Foto cedida por Magno Herrera Fotografias
“MEU CONSOLO É SABER QUE
OS QUE SE AMAM ESTÃO SEPARADOS POR UM BREVE INSTANTE”
No fundo acho que todos nós somos iguais. Todas
as crianças ambicionam as mesmas coisas. Tudo tão simples e fantástico. Eu
tinha dez anos e não podia me aproximar de divertimentos corriqueiros com
aqueles que tinham a mesma idade. Vi um menino tomando um picolé e quase morri
de vontade. Minha mãe percebeu pelo meu olhar. Ela ficou confusa, mas estava
sempre muito amedrontada com o que poderia acontecer com minha frágil saúde. Eu
internava facilmente, tudo era motivo para passar mal e ela sofria muitíssimo.
A aflição dela, apesar de tentar demonstrar controle e calma, me dava a certeza
do seu grande amor por mim. Eu sentia que ela se desesperava, tentava fazer
tudo por mim. Nunca conheci ninguém como ela.
Eu me lembro que, antes de reencarnar, ela
disse que faria tudo para que eu não sentisse a expiação como um tormento. Ela
informou que era do seu desejo que eu pudesse resgatar todos os débitos e ela
seria como uma tutora afetuosa a me fazer sorrir, apesar do sofrimento. Ela fez
muito mais do que isso. Eu vi as lembranças dela, após ter feito meu tratamento
perispiritual. Quando eu estava internado, por diversas vezes, ela pediu a Deus
que, se fosse possível, transferisse à ela toda minha dor e padecimento. Nunca
imaginei que alguém pudesse amar desta forma. Para mim, foi um valioso exemplo
de abnegação e altruísmo, entrega total por outro ser. Sei que existem mães que
não conseguem chegar neste ponto do amor, mas aquelas que se permitem amar
inteiramente são capazes de dar a própria vida pelo filho sem nenhum pingo de
arrependimento. Só sabe quem sente. Eu nunca vou me esquecer do afeto dela. Do
chamego, da aproximação, nunca teve nojo, nunca pensou no seu cansaço ao me ver
necessitar dela. Nem tenho palavras para agradecer a Deus.
Depois disso, eu compreendi como é grande o
amor d’Ele por todos nós. Eu expiei por débitos contraídos. Necessidade de
padecimento do corpo para abrandar o espírito, mas mesmo assim, Ele se mostrou
Pai amoroso e me colocou um anjo que depositou todo amor. Ela me apoiou, me fez
sorrir e nunca me deixou sentir solidão. Sem ela eu teria me revoltado com o
que eu tinha de limitação, mas ela não permitia o menor pensamento de
esmorecimento e falta de fé. Devo tudo a minha mãe Leonor. Tudo a você minha
amada que permitiu minha redenção. Peço que seja possível o nosso reencontro porque
a saudade é forte demais. Meu consolo é saber que os que se amam estão
separados por um breve instante.
INÁCIO
28/07/19
-------------------------------------------Paula
Alves----------------------------------------
“EU ESCOLHI MAL, USEI O
LIVRE ARBÍTRIO INCORRETAMENTE, ACIONEI A LEI, SEI QUE COLHEREI”
Eu a amava e errei muito. Não tem como
mensurar o tamanho do meu arrependimento. Comprometi tudo o que almejamos.
Minha esposa traçou planos comigo e se responsabilizou em ter família. Falamos
tanto que poderíamos avançar juntos. Estávamos inclinados a fazer o bem a
tantos afetos. Decidimos nos ajustar com tantos desafetos. Ela se esforçou e
aprendeu tanto, enquanto estávamos aqui. Ela se tornou uma boa pessoa e eu
sabia que ela iria me ajudar para que eu não me aproximasse novamente do mal,
mas eu me iludi. De novo o desejo e a ilusão. Eu a abandonei. Incrível como a
matéria turva o nosso pensamento. Aqui tudo é mais facilmente esclarecido. Aqui
conseguimos compreender nossas responsabilidades.
Eu deixei tudo para trás e não posso culpar o
esquecimento temporário. Se eu tivesse me tornado um real homem de bem não
teria cedido aos encantos do corpo escultural e das palavras doces. Minha
esposa precisava de mim e eu a abandonei com duas crianças por causa de outra
mulher. Beatriz deixou qualquer bocado de orgulho de lado para me procurar. Sabendo
que eu estava envolvido com aquela que fora minha amante, ainda assim, pensou
nos filhos e no nosso compromisso. Ela foi atrás de mim e eu ainda a humilhei,
dizendo que ela não se interessava pela vida de casal como antes, que ela não
se cuidava tanto quanto antes e, por isso, eu me interessei por uma mulher que
me atraiu o interesse natural de homem. Eu tenho vergonha do que fiz minha
esposa sentir. Vi as imagens novamente. Eu precisei vê-las para refletir melhor
sobre meus erros. Para entender como é que nós ferimos sem querer. Somos cruéis
com quem nos ama. Ela se sentiu velha, gorda e feia, rejeitada, infeliz, foi
embora. Não respondeu nada, saiu chorando e voltou para casa. Viu nossos filhos
pequenos e sofreu a dor da separação, assim como, o temor do futuro, temor da
fome. Mas, ela ainda conseguiu se superar.
Eu escolhi mal, usei o livre arbítrio
incorretamente, acionei a Lei, sei que colherei, mas Beatriz, usou meu deslize
para se alavancar rumo ao desenvolvimento. Ela não se desesperou. Ela orou,
teve fé. Usou a inteligência formidável e disciplinada para produzir arte em
casa. Em meio às travessuras infantis, ela produziu arte que sustentou a
família. Nunca se entregou às futilidades, às leviandades. Sempre pensando nos
filhos que desabrocharam na maturidade de pessoas conscienciosas e justas.
Ainda me assistiram na necessidade material e doaram o afeto que eu não merecia
receber. Eu tenho vergonha de tudo isso. Me arrependo de tê-la abandonado e nem
sei como poderei olhar nos olhos dela. Agora que recordamos tudo, eu penso que
meu débito com ela é ainda maior. Não sei como poderei resgatar tudo o que um
dia houve entre nós.
JOSÉ CARLOS
28/07/19
--------------------Paula Alves-----------------------
“SEM AJUDAR
O PRÓXIMO A GENTE EMPACA NA EVOLUÇÃO”
Eu pensei que estava fazendo o meu melhor.
Nunca imaginei que as pessoas esperavam tanto de mim. Enquanto estava
encarnado, eu sempre fui trabalhador, sério e comprometido com minhas
responsabilidades civis, mas como todos, chega um momento em que o corpo pede o
repouso necessário. Além disso, eu achava natural ter um tempo para os amigos e
para os divertimentos. Eu não poderia imaginar que seria uma obrigação doar
tempo a todos aqueles que me solicitaram auxílio fora do meu horário de
expediente.
Fui enfermeiro. Eu poderia realmente, ter
sido mais solícito com muitos que necessitavam de cuidados e que não podiam me
pagar, mas o mundo me fazia acreditar que isso era injusto com todo o meu
esforço acadêmico. Eu merecia receber pelo trabalho que eu me propunha fazer.
Nunca imaginei que as pessoas têm obrigações umas com as outras, faz parte da
Lei. Eu podia ter ajudado muitos, inúmeros e, ainda assim, ter descansado e ter
me divertido, é verdade. Sempre me achei uma pessoa fora de série. Eu acreditei
que fosse bondoso, ético, respeitável no meio de outros que convivem numa
sociedade produzindo o mal. Mas, as imagens que eu vi, as imagens que estão
presas à minha consciência são de um homem egoísta, controlador e calculista.
Eu fazia meu trabalho, apenas pensando em quanto iria lucrar. Nunca foi um ato
nobre e generoso porque eu sempre estive à frente de todos os pacientes. Só
ajudava, se não me causasse pesar e me trouxesse ganho material.
Eu não poderia imaginar que os seres
celestiais me viam desta forma e compreendo porque fui arremessado para um
local de padecimento junto com materialistas.
Hoje, eu entendi. Não sei como seria possível
reverter esta situação. Eu não sei amar o próximo, eu não sei servir ninguém.
Tive acesso a tudo e me lembrei do meu sentimento, das minhas intenções. Eu
também me lembrei das diversas oportunidades que caíram em minhas mãos. Oportunidades
que teriam me elevado e eu recusei porque não teria retorno financeiro. Todos
devem se preocupar com isso.
Será que você é realmente importante na vida
de alguém?
Quantas pessoas você já beneficiou pelo
simples fato de ser útil, sem interesse de qualquer natureza?
Sem ajudar o próximo a gente empaca na
evolução.
TOBIAS
28/07/19
-----------------------------Paula
Alves-------------------
“SE EU SOUBESSE O QUE
SOFRE QUEM MALTRATA CRIANÇA...”
Era um cargo incrível. Achei que seria muito
burra se recusasse, mas eu nunca gostei de crianças. Elas sempre me irritaram.
Mas, eu não podia perder aquela oportunidade, então, aceitei o cargo me
comprometendo em ter a maior paciência para que pudesse aproveitar aquela
promoção na carreira. O problema é que minha aversão ia além dos limites
intelectuais. Elas me tiravam o juízo e eu pensava coisas terríveis. No início,
ficava apenas no pensamento, uma elaboração cruel do que poderia ter sido, eu
ficava satisfeita em imaginar, mas notei que eu estava mais irritadiça e a
paciência desapareceu.
Atrai seres espirituais que se compraziam com
o mal. Comecei a beliscar e gritar sem que ninguém percebesse. Ainda não sei
como conseguia ser tão dissimulada. Na frente das mães eu era um doce. Elas
entregavam seus filhos para mim e não entediam porque choravam tanto em me ver.
Já faz muito tempo que estou convivendo com
tudo isso. Se eu soubesse o que sofre quem maltrata criança... Atraí em vida
uma sina terrível de atrair homens que me feriam. Nunca tiveram paciência
comigo, me exploravam e me batiam. Parecia que tinha o dedo podre. Qualquer
psicólogo poderia argumentar que eu judiava das crianças porque era agredida,
mas era bem o inverso. Os homens eram como a aplicação da minha sentença. O mal
só atrai o próprio mal. Todos nós podemos escolher o bem. A escolha te coloca
no caminho da elevação ou da destruição. É escolha sua. Eu fazia maldade e colhia
a maldade.
Nunca entendi, vivi na cegueira das minhas
próprias ações. Fiquei tão cheia de mágoa e revolta. Logo perdi o emprego por
justa causa porque uma mãe atenta e dedicada acabou comigo. Foi um escândalo!
Elas queriam me linchar, mas eu fugi. Nunca tive paz. Aquilo ficou tão
impregnado em mim que quando desencarnei, depois de uma vida de deslizes, erros
e solidão, eu fui diretamente encaminhada por minha consciência, para o lado
escuro do mundo espiritual. Corria dos justiceiros, fui torturada. Eu achei que
não era para tanto. Eu sofri muito mais do que fiz sofrer, mas após anos de
indignação, eu solicitei amparo e desejei a reforma. Eu entendi que errei. Me
mostraram aqui o quanto a criança é ser protegido por Deus. Quando a Lei é
acionada e um Espírito em corpo infantil passa por um tormento, aquele que o
prejudicou atrai para si uma carga terrível. Ninguém deve mexer com criança.
Ninguém! Nem em pensamento prejudicar uma criança porque é ser que é indefeso.
Criança é imagem de anjo.
Só alguém perverso para fazer o mal. Eu já
sei que acionei a Lei e atraí para minha futura existência um resgate
lamentável como criança. Aí sim. Só sentindo na pele para entender o sofrimento
da outra pessoa. Eu peço a Deus que possa receber o acolhimento de genitores
que me acompanhem, mas nem disso, tenho certeza. Tudo pode acontecer. Por que
eu produzi o mal?
RAFAELA
28/07/19
------------------Paula Alves----------------------
Foto cedida por Magno Herrera Fotografias
“OS PAIS
DEVEM APROVEITAR SEUS FILHOS TODOS OS DIAS PORQUE CRIANÇA CRESCE”
De repente, me vi crescido. As pessoas me
olhavam diferente como almejando que eu me comportasse diferente. Eu deveria me
apresentar para o mundo e demonstrar que eu já sabia dos passos que deveria
seguir. Eu deveria mostrar à eles que tinha ideais e objetivos bem
determinados, porém, eu não tinha estas determinações. Ainda sentia muito sono
que me impediam de pular cedo da cama. Eu gostava de jogar vídeo game, mas não
era porque eu não queria fazer nada ou era um vagabundo. Eu só era um jovem que
não sabia o que devia fazer da vida. Eu não tinha decisões, ao contrário, tinha
inúmeras dúvidas que faziam meu pai bradar alto pela casa.
Será que ninguém nunca passou por isso?
Sempre pensei que os adultos deviam
compreender os mais jovens, justamente porque já passaram por esta fase, mas
parece que eles se esquecem do que viveram na juventude ou será que se
envergonham? Sei lá. Acho que seria bem normal se eles se lembrassem de suas
dúvidas e temores. Fazia tão pouco tempo minha mãe ainda me colocava para dormir
com canções e, de uma hora para outra, eu deveria ser adulto, mas eu não me
sentia como adulto. Acho mesmo que este negócio de envelhecer é muito difícil.
Parece que ninguém está preparado para mudar de fase. Eu não queria ser adulto,
mas sendo jovem estava bem difícil por tantas cobranças. Eu devia raciocinar
rápido, decidir, argumentar, devia escolher meu futuro.
Quando poderia imaginar que já havia decidido
tudo aqui, antes de reencarnar?
Um plano que fazemos antes de nascer, pode?
Nada ia me impedir de alcançar o plano, a não ser que eu desistisse. E foi o
que aconteceu. Eu me cansei de pensar. Eu me deitei e não quis levantar mais.
Parece que minha cabeça ia explodir com tantos questionamentos. Meu pai era
médico e sempre me imaginou seguindo os seus passos, mas eu não sabia se era
isso o que eu queria. Ele não quis conversar. Acho que eu o irritei. Queria que
a vida fosse mais leve. Que eu pudesse passear um pouco ou arrumar uma
namorada. Sei lá.
Os pais podiam tentar pensar como o filho que
é jovem. Não é tudo sinal de irresponsabilidade, entende? Tudo tem o seu tempo.
Se meu pai já alcançou tantas comprovações aos cinquenta anos, por que eu tinha
que saber de tudo aos dezesseis? Seria um homem maduro aos dezesseis? Como?
Deviam lembrar de como era a vida deles com a
mesma idade do filho. Acho que assim dá para alcançar a indulgência. Eu não
tenho raiva do meu pai. Mas, sinto arrependimento pelo que fiz minha mãe
passar. Ela sofreu demais. Eu desencarnei porque desisti. Eu me entreguei. A gente
precisa ter vontade de viver para continuar vivo. Eu não fiz nada, não me
suicidei. Eu só parei de tentar e comprometi meus rins. Foi tão rápido. Meu pai
também sofreu. Ele percebeu que ser médico não impede a morte de um ente
querido. Na hora da morte todos são iguais. Rico, pobre, homem ou mulher, negro
ou branco. Não importa a classe social ou o credo. Eu voltei e deixei meu pai
arrasado. Ele tinha planos para mim, mas eu não tive coragem de enfrentar. Aí,
ouvi o pensamento dele naquela visita que me permitiram fazer ao antigo lar.
Ele se perguntou se não era melhor ter o filho em casa, mesmo que ele não fosse
o que o pai desejou. Meu pai me amava. Acho que ele ia aceitar qualquer coisa
de mim. Mas, não deu tempo de me falar ou de demonstrar. A mensagem que eu
deixo é que os pais devem aproveitar seus filhos todos os dias porque criança
cresce. Filho é sempre filho, mas o tempo passa rápido e as pessoas vão sentir
falta das traquinagens e gritaria que enche a casa. É bom ter família e
entender que o filho é um ser individual que é independente do pai e da mãe.
Ninguém sabe de verdade qual é o plano que
Deus traçou para o seu filho. Os pais devem se esforçar para que o filho fique
no traçado do bem para chegar a Deus, mas sem ficar deprimindo o filho para ser
o seu sucessor, o seu modelo. Cada um tem a sua vida que é única. Tem que
soltar o filho para bater as asas. Acho que meu pai pensou em tudo isso depois
que eu retornei para cá, mas não foi culpa dele.
ROGÉRIO
21/07/19
----------------------------------------------Paula
Alves--------------------------------
“SE A GENTE TIVESSE
NOÇÃO DE QUE TODAS AS NOSSAS DECISÕES SÃO FUNDAMENTAIS PARA O NOSSO PROGRESSO”
A gente brigava demais porque eles achavam
que eu tinha quer ser igualzinha a minha irmã. A Olívia era muito linda e
educada. Ela era a melhor em tudo, eu não podia passar minha vida toda
competindo com ela. Eu não queria competir. Eu só queria buscar o meu espaço no
mundo. Sabe, viver a sua vida, ser feliz? Era isso que eu queria. Já tinha
percebido o quanto eu gostava de crianças e queria lecionar. Meu pai ficava me
influenciando e botou defeito até no meu namorado que não tinha capacidade de
me dar o que eu merecia. Ele não estava me pedindo em casamento. Era um namoro
bom, tranquilo e eu gostava muito do rapaz, mas ele era humilde e isso irritava
meu pai.
São tantas questões supérfluas que envolvem
as pessoas. Perder tempo com bobagens sempre me irritou. Eu tentei viver em
paz, mas minha família demonstrou imenso desprezo por Milton e isso fez com que
eu me revoltasse. Se pudesse prever o que aconteceria, nunca teria cometido
tantos erros. Saí de casa nervosa, fui para uma festa onde rolava de tudo. Eu fiz
a pior afronta para provar que eu era dona da minha vida. Não culpo minha
família por meus deslizes. Deus coloca afetos e desafetos no núcleo familiar
para que surja o amor, para que as pessoas que têm pontos de vistas diferentes
possam conviver em paz, se respeitando.
Eu me tornei uma usuária de drogas e naquela
noite não voltei para casa. Eu não queria mais voltar. Eu me sentia tão
diferente deles. No início, logo na primeira infância, quando percebi o quanto
minha mãe me indignava, eu me culpei pelo sentimento em questão porque é feio
nutrir mal sentimento pela própria mãe. Mas, a coisa só foi aumentando. Eu não
tinha como ter uma explicação para o que eu estava sentindo, me mantive
silenciosa e nunca falei para ninguém o quanto minha família me dava repulsa.
Porém, naquele momento, cheia de droga, resolvi seguir minha vida. Larguei
tudo, deixei para traz e entendo como uma decisão ruim pode transformar tudo.
Se a gente tivesse noção de que todas as nossas decisões são fundamentais para
o nosso progresso, pensaria melhor antes de decidir. As pessoas pensariam
melhor antes de dar uma resposta, antes de sair correndo e arriscar todo o
plano. O plano é só o que importa porque é muito sofrido chegar aqui e perceber
que perdeu a chance. É muito triste saber que vai ter que planejar tudo de novo
e até pedir para as mesmas pessoas tentarem com você. Eu não queria que tivesse
dado errado. Saí de perto deles e minha vida desandou. Drogas, rock in roll e
doença.
O que mais poderia acontecer?
LICA
21/07/19
---------------Paula Alves---------------------------
“EDUCAR IMPLICA
EM TER RENÚNCIA E ABNEGAÇÃO”
Eu achei que dava para ser melhor. Eu não
sabia o que fazer para agradar. Fui uma pessoa que dizia sim para tudo. Tudo
para agradá-los. Demorei para perceber o quanto me exploravam. Meus pais, mas
foram minha maior provação. Desde pequena, me deixavam para ir a bares e
chegavam profundamente embriagados, eu chorava de fome ou de frio e me
ameaçavam. Apanhei tanto. Diziam que era a melhor forma de disciplinar criança.
Criança que não apanha não tem cabresto -
falavam. Eu não precisava de murros para respeitá-los. Eu queria carinho,
atenção, comida quente e um banho, mas não tive, muitas vezes, dormi cheia de
sujeira e fome. Cresci e a casa ruindo. Logo que compreendi a necessidade de
ter dinheiro, saí para fazer pequenos serviços. Quando meus pais notaram minha
inclinação para o trabalho começaram a pegar meus pequenos pagamentos para
comprar bebidas ou para as noitadas. Ainda bem que eu não tive irmãos para não
vê-los padecer.
Fui vivendo, até que me tornei jovenzinha e
arrumei trabalho numa casa de família com uma patroa que tive muita afinidade,
como uma mãe me acolheu e tratou super bem. Deus sempre coloca pessoas boas em
nosso caminho para ajudar na travessia difícil. Então, passei a sustentá-los.
Foi uma vida estranha, sempre sofrendo por meus genitores. Pais que pareciam
meus filhos. Eu não senti vontade de constituir família, já tinha meus pais
para tomar conta. O incrível é que eles não notaram minhas dificuldades.
Pareciam no mundo da lua. Nunca fizeram um cálculo do quanto minha vida foi
insuportável por causa da forma como me negligenciaram. Os pais deviam olhar
mais para os filhos que não são bichinhos que necessitam, apenas de água e comida.
É muito mais que isso. Educar implica em ter renúncia e abnegação.
Eu ouvi muita gente falando que eu era uma
filha maravilhosa. Eu cuidei dos meus pais até o fim e nunca os privei de nada.
Chegaram a dizer que foi por causa das surras que me fizeram entender quem
manda dentro de casa. Não foi nada disso. As surras me deixaram marcas
profundas de abandono, indignação e humilhação enquanto criança. Eu pedia que
Deus me ajudasse a passar por aquilo. Eu, com meus pensamentos infantis, me
perguntava por que aqueles dois que deviam me amar, mais do que qualquer pessoa
no mundo inteiro, estavam judiando de mim porque eu apanhava sem ter feito
nada.
Eu queria alguém para me defender, mas quem?
Eu achava que eles eram covardes porque, mesmo que eu quisesse, nunca
conseguiria me defender deles. Ainda diziam que um tapinha só serve para
educar, mas eles não tinham como dosar o peso do tapa que me deixou com marcas
pelo corpo e arruinada do coração. Aí, quando eu cuidava deles no leito, porque
adoeceram muito, eu os tratava da melhor forma possível. Não porque tivesse
medo deles, mas porque nunca seria capaz de fazer alguém sofrer do jeito que
eles me maltrataram. Ainda fico pensando se fizeram isso por pura maldade ou
porque acreditavam que é assim que se educa um filho.
LAÍS
21/07/19
----------------------------------Paula
Alves-----------------------------------
“NÓS NUNCA DEVEMOS
PERMITIR QUE AS PESSOAS NOS INCENTIVEM NO MAL, MESMO QUE SEJAM NOSSOS GENITORES”
Eu engravidei na adolescência e foi aí que
meu inferno começou. Logo, o rapaz que eu tinha por príncipe, me abandonou. Não
antes de me humilhar, me perguntando se o filho era mesmo dele. Eu era moça de
tudo quando me relacionei com ele por amor. Me entreguei e fiquei grávida.
Sozinha, precisei buscar apoio com meus pais e tive outro choque. Levei um tapa
na cara que minha mãe desferiu, enquanto me xingava de todas as formas. Meu pai
só pensava nos vizinhos e, no auge da discussão, foi ela quem falou em aborto.
Minha mãe falou que suas irmãs nunca poderiam saber que eu tinha perdido a
virgindade, senão diriam que ela foi uma mãe muito leviana. Naquele momento, eu
apenas pensei, que ela estava sendo mais leviana dizendo que eu teria que tirar
o bebê.
Eu não acreditei no que estava acontecendo.
Me mandaram para o quarto e começaram a discutir como providenciariam o aborto.
Meu pai estava também decidido e, por isso, eu pensei que seria melhor ir
embora de casa. Peguei algumas peças de roupa e lembrei de uma tia bondosa que
morava no interior. Peguei dinheiro do meu pai e sai. Minha tia sempre foi mal
falada pela família por ser mãe solteira. Eu pensei que, talvez, ela pudesse me
entender. Ela tinha um coração enorme e sempre me tratou tão bem. Quando me viu
chegar chorando, apenas me abraçou. Me recebeu em sua casa humilde, preparou
uma caminha quente e disse que eu poderia descansar em paz que depois
conversaríamos. No outro dia, ela falou que havia sonhado comigo carregando um
bebê nos braços. Érika disse que eu podia ficar como se estivesse em minha
própria casa. Eu chorei e a abracei. Nós conversamos e demorou um pouco para os
meus pais me procurarem na casa dela. Eles estavam tão preocupados com o que os
outros iam dizer. Estavam tão envergonhados e eu só precisava de um apoio. Eu
sabia que estava errada, mas nunca podia imaginar que tinha que passar por tudo
isso como a minha provação. Cuidar de um filho sem pai. O rapaz podia ter
escolhido ficar comigo, mas Deus conhece muito bem cada um de seus filhos.
Quando nós fazemos planos de reajuste, Ele aproxima as criaturas certinhas para
que tudo se concretize.
Meus pais também tiveram uma prova e não
conseguiram ter amor o suficiente para me ajudarem. No entanto, minha tia, esta
evoluiu muito. Eu fiquei com ela, depois que meus pais saíram de lá dizendo que
para eles eu estava morta e enterrada. Depois que o bebê nasceu e os parentes
foram nos visitar, cobraram dos meus pais uma atitude mais amorosa para comigo.
Eles voltaram prontos a nos levar para casa e eu não quis. Conversei com tia
Érika e ela me apoiou. A vida nunca foi fácil, mas meu filho foi a luz dos meus
dias. Criança linda, um grande afeto de vidas passadas que novamente se unia a
mim. Foi um presente de Deus. Nós nunca devemos permitir que as pessoas nos
incentivem no mal, mesmo que sejam nossos genitores. As pessoas deviam evoluir
e ir amadurecendo com o passar do tempo, com a avançar da idade. Mas, existem
pessoas que se negam a caminhar para frente. Pessoas que se comportam tal como
crianças mandonas, mimadas. Pessoas que, para suprir suas necessidades de ego,
fazem qualquer coisa, prejudicam qualquer um sem raciocinarem o que podem
causar.
Pais devem se esforçar para serem os exemplos
dos filhos com seriedade e amor. Não é porque é pai que alcançou a
superioridade de inteligência. Ser pai não implica em ter sempre a razão. Tem
filho que pensa melhor que pai. É questão de evolução espiritual mesmo e Deus,
sabendo das nossas limitações, coloca um junto do outro para trocar
experiências. Coloca pessoas diferentes na mesma casa para que todos possam
aproveitar e evoluir.
SUZANA
21/07/19
---------------------------Paula Alves--------------------------
Foto cedida por Magno Herrera Fotografias
“EU DESEJO QUE VOCÊS
POSSAM SE LIBERTAR”
A todos que sofrem eu só queria dizer que nos
torturamos à toa, enquanto poderíamos nos envolver no bem em prol de nós
mesmos.
Será que é por falta de consciência?
Será que é por excesso de vaidade ou um
egoísmo fora do comum que nos cega e faz distorcer o que é de suma importância?
A cruz de Jesus ninguém aguentaria carregar,
mas existem cruzes que as pessoas envergam por tolices. Culpam o Pai de coisas,
pelas quais, são responsáveis. Muitos sofrem por se destruírem. Ferem o corpo,
ferem a alma e Deus nunca colocaria no caminho do filho um tormento tão grande.
Eu já vi gente que fere o corpo com comida. Gente que fere o corpo com bebida
ou cigarro, droga injetável, remédio, tudo toxina, tudo veneno que o corpo não
aguenta ingerir. Chega uma hora que o coitado se destrói tanto e a pessoa não
percebe o que fez por trinta anos, atrai doença e ainda reclama.
Tem gente que fere o corpo por vaidade: faz
cirurgia para tirar, cirurgia para pôr, mutilam o corpo e nunca estão
satisfeitos com o que têm. Ferem para desenhar, justificando que é para ter
identidade, nem percebem que todos têm suas belezas distintas e variáveis. Tem
gente gorda que é bonita demais, gente magrinha que é bonita demais e tem
defeitinho que vira o sinal da pessoa, o charme, a distinção. Pessoas que mudam
com o passar dos anos, vão envelhecendo e adquirem rugas, expressões que,
juntamente com suas nuances e entonações pessoais, as tornam encantadoras. Não
importa ser igual, não tem ninguém igual a ninguém e assumir padrões é
ridículo. Todo mundo que devia respeitar as diferenças físicas e tenta se
sobressair ridicularizando o outro, cheio de preconceito e discriminação, cheio
de maldade.
Tem gente que fere o organismo de tantas
formas e fere os sentimentos, se martirizando, se culpando, assim também
destrói o corpo porque também atrai doenças. Gente que se magoa, não consegue
entender que devemos andar para frente, superar situação onde errou e tentar
acertar da próxima vez. Fazer o possível para reparar um erro e ser melhor a
cada dia, virar a página. Outros, se consomem por algum motivo e se enclausuram
na dor, geram depressões, tentam se curar com medicamentos que entorpecem cada
vez mais.
Ainda tem aquelas pessoas que acham que podem
aguentar ser feridas por outras pessoas. Mulheres que são espancadas até a
morte, homens que são humilhados. Todos que acham que podem mudar o outro, mas
ninguém muda ninguém, nós podemos nos modificar se tivermos fé em Deus que nos
criou com possibilidade de ascensão e nós mesmos que temos a centelha divina,
podemos despertar para as verdades e para o progresso. Existem pessoas que se
anulam por outras e isso destrói, aniquila. Todos podem acordar a qualquer
momento. Todos podem perceber que sempre é tempo de se amarem e progredirem.
Uma forma de avançar é olhar para o lado.
Enxergar semelhantes por toda parte. Trabalhar a favor do outro.
O que você ganha com isso? Num primeiro
momento, você não ganha nada. Ninguém vai te agradecer porque estas pessoas
estão tão adormecidas quanto você estava. Depois, você começa a ganhar uma
sensação estranha e prazerosa de quem fez o bem por fazer. Pode nascer a
esperança, o bem-estar. Aí, você vai perceber que todo dia quer sentir, de
novo, as poderosas sensações de quem ajuda por ajudar. Você não quer dinheiro,
agradecimento, nada disso, você só quer ser útil. Assim, nos distanciamos, aos
poucos, de nós mesmos para sermos o todo. É quando você entende a
espiritualidade. Você compreende Deus e sabe que todos os prazeres da matéria
eram, de fato, ilusões. Tudo que pode se perder estava ligado aos seus
tormentos porque aquilo que é bom e impalpável, isso é o que fica para sempre.
É o que te preenche e te faz sentir uma alegria que eleva e faz você ser
diferente de verdade porque você irradia paz e luz. Eu desejo que vocês possam
se libertar. Eu agradeço por ter me livrado de minhas amarras.
LEÔNIDAS
13/07/19
----------------------------Paula
Alves---------------------
“VOCÊ PODE NÃO ESCOLHER
COMO SERÁ O MUNDO FORA DE CASA, MAS DENTRO DO LAR VOCÊ PODE TER TUDO O QUE
QUISER”
Todos aqueles que amam veem esta necessidade
de propagar o bem. Quando olhei para ela foi como se o mundo não a merecesse.
Eu senti um golpe no meu coração como se antes eu nem soubesse que tenho
sentimentos. A partir daquele momento, tudo mudou. Saí do berçário e fui para
casa. Eu precisava pegar roupas para Mariana. Minha esposa estava linda na
maternidade. Parecia uma ninfa, linda. Caminhei pelas ruas de São Paulo e vi
tanto caos, tanta dor. Pensei no que seria daquela linda bebê que havia
nascido. O que seria de minha filha? Eu queria um mundo melhor para ela. Queria
que ela tivesse boas oportunidades e que fosse envolvida por pessoas do bem.
Nasceu um pai em mim quando olhei aquela
menina. Um pai que tinha que mostrar o seu valor e fazer com que tudo desse
certo para ela. Eu não sabia que dentro de mim existia tanto questionamento. Eu
me deparei com um ser analítico, investigativo e filosófico. Eu precisava ser
exemplo e analisei a sociedade como um lugar difícil de se viver. O que poderia
ser feito? Escondê-la de tudo? Moldar minha família em padrões únicos? Mas,
quantas razões eu teria para nunca ter tido filhos, se o motivo fosse evitar
que ela sofresse? Muitos afirmam isso, mas a verdade é que aquele que ama
planta sementes. São visionários, altruístas e abnegados. Seres que imaginam
que o politicamente correto pode ser observado e seguido.
Numa corrente proveitosa de boas ações
pode-se despertar o mundo e dar início a uma geração de benfeitores. Por que
não? Eu precisava sonhar para que tudo desse certo. Para que eu pudesse
encaminhá-la sem escondê-la, sem temor. Eu confiei e segui meus instintos. Os
anos que se passaram foram cheios de modificações e perdas. Eu me transformei
para Manuela. Minha garotinha merecia um pai sóbrio, sereno e consciente. Eu
não tinha posses, mas tinha amor de sobra. Me afastei das leviandades e perdi
muitos que me acompanhavam em festas e bebericos. Eu me tornei um chato, um
esquisitão em benefício da minha família.
As
perdas não fizeram falta porque eu as tinha comigo e depois de alguns anos
ganhei um novo presente, Renato. Eu fui muito feliz. Meus filhos me fizeram ser
uma pessoa melhor. Compromisso com a verdade, tentei levar a moral para o meu
lar e como recompensa fui muito bem tratado. Tudo o que fiz, recebi. Você pode
não escolher como será o mundo fora de casa, mas dentro do Lar você pode ter
tudo o que quiser. Eu escolhi um ambiente de paz e amor. Só houve esperança e
afeto. Após cinquenta anos de jornada, recebi outros presentes: meus netos
amados que vieram para me lembrar das brincadeiras e gargalhadas. Existem
pessoas que falam que a vida é um viver sem graça. Muitos, não encontram o
sentido da vida. Eu digo que viver é sentir. Quem não sente amor não tem como
entender nada. Não tem ideia do porquê fazemos esforços pelo bem da família.
Tem que se envolver! Sou grato.
VENÂNCIO
13/07/19
------------------------Paula Alves----------------------
“EU ACEITEI,
MAS NÃO FOI DO FUNDO DO CORAÇÃO”
Claro que eu olhava para ele e não lembrava
de nada. Eu sentia uma raiva que me fazia suar. Desde pequeno, não conseguia
ficar perto dele. Eu até tremia quando ele me chamava. Minha mãe não entendia
porque ele era calmo e controlado, nunca me deu um tapa e, mesmo assim, eu nem
queria chegar perto dele. Só era assim, com meu pai. Eu era cordial para minha
mãe e com a Bete, eu me dava bem. Sempre fui educado e tranquilo, mas meu pai
me irritava até quieto. Eu vivi mais de quarenta anos tentando entender por que
a gente nunca se deu bem. Cheguei a ficar com pena quando percebia que ele
tentava se aproximar de mim. Buscava puxar conversa, fazia tudo o que ele sabia
que era do meu gosto. Me deu o carro dele e eu rejeitei. No momento da morte
dele, veio o sofrimento. Ele estava se enchendo de feridas, tinha dor para todo
lado e eu fiquei com dó. Eu não sentia carinho, mas também não queria que ele
sofresse, era meu pai.
Desejei que ele fosse socorrido, que ele não
sentisse mais a dor. Eu me aproximei dele e pedi desculpas. Meu pai estava
fraco, debilitado, sofreu com cirrose, mas nunca ficou no bar bebendo, a gente
nem entendia. Eu me aproximei e meu pai falou que ele que tinha que me perdir
perdão. Falou cansado que eu podia perdoar porque ele me amava. Eu me arrependi
por não ter sentido o que ele queria, mas cada um só dá o que tem. Eu nunca
tive amor para dar para o meu pai. No fundo era como se ele fosse um estranho.
Eu preferia que ele não estivesse na minha casa. Muitas vezes, desejei que
minha mãe fosse embora e abandonasse ele, mas ela não tinha motivos, ele era
bom. Eu sempre me perguntei o porquê. Sempre me achei ruim por causa disso e
vim descobrir tudo aqui.
Se eu tivesse algum entendimento de que isso
tudo era possível, talvez, fosse mais fácil me entender e entender o meu pai.
Quem sabe tivéssemos vivido melhor, se soubéssemos como as coisas funcionam
deste lado. Eu nunca imaginei que a gente não morre, que a gente vive muitas
vidas para poder progredir. Eu não tinha como saber que em outra vida ele tinha
sido meu pai e tinha me maltratado tanto. Como eu ia saber que, como meu pai em
outra vida, ele bebia o tempo todo e espancava a família inteira?
Como eu ia saber que ele me humilhava por
todo lado e me castigava à toa? Eu criei uma revolta dentro de mim que
persistia, além da morte do corpo. Na espiritualidade, meu pai entendeu o
quanto errou. Ele se esforçou para se reformar e me pediu para tentar de novo.
Eu aceitei, mas não foi do fundo do coração. A revolta ainda ardia dentro de
mim e eu tentei castigá-lo com a indiferença que judia. Foi um revide e eu me
arrependo por isso. Ele se converteu de verdade, conseguiu expurgar com a
doença, com as mazelas físicas e meu pouco caso. Eu preciso me tratar. Preciso
me elevar para que possa mostrar a ele que podemos ser amigos. Já tratamos do
novo plano. Seremos irmãos. Nossos pais padecerão e ele, como o mais velho, me
encaminhará. Eu confio. Ele já mostrou lealdade. Vou me esforçar para ser grato
e companheiro. Tenho fé. Me ajuda a harmonizar os sentimentos.
WILSON
13/07/19
---------------------------Paula Alves------------------------
“O QUE NOS MOVE DEVE SER
A VERDADE”
Eu não sabia ler. Trabalhava na casa de uma
família rica e tirava o pó de exemplares lindos. Capas de todos os tipos.
Alguns ilustrados, outros com letras douradas. Eu ficava me perguntando o que
continham. Ficava curiosa para decifrar as letrinhas, mas como? Sempre via que
a menina Amélia lia e sorria. Ela era garota e sonhava acordada. Eu ficava
imaginando que pudesse se tratar de histórias de amor. Ficava deslumbrada
imaginando o que ela estava lendo e passei a inventar. Em minha mente exista
história para tudo. Romance, mistério e passei a contá-las para as crianças. Os
irmãos de Amélia riam com meus contos travessos. Até que Amélia percebeu em mim
algo de bom e ofereceu-se como minha professorinha. Eu aceitei, fiquei tão
feliz. Não pensei que aprenderia tão depressa, de fato, estava tudo em mim.
As letras corriam saltitantes em minha
memória e, em poucos meses, eu estava lendo. Foi aí que despertou a vontade de
escrever. Quanto fascínio! Eram histórias simples sem a menor pretensão de
despertar qualquer coisa em quem quer que fosse. Eu escrevia para mim, mas
Amélia adorou e mostrou para um amigo de seu pai que resolveu publicar. Como
podia uma semianalfabeta como eu virar escritora? Deus nos conduz por caminhos
que desconhecemos. Minha vida se transformou e foi muito divertida, muito
maravilhosa e sempre inacreditável. De doméstica a escritora. Fui muito feliz.
O que nos move deve ser a verdade. A nossa verdade.
Em cada um a sua essência, a sua luz. Quando
a luz que estava escondida irradia não tem como saber até onde pode
resplandecer. Podemos achar, com a maior simplicidade, que aquilo que fazemos
só interessa a nós mesmos, mas somos seres comuns. O que nos interessa, sempre
interessa mais alguém. O que serve para autoajuda, também pode ajudar outras
pessoas. E é isso que Deus faz. Ele usa uns para beneficiar e atingir outros
porque fazemos parte da Humanidade. Todos podem resplandecer. As pessoas, de
forma geral, se viciam com o que não presta, o que tolhe as emoções e estimulam
os prazeres e a insanidade, mas todos querem ouvir sobre coisas boas. Todos
desejam ver o bem. Todos necessitam ser amados e quando leem mensagens que
impulsionam, divulgam.
É proposital a divulgação. Serão estimulados
por todos os lados. Para que o bem se propague. Eles têm que saber que podem
ser inteiramente bondosos. Eles devem saber que só o bem pode triunfar e somos
criatura divinas. As pessoas têm jeito. O mundo tem salvação. Todos juntos
podem avançar muito mais rápido, se tiverem fé nos homens. Eu creio!
LURDES
13/07/19
-------------------------------------------Paula Alves------------------------------
Foto cedida por Magno Herrera Fotografias
“QUEM NÃO SENTE NA PELE
NÃO TEM COMO SE COMPADECER”
Eu ficava no estacionamento e pedia por
moedas. Às vezes, tinha quem desse notas e eu ficava bem feliz porque sabia que
poderia levar mais coisas para casa: pão, leite. Mas, aí veio o frio. Eu não
podia deixar de ir pra lá porque sempre levava alguma coisa pra casa e isso
ajudava minha mãe. Ela nunca me pediu pra ir pedir esmolas, eu que queria
ajudar de algum jeito.
Com o frio senti que a nossa vida era
extremamente difícil porque o frio dói. Sei que também doía pra minha mãe
porque ela lavava roupa e a água no frio parecia congelar a gente. Coitada da
mãe. De saia e chinela, lavando roupas pra fora. Nunca reclamou! Eu fui para o
estacionamento e vi algumas coisas que me fizeram pensar que as pessoas não tem
obrigação de saber o que a gente sente e como a gente vive. Tem gente que adora
o frio, isso deve ser porque eles sabem aproveitar o frio né? Acho que quem
adora o frio não passa frio de jeito nenhum. Umas mulheres com botas e blusas
fofinhas. Homens bem vestidos com casacos de couro não têm frio. Sei que vão
para regiões onde o frio impera e lá são felizes, vão atrás do frio e seus divertimentos.
Eu aprendi com a mãe a não reclamar, não é isso.
Eu ia para o frio ver se arrumava um dinheiro
para comprar comida, mas eu sentia o frio me castigar. Não tinha um sapato, nem
meia, nem blusa para me gasalhar. Vi uma senhora apontando para mim e ela
chegou pertinho e perguntou se eu aceitava um agasalho, eu nem acreditei.
Quando coloquei aquela blusa foi bem estranho. Ela era tão quente que meu corpo
relaxou dentro dela, nem sei explicar, mas foi muito bom. Então, eu compreendi
que ela olhou para mim e conseguiu perceber o que seria melhor para mim naquele
momento, ela tentou me ajudar e me deixar bem, mas a maioria das pessoas que
estavam por ali nem mesmo me viam, elas estavam preocupadas com outras coisas,
ninguém nem via que eu estava passando frio, sofrendo.
Tinha gente que dizia que eu era um moleque
de rua e que os seguranças deviam me tirar dali porque causava má impressão no
local. Tinha quem ficava com medo de mim, diziam que eu era marginal. A maioria
era indiferente mesmo. Quem não sente na pele não tem como se compadecer. É por
isso que a maioria não ajuda ninguém porque não vê o outro. Eu fiquei muito mal
com o frio, a blusa que ela me deu ajudou bastante, mas logo veio a pneumonia e
a dor era terrível. Eu fiquei com muita pena da minha mãe porque ela se culpou.
Ela nem conseguiu pensar que eu tinha dia para voltar pra cá. Eu e todos.
Todo mundo só volta no dia certo mesmo. Eu
voltei e ainda penso muito nela, no sofrimento da vida de pobre. Eu fico
pensando que as outras pessoas não têm nada a ver com nossa vida difícil, mas
se quisessem fazer o bem e tornar tudo um pouco mais fácil poderiam ajudar. Se
quisessem poderiam fazer o bem. Eu ouvi uma moça bonita dizendo que, as pessoas
que se esquivam de fazer o bem, têm responsabilidade com a Lei. Ela me explicou
que não é ruim, apenas aquele que faz o mal, mas quem poderia fazer o bem e não
faz, também erra e muito. Queria que as pessoas pudessem abrir os olhos e
enxergar as verdades da vida.
RODRIGO
06/07/19
--------------------------Paula
Alves-------------------------
“AS PESSOAS DEVIAM SE
ESFORÇAR MAIS PARA NUTRIR SENTIMENTOS ELEVADOS”
Eu escolhi produzir o mal no meu lar. Não vou
culpar minha esposa, ela teve seus motivos. Eu me casei com Vilma em sua
mocidade, ela tinha muitos sonhos e entusiasmos. Conforme o tempo passou, fui
me mostrando na íntegra e ela se decepcionou. Eu nunca fui romântico, acho até
que era grosseiro, rústico. Não sei se um dia vou conseguir demonstrar meus
sentimentos. Eu nunca falei de amor, nem agradeci todas as coisas que minha
família fez por mim. Ela queria carinhos e palavras doces, e eu só queria
aliviar meu desejo de homem. Sem carícias ou delicadezas, apenas o momento do
prazer.
Ninguém nunca me falou que eu deveria tratar
as mulheres de outra forma. Achei que fosse só um ato como tantos outros e, com
isso, pudéssemos aumentar nossa família. Ela chorava e eu não sabia o que
fazer. Eu a amava do meu jeito, não soube como expressar toda minha gratidão
pela mulher especial que sempre foi. Aos poucos, ela foi me rejeitando e eu não
saberia o que dizer. Senti que ela não queria mais que eu encostasse nela e não
queria ser deixado de lado, também não quis ouvir suas franquezas, por isso,
nunca propus uma conversa.
Para satisfazer meus instintos, eu
simplesmente me envolvi com outra mulher, mas eu nunca a amei. Tivemos momentos
agradáveis e só, mas minha esposa nunca poderia entender e eu a entendo. Na
época, nem pensávamos como seria se a esposa arrumasse outra pessoa, mas se
isso fosse possível, eu não suportaria. O fato é que o mundo era muito
machista. Nós como homens podíamos tudo e elas eram submissas e toleravam
nossos impulsos de autoritarismo. Vilma descobriu minhas traições, ela me olhou
com ira. Nunca mais falou comigo de forma amistosa, ela me evitava. Isso criou
um abismo no meu lar. Se eu soubesse disso, nunca teria cometido este erro.
Depois de anos, eu já estava velho e doente, precisei de cuidados para tudo e
ela nunca me abandonou, mas jamais me olhou com o amor de antes. Eu era um peso
para ela que me alimentava e banhava, mas por obrigação e com imenso pesar.
Compreendo que eu acabei com aquele amor e o sentimento terno que ela nutriu
por mim. Tive a oportunidade de ouvir seus pensamentos no meu velório e me
entristeci muito porque tive a certeza de meus erros com ela. Eu me arrependi
doutor. Se pudesse voltar atrás, eu tentaria fazer diferente. As pessoas deviam
se esforçar mais para nutrir sentimentos elevados. Reprimir as paixões também
quer dizer controlar as necessidades sexuais.
Os desejos não podem se sobrepor ao respeito,
à integridade física e moral e às necessidades do próximo, mesmo que sejam afetivas. Eu errei, fui egoísta, só
pensei em mim e nos meus instintos. Mas, se nós dizemos que já evoluímos um
pouco, por que nós não controlamos estes instintos animais?
O primeiro passo para a verdadeira evolução é
controlar os instintos e adquirir melhores sentimentos. Estou pedindo à Deus e
aos instrutores que me deem uma nova chance com a Vilma para que eu possa
provar para nós dois o quanto melhorei e me proponho estudar até lá para não
falhar.
SEVERINO
06/07/19
------------------------Paula
Alves-------------------------
“A HUMANIDADE É UMA
GRANDE FAMÍLIA DO SENHOR”
Eu não queria ficar. De todos os lados eu
tinha informações que me certificavam o quanto eu não fazia parte daquele
lugar. Aquelas pessoas não tinham nada a ver comigo. Desde cedo, minha mãe
mostrava claramente o quanto me detestava. Ela me contrariava em tudo. Nós não
conseguíamos conversar e eu queria paz, mas ela nunca existiu. Eu tinha mais
três irmãos que eram queridos e valorizados. Parecia que eles sabiam fazer tudo
certinho e meus pais os elogiavam, mas eu era toda errada. Nós divergíamos em
todas as circunstâncias. Parecia que eu estava lá por insatisfação e eles me
criavam por obrigação. Achei que fosse adotada, mas eu era a cara da minha mãe.
O tipo sanguíneo batia, enfim, eu era mesmo filha deles.
Eu fazia parte daquela família de forma
biológica, mas não tinha nada a ver com eles e seus padrões estranhos de viver.
Eles queriam ser vistos, queriam mostrar o quanto eram bondosos e especiais. Eu
só queria viver minha vida e achar meu caminho no mundo, mas, aos poucos, a
casa e vida deles passou a me sufocar. Eu encontrei nas drogas uma fuga
temporária para viver meu martírio. Minha mãe percebeu uma mudança súbita no
meu comportamento, mas eu tentava fugir dela. Me trancava no quarto e ouvia
rock até que todos estivessem bem longe dali. Hoje compreendo o quanto fui
imprudente. Eu fumei muito, bebi demais e injetei substâncias que me fizeram
alucinar, mas não mudaram minha vida. Saí de casa, me uni a pessoas que me
deixaram uma carcaça humana e depois que desencarnei ainda fui peregrinar no
umbral. Terra de sofrimento onde me vi cercada de delinquentes e suicidas.
Todos como eu, entorpecidos, malvados. Até que eu me cansei de correr e gritar.
Eu me sentei no meio da lama, chorei cansada e vi uma luz. Aí eu dormi e
acordei neste hospital. Eu me lembrei de uma fase onde todos eram meus
serviçais. Toda minha família me servindo num lindo palácio e eu os maltratava
tanto.
Eu compreendi que me uni a eles pelos laços
da humilhação e do desespero. Eles me receberam na família, mas não puderam me
aceitar como um dos seus. Disseram que me receberiam, mas não puderam perdoar
de forma sincera, por isso, eu me senti rejeitada, eu fui mesmo. Isso não
justifica o mal que fiz para mim, aniquilei meu organismo e desencarnei vítima
de suicídio indireto. Tenho consciência disso tudo agora e me arrependo demais,
mas pergunto onde estão os meus?
Eu tenho alguém que se preocupa comigo?
Eu tenho um grupo de afins?
Eu sinto falta de afeto sincero. A moça
bonita me respondeu que ninguém está sozinho. A Humanidade é uma grande família
do Senhor. Ora somos pais, ora filhos, uns vão e outros vem para que possamos
formar núcleos novos e fazer nascer o amor em todos os corações, mas existem os
afins. Eu iria encontrar um afim, mas antecipei meu retorno e agora vou ter que
aguardar até que todos desencarnem para formarmos novos planos reencarnatórios
e possamos prosseguir. Eu sinto muito.
SOLANGE
06/07/19
--------------------Paula Alves---------------------
“QUERIA QUE TODO MUNDO
SOUBESSE COMO TEM QUE VIVER DE FORMA SIMPLES E PENSAR NA MORTE PRA VIVER MELHOR
A VIDA”
Eu estava iluminando para ele cavar e só
pensava na hora de terminar o serviço para ir para casa. Eu queria tomar um
banho e encontrar a Maria. Ela era tão linda e tínhamos planos de casar. Eu
estava falando para o Estevão o quanto eu seria feliz com ela e ele ria. O
Estevão já tinha família formada, uma esposa e dois filhinhos. Ele era um bom
homem, trabalhador, justo, fiel, era um ótimo pai.
Quando eu percebi já estava todo sufocado com
aquela terra. Quando a gente vai para um trabalho destes nunca fica pensando
que tudo vai desabar. Tem gente que pergunta se a gente não sabe que é
perigoso, mas não é como nas cidades grandes, a gente pega o serviço que
aparece e isso era tudo o que dava para fazer. Eu sonhava com a minha casa
junto com a Maria, mas sabia que era o fim no meio de toda aquela terra. Eu
chamei o Estevão e não ouvi nenhum gemido, soube que ele estava morto e eu
preferi estar morto do que estar desesperado no meio do barranco. Eu nunca quis
morrer, a vida não era boa, mas morrer?
Quem quer?
Eu pedia a Deus para mandar alguém para me
tirar dali e não saberia dizer quantos dias fiquei ali daquele jeito até que
ouvi umas vozes. Eu nem enxergava mais nada. Senti quando puxaram meu corpo e
ouvi quando falaram: “Ele está morto!” Lembrei do Estevão. Coitado! Ele não
merecia morrer daquele jeito, mas e eu que estava jogado no chão e eles não
viam se eu tinha quebrado algum osso, nada. Aí fui levado, ninguém falava
comigo. Eu estava muito mal, não conseguia levantar, falava e ninguém ouvia.
Foi muito ruim. Eu nem sei quanto tempo fiquei daquele jeito achando que ainda
estava vivo e já tinha morrido. É que fiquei dentro do corpo porque não
entendia nada de mundo espiritual. A verdade é que depois fui resgatado e pude
vir para cá. Eu pensei muito que deve ser bom saber destas coisas quando ainda
está vivo porque a morte é uma coisa natural, afinal todo mundo morre e devia
estar preparado para passar por isso. Por que tanto desespero?
E, se não quer morrer, por que não se cuida?
Por que a gente se expõe a tantos perigos?
Por que a gente se descuida da saúde?
Por que a gente come mal, dorme mal, se
vicia?
Por que a gente faz mal para quem a gente ama
e fere os seus sentimentos?
A gente se arrepende, mas não quer dar o
braço a torcer. Aí morre de repente.
De repente? Será?
Deixa um monte de palavra por dizer, um monte
de coisa inacabada e morre com sentimento de angústia e pesar. Não devia ser
assim. Viver cada dia como se fosse o único. Se fizer uma coisa ruim, que
prejudicou o outro, tem que correr para corrigir. Se tiver que pedir desculpa,
não deixar para amanhã. Se tiver que falar que ama, falar naquele minuto porque
pode não ter o outro dia para dizer. Eu encontrei um senhor aqui. Um senhor bem
legal que conversou tudo isso comigo e ele disse que sente falta da família,
mas não deixou nada por dizer e veio pra cá em paz. Eu queria ter dito pra
Maria que ela foi o amor da minha vida para sempre, mas não deu tempo porque eu
não voltei para casa. É uma pena porque a gente fica aqui frustrado do que não
fez. Não ter orgulho de dizer o que sente e o que pensa quando é coisa boa, é
bom demais. Pena que eu não sabia disso, enquanto estava lá com a Maria. Queria
que todo mundo soubesse como tem que viver de forma simples e pensar na morte
pra viver melhor a vida.
JOSÉIAS
06/07/19
Show🎉🎉🎉🎉🎉😘😍
ResponderExcluirGratidão por sua atenção.
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