“EU NÃO CONSIGO ENTENDER COMO O HOMEM PODE SE
TORNAR CADA VEZ MAIS ANIMALIZADO, APESAR DE SUA EVOLUÇÃO”
Foi uma época tão diferente. Podíamos passear com nossos filhos à vontade. Imigrantes que conseguiam trabalho fácil e, apesar dos inúmeros infortúnios relacionados a repressão, vivíamos em paz.
Naquela época, eu nem podia sonhar que vocês
enfrentariam tudo isso.
Eu me lembro claramente que íamos todos juntos
passear nos bosques floridos com nossos meninos e os filhos da vizinhança,
todos alegres para o futebol da garotada. Lanches e risos, eu adorava levá-los
conosco. Pra mim, nunca foi um problema cuidar daquelas crianças que nos
respeitavam e se tornaram homens e mulheres de bem.
Grande orgulho ver como se comportavam na
sociedade.
Claro que as pessoas tinham muitos problemas, mas nem de longe, se comparam com os da atualidade. A médium nem conseguem entender...
Mas, é a pura verdade! Nós tínhamos outras
ambições e vivíamos mais tranquilos. Compreendo que vocês estão enfrentando uma
época de transição, onde os valores se chocam e as pessoas vivem envolvidas com
problemas que são, muito mais, existenciais do que qualquer outra coisa, mas
ainda existe o que não me sai da cabeça.
Estas disputas por território, por dominação,
controle de ideologia. Eu não consigo entender como o homem pode se tornar cada
vez mais animalizado, apesar de sua evolução.
Tenho aprendido que todos progridem, é da Lei.
Não existe aquele que não transcendeu alguns valores e não se tornou
visivelmente melhor, mas do meu ponto de vista, parece que retrocedemos em
sentimentos e convicções mentais.
Por que nos deixamos absorver pelo desejo de possuir e ser melhores do que os demais?
Por que eu me incomodo tanto com o que os
outros pensam de mim?
Por que eu fico tão inseguro e não consigo
produzir com os bens que adquiri de Deus para seguir nesta jornada?
Por que não consigo compreender que eu sou
responsável por tudo o que me acontece de bom ou de ruim?
EU SOU O RESPONSÁVEL!
São questionamentos meus. Deste lado, faz
parte do nosso aprimoramento sabermos de tudo o que acontece na Terra e
conjecturarmos das decisões dos encarnados é parte desta análise.
EU SOUBE DA GUERRA. Eu me lembrei de tantas atrocidades...
Hitler, bombas, mísseis, fome e dor. Coisas que me passaram pela cabeça e
vieram logo em seguida, Deus, causa e efeito, progresso.
Mesmo assim, eu não aceito a guerra. Eu
acredito na paz, no diálogo, na concórdia e na fraternidade. Entendo
perfeitamente o porquê de muitos Espíritos fugirem sobremaneira do regresso no
corpo físico, é medo da dor e da dominação. Sabendo de seus dividendos, tentam
recuar.
Eu já vi muitos retornarem com assombro, com
semblante de quem é enviado para uma guerra e agora consigo entendê-los. É de
arrepiar!
Eu acredito que Deus está no controle de tudo,
mas podíamos facilitar o processo evolutivo.
Podíamos seguir apenas pelo caminho do bem,
deixando de lado todas as necessidades fúteis e frívolas. Fazendo o possível
para seguirmos os exemplos edificantes de tantos mártires que desejaram a paz,
sonharam pela paz e auxiliaram na paz de todos. Por Gandhi, por Jesus e tantos
outros, sejamos honestos servidores da paz.
ERNESTO
27/02/2022
----Paula Alves---
“SER MELHOR HOJE, ESTA
É A PROPOSTA”
Eles me infernizaram tanto. Não sabiam o que
fazer para me irritar desde a infância. Cheguei a pensar que não fazia parte
daquela família de forma consanguínea, mas eu era filha legítima dos nossos
pais.
Meus irmãos deviam ter motivos sérios pra me
insultarem a vida toda, mas após chorar por anos, me conscientizei de que eu
não estava disposta a brigar com eles e nem ia sair de perto dos nossos
genitores.
O incrível é que, muitas vezes, sua posição
pacífica irrita ainda mais seus opositores. Ficava evidente o quanto se iravam
comigo. Mas, eu segui assim...
Notavelmente, conforme os anos se passavam,
conseguia cativar um por um, em nome da paz no nosso lar, eu não revidei nenhum
coice, nenhuma palavra mal dita, nenhuma afronta. Até passei por paspalha,
pois, fingi que não ouvia os risos e os gracejos de deboche.
Todas as vezes que me pediam ajuda, lá estava
eu de forma amistosa, usando todos os recursos possíveis para cativá-los. Eu
fui a melhor irmã que alguém podia ter, então, após décadas de convivência,
posso afirmar que nos tornamos amigos e eu pude ser feliz naquela casa.
Eu estudei, me formei, casei e tive filhos.
Ouvi muitas amigas falando com enorme pesar que, após os desencarnes de seus
genitores, os irmãos se afastaram, pois não havia motivos para que se
reencontrassem sem seus pais que eram os elos familiares.
Mas, apesar de tudo o que vivemos, após os
desencarnes de nossos genitores, nós continuamos com nossos encontros
familiares, recordando do tempo de infância quando papai e mamãe tentavam nos
aproximar com seu amor.
Hoje eu me recordo de tudo e, tendo em vista o
nosso passado, fico muito feliz por ter me esforçado para viver em paz com
todos eles.
No pretérito, eu fui muito ofendida por este grupo de pessoas, vingativa e cruel, pedi para que meu pai que era um rico agricultor, desse um jeitinho de fazer com que ficassem quietos e, os capangas de meu pai, feriram todos gravemente. Após compreender a necessidade de perdoar e ser perdoada, solicitei que viéssemos juntos na mesma família para que eu pudesse aprender a amar e fizesse por eles tudo o que estivesse em meu alcance para quitar a dívida do passado.
Vejam como não é por acaso as afrontas que
recebemos. Toda antipatia recíproca, tem sua razão de ser, mas nós não devemos
viver afrontando e revidando o mal para não ficarmos eternos devedores,
perdendo o tempo precioso de aprendizado e depuração.
O mais adequado é ser bom, útil e laborioso
com todos, independente dos olhares de acusação porque as pessoas têm todo o
direito de sentirem repulsa por nós, mas o que não vale é a maldade desmedida,
o vai e vem de ofensas.
Nos libertarmos das mazelas também diz respeito
a sermos melhores com aqueles a quem ofendemos e causamos o mal. Como não dá
para saber quais foram nossas vítimas... O melhor é sermos bons para com todos.
Ser melhor hoje, esta é a proposta.
SUZANA
27/02/2022
---Paula Alves----
“O TRABALHO PREENCHE O VAZIO DA MENTE E NOS
PERMITE AVANÇAR COM SENSATEZ”
“Seu mão de vaca!” – dizia ela quase todos os
dias.
Eu me esforçava, mas o dinheiro parecia pouco,
contado. Como eu podia agradar minha esposa se eu tinha medo de passarmos
privações?
Pra falar a verdade, algo dentro de mim,
insistia em dizer que iriamos enfrentar um período de fome e necessidade, então,
eu guardava o pouco que eu ganhava.
Minha esposa não me dava folga, falava que eu
era sovina porque andava com roupas furadas, sapato esfolado e deixava meus
meninos sem dinheiro para o lanche. Eu concordo que, muitas vezes, passei dos
limites para economizar, mas eu me achava previdente e não avarento.
Confesso que, por muito tempo, nem mesmo,
sabia a diferença.
Ela queria luxo, conforto e não sabia o que
era acordar cedo para trabalhar. Então, ficava fácil cobrar do único que
trabalhava em nossa casa.
Quando foi um dia, precisei ir à igreja e ouvi
as pessoas rindo de mim, dizendo que eu preferia amontoar do que comprar uns
trapos melhores. Ela ficou tão envergonhada que pegou meu dinheiro e comprou
roupas para que eu pudesse ir à igreja num estilo mais condizente com nossa
situação, mas o problema é que a minha situação era a de pobre mesmo.
No mesmo dia, meu filho foi atropelado e
precisei de dinheiro para comprar remédios e outros curativos, mas eu não tinha
dinheiro para isso porque havia gasto tudo com roupas para impressionar os
fiéis que, na verdade, deviam me receber às portas da igreja sem preconceitos
ou cobranças, apenas como um irmão em nome de Deus.
Minha esposa ficou desesperada, foi até a loja
e, depois de explicar a situação, conseguiu entregar as roupas e pegou nosso
dinheiro de volta.
Meu filho ficou curado e minha esposa também.
Ela nunca mais me criticou.
Eu compreendo que nenhum de nós soube andar
pelo caminho da previdência ou da humildade. Nós dois erramos, eu por ser
avarento e ela por ser orgulhosa.
Mas, após analisarmos nossas posições,
corrigimos o que foi possível e seguimos em paz.
Quando chegamos aqui nos foi revelado que, na
última jornada, passamos muitas privações, fome, frio, moramos na rua com
nossos filhos. Sentimos medo e estendemos as mãos para pedir ajuda, mas
infelizmente, raramente recebemos auxílio, por isso, cada um de nós seguiu de
uma forma compreensível.
Eu tentei poupar o máximo que pude até chegar
no ponto de não gastar com medo de perder tudo. Minha esposa queria usufruir de
tranquilidade e bem estar, ela queria vida boa já que sofreu tanto no passado.
Sempre é mais fácil julgar os problemas
comportamentais das pessoas, ao invés, de procurar compreender seus motivos
para fazer isso ou aquilo. Eu aprendi a respeitar os motivos dos outros. Tentar
corrigir a mim mesmo, utilizar meu tempo para fazer a auto reforma.
Ela entendeu o que se passou e afirmou que precisa
se manter ocupada. O trabalho preenche o vazio da mente e nos permite avançar
com sensatez.
MICHEL
27/02/2022
----Paula Alves---
“DEVÍAMOS ORAR MAIS PARA QUE ESTES
ESPÍRITOS PUDESSEM RECEBER AMPARO E ORIENTAÇÃO”
Nem sei onde estava com a cabeça de ir para
aquele passeio.
No carnaval eu sempre fiquei muito
atrapalhada. Muitos diziam que era por causa das músicas, das festas e das
bebidas, mas eu me sentia atordoada, como se estivesse andando em câmera lenta,
sei lá.
Entrei na onda dos meus amigos e sai com eles
para o baile de carnaval numa cidade desconhecida com muita bebida.
Desde que o mundo é mundo existe bebida, droga
e divertimento desregrado. No carnaval ninguém é de ninguém. Meus amigos
rompiam com as namoradas para ficarem soltos e depois reatavam, com a mente
tranquila.
Eu estava livre e podia me divertir, então, me
deparei com um jovem lindo e me deixei levar por aquele momento.
É uma agradável sensação de liberdade. Ninguém
vai te cobrar, é só o momento, mas no fundo eu sentia que tudo aquilo estava
tão errado. Era como se eu não devesse estar ali.
Eu beijei o rapaz e senti uma dor que me
penetrou as costas. Ouvi:
— Eu te avisei cafajeste! Falei para você não
me afrontar. Agora tira este verme daqui.
A moça era tão linda, mas estava com as mãos
sujas de sangue, do meu sangue.
Eu mal conseguia respirar e pedia ajuda, mas
todos naquela festa estavam tão envolvidos com a música e a bebida que pensaram
que nós estávamos curtindo e eu estava pedindo socorro, mas ninguém percebia.
Foram momentos terríveis neste final de
jornada, quanto arrependimento! Podia ter sido muito diferente se eu tivesse
ouvido minha intuição, se eu tivesse ficado em casa, se eu não tivesse me
envolvido com qualquer um, enfim, se eu tivesse tido uma vida mais reta.
Enquanto desencarnava eu tive compreensão de tudo, foi tão chocante. Eu via quantos desencarnados se aproveitavam daquelas energias sexuais, quantos se aproximavam dos casais e se imantavam a eles. Quantos bebiam e se drogavam todos juntos...
Era como um grupo onde todos estão colados,
você não consegue definir quem é quem. A moça que me feriu estava com um
Espírito muito trevoso, gigante, gargalhou para mim e partiu abraçado a ela,
cochichando em seu ouvido.
Fiquei apavorada sem saber o que, de fato, me
acontecera. Eu achei que era um pesadelo e quis acordar, mas não pude. Fiquei
tantas décadas naquele local. Imaginando uma festa que nunca acabava. Um
carnaval eterno, cheio de orgias e overdoses, crimes e delinquência. Levou muito
tempo para que conseguisse um lampejo de sensatez e pedisse ajuda.
Pra mim, não existe nada de bom, nada. Deste
lado, sabemos que todos os Espíritos ficam exaltados. Todos aqueles que se
comprazem com os prazeres da carne, luxúria, vaidade e sensualismo enlouquecem.
Devíamos orar mais para que estes Espíritos
pudessem receber amparo e orientação, mas enquanto, os encarnados se entregarem
aos prazeres festivos sem compromisso ou respeito, o carnaval será sempre uma
festa que encaminha ao pecado e torpor mental.
RAFAELA
27/02/2022
------PaulaAlves---
“FOI COMO PERCEBER QUE EU AMONTOEI E NÃO FIZ
NADA DE ÚTIL COM AS OPORTUNIDADES QUE ME FORAM CONCEDIDAS. PRA QUÊ?”
É muita ilusão! Não dava para imaginar que era
assim que funcionava. Acho que eu não iria entender se tivessem me informado.
Por isso, que tem que ser aos poucos, somos lentos mesmo (risos).
O fato é que eu já estava cansado de tudo
aquilo. Demorei para perceber que é uma vida que não tem sentido onde só se
trabalha pelas conquistas materiais. Nós vivemos um mundo de ter, possuir,
comer, beber, passear, ostentar, mais nada.
Quando a gente para pra se questionar já
envelheceu e se acostumou com aquele ritmo de vida tão tolo, que não leva a
lugar nenhum. Daí eu despertei, tinha tudo o que se pode desejar: família, bens
materiais, conforto, profissão, estabilidade financeira, mas eu não tinha paz,
não tinha algo que me desse alívio, sossego para a alma.
Foi como perceber que eu amontoei e não fiz
nada de útil com as oportunidades que me foram concedidas. Pra quê?
Naquele momento eu vi. Vi a ignorância, a fome, a miséria e o sofrimento de muita gente que passava por mim. Eu vi o quanto estavam ensandecidos dentro da minha casa, o quanto brigavam e se lamentavam. Meus familiares também apresentavam problemas da alma, apesar de bem criados, nutridos e estudados. Eles tinham bons aspectos, mas estavam em desespero de alma.
Eu não tinha aprendido a lição dos pobres de Espírito
nem para mim, como poderia ensiná-los?
Eu estava vivendo a cegueira da matéria.
Cegueira daqueles que acreditam ter toda a razão, detentores de toda a verdade,
mas são ridicularizados pelos valores espirituais, imperecíveis e eternos. Eu
me envergonhei quando vi a luz.
Eu não sei qual foi o motivo do meu despertar e agradeço por ele ter chegado, enquanto eu estava encarnado e poderia auxiliar meus familiares que precisavam de socorro e atenção.
Eu tinha tudo: inteligência, bens,
conhecimento e oportunidades, então, arregacei as mangas para me tornar servo.
Como é difícil servir...
Parece que mil e um motivos se defrontam
contigo para que esmoreça. Eu desanimei por diversas vezes. Pensei na minha
vida de antes, nos prazeres do mundo, na minha vida sem responsabilidades, mas
quando se desperta não é possível voltar a ser como antes.
Eu não podia deixar que tantos sofressem
diante de mim, sem fazer nada, sem ao menos, tentar.
É difícil ser servo! Eu achei que aquele que
passa fome tinha que aceitar o pão que dei de qualquer jeito. Achei que iria
agradecer muito e ser simpático, mas não foi bem assim.
Ninguém agradeceu, nem foi bonzinho. As
pessoas estão muito envolvidas em sua dor, o padecimento é grande demais para
que alguém te enxergue. Isso é muito bom. Caridade desinteressada, aprendi!
Todos os dias eu aprendia uma coisa diferente, uma virtude brotava dentro de mim e para que eu pudesse prosseguir, tinha que eliminar um defeito, deixar de lado o orgulho foi o primeiro passo, ter humildade para servir foi outro passo importante.
Olha, como trabalhei servindo na causa de
Jesus! Só consegui conhecê-lo realmente quando comecei a amar. Amar
independente da cor, do cheiro, da vestimenta, amar os meus familiares que
queriam desabafar comigo...
Aprendi que é mais fácil amar e ajudar quem
não se conhece. Nós conseguimos ser melhores aos desconhecidos. Amar o familiar
que você conhece há anos e sabe o quanto é rabugento, o quanto te rejeitou e
tentou te prejudicar de graça... Isso é amor! Isso é caridade no lar!
Eu me calei, ouvi, incentivei, consolei, dei
abrigo, comida e carinho. Eu estudei com eles o Evangelho e me senti em paz.
Eu não neutralizei nenhum sofrimento, não
consegui eliminar as mazelas morais, não tirei as pedras do caminho, mas eu
estava ali caminhando com eles, apesar dos seus maus hábitos ou de suas
tribulações difíceis. Eu estava lá.
Então, quando percebi que também tinham
despertado, eu fiquei feliz, muito feliz. Até achei que estava iludido, vivendo
das minhas conveniências, mas era eu no melhor dos raciocínios, compreendendo a
vontade de Deus para nós, neste mundo. Se soubermos amar e nos amparar frente
às dificuldades da vida, já aprendemos bastante.
SINÉSIO
22/02/2022
---Paula Alves—
“AS PESSOAS NÃO SÃO ANIQUILADAS COM A MORTE”
A ambulância chegou e eu só sabia chorar.
Fazia tanto tempo que minha mãe estava no leito. Ela não falava, dependia de
mim para tudo e, mesmo assim, eu queria que ela ficasse comigo. Pra quê?
Eu me senti muito egoísta e pensei que eu
estava pedindo para Deus mantê-la naquele cárcere porque eu não tinha ninguém
com quem contar. Eu era muito egoísta. Ela sentia dor e medo, ela estava
consciente, mas não conseguia se expressar com palavras e já fazia muitos anos
que estava naquela condição.
A gente fala que é amor, mas será? Amor não é
isso não.
Eu vi quando a entubaram, eu vi o sofrimento
dela. Eu orava para que Deus desse alívio e abrandasse a dor da minha mãe. Eu
pedia todos os dias que “fosse feita a Sua vontade”. Fiquei pensando que Deus
pode libertar com o que chamamos de “morte”, mas eu também tinha minhas dúvidas
do que acontecia depois da morte e fiquei me sentindo uma péssima filha porque
parecia que eu estava desejando a morte da minha mãe.
Eu não sabia o que pensar, fiquei tão intrigada.
Acho que seria bom ter pensado nisso com mais
calma. Eu queria não me sentir culpada naquele momento. Quando chegamos no
hospital, os médicos disseram que ela não tinha resistido e foi a óbito.
Eu só me desesperei, me senti sozinha, nem
sabia como resolver tudo aquilo, tinha que avisar tanta gente e pensei como
seria em casa, sem ela.
Depois de horas pensando em mim, eu pensei
nela, como seria agora?
É isso! Somos muito egoístas. Quando acontece de alguém partir, você se preocupa primeiro com você. Foi assim comigo, depois pensei nela, como seria e espantosamente vi uma senhora que me disse na porta do necrotério que Deus não cria para destruir.
As pessoas não são aniquiladas com a morte.
“Você precisa crer” – disse ela.
Falou que minha mãe tinha sido liberta, nunca
mais aquele corpo que se desgastou tanto e não dava conta dos próprios
movimentos, nunca mais dores intensas. Ela já estava liberta e se purificou na
carne.
Eita! Como foi difícil para mim compreender
aquela senhora. Mas, foi um bom início. Eu me senti tão culpada que depois do
sepultamento do corpo da minha mãe, procurei estudo e achei na Doutrina
Espírita minhas respostas. Foi bom, eu também me libertei.
É bom ter responsabilidade dos próprios atos,
crer nos planos de Deus para nós, saber que todos nós sofremos aquilo que
praticamos. Não existem vítimas na Lei.
JOSI
22/02/2022
---Paula Alves---
“FIQUEMOS ATENTOS A TODOS QUE QUEREM DOMINAR
NOSSOS PENSAMENTOS”
Eu implorei para aquela mulher ficar comigo. A
danada fez de tudo para eu terminar com a minha noiva, ela me perseguiu tanto,
me dominou a mente, danada de linda.
Quando eu finalmente dei um ponto final no meu
noivado, ela riu e disse que não era para o meu bico.
Ah! Meu sangue subiu. Como é que pode alguém
brincar assim com os sentimentos de outro ser humano? Eu não podia admitir que
ela me ridicularizasse diante dos outros, brincar com o orgulho de um homem não
é coisa que se faça!
Eu falei com ela, duas, três vezes e a
malandra só me seduzindo, mas não podia acabar em boa coisa.
Eu não conseguia tirar a mulher da minha
cabeça. Eu tentei, desapareci da redondeza, arrumei outro emprego e nem saia
mais para beber, tentei evita-la.
Foi aí que sai do serviço, lá estava ela toda
de vermelho para dizer que eu não a procurasse mais.
Ah! Vê se pode... Não é a moléstia uma peste
dessas? Eu estava seguindo a minha vida, ela foi atrás de mim para dizer que me
desprezava.
Eu agarrei a mulher na marra e ela me bateu.
Eu fiquei pensando que fim poderia colocar naquela situação, eu não tinha
intenção de ter mulher na marra, isso é muito humilhante para um homem, além de
ser perverso. Eu achei que aquela mulher era chave de cadeia e era mesmo.
Dias passaram e ela me procurou de novo
dizendo que eu tinha que provar o meu amor. Ela me pediu para cometer um delito
porque gostava de joias, eu fiz o que ela pediu. Depois disse que gostava de
caras valentes e eu devia bater num homem que a insultou, eu fiz o que ela me
pediu, mas minha irmã ouviu dizer que eu estava me perdendo por causa de uma
bandida, falou comigo e eu briguei com ela. Eu não queria ouvir ninguém que
dissesse que eu estava errado.
Demorou muito para que eu pudesse perceber que
a mulher tinha me dominado mentalmente. Foi na base da oração que mãe com minha
irmã fizeram, se pegando muito com Deus, eu comecei a perceber umas coisas
estranhas e vi Lurdinha.
Deus é muito bom. Colocou uma mulher bondosa e
iluminada no meu caminho, apagando completamente a imagem da bandida um pouco
antes que ela me pedisse para cometer um homicídio para provar o meu amor.
Graças a Deus eu não cometi crime nenhum. Eu
rompi com a influenciação depois que conheci o amor da Lurdinha.
Nós ouvimos muita gente falar de obsessão.
Fiquemos atentos a todos que querem dominar nossos pensamentos e nos encorajar
a cometermos atos que não queremos. Quando aquela mulher sedutora colocava
coisas na minha cabeça incentivando a fazer coisas ruins, isso era uma obsessão
entre encarnados. Eu quase me perdi por causa dela, mas fui salvo pelo amor da
Lurdinha e pelas orações das minhas entes queridas.
JOÃO
22/02/2022
---Paula Alves---
“SÓ ASSIM OS DOENTES SE CURAM E OS CRIMINOSOS
PODEM SE REDIMIR COM A LEI DIVINA”
Fazer o quê? Eu fiquei tão triste quando a
minha cachorrinha morreu que perdi a vontade de viver. Na verdade, a gente
projeta no outro nossa felicidade.
Isso não precisa envolver animal, pode ser com
ser humano ou até com coisas.
A gente acha que só pode ser feliz às custas
de alguém ou de alguma coisa. Tipo: só serei feliz quando conseguir aquele
emprego, quando eu for para aquela viagem, quando eu casar com fulano, quando
eu me formar na faculdade...
Tem tanta gente que deixa a sua felicidade
para o amanhã entregue nas mãos dos outros ou das possibilidades. Mas, a
felicidade está dentro de nós como o Reino dos Céus, né?
Eu concluí isso e comprei outra cachorrinha
meses depois porque parecia que eu ia morrer, então precisava prosseguir, eu
substituí minha cachorrinha. Mas, continuava sofrendo.
Achei que precisava de um namorado, mas nenhum
deles me preenchia, nada me fazia sorrir de contentamento e isso foi me
agoniando.
Eu precisava ser feliz, mas por quê?
Daí comecei a reparar nas pessoas, em suas
vidas. Não é a melhor coisa do mundo, mas eu estava me comparando com elas. Eu
via rótulos, poses, máscaras e na individualidade de cada ser, eu via muita
tristeza, solidão, lágrimas...
Eu passei a olhar nos olhos e isso me deixou
frustrada porque se o problema fosse comigo era mais fácil de resolver.
Eu aprendi que aqui é um mundo de provas e
expiações, só doentes e criminosos segundo Kardec. Fiquei assustada! Mas,
então, eu também era doente ou criminosa, podia melhorar, mas como?
Fixei nas outras pessoas e vi que precisavam
de mim. Eu podia ajudar de tantas formas. Resolvi ensinar para crianças.
Evangelizadora!
Eu tive contato com o Mestre e deixei que as
crianças viessem até mim, depois eu as conduzi ao Irmão Maior. Eu falava com
tanta vontade de servi-lo. Eu as abraçava com tanto carinho que aquele afeto
foi me preenchendo o ser.
Incrível como podemos ser felizes fazendo o
bem.
Eu nunca mais quis parar de sentir aquilo. O
contato com os animais foi o início de tudo. Eu amei minha cachorrinha e
despertei por amor a ela, mas servir com Jesus me deu a felicidade e o
direcionamento que eu tanto necessitava.
Todos nós temos afinidade com o bem e podemos
ser úteis de alguma forma, só assim os doentes se curam e os criminosos podem
se redimir com a Lei Divina. Enquanto ficarmos presos no egoísmo ou no
egocentrismo, não poderemos atingir nada de bom e permaneceremos estagnados nas
angústias da vida, enraizados neste mundo de dor.
SELENA
22/02/2022
---Paula Alves---
“SAIBA QUE TUDO O QUE PLANTAMOS NO OUTRO, ENRAÍZA EM NÓS”
Eu a achava insolente, presunçosa, parecia que fazia de tudo para me irritar e conseguia.
Ela era minha subordinada na empresa e eu
estava procurando uma brecha, um motivo qualquer para que pudesse demiti-la.
Por que será que vemos tudo do nosso ponto de
vista, apenas? Nós não raciocinamos com o prisma alheio porque não temos
indulgência. Não é possível termos empatia e nos colocarmos no lugar do outro.
Procurar compreender seus motivos para agirem desta ou daquela forma. Isso é um
erro numa sociedade que deve avançar em prol do progresso de todos.
Eu soube por intermédio da minha secretária
que a moça era muito esforçada, ela sempre se destacou nos locais onde
trabalhou exatamente por causa da sua iniciativa e decisão. Fazia o possível
para realizar adequadamente tudo o que pediam para que fosse um destaque na equipe
e, assim, pudesse garantir seu espaço.
Ela objetivava ser indispensável porque a sua
fonte de renda em casa era indispensável, já que tinha uma criança pequena como
mãe solo e também precisava cuidar dos pais doentes.
Eu tinha o coração endurecido pelas posses que facilmente chegaram até as minhas mãos. Para mim, as pessoas tinham a vida que mereciam e passavam por sofrimentos condizentes com seu estado mental. Eu não tinha nada a ver com o sofrimento dos outros e, portanto, não me sentia responsável por eles.
Aquela história triste não me comovia. Eu não
senti nada que pudesse modificar a maneira como eu olhava para a minha
funcionária. Enquanto, a minha secretária falava de iniciativa, eu considerava
como abuso, afronta. Não gostava quando não era consultado, meus subalternos
deviam andar nas rédeas. Eu decidia o que era certo ou errado.
Então, numa tarde fria tratei de agir com
autoridade e a demiti. Eu nem sei qual foi o motivo, mas eu não aguentava olhar
para ela e decidi interromper aquele contato que acabava com o meu humor.
Naquela época, eu achava que as pessoas da
minha condição social não deviam se sujeitar a viver num ambiente hostil. Ficar
atrelado a alguém que não se tolera, não tinha justificativas.
Muito tempo passou. Minha vida não se modificou
em nada. Eu me esqueci daquela funcionária que eu repudiava por nada. Sofri com
doenças incuráveis, padeci dores terríveis que o dinheiro não pode aliviar e
desencarnei atordoado, revoltado e inconformado.
Achando que merecia tratamento diferenciado,
mesmo no mundo espiritual, vaguei entre os ensandecidos e, um dia, vi a luz.
Eu me esforçava para ficar lúcido, é estranho
demais. Por um tempo, eu observei aquela criatura que brilhava e achei que
conhecia aquela mulher risonha. Era ela!
Na hora eu nem podia compreender, mas ela me
ajudou a vir para cá.
Como podemos estar todos ligados? Depois de
muito tempo de tratamento psicológico para conjecturar, eu entendi. O que mais
me fascina é este vai e volta de seres que se conectam na dor ou no amor.
Não existem acasos. Bendita oportunidade que
temos de nos envolver. Triste pesar sentimos por não termos a menor compreensão
da necessidade dos meros encontros.
São tantas as vezes que esbarramos com uns e
outros, achamos que são encontros casuais e que nada podemos tirar daquilo. Não
nos damos conta do trabalho habilidoso de tantos seres do bem que desejam nos
orientar, nos elevar.
A minha subalterna foi o anjo que me tirou do
inferno. Ela foi a filha querida da existência anterior. Uma filha que eu amei
tanto e que precisou de mim, mas eu não tinha coração para sentir a sua
aproximação. Eu podia ter facilitado a sua jornada. Se, na melhor das
intenções, não tivesse feito nada e tivesse permitido que ela desempenhasse,
apenas o seu trabalho, eu já teria ajudado, mas eu impliquei com a moça e tirei
o seu ganha pão.
Eu levei a derrocada um ser amoroso do
pretérito.
Nós nunca sabemos quem está diante de nós.
Apesar do seu aspecto, idade, voz, cor, identidade, esta pessoa com certeza não
é um ser estranho. Tem algo em comum, algo a resgatar, algo a entregar, mas
você é livre para fazer deste contato o que quiser.
Você pode aproveitar aquele contato rápido
para dar um “Bom dia” cordial, emanando vibrações positivas...
Você pode aproveitar este contato para fazer
nascer uma amizade duradoura que destrói as mazelas do passado...
Você pode amar e impulsionar este ser que
precisa tanto de incentivo e fé...
Mas, você também pode se deixar levar pelas
aparências, odor, indignação e tratá-la com desprezo, discriminação e
repugnância.
Você é livre para escolher, mas saiba que tudo
o que plantamos no outro, enraíza em nós.
ALBUQUERQUE
12/02/2022
---------Paula Alves-----
“CADA PESSOA REPRESENTA UMA OPORTUNIDADE DE
ASCENSÃO”
Naquele dia, eu me sentei no banco da praça
para respirar. Eu precisava tomar fôlego para realizar o meu serviço. Eu estava
cansado de ser insultado.
A pior coisa do mundo é quando você percebe a
discriminação, mas tem que se controlar para manter o seu emprego.
Dói na alma saber que as pessoas não te querem
por perto, elas agem pelas costas e fazem de tudo para que você saia, desista e
suma para bem longe, simplesmente porque não te aceitam como é.
Eu quis chorar, mas me constrangi com os
transeuntes que podiam me ver naquele estado, então, engoli, até que um senhor
sentou e quis dialogar.
Eu não queria conversar com ninguém, mas ele
chegou sorrateiro, puxando papo de manso e foi trocando ideias.
Foi interessante como o meu humor se
modificou. De uma hora para outra, foi como se o sol voltasse a brilhar e eu
via com clareza. Ele parecia enxergar o fundo do meu ser e exprimia com
palavras claras o que eu sentia, ele me incentivava e dizia para ter fé,
esperança...
Eu sorri, fomos tomar um café e eu me senti
tão confiante, feliz.
Foi muito estranho porque eu não tinha tanta
facilidade para conversar com ninguém, me considerava acanhado e não sabia usar
bem as palavras, mas com ele tudo era bem fácil.
Parecia que nós já nos conhecíamos de muito
tempo. Foi como reencontrar um grande amigo e eu não quis me perder dele, então
trocamos telefones e nos falamos muito.
Com ele, eu adquiria ânimo e disposição, foi
como um pai que não tive para me empurrar na vida. No dia do seu enterro, eu
chorei e não entendi por que seus filhos permaneciam distantes como se fosse
uma coisa normal, como se não tivesse padecimento.
A verdade é que os elos afetivos independem da
consanguinidade. Nós nem sabemos explicar a afinidade, dizem que é pela
vibração, similaridade de pensamentos e objetivos de vida, mas a verdade é que
foi realmente um reencontro.
Quando finalmente cheguei aqui tudo se revelou
com tanta clareza. Ele foi meu pai em diversas encarnações. Um pai presente e
afetuoso que conseguiu me reencontrar no plano físico no momento em que eu mais
precisava de atenção. Eu fiquei muito feliz.
É imprescindível mantermos contato produtivo
com as pessoas em geral, pois não sabemos quem elas são para nós. Cada pessoa
representa uma oportunidade de ascensão. Todos interagem por um motivo que a
espiritualidade sábia projeta. Aproveitemos cada instante que temos com as
pessoas, independente se elas são familiares, colegas de trabalho, colegas de
estudo ou simples transeuntes que nos questionam por aí. Nós só temos a lucrar
desta interação.
OSMAR
12/02/2022
----Paula Alves----
“O AMOR É PARA TODOS AQUELES QUE SE ABREM PARA
NOVAS EXPERIÊNCIAS DE VIDA”
Cidadela mesquinha. Eu cavalguei e acreditei
que encontraria Judite em algum cômodo escuro com marginais que me pediriam
recompensa, resgate, mas apesar, da longa procura, eu nunca a reencontrei.
Fiquei tão desesperado que dediquei todos os
meus dias a procura da minha jovem esposa, sem nunca obter notícias sobre o seu
paradeiro.
Ela teria saído para me fazer uma surpresa e
nunca mais foi vista.
Na certa, foi vítima de alguma maldade que
acabou com os seus dias e acabou com a minha alegria de viver.
Eu demorei centenas de anos para desejar o
reencarne porque almejava encontra-la, mas isso nunca aconteceu.
Um dia, recebi a notícia que teria que reencarnar e aceitei. Na carne, eu não tinha intenções de me envolver. Vida comum de um homem de meia idade, vivendo na casa dos pais, sem ambição de casamento ou relacionamento amoroso.
Os estudos me bastavam, a televisão, o cinema,
meus pais me bastavam, mas todos percebiam, de olhar para mim, a tristeza.
Um quê de decepção, frustração, como se aquela
vida não passasse disso. Cheguei a mencionar com um irmão mais velho, quando
fui interpelado:” A alegria não é para todos. Muitos neste mundo, jamais
encontrarão o amor”.
Meu irmão percebeu meu desajuste, minha
anulação e decidiu ser meu cupido, mas eu já tinha arruinado minha imagem:
gordo, descuidado, desleixado, cabeludo, sem graça, sem papo, quem se
interessaria por mim? Além disso, eu era um pobretão. Não tinha nada a
oferecer.
Mas, quem sabe dos planos de Deus?
Meu irmão fez questão de apresentar uma moça e
eu cai na armadilha dele. Quando olhei pra ela, sorri. Tão desajeitada quanto
eu, desarrumada, cheia de tiques e desastrada.
Eu ri dela, ela riu de mim. Foi assim que
começamos a conversar de forma descontraída e gostosa.
Meu irmão ficou perplexo com nossa intimidade,
conversa harmoniosa que invadiu a madrugada. Depois disso, foram inúmeros
encontros. A vontade de estarmos unidos nos levou aos cuidados pessoais, a
melhoria interior, enfim, em nome do amor nós melhoramos individualmente.
Eu via nela uma pessoa conhecida, alguém que
me completava e de quem eu nunca queria desgrudar. Depois de muitos anos, ela
confessou que sentiu o mesmo, por isso, nos casamos e tivemos muitos filhos
numa convivência pacífica e feliz.
Chegando aqui tudo foi esclarecido. Era ela,
minha companheira do passado, aquela que desapareceu me causando tanta dor.
Ela foi colocada novamente em meu caminho.
Compreendi porque ela não se cuidava tanto, parecia se fazer feia para se
esconder dos outros. Isso porque ela realmente padeceu nas mãos de marginais,
era muito bela.
Tudo fica impregnado em nós. Nossas mais antigas
lembranças nos pertencem. Os momentos mais dolorosos das jornadas reaparecem em
forma de intuição ou precaução.
Mas, a espiritualidade misericordiosa sabe de
todas as coisas e sempre nos concede mais um momento, mais uma oportunidade de
sentir aquele contato com quem se ama.
Eu tive tudo, não posso me queixar. A espera
chegou ao fim e fui recompensado com uma família linda e dias calmos.
O amor é para todos aqueles que se abrem para
novas experiências de vida. O amor é para todos aqueles que querem amar.
ARNALDO
12/02/2022
----Paula Alves---
“GENTE BOA VAI ATRAIR GENTE BOA”
“FICA A DICA”
Aquela voz me dizia o quanto as pessoas me
desprezavam, o quanto meus pais me detestavam, por isso, me obrigavam a ser
como o meu irmão mais velho, todo perfeitinho.
Eu pensei muitas vezes e, por mais que me
fizesse sofrer, eu tentava parar de pensar, mas as lembranças insistiam em
acabar comigo, elas vinham terríveis e avassaladoras.
Naquela época, eu acreditava mesmo que aqueles
pensamentos eram meus. Chegavam sutis, sorrateiros e eu não tinha como definir
porque eles não saiam da minha cabeça. Imagina! Se me dissessem que não era eu
pensando... Acharia que a pessoa a dizer isso, estava louca.
Mas, a verdade é que, pouco a pouco, aqueles
pensamentos foram ganhando formas e tomando uma proporção que eu não podia
conter.
Eu pensava em morte, em me matar, em fazer
meus familiares sofrerem por me forçarem a agir da maneira como achavam
conveniente. Os pensamentos não me abandonavam e me causavam tanta angústia, eu
perdi a paz, mas não tinha com quem conversar.
Aqui vocês falam tanto do Nazareno, mas eu não
o conhecia. Era um Jesus tão distante, tão santo que não podia fazer nada por
mim.
Eu sofri calada e tinha pesadelos estranhos.
Um homem que me dizia para acabar com o tormento, aniquilar aquela existência
que não contribuía para eu ter paz. Ele dizia que era um amigo, que só queria o
meu bem.
UM AMIGO ESPIRITUAL? NUNCA!
Eu não tinha como entender que os amigos espirituais só querem o nosso progresso, a nossa evolução e tentam nos inspirar, mas nunca nos aconselharão a produzirmos o mal para nós ou para qualquer outro.
A verdade é que aquele Espírito obsessor
queria a minha destruição a partir do suicídio e eu, estava me entregando
aquele assédio sem ter conhecimentos e apoio dos meus familiares que não me
percebiam no lar.
Mas, ninguém está desamparado. Minha mãe teve
um sonho, eu estava precisando de ajuda, ela ficou atenta e se pôs a orar. Uma
amiga espírita esteve em minha casa e me falou sobre pesadelos, disse para orar
antes de dormir, espantosamente falou comigo sobre suicídio dizendo do crime
cruel que nunca deve ser cometido, em hipótese alguma. Eu senti uns calafrios,
mas era uma sensação boa e confortável, sei lá. Na hora não tinha como
perceber, mas tudo aquilo era a intervenção do meu protetor. Ele se esforçava
de todas as maneiras para ajudar no processo de afastamento daquele ser que
tentava me destruir em busca da vingança do passado.
Quando eu estava quase cometendo o ato delituoso, minha mãe entrou no quarto e me abraçou chorando. Ela fez uma declaração de amor para mim. Disse o quanto eu era importante na vida deles e que nunca se perdoaria se alguma coisa de ruim acontecesse comigo.
Eu precisava daquela demonstração de afeto e o
Espírito obsessor também.
QUEM É QUE PODE COM O
AMOR DE UMA MÃE?
Foi minha salvação! Mas, eu só percebi isso
aqui.
Depois disso, os anos se passaram com
dificuldades, alegrias e tristezas, trabalho, doenças que foram equilibradas,
formei família, enfim, nada demais.
Porém, eu nunca me esqueci deste período da
minha vida onde tudo podia ter tido um fim e, se eu tivesse cometido aquele
crime contra mim mesma... Ah! Tanta coisa boa que eu não teria vivido...
Por isso, devemos controlar os nossos
pensamentos. Antes disso, devemos reconhecer nossos pensamentos. Saber quem
você é. O que passa na sua cabeça. Se isso realmente é pensamento seu. É
possível distinguir, mas precisa treinar. Você tem que se reconhecer como ser
pensante e saber que existem muitos que podem invadir seus pensamentos.
Para proteger seus pensamentos: oração e fé,
boas intenções e boas ações. Não se esquece de que semelhante atrai semelhante.
Gente boa vai atrair gente boa. Fica a dica.
ESTER
12/02/2022
“OS PAIS TÊM A
OBRIGAÇÃO DE ENSINAR OS FILHOS A AMAREM A SI MESMOS E AO PRÓXIMO”
Eu só queria um pouco de atenção. Será que
eles achavam mesmo que eu não percebia o descaso? A omissão e tudo o que faziam
por obrigação?
É muito triste sentir saudade de alguém e
desejar estar perto de uma pessoa que não se importa com a gente.
Existem muitas pessoas que podem justificar
dizendo que eu fui um pai ruim, que não dei atenção quando eram crianças, mas
não foi nada disso. Sei lá o que cada um traz dentro do peito para ofertar tão
pouco ou quase nada e os pais devem sentir que é o suficiente, mas não é.
Um prato de comida não é o suficiente, um
troca de roupa velha não é o suficiente, estar ao meu lado olhando no relógio
nunca foi o suficiente. Eu queria que eles estivessem ali por vontade própria,
por opção, por amor...
Foi pior quando minha esposa morreu e eles
decidiram que a casa era grande demais para eu viver sozinho, então, melhor
seria vender e repartir os bens.
Eu ainda estava vivo, na carne e eles
decidiram tudo sem se incomodarem com as palavras que usavam. Não doía em mim,
de jeito nenhum...
O pior foi passar de mão em mão. Eles brigavam
pra me empurrar de uma casa para a outra. Sim, porque o asilo era caro demais,
então, eu devia ficar me mudando. A verdade é que eu já não tinha casa para
morar e eles eram obrigados a me receber. Como foi ruim...
Numa casa, eu dividia o quarto com o neto que
só reclamava me chamando de velho escorado. Na outra, era um quartinho que mal
dava para respirar. Na casa do mais velho, eu dormia no chão e não tinha
condições de me levantar, muita dificuldade para dobrar os joelhos.
Seria muito simples justificar com situações
errôneas do passado, onde fui uma péssima pessoa, seria compreensível dizer que
fui um mau filho e, por isso, estava colhendo filhos ruins, mas não foi nada
disso. Eles não tinham aflorado o amor dentro de si.
Eu posso dizer que os pais têm a obrigação de
ensinar os filhos a amarem a si mesmos e ao próximo.
O próximo mais próximo está no lar, na
condição de pai e mãe. O filho tem que ver o pai e a mãe como um ser humano que
vai precisar de cuidados. Isso eu ensinei, mas não consegui revelar a eles que
eu também precisaria de tenção e afeto. Eu nunca parei para pensar que, em
determinada fase da vida, nós precisamos muito de um bom papo, de sorrisos e
olhares de aprovação. Nós precisamos sentir a vida mais leve e valorizar coisas
que nunca sonhamos, como a admiração.
Deve ser muito bom saber que seu filho ou neto
te admira. Saber que ele confia no que você diz ou te procura para receber um
conselho. Ser o mais velho com respeito e admiração não é para qualquer um
porque, neste país, os mais velhos parecem ser descartados. Ser velho significa
ser inútil ou desvalorizado.
Quanto engano! Eu os conhecia só de olhar.
Aprendi tantas coisas com a vida e tinha um traquejo para compreender onde as
coisas podiam parar. Eu tinha muito a dizer, mas ninguém para me ouvir e isso
me entristeceu tanto...
Falavam que as coisas que eu dizia eram
repetidas, papo de velho que fala sempre a mesma coisa e cansa. Se eles
soubessem o quanto se comportavam de forma ridícula e eu tinha que aguentar por
amor.
Fases da vida que se sucedem. Todos passam por
elas e não conseguem ter paciência com o outro, dói. Eu fui criança,
adolescente, adulto em fase de progresso e aprendizado, mas ser idoso mexeu
bastante comigo. É a derrocada! A perda degenerativa e motora, perda
progressiva de tudo, de todo o controle a ação. Eu tive muito a aprender e
aprendi.
Sei que em breve, todos eles viverão fatos
semelhantes aos que vivi. Espero que não se sintam tão solitários e inúteis.
Acredito que a velhice pode ser mais risonha
quando nos preparamos adequadamente para vivenciá-la. Educando nossos filhos e
netos para dar apoio e afeto quando for o momento. Tendo oportunidade de
manifestar nossos conhecimentos com tarefas que nos fazem sentir úteis na
sociedade. Valorizar a mente que envelheceu e ainda tem recursos de
aproveitamento para todos.
VALDIR
08/02/2022
----------Paula Alves------
“QUANDO O DINHEIRO VALE MAIS DO QUE AS
PESSOAS, NÓS IMAGINAMOS O QUANTO A HUMANIDADE PRECISA SE ELEVAR, A COISA ESTÁ
FEIA”
Ela se enganou! Achou que seria mais fácil. É
sempre mais fácil quando estamos de fora da situação. Ela fez as contas e
acreditou que o dinheiro que eu recebia era vantajoso para ela cuidar de mim.
Minha filha ficou de olho grande nas minhas
coisas, nem deu fé do quanto eu precisava de cuidados integrais. Pressão alta,
diabetes, artrose, glaucoma, entre tantas outras coisas...
Eu tinha que ir às consultas médicas, tomar
medicações diárias, fazer dieta e exercícios físicos regulares. Eu precisava
ser bem tratada, mas isso tudo custa, então, para aproveitar melhor minha
renda, ela deixou muita coisa de lado e começou a ficar insatisfeita comigo.
De repente, aquela filha amorosa se
transformou...
Ela era rígida e antipática. Sempre de mau
humor, brigava comigo o tempo todo. Dizia que eu dava muito trabalho. Ela
queria viver a vida e se divertir. Mas, eu não tinha culpa das minhas
patologias e da minha idade avançada.
Parece que, quanto mais a pessoa reclama, mais
a vida anda para trás.
Ela descuidou de muitos detalhes importantes
e, quando percebeu, eu estava passando muito mal. Comprometi minha circulação e
precisei amputar a minha perna.
Ah! Foi uma crise. Ela nem se deu conta de que
eu que perdi parte da perna. Ela reclamou, esbravejou, disse que não nasceu
para sofrer daquele jeito. Me xingou de todo nome, disse que eu devia ter
morrido porque isso seria mais fácil, só me enterrar.
Eu não desejo para ninguém ouvir isso de um
filho. Quanta dor!
Mas, não teve jeito. A outra filha ouviu tudo
e disse que eu não tinha que passar por tudo aquilo e ser mal tratada, virou
uma encrenca e elas começaram a me disputar, mas o dinheiro estava envolvido,
sempre o dinheiro.
Deus foi tão bom que me tirou daquele clima
hostil. Eu desencarnei como uma libertação.
Mas, a verdade é que deve ser difícil para as
pessoas serem indulgentes né?
Eu só penso nisso. Porque quando o dinheiro
vale mais do que as pessoas, nós imaginamos o quanto a Humanidade precisa se
elevar, a coisa está feia.
Pegar uma mãe para cuidar na intenção de se
beneficiar do que ela ganha e ter a consciência de que sofreu por isso, é o
cúmulo. O absurdo da vez é não perceber o quanto está errado, o quanto está
sendo injusto com aquele que precisa de cuidados. Isso é irritante.
Nós percebemos muitos crimes e delinquência,
mas a revolta está na consciência doentia que insiste em dizer que a pessoa é
vítima. Ela que maltrata a mãe, despreza, abusa e ainda reclama de não ter
tempo para si, para seus divertimentos, não poder gozar da sua juventude.
Questões tão mesquinhas do ser que me deixaram embasbacada!
SERENA
08/02/2022
-------Paula Alves----
“QUANDO ALGUÉM DESEJA PROMOVER O MAL PARA SEU
ENTE FAMILIAR É UM APELO, UM GRITO DE ALGUÉM QUE SEMPRE FOI SILENCIADO”
Simplesmente interditei. Como poderia admitir
que aquele homem vivesse livremente com aquela fortuna se aproveitando da
situação para seduzir mulheres, após ter deixado minha mãe na miséria?
Você me fala que foi vingança?
Em se tratando de família, tudo pode
acontecer...
Eu vi os abusos que ele cometia dentro de
casa. Quem tem dinheiro acha que pode mandar em todos, sua ordem deve ser
acatada. Minha mãe sempre foi gato e sapato, enxovalhada, humilhada e pra quê?
Ele a trocou por uma jovem, mais moça do que
eu. Meu pai usou argumentos minúsculos para nos deixar na rua da amargura. Ele
tinha tanto dinheiro e não se envergonhou de contratar um advogado corrupto
para nos deixar na pobreza.
Eu vivi contando as moedas, vendo minha mãe
trabalhar de madrugada para nos criar, enquanto sabia que ele desperdiçava sua
fortuna com prostitutas e viagens.
Mas, eu fui atrás de tudo o que me pertencia
e, quando foi possível, tirei dele aquilo que era mais importante, seu
dinheiro.
Eu vivi muitos anos numa vida vantajosa
materialmente falando, dei boa condição para mamãe e coloquei meu pai num
sanatório. Tudo é possível, principalmente quando estamos com o coração cheio
de fel.
Mas, a consciência cobra. Sempre chega o
momento do reajuste.
Eu não me importaria de ter vivido com o
simples, com o básico, se tivesse meus pais vivendo unidos, em paz e harmonia.
Tudo o que as pessoas mais precisam para viver
não está vinculado ao dinheiro, por isso, que vemos famílias simples que estão
unidas na alegria e na dor, superam tudo e seguem para outros planos empenhadas
em construir um ambiente de fraternidade para todos.
Eu quis mostrar para o meu pai o quanto nós
precisávamos do seu amparo, o quanto foi difícil pedir ajuda e não receber de
quem poderia estar conosco.
A mágoa, a revolta e a vingança não têm nada
de bom ou de positivo, mas eu aprendi que, quando alguém deseja promover o mal
para seu ente familiar é um apelo, um grito de alguém que sempre foi
silenciado.
É uma forma tempestiva de dizer que você
merecia ter sido melhor tratado, você sofreu e se importou com tudo o que
ocorreu entre vocês.
Quando alguém te ignora é a pior forma de te
entregar alguma coisa porque é afirmar que você não vale nada.
Eu nem percebi que meu pai me educou para ser
como ele. Tão ruim quanto ele. O filho sempre aprende alguma coisa com seu pai,
nem que seja, reproduzindo seus males na sociedade. Infelizmente, eu não
aprendi nada de bom.
O resultado ele mesmo colheu. Quando você
trata alguém como insignificante só pode ter coisas amargas para receber dela
também.
ZILDA
08/02/2022
-------------Paula
Alves--------
“A COISA MAIS LINDA DENTRO DO NÚCLEO FAMILIAR
É COMPREENDER OS ERROS DOS MENOS DESENVOLVIDOS MORALMENTE”
Só fui perceber o quanto eles eram importantes
para mim, quando me dei conta de que estávamos sozinhos.
Ninguém para receber em casa, ninguém para
festejar ou para mostrar as fotos das crianças.
Poderia ter sido tão diferente!
Eu pensei que meus irmãos eram traiçoeiros,
invejosos e arrogantes. Eles ficavam maldizendo minhas condições econômicas e
eu nunca gostei disso, então, me afastei. Achei melhor viver em paz com meu
esposo e filhos. Seguir a nossa vida sem precisar da aprovação deles.
Mas, os meus pais comentavam das festas e
confraternizações. Falavam dos casamentos dos netos, dos batizados e nós nunca estávamos
presentes. Excluídos?
Fui eu que não desejei a aproximação. Mas, por
que será que imaginamos que as outras pessoas se importam conosco?
Será que eu imaginei que eles correriam atrás
de mim? Se incomodando com a minha postura?
Isso nunca aconteceu. Eles não me procuraram e
viveram bem sem mim.
As pessoas vão se adaptar sem você. Eles vão
conviver com outras pessoas e serão felizes...
Eu que fiquei sozinha com meus familiares.
Vivendo minha vidinha cheia de bens materiais, enquanto eles tinham vidas
simples e alegres, unidos e contentes.
Morri de ciúmes, de inveja do relacionamento
deles. Eu desejei voltar no tempo, na época de criança quando meus irmãos
faziam tudo por mim, cuidando e brincando, dormindo todos juntos depois de
correr e brincar.
O tempo não volta. Nós precisamos refletir na
forma como tratamos as pessoas, principalmente as pessoas da família.
Triste engano achar que os colegas devem ser
bem tratados e os familiares vão aceitar qualquer coisa que dizemos, toda cara
feia e emburrada só porque o sangue sempre vai falar mais alto. Coisa nenhuma!
Todo ressentimento é capaz de quebrar o laço
de sangue. Dependendo da afronta e da falta de respeito, do orgulho e da
vaidade, tem gente que nunca mais olha na cara.
Como eu poderia voltar atrás?
Deus sabe de tudo. Quando não é pela alegria,
é pela dor. Nosso pai morreu! Eu fui no enterro e, em meio aos abraços, eles me
acolheram novamente.
Se lembraram de uma fase em que fui tão
delicada e amorosa, me viram como a irmã caçula de novo, eles me acolheram e eu
não tive palavras para me desculpar.
A coisa mais linda dentro do núcleo familiar é
compreender os erros dos menos desenvolvidos moralmente. É compreender com
indulgência o quanto são tolos e orgulhosos, o quanto precisavam se envolver no
amor familiar para se encherem de luz.
Eu dei graças a Deus que eles me receberam de
novo e procurei ser uma irmã mais humilde e amorosa porque era isso que eles
mereciam.
RAQUEL
08/02/2022
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