento é grande. É difícil perceber que você deixou mal entendido. Eu não mereço os títulos que recebi, não fui bondoso, altruísta, fiel, leal, honrado, eu não fui, nem fiz por merecer tudo o que tive.
Em vida na terra, cada um, cria as
máscaras que acham convenientes. Cada um vive a mentira que acha que lhe
beneficiará. Todos podem ser aquilo que desejarem e existem pessoas que vivem
muitos papéis ao mesmo tempo.
Eu pude manipular à vontade e obtive
vantagens provenientes do meu comportamento social adequado diante das pessoas
que importavam, mas não foi sincero.
Você diria “duas caras”, na verdade, foram mil faces. Eu sempre soube o que as pessoas desejavam ouvir. É fácil saber o que as pessoas querem de você e podemos usar isso a nosso favor para ter o que queremos, eu fui assim, eu vivi assim.
Então, não chore mais. Não pense que eu era tão santo que não merecia uma morte dessas, morte de total abandono e indignação.
Não! Não é assim. Se na vida nós
conseguimos manipular, na morte cada um tem aquilo que merece. É da Lei do
Retorno que cada um colha da própria plantação.
É que na vida da terra as pessoas
analisam com o que veem, julgam com tudo o que sabem e nós podemos esconder os
fatos que podem nos derrotar para sairmos sempre vitoriosos, porém, na
espiritualidade nada fica escondido, nada.
Todas as lembranças voltam, nada fica
escondido, nada.
Eu menti tanto sobre quem eu era que no final acabei esquecendo de muita crueldade que foi praticada. Eu menti para mim mesmo e me encantei com o velhinho que me tornei, até eu acreditei na farsa que encenei, até eu.
Mas, não chore assim, não chore
porque eu não mereço suas lágrimas lamentosas, eu não mereço a sua dor. Tudo o
que ocorreu me fez sofrer e o sofrimento foi remédio necessário para me colocar
diante da pessoa que existe em mim, sem máscaras, sem impunidade, sem
maquiagem. Eu, nu, horrendo, merecendo aquela morte sem ar, sem fôlego, sem
ninguém.
Quantos eu deixei à mingua?
A quantos neguei o mínimo para a
subsistência por causa do meu egoísmo, do meu jeito leviano de ser?
Eu tive o que mereci e acho até que
foi pouco. O que é uma semana comparado com toda a eternidade, com todas as
chances que eu tive e que terei?
Nós somos muito fatalistas e
queixosos, portanto, não chore mais.
Erga esta cabeça e seja sincera com você mesma, reconstrua a sua vida de uma forma diferente da minha, o que importa não é o que podemos carregar, mas tudo o que temos dentro de nós. É o que te preenche que conta. Eu tive o que mereci. CLAUDIO
20/03/2021
----------------------------Paula Alves-------------------
“NINGUÉM PERGUNTOU COMO FOI O MEU
DIA. NINGUÉM NUNCA QUIS SABER”
Não chore mais! – eu dizia para mim mesma.
Eu queria ter ânimo, esperança.
Eu estava submersa naquela casa,
naquela solidão. Foi como chegar no fundo de um poço, era o fim, o marasmo.
Ele não me ouvia. Não importava os
gritos, o quebrar das taças, nada. Nós naufragamos e eu não sabia quantas
mulheres viviam o mesmo que eu.
Viver por viver, cada dia do mesmo
jeito, sem ambições, sem motivação, nada.
Eu olhei para eles, foi como se o
tempo corresse diferente para nós. A minha vida não tinha mais cor, nem movimento,
eu criei raízes naquela casa, as rugas chegaram e ele tinha outro alguém, eu
sabia, porque ele me ignorava, porque não sentia mais, não tentava.
Eu havia me tornado a serviçal do
lar, alguém que trabalha para todos e não precisa ser paga. Alguém que tem um
local para morar e cuida de todos, mas ninguém perguntou como foi o meu dia.
Ninguém nunca quis saber.
Seria porque eu não tinha nada para falar? Porque eu não saia e estava envolvida com a louça e a roupa suja?
Eu era a serviçal do lar e ninguém
via o quanto eu estava triste e cansada. Eu desejei morrer. Eu confesso!
Eu pensei naqueles dias e naqueles
tormentos. Eu pensei que se a doença chegasse, eles olhariam para mim, pelo
menos, eles se preocupariam, no fim e na dor.
Eu pensei que pudesse ter um local
melhor, poderia até reencontrar alguém, aqueles que um dia tiveram amor por
mim. Todos têm alguém que, um dia, manifestou amor sincero, incondicional,
todos. Eu me lembrei da minha mãe, a melhor amiga, a melhor conselheira e
chorei tanto.
Sim, eu desejei morrer. Mas, eu quis
que fosse uma morte com honra, uma morte oportuna que me tirasse daquele local
onde nada nem ninguém precisava de mim, onde eu não era nada.
E eu disse: “NÃO CHORE MAIS”
como se mais alguém dissesse isso pra mim.
Deus atendeu minhas preces. Não foi
tão ruim assim. Foi um sopro, um sopro.
De onde nós vemos, da forma que vemos, tão aflitiva e destruidora, é arrasador, condenatório, mas não, não é nada disso.
Foi como uma libertação, um fardo que
eu desprezei para seguir um rumo muito melhor depois de muito trabalho. E
quando eu me separei do corpo MALSÃO, eu respirei aliviada e a vi,
linda, minha mãe querida cheia de amor, do mais profundo amor.
Você não faz ideia do que é morrer
assim...
Foi como uma libertação.
SORAIA
20/03/2021
----------------------------Paula Alves----------------
“NÃO É A HUMANIDADE SENDO CASTIGADA, PUNIDA, MAS RETIFICADA, ORIENTADA,
ALERTADA”
Não existem enganos e nada fora do lugar. Só a evolução que toma o seu curso, que ensina e educa.
Deus é maravilhoso em seus
propósitos, as pessoas que não compreendem seus planos e sua clareza de Pai.
Todos amparados, todos SORRIDOS,
todos encaminhados para os locais apropriados ao refazimento ou para os locais
adequados ao aprendizado oportuno.
É a separação que não deixa de ser
feita, é o tempo da ceifa para todos, da retificação.
Se os homens fossem mais previdentes
aproveitariam para discernir, para se reestruturarem, avançariam mais e mais.
Não é a Humanidade sendo castigada, punida, mas retificada, orientada, alertada.
Leve o tempo que levar, pois a
eternidade é o limite. Não existem acasos, existe disciplina e melhoramento
coletivo. O que existe é a Humanidade sendo envolvida em propósitos edificantes
e PERSCRUTADORES.
Não maldigam a vontade de Deus, Seus
desígnios e nem o trabalho árduo dos Espíritos sérios. Não se envolvam em
leviandades quando existe tanto a ser feito.
Trabalho intenso para todos que
desejam se elevar. Desde o mais pequenino ao ser mais poderoso da Terra, todos
deveriam aproveitar o momento para produzir os imperecíveis tesouros.
Vemos a incumbência de cada um de
vós. Nos lares que estavam desprovidos de tutores responsáveis, pais e mães que
abandonaram os postos e delegaram tarefas para filhos sem direção.
Em cada posto de trabalho a
negligência e a ociosidade, desde os que ensinam até os que produzem, todos
querendo abandonar suas funções, ganhar o muito, executar o mínimo. Enganar,
extorquir, se vangloriar.
Por toda parte matança, ódio,
discriminação. Pessoas perdendo os escrúpulos, vendendo a própria alma por
tostões, até quando?
Como se fosse um mundo sem Lei? Como
se não houvesse hierarquia?
BANALIZAÇÃO DA DIVINDADE...
Tudo tem reprimenda e a Humanidade
deverá compreender, mesmo a duras penas, que tudo o que fazemos tem
consequências diretas para nós e para os nossos semelhantes.
A Lei da Igualdade se faz visível.
Quando a dor da perda e o medo da morte imperam todos são iguais. Não importa
as cifras, nem a cor da pele. Não importa a idade, nem o nível intelectual.
Todos são iguais.
SE O HOMEM NÃO VALORIZAR A VIDA, O QUE ELE VALORIZARÁ?
Qual é o seu bem mais precioso hoje?
De que vale a cor da sua pele e a sua
classe social em meio a pandemia?
Todos nós perdemos quando alguém é cruel e
desalmado. Todos nós perdemos quando ocorre o feminicídio ou quando os pais são
abandonados. Todos nós sofremos pelos erros dos nossos irmãos e devemos nos
comprometer com os erros desta sociedade.
PARAR DE FECHAR OS OLHOS PARA A NECESSIDADE DA
EDUCAÇÃO, DA FORMAÇÃO DE CIDADÃOS ÉTICOS E CONSCIENTES DOS SEUS DEVERES.
Assim, limparemos a sociedade e teremos um mundo
mais saudável para se viver.
IZRET –
GRUPO DE TRABALHADORES
20/03/2021
“SERÁ QUE ESTES HOMENS RECEBERAM EDUCAÇÃO VALOROSA DE UMA MULHER EM
CASA?”
Eu vi e não falei nada por medo. Sempre soube que era perigoso minha irmã ficar andando com aqueles garotos, mas ela se sentia adulta e independente, nunca ouvia o que eu e nossos irmãos diziam, ela era a mais velha, “a experiente”.
Naquela tarde, eu a segui, queria saber aonde ela ia toda enfeitada. Eu
sentia no fundo do peito que alguma coisa de ruim podia acontecer, mas não
imaginava que seria tão ruim.
Ela estava se envolvendo com o filho da patroa da nossa mãe, ela achava
que ele gostava dela, mas ele só queria se aproveitar. Ela se insinuou, mas não
viu quando outros três garotos chegaram por trás. Ah! Foi horrível! E eu fiquei
ali, encolhida, covarde, morrendo de medo que me vissem e viessem para cima de
mim também. Meu Deus! Quanta covardia, quanta maldade! Ela chorava demais e
pedia para parar, mas eles riam.
Eu nunca me esqueci. Queria que aquilo tudo jamais acontecesse com uma mulher, mesmo que fosse mulher casada que já tivesse conhecido um homem. Mulher nenhuma merece uma violência daquelas.
Depois do ato consumado, eles foram embora e ela ficou ali jogada. Eu
nem tive coragem de me revelar. Ela nunca soube do meu conhecimento daquela
tragédia.
Minha irmã nunca mais foi a mesma e o pior é que ainda ficou grávida.
Nossos pais quiseram saber o responsável pela gravidez, mas minha irmã não
tinha como saber qual dos quatro era o pai da criança. Ela tentou se matar
muitas vezes, até que a criança nasceu e ela ficou transtornada. Ela não
conseguia amar o próprio filho.
Foi incrível como aquela crueldade mudou a vida dela, de todos nós. Eu
nunca quis me relacionar com homem algum, fiquei sozinha a vida toda, ajudando
a criar meu sobrinho que me tinha como mãe, eu era a doadora do afeto que a mãe
dele não deu.
Nós podemos falar de resgate e coisa e tal, mas Deus não coloca um filho na Terra para sofrer, a Lei de ação e reação existe, mas os homens têm livre arbítrio para escolherem se praticarão o mal ou o bem.
O fato é que as mulheres já progrediram em muitos aspectos, mas não consigo
compreender por que os homens ainda as veem como inferiores. Inferiores sim
porque usar alguém é ver como alguém que é inferior. Isso jamais deveria
acontecer. A mulher deveria ser sempre bem tratada, delicadamente, com o maior
respeito porque a mulher é a imagem da própria mãe.
Você pode dizer que minha irmã não se deu ao respeito, até entendo o
comportamento dela não foi dos melhores, mas isso não justifica.
Será que estes homens receberam educação valorosa de uma mulher em casa?
Será que receberam tudo o que deveriam receber da mãe deles?
Você vai me dizer que a mãe deles não tem culpa dos erros dos filhos?
Concordo em parte porque as mesmas mulheres que são agredidas têm
responsabilidade na educação de seus filhos, dos homens.
Se desde novinhos, eles fossem ensinados a tratarem as mulheres como a mais
rara das flores, será que desejariam estuprar, espancar ou matar uma mulher?
Progredimos sim, em muitos aspectos, mas ainda temos um longo caminho
até a total realização feminina na Terra.
Seremos realizadas quando, um dia, formos respeitadas integralmente,
quando nem de longe, um homem nos maltratar, quando nos olharem nos olhos
enquanto falamos, quando tivermos as mesmas condições de trabalho, salário e
progresso material que os homens, quando dentro de casa formos valorizadas
tanto quanto os homens, quando filhas mulheres forem ouvidas tanto quanto os
filhos homens e quando as próprias mulheres amarem o seu sexo e suas
possibilidades de evolução, quando umas apoiarem as outras sem inveja, rixa ou
constrangimento, aí sim teremos avançado muito.
Eu desejo reencarnar como mulher mais uma vez. Em nome do
desenvolvimento e evolução feminina na Terra.
ISA
13/03/2021
----------------------Paula
Alves----------------
“DESVIARMOS O OLHAR DA MULHER É PERDER FORÇA NA CIVILIZAÇÃO DA
HUMANIDADE”
Por que meu irmão podia e eu não? Porque eu nasci mulher?
Eu não queria aceitar que fomos tratados diferentes. Demorei para
entender que cada filho é único para seus pais, até aí tudo bem.
Demorei para entender que homens têm perspectivas diferentes das
mulheres porque estamos ligadas à maternidade ou porque nossos hormônios afloram
comportamentos delicados e mais sensíveis, sim somos diferentes, mas eu queria
ter as mesmas oportunidades que o meu irmão teve.
Enquanto ele estava sendo preparado para o direito, eu estava sendo
preparada para o casamento, ainda por cima, com alguém que eu nem mesmo
conhecia. Isso é não ter direito a nada. Eu parecia não viver naquela época e
sofria muito por isso. Eu queria ler, queria trabalhar e divulgar minhas
ideias, estas ideias e outras.
Eu tinha sonhos e ambições que estavam sendo reprimidos por causa do meu
sexo. Eu não podia ser ouvida, nem vista ou sentida. Eu não era ninguém, apenas
uma mulher fadada à casa, ao matrimônio e à reprodução.
Eu esbravejei e meu pai me chamou de louca, disse que aquilo era muita afronta e que ele não permitiria uma louca em casa, falou que eu deveria me comportar como minha mãe e irmãs que já estavam bem casadas.
Minha mãe nunca abriu a boca para falar nada, minhas irmãs eram como ela
e todas as outras da sociedade que toleravam todos os abusos dos machistas.
Os homens podiam tudo, casavam, tinham amantes, abusavam das serviçais.
Por que a mulher tão severamente humilhada e abusada em todos os sentidos?
Eu sei que hoje as coisas mudaram. Sei que hoje as mulheres falam e são
ouvidas. Sei também que hoje, elas se casam com o amor que escolhem, mudam de
sexo se quiserem, elas são donas do próprio nariz, mas será que mudou tanto
assim?
Eu não vejo muita felicidade por aí. Eu vejo que elas sofrem e sentem.
Hoje elas se separam muito, muito. E muitas delas criam seus filhos sozinhas,
trabalham, educam, correm o tempo todo e fazem o possível para ser
independentes. Trabalham tanto, fazem três coisas ao mesmo tempo.
As casadas amaram, se comprometeram em viver com alguém, mas nem sempre são ouvidas, parece que falta alguma coisa no lar, falta alguém. A impressão que eu tenho é que falta o feminismo legítimo. Falta a identidade da mulher que busca o ideal em muitas coisas e lugares, mas se esqueceu de procurar em si mesma.
As mulheres são as educadoras, elas ensinam o amor e a amar. São elas
que instruem nos primeiros passos, elas ensinam o afeto e o comprometimento com
Deus. É a mulher que une os integrantes da família e ensina o caráter social.
Desviarmos o olhar da mulher é perder força na civilização da Humanidade.
Mulher que deveria se unir às suas irmãs, se empenhar na socialização dos
seres. A conquista real da mulher é unir forças para a sua verdadeira
valorização dentro e fora de casa.
Assim, atenderemos a todos os nossos objetivos: econômicos,
trabalhistas, raciais, sexistas, enfim, conseguiremos avançar com o objetivo da
igualdade alcançado para todos.
VITÓRIA
13/03/2021
------------------------Paula Alves-------------------
“AS PESSOAS BOAS ESTÃO ANDANDO POR AÍ E NÓS PODEMOS CRUZAR COM ELAS”
Eu enterrei aquela criança e jurei para mim mesma que nunca mais
permitiria que um homem maltratasse um filho meu.
Ele o agredia de graça. O menino nem precisava fazer nada, lá vinha a
surra. Você vai rever a passagem da minha vida e dizer que foi sem intenção,
mas pra mim, bastou!
Eu tenho todo o histórico daquela vidinha, eu o acompanhei em todos os
momentos – meu filho! Meu!
O pai sempre o maltratou, sempre o agrediu e tinha ciúmes do próprio
filho nos primeiros meses de vida do garotinho.
Depois da morte do garoto, eu nem quis olhar na cara dele e prometi para mim mesma que iria deixá-lo, mas naquela época...
Eu tinha meus motivos, mas a sociedade era machista e controladora, as
mulheres também eram machistas. Se uma mulher deixasse o seu marido era tratada
como lixo, como mulher leviana e as outras mulheres desprezavam, nem arrumava
emprego ou moradia. Eu tinha medo, mas não podia viver sob o mesmo teto que
ele. Então, eu falei que ia embora e pedi para dar minha parte da casa porque
eu me casei com ele e nós adquirimos os bens juntos.
Ele riu de mim e falou que eu nunca tinha feito nada para conseguir o
que ele tinha. Tudo foi conquistado com o suor do seu rosto, com os calos das
mãos e eu ficava em casa o dia todo sem fazer nada. Nada!
Eu não tinha para onde ir, mas peguei meia dúzia de roupas e saí. Fiz questão de bater a porta com bastante força, cuspi no chão. Que horror!
Eu me casei com aquele homem, fui galanteada, ele era um perfeito
cavalheiro, como fui enganada...
Eu fui embora dali, tentei alcançar um lugar onde ninguém me conhecia e
eu pudesse recomeçar. Depois de algum tempo, consegui emprego, morei numa pensão.
Anos depois, me relacionei com um homem, depois de muito receio, acreditei que
ele fosse diferente do meu marido.
Quando finalmente acreditei que eu seria feliz, meu marido me encontrou
e quase quebrou o meu pescoço. Quando meu namorado me viu sendo agredida, ele
me ajudou e cobrou satisfações. O meu marido disse que eu o abandonei e era uma
vulgar. Meu namorado o mandou embora, eu pensei que nunca mais fosse ver o
namorado, mas ele me levou em casa, cuidou dos meus ferimentos e ouviu minha
história.
Depois de tudo, ele me abraçou e disse que faria de tudo para o meu
desquite sair. Ele me apoiou. Anos depois, tudo se formalizou e ficamos juntos.
Eu me surpreendi porque achei que todos os homens fossem iguais. Nós não
podemos generalizar. Não podemos tirar um por todos os homens. Existem pessoas
boas em toda parte e isso independe de sexo, posição social, raça ou credo. As
pessoas boas estão andando por aí e nós podemos cruzar com elas.
Eu tive a sorte de refazer minha vida com um homem maravilhoso que me
fez mudar totalmente a forma como eu enxergo todas as outras pessoas.
JUANITA
13/03/2021
--------------------------Paula Alves-------------------
“AS MULHERES TÊM MUITAS HABILIDADES E DEVEM USAR TODAS ELAS PARA
DESENVOLVER SEUS FAMILIARES”
Eu dizia para ela que ela seria tudo o que eu não pude ser. Sempre
incentivei minha filha, fiz o possível para dar as oportunidades de estudo e
trabalho que eu não tive.
Apesar de ter um marido bondoso que sempre foi carinhoso comigo, na
minha época, as mulheres não podiam muitas coisas. Eu queria que ela fosse
feliz, realizada, independente, mas parecia que a menina não via as vantagens
de nascer naquele tempo.
As conquistas das mulheres eram belíssimas e eu falava com tanto
entusiasmo que até parecia que era eu que tinha que seguir carreira, ir
estudar.
Minha filha ficava no quarto, no violão, disse que queria ser cantora e tinha umas danças estranhas que eu não aprovava.
Eu fiquei pensando que ela desmerecia as oportunidades que se
apresentavam. Tão empacada, ociosa, cheia de preguiça. Aquilo me deixou num
profundo desânimo. Enquanto, eu tinha um mundo encantado que esperava por nós,
ela estava lá jogada no canto, fumando...
Eu orei tanto, pedi que Deus me desse esclarecimento para tudo aquilo e
olhei os retratos de quando ela era bebezinha, tão linda!
Eu não podia sonhar o sonho dela. Eu tinha que ser mãe dela. Acho que,
muitas vezes, nós mulheres nos deslumbramos com algumas possibilidades. A vida
é o que é. Cada um deve jogar com o que tem. E eu tinha meu marido e minha
filha para conduzir, mas não era para fazer deles meus bonecos. Ela era uma
pessoa com planos definidos pelo Senhor.
Eu não sabia quais eram os planos do Senhor para ela, mas precisava orientá-la, eu tinha que me aproximar dela sem pretensões, sem sonhos, sem os meus entusiasmos para ajudá-la.
Eu me deparei com uma cantora de sucesso, iluminada e talentosa que não
seguiu em nada os passos que eu queria, mas fez um belo trabalho social. Com o
meu amor, sei que participei desta elaboração, mas não foi fácil, acho que
quase a desviei do seu propósito.
O importante é mencionar que, muitas vezes, como mães podemos manipular
a família e os integrantes desta família. Podemos sugerir coisas ao marido e
aos filhos, podemos com jeitinho plantar ideias, fazer surgir inclinações e
despertar interesses.
Mas, cuidado! Nós somos simples criaturas de Deus e, em diversas
situações, não compreendemos os planos de Deus porque nos projetamos em nossos
familiares. É como se estivéssemos dispostas a fazê-los viver a vida que nós
sonhamos: eu queria ser bailarina, não consegui, então, minha filha será a
maior bailarina que já existiu. Balela! Coitada da criança, queria ser professora.
Aproveite a oportunidade que Deus te deu e faça muito bem o seu dever de ser mãe e esposa no lar. Analise seus familiares, estimule todos os pontos positivos, moralize com o Evangelho de Jesus, converse, faça surgir dúvidas, apoie, pesquisem juntos soluções apropriadas para todos, desperte o interesse pela coletividade, enfim, faça-os avançar.
As mulheres têm muitas habilidades e devem usar todas elas para
desenvolver seus familiares.
KEILA
13/03/2021
“EXISTEM
MUITAS PESSOAS QUE SE SOBRESSAEM NA SOCIEDADE PELO NOME DE SEUS FAMILIARES”
Eu
me sentia agredida e insultada. Era como se meus esforços não me levassem a
lugar algum. Era complicado estar sempre estudando, me empenhando e não ter
como competir com ela porque ela era a filha do chefe.
Eu
me sentia revoltada em perceber o quanto a proteção existia bem perto de mim,
privilégios de nascimento e casta sempre existiram, é verdade, mas quem gosta
de passar por uma situação destas?
O
trabalho era meu, a pesquisa era minha, mas quem exibia era ela, quem assinava
era ela e eu tinha que achar agradável porque mantinha meu emprego, mas o suor
era meu, o empenho era todo meu.
Eu
chorei me sentindo menosprezada. Pensei em sair da empresa e buscar outra
colocação, em outro lugar que pudesse me recompensar por meus próprios méritos,
eu amava o meu trabalho, mas eu precisava daquele salário naquele momento,
minha mãe estava doente, eu precisava enfrentar aquele desafio.
Sei
que, de alguma forma, aquilo tudo estava me tornando uma pessoa melhor porque
eu estava me colocando diante de um orgulho ferido, mas ver o outro se
vangloriar do que te pertence não é nenhum pouco agradável.
Eu
fiquei na empresa e tive uma boa surpresa. O projeto precisava ser divulgado,
de repente, para uma grande empresa, todos se prepararam de forma súbita e a
filha do chefe se desesperou porque não tinha tempo de analisar o que eu havia
levado meses para terminar.
Durante
a apresentação ela foi questionada sobre diversas coisas e como não soube
responder, meu chefe me direcionou para realizar a apresentação. Eu sabia de
tudo, fiz toda a planilha, sabia perfeitamente como argumentar com quem quer
que fosse, me sai super bem e recebi muitos elogios.
Fiquei
tão confiante que resolvi ir para outro local trabalhar em paz, fazendo o que
eu amava, assumindo minhas limitações e vitórias pelos reais esforços.
Existem
muitas pessoas que se sobressaem na sociedade pelo nome de seus familiares.
Pessoas que são aceitas aqui e ali porque são filhos de fulano de tal,
infelizmente o mundo continua sendo assim... As pessoas julgam e agradam quem
tem mais poder ou dinheiro. Nem sempre filho de peixe, peixinho é, às vezes, o
peixinho abusa do nome da família para se dar bem, chega a ser constrangedor.
O
melhor mesmo era que as famílias criassem seus filhos para serem indivíduos
promissores por si mesmos. É muito prazeroso quando você é reconhecido por seus
próprios méritos, por seu esforço, por seu trabalho honesto e honroso, digno.
Eu
fiquei muito satisfeita em trabalhar em outro local, rapidamente consegui
emprego e isso me ensinou a educar meus filhos.
Quando
se tem filhos, nós também desejamos facilitar as coisas para eles, mas eles
devem ser impulsionados, não dar tudo de mão beijada porque assim parece não
ter tanto valor.
DULCINÉIA
07/03/2021
-------------------Paula
Alves------------
“EU
ACREDITO QUE A ALEGRIA DE VIVER PROMOVE O BEM ESTAR E RENOVA AS NOSSAS CÉLULAS”
Eu
tirei aquele colete e me senti um trapo. Eu nem sei como conseguia me
movimentar. A coluna tortinha, parecia uma lagarta que se contorce para todos
os lados procurando uma posição para se ajustar no mundo.
Eu
não conseguia viver com tanta dor. A dor tira a paciência da pessoa.
Quando
aquele médico dizia que eu iria melhorar, eu ficava com vontade de rir na cara
dele, debochado... Dizer que eu iria melhorar, impossível, ele não podia
entender que eu já era torta e curvada, não tinha mais jeito.
Eu
já tinha me conformado e o pior era saber que, por causa da minha aparência, eu
jamais teria o prazer de ser mãe, de ter uma família, um homem que me amasse de
verdade. Como seria possível alguém me ver, além daquela curvatura terrível?
Então,
eu me curvei mais ainda, parecia um tatu bola (há-há-há).
Triste
perceber o quanto existem fatores que limitam a nossa perspectiva na vida.
Eu
não tinha paciência com ninguém, mas teve um dia que eu fui à farmácia e
insisti tanto para a menina me vender um remédio sem receita que perdi a
paciência com ela e chamei a atenção do farmacêutico que me viu e disse para eu
me acalmar. Eu ia xingar o homem, mas quando olhei para ele, silenciei.
Ele
era pior do que eu, coitado. Manco, com muletas, sorriu e perguntou se eu
precisava de ajuda. Eu nem sabia o que dizer, me constrangi daquela falta de
educação porque afinal, a moça estava certa, eu queria infringir a lei e ela
estava trabalhando, ele conversou comigo e com delicadeza me informou uma
medicação que poderia ser vendida e era adequada para acalmar minha dor, também
falou de vários procedimentos naturais que podiam me ajudar. Nesta brincadeira,
nós ficamos amigos, encontramos muitas coisas interessantes para fazer juntos,
uma delas foi namorar.
Depois
de um ano indo ao cinema, teatro, tendo interesse pelas mesmas coisas, percebi
o quanto minha dor havia reduzido, eu nem reclamava mais. Ele também estava
melhor, até abandonou as muletas por uma bengalinha.
Eu
amava aquele homem que tinha um olhar do bem para todas as coisas. Sabe aquela
pessoa que é otimista de verdade e sempre tem uma palavra de incentivo para
você? Então, eu me casei com ele e notei o quanto ele me fazia bem, muito mais
do que os remédios.
Nós
sempre tivemos nossas limitações, mas além delas, tivemos filhos lindos,
saudáveis e fomos muito felizes.
Eu
acredito que a alegria de viver promove o bem estar e renova as nossas células,
regenerando e promovendo a cura, em muitos casos, então, vamos ser felizes com
olhar de otimismo sempre.
VALÉRIA
07/03/2021
-----------------------Paula
Alves--------------
“ÀS
VEZES, É MELHOR ADMITIR QUE A GENTE NÃO MUDA NINGUÉM, MAS PODE MUDAR A SI MESMO”
Cinzeiro
e bitucas de cigarro espalhadas por toda parte. Aquilo me irritava tanto...
Eu
estava cansada de chegar em casa e ver minha mãe em cima daquela cama,
chorando, bebendo, resmungando porque meu pai foi embora.
Na
real, ele nunca foi boa gente. Ele batia nela e deixava faltar de tudo, por
pouco não me violentou, meu pai, mas fazer o quê?
Ela
era apaixonada por ele, sempre foi. Não adiantou saber os podres dele, nem que
ele tinha outras mulheres e era marginal. Ela era apaixonada.
Eu via
aquela situação e ficava pensando: o que leva uma mulher a cair nesta furada?
Por qual motivo alguém se sujeita a isso, a tanta humilhação, maus tratos,
insultos? Por quê?
Eu
não sei, mas acho que foi por falta de amor próprio. Paixão é quando o
sentimento é excessivo por alguma coisa ou por alguém e pode arruinar você
porque você se deixa de lado por sua paixão, entende?
Quantas
vezes, não vi meu pai acabar com ela e quando ele voltava bonzinho, manso, ela
o recebia de volta e era um nojo, muita indignação ver a forma como ela o
tratava, cheia de mimos e paparicos. Eu não aguentava ver aquilo.
Nestas
horas, eu bem que queria ter um irmão para dividir aquela vida difícil porque
só quem entende o que se passa com os pais são os irmãos.
Os
irmãos deviam ser mais unidos, cúmplices porque ninguém vai entender melhor o
que se passa entre os seus pais e o vínculo que segura vocês, do que os seus
irmãos. Acho que acontece que, muitas vezes, falta refletir sobre as coisas.
As
pessoas se deixam conduzir por condicionamentos, sabe, tudo no automático. Não
pensam nos próprios atos e nem nos atos das outras pessoas e a vida se conduz
de qualquer forma.
O
ser humano é racional e pode refletir o quanto quiser, adaptar seus movimentos
e suas ações às suas necessidades para se relacionar melhor no mundo em que
vive, mas ele se move por instintos e se machuca, machuca os outros, faz aquela
cara de coitado e sempre tem uma trouxa que acredita e recebe de volta.
Ah!
Foi assim por muito tempo até que eu cansei e fui viver minha vida. Eu não
abandonei minha mãe, mas não podia ficar sustentando as reviravoltas deles.
Às vezes,
é melhor admitir que a gente não muda ninguém, mas pode mudar a si mesmo.
VERÔNICA
07/03/2021
------------------------Paula
Alves--------------------
“TODOS
DEVEM SE ESFORÇAR PARA ELIMINAR SUAS MÁS TENDÊNCIAS”
Ah
doutor! Acho que eu me entreguei para minha neura...
Era
tão difícil ficar me controlando para me ajustar à sociedade. Confesso que
sempre senti raiva quando as pessoas debocharam de mim e o pior é aquela gente
que esquece da própria vida para ficar te reparando. Ficavam me observando sem
o menor constrangimento, credo! Não tiravam os olhos de mim, esperando um
tique, um gemido, alguma coisa que fosse denunciar o quanto eu não devia estar
ali.
Mas,
nestas horas eu ficava sempre pensando que ninguém é normal. Todo mundo tem a
sua mania de limpeza ou de sujeira, alguma coisinha que faz às escondidas,
ridícula, absurda, coisas que não diriam para ninguém. De médico e louco...
É isso
doutor. Eu fiquei até feliz quando minha mãe falou com aquele médico que achou
muito prudente me internar, claro que a minha mãe estava tentando me esconder
dos nossos familiares e amigos, coitada, não aguentava mais os comentários
maliciosos. O médico encontrou a boa oportunidade de enclausurar mais um para o
resto da sua vida e viver das mensalidades que meus pais pagavam na sua
clínica.
Não
foi confortável, nenhum pouco, aquilo nunca foi casa de ninguém, mas pelo
menos, eu me vi diante dos meus semelhantes. Muitos como eu, loucos e
desajustados do mundo. Pessoas diferentes dos certinhos que se escondem de
todos, ali nós podíamos ter nossos tiques em paz.
A
gente nem ligava uns para os outros, só era ruim o monte de remédios e a
comida, dormir na hora que mandavam, não ter liberdade nenhuma é ruim, mas foi
punição de outras vidas que eu saí ileso por crimes cometidos, achei que era
espertinho, daí me dei mal nesta última existência, beleza!
Até
que um dia, cismei de fazer uma arruaça e me joguei da janela, morri. Burro!
Mas, pelo menos, pude sair à vontade.
Fui
para rua e vi cada coisa doutor! Todas as coisas críticas que eles escondem,
ficam à vista. Muito engraçado doutor! Muitas maluquices que andam com eles e a
gente pode ver, fica tudo à mostra, eu ri de tudo porque eles riam de mim, os
normais riam de mim sem saber que têm coisa estranha que entrega todos eles no
mundo dos Espíritos.
Ao
invés, de se acharem normais, bonitinhos, eles deviam se esforçar para se
tratar tanto quanto nós. Todos devem se esforçar para eliminar suas más
tendências.
ARNALDO
07/03/2021
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